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Privacidade no mundo de hoje é possível?

Até que ponto os dados de uma pessoa no mundo são públicos? Os sistemas de informação existentes são efetivamente seguros e protegem nossa privacidade? O uso do corpo como forma de segurança virtual é eficaz? Podemos usar dados genéticos de uma pessoa para obter avanços em pesquisas biomédicas? Essas e muitas outras questões acerca da segurança social, biológica, econômica e tecnológica foram abordadas por três especialistas no Centro de Estudos da ENSP de 11/9, que teve como tema Privacidade, dados pessoais e dados corporais na sociedade da tecnologia da informação.

Primeira a se apresentar, a pesquisadora da ENSP Ilara Hammerli Moraes, destacou quatro filmes (A RedeGattacaO Jardineiro Fiel e Minority Report) que abordam a questão da privacidade de formas diferenciadas, seja na vida pessoal, na manipulação genética, nos limites éticos entre a busca de avanços da ciência e tecnologia e nas possibilidades de fraudes de sistemas de segurança para incriminar uma pessoa. “O que está na internet, hoje em dia, é público”, alertou a pesquisadora.

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Saúde: encontro discute uso de tecnologias na educação

Centrado na temática da saúde e educação, será realizado, no Brasil, o Congresso Internacional Moodle Salud. Moodle é uma plataforma open source para gerenciamento aprendizado pela internet, muito utilizada por universidades, escolas, empresas e instituições para oferecer ensino a distância e agregar tecnologia web a seus cursos. O congresso é um evento da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Campus Virtual em Saúde Pública – Nodo Brasil, a Fiocruz e a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS/MS). As inscrições de trabalho já estão abertas e podem ser feitas até o dia 28/9. O congresso ocorrerá em Recife (PE), de 13 a 15/11, paralelamente ao Fórum Global de Recursos Humanos.

O encontro é voltado para pessoas e instituições interessadas na educação alinhada ao projeto Moodle. Entre os seus principais objetivos, estão a reflexão sobre saberes e práticas pedagógicas, tecnológicas e o software livre associados à educação a distância; o compartilhamento de experiências do uso e desenvolvimento da plataforma Moodle no campo da saúde; e, ainda, a realização de uma oficina para a implementação da Rede Moodle no campo da saúde na região das Américas.

As analistas de sistema da Coordenação de Comunicação Institucional (CCI/ENSP) Ana Paula Mendonça e Rosane Mendes, assim como os profissionais da Educação a Distância da ENSP Maurício de Setta e Ana Paula Abreu Fialho Campos da Paz,compõem a comissão organizadora do evento. Na programação, estão previstas uma aula magna, a apresentação dos trabalhos inscritos e painéis temáticos sobre a relação do Moodle com a gestão acadêmica, com sua dimensão pedagógica em saúde e com a dimensão tecnológica.

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Número de vítimas jovens negras aumenta 24%

Na tarde do terceiro dia (5/9) da Semana Sergio Arouca, que comemora os 59 anos da ENSP, foi realizada a roda de conversas Violência e racismo, promovida pela Articulação do Fórum da ENSP com os Movimentos Sociais. Carla Moura Lima, doutoranda da Fiocruz, abriu a conversa com dados sobre a violência contra a população de jovens negros, divulgados pelo livro Mapa da violência 2013 – Homicídios e juventude no Brasil, de Julio Jacobo Waiselfisz. De acordo com a publicação, as vítimas negras entre jovens cresceram de 11.321 (2002) para 13.405 (2011), isto é, um aumento de 24,1%. A atividade contou com a participação do historiador Fransérgio Goulart de Oliveira Silva, que trabalha há mais de dez anos em projetos voltados para jovens moradores de favelas do Rio de Janeiro, além de pesquisadores da ENSP e representantes de movimentos e entidades civis organizadaO Mapa da violência esclarece que o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde iniciou a divulgação de seus dados em 1979, mas só em 1996 começou a oferecer informações referentes à raça/cor das vítimas, apesar dos elevados níveis de subnotificação. Até 2002, conforme informa a publicação, a cobertura dos dados de raça/cor foi deficitária. Por isso, a análise das informações ocorre a partir desse ano, quando a cobertura alcançou um patamar considerado razoável: acima de 90% dos registros de homicídio com identificação da raça/cor da vítima.

