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Tese intitulada “Política pública, educação, tecnologia e saúde articuladas: como a telessaúde pode contribuir para fortalecer o SUS” relaciona telessaúde e melhoria da rede de atenção

 

A telessaúde tem ajudado a estruturar a rede de atenção e as ferramentas de monitoramento e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS). A regulamentação dos serviços de telessaúde, teleconsultoria, segunda opinião formativa, tele-educação e telediagnóstico, tem sido o grande impulso de informatização do setor saúde no território brasileiro”. A opinião é de Angélica Baptista Silva, que apresentou sua tese de doutorado no Programa de Saúde Pública da ENSP em 22 de março. Intitulada Política pública, educação, tecnologia e saúde articuladas: como a telessaúde pode contribuir para fortalecer o SUS?, a tese de Angélica aborda a necessidade de inclusão digital e de aproximação da rede de atenção com a pesquisa em saúde. De acordo com o histórico, o Programa Telessaúde Brasil Redes surgiu em 2007 com o projeto piloto em apoio à Atenção Básica. Ele envolvia nove núcleos localizados em universidades nos estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tendo por meta qualificar aproximadamente 2.700 equipes da Estratégia de Saúde da Família em todo o território nacional. Para Angélica, porém, a literatura mostra o uso do termo telessaúde desde os anos de 1980. A definição clássica, adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), registra telessaúde como uso de tecnologias de informação e comunicação para oferecer serviços e cuidados em saúde a distância. “É nessa década que aparecem iniciativas pontuais no Brasil de telessaúde, executadas por universidades públicas e com envolvimento de setores diversos da administração pública, como, por exemplo, a Agência Nacional de Telecomunicações no fim dos anos de 1990.  No entanto, de acordo com o experimento apresentado, há várias definições de telessaúde: pode ser sinônimo de videoconferência, de sistema de informação, de organização de serviço, entre outros”, esclareceu a pesquisadora. Em sua concepção, telessaúde é toda atividade em rede, que promove a translação do conhecimento entre a pesquisa e o serviço de saúde. Para justificar essa ressignificação da telessaúde, Angélica utilizou um modelo conceitual da pesquisa translacional. “A pesquisa translacional pode ser definida também como um processo que parte da prática baseada em evidências em direção a soluções sustentáveis para problemas de saúde da comunidade”, ressaltou. Quanto aos entraves para articular política pública, educação, tecnologia e saúde, Angélica identifica, no caso brasileiro, “3 is” que podem comprometer a qualidade dos serviços de telessaúde: inclusão digital do setor saúde, interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde e integração entre inovação e assistência à saúde. Para validar os 3is, ela fez uma pesquisa de campo e consultou vários especialistas, os quais, ao mesmo tempo, foram coordenadores dos primeiros projetos da Rute. Também participaram do projeto piloto do atual Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, e suas instituições fizeram parte da Rede Nacional de Pesquisa Clínica. Angélica demonstrou interesse pelo tema em 2004, quando apresentou sua dissertação de mestrado profissional na ENSP. Ela foi convidada pela Presidência da Fiocruz a escrever um projeto de telemedicina, representando a instituição num novo projeto da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa à época: a Rede Universitária de Telemedicina (Rute). O grupo que fundou a Rute era composto de hospitais universitários, e suas discussões eram eminentemente clínicas. Naquela época, como coordenadora de Tecnologia da Informação do Canal Saúde, ela começou a pesquisar sobre telessaúde. A pesquisadora não aponta perspectivas para o Programa Telessaúde Brasil Redes, mas para toda atividade de telessaúde no SUS. “Há várias iniciativas de avaliação e monitoramento de telessaúde, inclusive propostas por pesquisadores brasileiros. No âmbito do Telessaúde Brasil Redes, destaco a liderada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e desenvolvida pelos coordenadores dos nove estados, que compuseram o projeto piloto do Ministério da Saúde.” Sua pesquisa é voltada justamente para as lacunas na perspectiva da Saúde Coletiva, que é mais ampla que a da Clínica. A Telessaúde está regulamentada por uma série de portarias do Ministério da Saúde. A primeira delas de n° 561, de 16/3/6, institui, no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão Permanente de Telessaúde. A última publicada, de 14/9/12, institui um grupo de trabalho, no âmbito do Ministério da Saúde, com a finalidade de avaliar, discutir e propor critérios e ações para expansão do Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes). Angélica Baptista Silva teve como orientadora principal da sua tese a pesquisadora da ENSP Ilara Hämmerli Sozzi de Moraes e como segundo orientador Carlos Medicis Morel, coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).

