Zika, chikungunya e dengue são tema de seminário em Minas

Segundo o secretário, o país passa por um dos períodos mais difíceis para a saúde pública, superando até mesmo a turbulenta fase da gripe espanhola e, por isso, estabelecer parcerias em busca de respostas é fundamental.

O seminário sobre zika, chikungunya e dengue reuniu pesquisadores, gestores e profissionais da área de saúde, que, durante dois dias, ministraram palestras e participaram de debates, envolvendo uma plateia composta por cerca de 400 pessoas de diversas áreas de atuação.

Os especialistas no tema Carlos Brito da Universidade de Pernambuco e Rivaldo Venâncio da Cunha da Fiocruz do Mato Grosso do Sul apresentaram e discutiram vários aspectos sobre os vírus, clínica, abordagem terapêutica, magnitude e complexidade das doenças no país.

Além disso, foi feito uma análise do estado da arte das vacinas contra dengue em estudo no país pelo médico pediatra e referência técnica em imunização da SES-MG, José Geraldo Leite.

As providências necessárias à assistência e ao controle das doenças estiveram em discussão durante a apresentação do secretário municipal de saúde de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta. Para ele, é necessário valorizar o papel da assistência como instrumento de vigilância, utilizando os dados gerados nessa ponta de atenção para a tomada de decisões.

“Temos que priorizar o fortalecimento de estrutura para a consolidação de dados que nos forneçam informações consistentes, especialmente em relação a essas novas endemias. Em função da capacidade operacional e dos dados epidemiológicos, as estratégias traçadas poderão ser mais eficazes”, afirmou.

Participação social – Os desafios da comunicação e a participação social no controle das viroses também foram temas centrais durante os debates. A pesquisadora da Fiocruz Minas Denise Pimenta destacou que dengue ou quaisquer outras doenças não podem ser consideradas como algo externo ao indivíduo, mas como questões relacionadas à forma que se vive.

“Focar no indivíduo é algo que não funciona porque as pessoas não estão isoladas em seus contextos. Então, se colocar no papel de controlador e divulgador da informação costuma ser ineficiente no sentido de mudar qualquer tipo de comportamento porque o que está por trás das ações é algo muito mais complexo, envolvendo todo um contexto histórico”, ressaltou.

Pensando na participação social, foi proposta, durante o seminário, a criação de comitês populares com o objetivo de mobilizar a população para eliminar os focos do mosquito. Tais comitês envolveriam diversos setores da sociedade, como igrejas, ONGs e principalmente as instituições de ensino.

“As escolas com seus alunos, professores e pais podem ser parceiros de grande potencial nesse processo”, afirmou a diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta.

Para o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel, é preciso concentrar energia e somar esforços no combate ao vetor. “Nesse sentido, a criação dos comitês é fundamental, pois farão com que gestores e sociedade possam estar articulados e em sintonia”, salientou.