Segundo tais dados, de 2001 a 2011, morreram, vítimas de assassinatos, 203.225 jovens. Nos anos extremos, os números são muito semelhantes: pouco mais de 18 mil assassinatos. A população jovem está entre os 15 e 24 anos de idade. Nos estados e regiões que apresentam fortes quedas, como as de São Paulo e Rio de Janeiro, os números diminuem 76,2% e 44,0%, respectivamente. No Rio Grande do Norte, por exemplo, mais que quadruplica o número de vítimas juvenis. No período analisado, as estatísticas chegam a duplicar no Pará, Bahia e Maranhão.

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Pesquisa propõe certificação de sites de saúde

A ENSP vem estudando, há cerca de cinco anos, as transformações que o acesso à internet pode causar na relação médico-paciente. O responsável pela empreitada é o coordenador do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (Laiss), do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), André Pereira. Como mais um fruto desse trabalho, na próxima quinta-feira (12/9), serão apresentados na Escola os resultados da avaliação sobre a qualidade das informações disponíveis em 18 sites sobre dengue. Informações sobre outras doenças disponíveis na web, entre elas a tuberculose, serão foco de futuras avaliações. O encontro também proporá a elaboração do Selo Fiocruz, para atestar a qualidade de informação em sites de saúde. Aberta aos interessados, a atividade iniciará às 14 horas, no salão internacional da Escola, com transmissão, em tempo real, pelo Portal ENSP.

A análise contou com a participação de 20 moradores das comunidades de Manguinhos e de 10 médicos de diferentes unidades da Fiocruz. Para tanto, foram criados 5 critérios com mais de 50 indicadores. Segundo André, a preocupação nasceu da dúvida. “Quem escreveu aquilo? Quem disse que aquela informação é de qualidade? Quem disse que a informação postada é atual e cientificamente correta?”, indagou ele.

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Violação dos direitos: divulgado relatório sobre TKCSA

“Os problemas de poluição atmosférica na Thyssenkrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) decorrentes dos diversos episódios de emissões não podem ser explicados por meras falhas pontuais em equipamentos, mas sim por condições e falhas latentes no âmbito da gestão ambiental e de riscos.” Assim afirmou o pesquisador Marcelo Firpo, do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), no relatório Análise da gestão ambiental e de risco frente aos eventos de poluição atmosférica ocorridos na TKCSA. O documento foi divulgado em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), ocorrida no dia 27/8. Na ocasião, o deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da comissão, comentou que são muitas as violações de direitos humanos sistemáticos no funcionamento da TKCSA.
Elaborado em parceria com o pesquisador Rodrigo Souza, o documento divide-se em quatro grupos de problemas: falhas no processo de licenciamento e suas ferramentas; falhas na filosofia do projeto e no gerenciamento da fase de partida (pré-operação); falhas no acompanhamento pelo órgão ambiental da fase de pré-operação; e falhas na legislação e sua aplicação para a qualidade do ar.
Marcelo Firpo destacou a importância da divulgação imediata do relatório. Em função de uma maior agilidade institucional ante a demanda de movimentos sociais e de instituições defensoras dos direitos das populações atingidas, como a Defensoria Pública, o Ministério Público e a própria Comissão de Direitos Humanos da Alerj. Por isso, o documento foi levado para discussão pública, com o aval da Direção da ENSP.
Para desenvolver o relatório – parte integrante do documento a ser formulado pelo grupo de trabalho da Fiocruz sobre a TKCSA –, foram feitas pesquisas nos processos de licenciamento ambiental e nas ações de crime ambiental movidas pelo Ministério Público contra a empresa. Firpo e Rodrigo tiveram acesso ao conjunto de documentos envolvidos no licenciamento ambiental e em todas as ações e declarações realizadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), além de uma série de outras informações publicadas na mídia e de documentos específicos do próprio Ministério Público.De uma maneira geral, o relatório aponta falhas ou condições latentes relacionadas à organização da empresa e dos órgãos fiscalizadores em termos de deficiências que propiciaram a ocorrência desses eventos. “Elas envolvem problemas no licenciamento ambiental, limitações da legislação ambiental sobre o controle da qualidade do ar e, ainda, falhas grotescas de projetos e decisões tomadas que priorizaram critérios econômicos em detrimento do meio ambiente e da saúde das comunidades”, disse ele.Conforme apontou Firpo, o termo de ajustamento de conduta (TAC) feito com a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) não vem sendo respeitado, de acordo com denúncias de moradores e entidades à Alerj. Segundo eles, a chuva de prata continua caindo. Além disso, o próprio TAC foi questionado em sua legitimidade pelo Ministério Público. “O governo do Estado, por meio de um posicionamento do governador Sérgio Cabral, tomou uma decisão política de liberar o segundo alto-forno da siderúrgica. Tal decisão passou por cima das deliberações técnicas do próprio órgão ambiental, mesmo existindo denúncias da população de que a siderúrgica continua poluindo.”