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Seminário Epidemiologia, sanitarismo, povos indígenas e controle da tuberculose: a atualidade da agenda de Noel Nutels

O grupo de pesquisa em Saúde Indígena da ENSP e o Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP) realizarão, na segunda-feira (29/4), o seminário Epidemiologia, sanitarismo, povos indígenas e controle da tuberculose: a atualidade da agenda de Noel Nutels. Aberto ao público, o evento pretende elucidar aspectos históricos relativos ao programa de controle da doença entre os indígenas, apresentar indicadores epidemiológicos atualizados e debater aspectos operacionais. Além disso, visa abordar características sociais e culturais relacionadas à tuberculose. O seminário será realizado no salão internacional da ENSP, das 9 às 17 horas.
O evento está intimamente ligado ao Movimento Abril Indígena, que congrega lideranças dos índios de várias regiões do país. Também conta com o apoio de organizações que se reúnem e se fortalecem em torno da permanente luta para que o Brasil reconheça os direitos indígenas referentes a cultura, terra, saúde, liberdade de expressão e crenças, entre outros, assegurados desde a Constituição Cidadã de 1988. A abertura caberá ao diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, e pelos pesquisadores Carlos Coimbra Jr., do Departamento de Endemias Samuel Pessoa, e Otávio Porto, do CRPHF.

Centenário do nascimento de Noel Nutels
O seminário ocorre no ano em que o médico sanitarista Noel Nutels comemoraria 100 anos. Na década de 1950, Nutels foi idealizador e diretor do Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (Susa), que, em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), levou assistência médico-sanitária às populações residentes no interior do país.
No escopo das ações desenvolvidas pelo Susa, Nutels tornou-se pioneiro na investigação da tuberculose entre os índios brasileiros, e parte do conhecimento disponível hoje sobre o tema se deve ao seu esforço. “Assim, o seminário também pretende homenageá-lo”, afirmam os coordenadores do evento. “A ideia central é tratar dos avanços alcançados com as pesquisas recentes e identificar os principais desafios para se obter um efetivo controle da enfermidade entre as populações indígenas”, completaram.

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Investimento na educação pode auxiliar Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)

O conjunto de atividades desenvolvidas pela Fiocruz na área de influência do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ultrapassou as ações de monitoramento epidemiológico – previstas no início do acordo com a Petrobras. A grande abrangência do projeto resultou em um Programa de Desenvolvimento Científico da Fundação no entorno do Comperj, com atuação nas áreas de cooperação, ensino, desenvolvimento e inovação tecnológica em saúde. O detalhamento das ações foi apresentado pelos coordenadores do projeto, Luciano Toledo e Paulo Sabroza, durante o Ceensp de quarta-feira (24/4). Entre as evidências apresentadas, a de que a maioria dos problemas de saúde não está relacionada às obras nesse primeiro momento, mas sim à organização ou desorganização do sistema de saúde.

Com o tema Monitoramento de condições de vida e saúde em áreas de implantação de grandes empreendimentos: desafios metodológicos, o Centro de Estudos apresentou parte dos resultados e todo o alcance do projeto coordenado pela ENSP na área do Comperj. “Hoje, falamos do Complexo Petroquímico, mas a experiência da Fundação com a problemática sociossanitária no entorno de empreendimentos de grande interesse nacional se confunde com sua própria história, tendo como marco inicial a revolta da vacina, no início do século XX”, disse o coordenador geral do plano, Luciano Toledo, citando toda a bagagem e envolvimento da Fiocruz com o tema.