O momento é delicado, lembrou Firpo, pois a TKCSA não possui licença definitiva de operação, deixou um grande passivo, está tentando vender a empresa e precisa responder a duas ações por crime ambiental e centenas de ações civis que poderão envolver indenizações. As comunidades e movimentos sociais, por meio da campanha Pare TKCSA, propõem o impedimento da concessão da licença de operação e a construção, na região, de uma universidade pública, com o objetivo de enfrentar o desafio da recuperação ambiental da Baía de Sepetiba e criar alternativas para uma economia mais justa e sustentável.
O relatório, finalizou Marcelo Firpo, espera contribuir para que as instituições públicas reconheçam suas limitações e necessidades. Desse modo, é possível que mudanças de política e decisões ocorram, impedindo que fatos lamentáveis como esse voltem a ocorrer no futuro. Segundo ele, tal desafio não é fácil, já que o modelo hegemônico de desenvolvimento privilegia resultados econômicos e empregos de curto prazo, passando frequentemente por cima de critérios ambientais e de saúde. Porém, a capacidade de organização de pessoas e movimentos que lutam por dignidade tem sido fundamental para que os conflitos ambientais sirvam de lição para a sociedade.

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Arouca e 25 anos do SUS marcam aniversário da ENSP

O ano de 2013 é especial para a saúde pública brasileira. Apesar de marcar os 10 anos da morte do sanitarista Sergio Arouca, é neste ano que o Sistema Único de Saúde completa 25 anos de criação, por meio da promulgação da Constituição Brasileira de 1988. Para lembrar as datas, a Escola Nacional de Saúde Pública promove a Semana Sergio Arouca, comemorando seus 59 anos de existência, com o tema ENSP: pensamento crítico em saúde – A Reforma Sanitária em questão. Durante o evento, que ocorrerá de 3 a 6/9, mesas-redondas discutirão o contexto da 8ª Conferência Nacional de Saúde, a crise atual do SUS e o papel dos movimentos sociais nas políticas de saúde, entre outros assuntos.

O evento também terá rodas de conversas com alunos, que debaterão questões como violência e racismo e as últimas medidas do governo diante da crise na saúde. Uma exposição fotográfica com registros de importantes momentos da luta pela saúde daquele período histórico é outra atividade da semana. No último dia, será realizada a tradicional formatura dos alunos do mestrado e doutorado da Escola.

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Estudo sugere sistema de acreditação para sites de saúde

Pesquisas nacionais e internacionais mostram que, cada vez mais, pessoas acessam a rede para obter alguma informação sobre a condição de saúde de si mesmas, parentes e amigos e, até mesmo, ter diagnósticos. Baseada nesse advento da tecnologia, foi desenvolvida, na ENSP, a pesquisa Uma proposta de critérios de avaliação da qualidade para sites de saúde. A autora do trabalho, realizado no âmbito do mestrado profissional em Política e Gestão de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde, é Ana Paula Bernardo Mendonça, desenvolvedora web e tecnologista da Coordenação de Comunicação Institucional da Escola. Entre as principais propostas da pesquisa está a criação de um sistema de acreditação que forneça um selo de qualidade para sites de saúde brasileiros que alcancem tais critérios.
Em sua dissertação, orientada por André Pereira Neto, pesquisador da ENSP e coordenador do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (Liss), que integra o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), Ana Paula defende que, ao longo dos últimos anos, o uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação e o crescente processo de difusão da internet vêm proporcionando aumento excessivo de produção de informação. Segundo ela, tais informações podem ser obtidas em sites sobre saúde e nas diversas comunidades virtuais e grupos de apoio existentes na grande rede mundial, pois, nesses ambientes interativos, os usuários compartilham suas aflições e experiências.
Esse fato, explicou Ana Paula, pode ser interpretado como uma virtude. “Isto é, a internet facilita o contato e o fornecimento de apoio aos pacientes, parentes ou amigos com informações e experiências sobre saúde. Por outro lado, o usuário pode obter informações inconsistentes, divergentes e sem comprovação científica sobre o tratamento de uma determinada doença”, comentou. Além disso, ela alertou: “Sites com objetivos unicamente comerciais podem fazer propaganda desonesta de produtos e uso indevido de dados pessoais dos usuários. Isso representa grande risco, em especial a usuários leigos, que desconhecem as regras relativas à identificação de informações confiáveis.”
Ana Paula partiu do princípio de que a informação em saúde de qualidade é um direito de todos. Nesse caso, a adoção das recomendações do governo em acessibilidade e usabilidade de sites de saúde pretende viabilizar sites mais fáceis de usar e acessíveis para portadores de limitações físicas.
Em sua pesquisa, a desenvolvedora da CCI percebeu uma necessidade real de se avaliar a qualidade da informação em saúde na internet. “Tal fato já é consenso entre profissionais de saúde e de diversas áreas afins, assim como no âmbito das instituições governamentais, não governamentais, associações de classe e, principalmente, no exterior. Para tanto, o modelo proposto neste trabalho visa orientar profissionais de saúde na avaliação da qualidade de sites de saúde e, ainda, de provedores de informação no desenvolvimento de sites.”
No exterior, disse Ana Paula, diversas organizações certificam sites de saúde. No entanto, no Brasil ainda não há notícia de organização pública ou privada que exerça essa atividade. “Portanto, a ideia deste trabalho é incentivar a efetiva participação dos profissionais da ENSP, como instituição do Ministério da Saúde, na prestação de serviços de mais qualidade para a sociedade. Entre as principais ações, está a criação de um sistema de acreditação que forneça um selo de qualidade para sites de saúde brasileiros que cumprirem tais critérios.” Ainda assim, de acordo com ela, é preciso desenvolver mecanismos de filtragem e avaliação da qualidade da informação em saúde baseados no modelo da web semântica ou terceira geração da web (web 3.0).
Para tanto, a autora da dissertação pretende promover programas de orientação voltados para os usuários, cujo objetivo será debater a importância da verificação de aspectos mínimos que conferem credibilidade a um site. Entre os desdobramentos também está a elaboração de um formulário eletrônico simples, para que os próprios usuários possam avaliar os sites visitados, e a criação de uma base de dados ou catálogo na internet que contenha as referências dos sites brasileiros certificados. Por fim, está a criação do selo de qualidade Fiocruz, “assegurando maior confiabilidade para os sites certificados e auxiliando o usuário leigo, que não sabe distinguir informações críveis das incríveis encontradas na internet”, ressaltou.