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Aspectos políticos comprometem gestão de cuidado

“As assimetrias técnico-financeiras, as disputas político-partidárias por investimentos, a aplicação de recursos atrelados ao voto e, sobretudo, os interesses privados de formuladores de políticas, gestores e trabalhadores da saúde em detrimento do fortalecimento de um sistema público e universal comprometem a coesão necessária para constituir uma rede solidária de caráter regional.”  Esse é um dos desafios apresentados por Adriano Maia dos Santos, em sua tese de doutorado em Saúde Pública intitulada Gestão do cuidado na microrregião de saúde de Vitória da Conquista (Bahia): desafios para constituição de rede regionalizada com cuidados coordenados pela Atenção Primária à Saúde, defendida na ENSP em 28/3. Para ele, em oposição a esse desafio, a publicização da gestão e o envolvimento de representantes da sociedade civil organizada em defesa do Sistema Único de Saúde nas plenárias poderiam reduzir o campo do interesse privado nas decisões públicas.
Na concepção de Adriano, a gestão do cuidado na rede regionalizada de serviços de saúde modela uma imagem-objetivo: formuladores de políticas, gestores, trabalhadores da saúde e usuários devem se articular em diferentes espaços para resolver os problemas de saúde, utilizando a tecnologia mais adequada, no lugar e no tempo certo para produção do cuidado.
De acordo com ele, a gestão do cuidado requer interdependência e cooperação entre os sujeitos e as instituições, para defesa da saúde como um direito de todos os cidadãos, em todas as fases da vida e ao longo do tempo, compartilhando os projetos terapêuticos e tendo o usuário como centro do cuidado.
Assim, explica Adriano, a gestão do cuidado necessita de uma gestão democrática, com valorização dos trabalhadores, inserindo-os em processos de aprendizagem permanente. Tais processos devem apoiar práticas individuais e coletivas responsáveis com os itinerários terapêuticos dos usuários e as linhas de produção do cuidado, possibilitando a construção de vínculos de confiança e coeficientes de autonomia.
Para o pesquisador, os profissionais mais adequados para coordenação dos cuidados em rede regionalizada devem estar em equipes na Estratégia de Saúde da Família (ESF), como centro de comunicação/articulação entre diferentes pontos da rede. Tal centro, acrescentou Adriano, deve funcionar de portas abertas às necessidades episódicas e regulares (porta de entrada preferencial) às demandas explícitas, bem como as que requerem investigação e vigilância, direcionadas às famílias, no seu cotidiano.

A ESF está presente em todos os municípios

O pesquisador elegeu para o estudo a microrregião de saúde de Vitória da Conquista (macrorregião sudoeste da Bahia), que possui 632.708 habitantes, divididos em 19 municípios. Todos os municípios assinaram o Pacto pela Saúde, mas apenas cinco deles (Barra do Choça, Belo Campo, Maetinga, Presidente Jânio Quadros e Vitória da Conquista) assumiram o Comando Único, e os demais permaneceram sob gestão estadual dos serviços de saúde. Em relação à oferta de serviços, Adriano informou que a ESF está presente em todos os municípios com uma elevada cobertura formal (> 70%), com exceção de Encruzilhada (58%) e Vitória da Conquista (42%). A população não cadastrada em Unidades de Saúde da Família (USF), nos diferentes municípios sem plena cobertura da ESF, possuem Unidades Básicas de Saúde (UBS) como unidades de referência. Outro dado relevante é que Vitória da Conquista possui 100% de cobertura formal de ESF na zona rural.
Estágio atual da Atenção Primária à Saúde em Vitória da Conquista