Seca no Nordeste: falta de ações preocupa pesquisadores

Mais de cem participantes, representando todos os estados do país, estiveram presentes na divulgação dos resultados do projeto Fortalecimento das Capacidades de Prontidão e Respostas aos Desastres, fruto da parceria entre a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e a Fiocruz. Coordenado pelo pesquisador da ENSP Carlos Machado de Freitas e equipe composta de Mauren Carvalho e Eduardo Arraes, do Centro de Estudos e Pesquisas de Emergências e Desastres em Saúde, e Marina Favrim, mestre em Saúde Pública pela ENSP, o estudo realizou um levantamento da capacidade de preparação e resposta do setor saúde para os desastres naturais e tecnológicos. “Apesar das iniciativas já desenvolvidas, o setor saúde ainda necessita de grandes investimentos para melhor se preparar para os desastres”, admitiu o coordenador do estudo.

Os resultados foram apresentados nos dias 16 e 17 de julho em Brasília. A pesquisa envolveu todas as secretariais estaduais e municipais (capitais) de saúde e defesa civil, sendo apresentados os resultados para o país e elaborados relatórios para cada um dos estados e regiões brasileiras. Para Carlos Machado, a invisibilidade da seca como um desastre natural nos estados do Nordeste surpreendeu.

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Mapa de mudanças climáticas repercute na imprensa

Na edição do dia 8/8 do jornal Correio Braziliense, o Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas, divulgado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e a ENSP, ganhou destaque. O estudo, feito pela primeira vez, em 2011, em parceria com a Fiocruz Minas, revelou que a capital fluminense é a cidade mais vulnerável aos impactos das mudanças do clima previstas para os próximos 30 anos no estado. Outros veículos de comunicação também divulgaram a pesquisa.
O estudo utilizou dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM), que congrega o Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e de Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde, ambientais e sociais. Em escala que varia de 0 a 1, os municípios com números mais próximos de 0 têm menor vulnerabilidade, e os mais próximos de 1 são os mais vulneráveis.
Em entrevista ao jornal, a coordenadora-geral do projeto e pesquisadora em clima do IOC, Martha Barata, disse que o aumento do efeito estufa, do nível do mar, de chuvas mais intensas, com inundações e alagamentos, do número de casos de doenças e, consequentemente, do número de mortes deve afetar com mais intensidade o Rio de Janeiro que os demais municípios fluminenses.
Leia a matéria na íntegra.
Pesquisa da Fiocruz mostra vulnerabilidade climática nos municípios do RJ
8 de agosto de 2013
Beto Magalhães/EM/D.A Press
A capital fluminense é a cidade mais vulnerável aos impactos das mudanças do clima previstas para os próximos 30 anos no estado. A constatação está no Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas, divulgado pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo foi feito pela primeira vez em 2011, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) e a Fiocruz Minas. Foram usados no estudo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM), que congrega o Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e de Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde, ambientais e sociais. Em escala que varia de 0 a 1, os municípios com números mais próximos de 0 têm menor vulnerabilidade, e os mais próximos de 1 são os mais vulneráveis.
A coordenadora-geral do projeto e pesquisadora em clima da Fiocruz, Martha Barata, explicou que o panorama apresentado neste ano é similar ao encontrado em 2011, mas que alguns municípios melhoraram a situação, como Campo dos Goytacazes. “Campos era o mais vulnerável no índice geral e, agora, encontra-se menos vulnerável devido à melhora na taxa de saúde, que passou de 1 para 0,68, em comparação com os demais municípios. Búzios era o menos vulnerável, mas teve piora no índice – 0 para 0,16, em relação aos demais municípios, com incidência de algumas doenças. O Rio está na escala 1, por ter grande vulnerabilidade da população à mudança do clima nos quesitos saúde e meio ambiente”, comentou Martha. “No quesito social, a cidade está bem [0,18], na comparação com os demais municípios.” São Francisco de Itabapoana aparece com o pior índice de vulnerabilidade social (1), e Niterói, com o melhor (0). O índice geral, no entanto, é elevado em função da maior vulnerabilidade da saúde e do ambiente (0,70).
Segundo a pesquisadora, o aumento do efeito estufa, do nível do mar, de chuvas mais intensas, com inundações e alagamentos, do número de casos de doenças e, consequentemente, do número de mortes deve afetar com mais intensidade o Rio de Janeiro que os demais municípios do estado, sobretudo devido à vasta biodiversidade, à proximidade da costa, às habitações em encostas e à falta de saneamento básico em boa parte das habitações. Martha explicou que a vulnerabilidade não é necessariamente negativa, apenas indica atenção e exige políticas públicas para prevenir danos e doenças e adaptar a cidade às mudanças do clima. “A primeira ação deve ser a ordenação do solo, não deixar as pessoas ocuparem as encostas, depois garantir o saneamento, que evita diversas doenças. É importante também a drenagem quando houver chuva, e um sistema de alerta precoce, como tem sido feito em alguns locais”, acrescentou.
“Na questão da vegetação, é preciso garantir a proteção da nossa riqueza de biodiversidade nos parques, florestas, manguezais, entorno dos rios, mas é fundamental que haja uma gestão integrada entre os setores de saúde, social e ambiental.” Os municípios de Magé e Campos dos Goytacazes aparecem logo atrás do Rio, com vulnerabilidade acima de 0,50, que é a média estadual para os três indicadores que compõem o IVG. Magé é vulnerável nos três indicadores, embora menos que o Rio nos quesitos saúde e meio ambiente. A pesquisadora destacou Angra, Paraty, Petrópolis e Teresópolis como cidades de elevada vulnerabilidade ambiental. “Por conta da biodiversidade e da vegetação rica que devem ser mantidas e da ocupação desordenada do solo”, explicou.
O município de Nilópolis aparece no mapa como o menos vulnerável, com escala zero no índice geral, seguido de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, e Volta Redonda, no sul fluminense, que também apresentaram baixa vulnerabilidade para três indicadores. Apesar de alguns problemas de saúde, se o clima mudar, o impacto será pequeno nessas regiões por terem uma biodiversidade e vegetação menos abundantes que outras regiões do estado. A coordenadora da pesquisa destacou o papel da educação para que as pessoas cuidem melhor do meio ambiente e evitem doenças simples como a dengue.
Outros veículos em que a matéria foi divulgada:
Clica Brasília | Brasil | DF
Terra – Notícias | Notícias | BR
Diário de Pernambuco – Online | Brasil | PE
Panorama Brasil | Cidade | BR
Jornal de Brasília Online | DF
JB Online | Ciência & Tecnologia | BR
Agência Brasil | Meio Ambiente | BR
Blog do Ancelmo Gois – Globo Online | Ancelmo Gois | BR
Extra Online | RJ

Pesquisa analisa vigilância epidemiológica em Itaboraí

Análise realizada pela sanitarista Madrilâne de Carvalho Costa revelou que a vigilância epidemiológica (VE) no município de Itaboraí está implementada insatisfatoriamente. A constatação foi obtida pela pesquisa Avaliação de implementação da vigilância epidemiológica do município de Itaboraí no Estado do Rio de Janeiro, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da ENSP, no mestrado profissional em Vigilância em Saúde na Região Leste do RJ. A dissertação aponta que as dificuldades relacionadas ao contexto político-institucional são as que mais contribuem para que o serviço não seja implementado de forma plena. Para alterar o cenário, a autora sugere, entre outros fatores, investimentos emergenciais para ampliação da equipe e da estrutura no nível central.

Orientado pela pesquisadora Marly Marques da Cruz, do Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (Laser/Densp/ENSP), o estudo foi desenvolvido pela importância de se analisarem os avanços e limites do processo de descentralização da VE e a necessidade de tornar factíveis os estudos avaliativos nos serviços e programas de saúde, especialmente no serviço de VE municipal. “Apesar do vasto material regulatório e dos repasses realizados fundo a fundo entre União e municípios, a implementação da VE ainda não aconteceu de forma satisfatória no município de Itaboraí em virtude da manutenção de um modelo centrado nos agravos e da pouca interação com a dinâmica dos contextos político-institucional e externo”, justificou a autora.

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