A pesquisa de Adriano também constata a centralidade da Atenção Primária à Saúde (APS), que é condicionada pela baixa cobertura real da ESF, pouca disponibilidade de profissionais (médicos, em particular), insuficiente adensamento tecnológico das USF, baixa capacidade técnica dos profissionais, escassa oferta de serviços especializados e de apoio diagnóstico em tempo oportuno e matriz tecnológica subjacente ao modelo de atenção em curso na microrregião.
“Os profissionais da atenção primária, sobretudo médicos, são responsáveis pelas referências para outros pontos de atenção na rede SUS, por meio de formulários específicos (guias de solicitação), mediados por centrais reguladoras municipais ou regionais que, por sua vez, restringem a referência às regras administrativas sem qualquer possibilidade de escolha entre os prestadores (critério por disponibilidade do serviço), pelos profissionais ou usuários”, complementou.
Segundo Adriano, a organização da ESF na microrregião apresenta questões problemáticas também relacionadas à insuficiência de cobertura real e elevado número de pessoas cadastradas por equipe, que, atrelados à baixa disponibilidade de médicos nas USF, dificultam o acesso oportuno de usuários aos serviços de APS.
A cobertura formal da estratégia está acima de 80% em 15 dos 19 municípios. Isso indica que coberturas altas e potencialmente satisfatórias nem sempre se traduzem em melhor utilização da capacidade disponível. Vale notar, contudo, que a própria expansão das equipes fica limitada pela baixa oferta de médicos e insuficiência no financiamento que, paradoxalmente, são agravados por gastos com pagamento de salários de profissionais.
Outra questão apontada pelo pesquisador é a dificuldade de atração e fixação de médicos, atrelada à ausência de uma política consistente de gestão do trabalho. Isso abre espaço para inúmeros acordos informais, entre gestores e profissionais, que “autorizam” a redução na carga horária, flexibilização das funções a serem desenvolvidas na equipe, pagamento de salários acima da média. Tais procedimentos colaboram para aumentar a rotatividade desses profissionais e a competição entre municípios, agravando a situação da ESF na microrregião.
Adriano Maia dos Santos é cirurgião-dentista, com mestrado em Saúde Coletiva (Universidade Estadual de Feira de Santana) e doutorado em Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Atualmente, é professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Instituto Multidisciplinar em Saúde – Campus Anísio Teixeira (Vitória da Conquista – Bahia), nos cursos de graduação de Enfermagem, Farmácia e Nutrição. Sua tese foi orientada pela pesquisadora Lígia Giovanella, da ENSP.

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Cerca de 20% dos cursos de pós graduação do Rio de Janeiro têm notas 6 e 7

O presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ (Faperj), Ruy Garcia Marques, esteve presente ao Ceensp, na quarta-feira (10/4), e foi saudado pelos pesquisadores. Todos foram unânimes em atribuir a ele a conquista, em 2007, do cumprimento da legislação que destina 2% da arrecadação da tributação líquida do Estado do RJ para a Faperj. Criada em 1975, durante a fusão dos Estados da Guanabara e do RJ, a Fundação já passou por várias crises financeiras. Atualmente, segundo Ruy, a pós-graduação tem avançado muito no Estado. De acordo com dados de avaliação de 2010, 21% dos cursos de pós-graduação estão com notas de excelência 6 e 7. “Em 2013, vamos crescer ainda mais”, anunciou.
Conforme explicou Ruy, o movimento para inserção de vinculação das receitas estaduais para órgãos públicos de fomento ao ensino e à pesquisa começou em 1988, ano da promulgação da Constituição Federal, quando foram consolidadas as agências existentes. Houve ainda o estímulo para criação de outras fundações de amparo à pesquisa.
Com a missão de implementar e valorizar o sistema científico e tecnológico estadual, apoiando atividades em todas as áreas do conhecimento e setores de atividades profissionais, além de promover a interligação entre Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e a sociedade, a Faperj atua por demanda espontânea (auxílios e bolsas) e demanda orientada (isolada e parcerias). “Temos a preocupação constante que a sociedade e a comunidade científica nos defendam. Quando falamos na revista, no boletim, nas feiras, não deve ser só a respeito do gene, DNA, mas também sobre inovações como o ‘sombrero’, projeto apoiado pela Faperj”, disse. O sombrero é um guarda-sol para praia que contém duas abas laterais compridas, garantindo maior proteção aos profissionais que ficam durante muito tempo expostos ao sol, como guarda-vidas.
Entre 2007 e 2013, a Faperj captou R$360 milhões por meio das parcerias com institutos nacionais de Ciência e Tecnologia, como Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Saúde/ Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), Ministério da Educação/Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras.

Faperj ganhará nova sede

Os tipos de bolsas concedidas são: pré-iniciação científica (Jovens Talentos); iniciação científica (IC) e  iniciação tecnológica (IT); mestrado (MSC) e doutorado (DSC); cursos emergentes; universidades estaduais; bolsas nota 10 (MSC-10 e DSC-10); doutorado-sanduíche; sanduíche-reverso; pós-doutorado (PDR e PDS); PAPD (Capes-Faperj); PDR nota 10; pesquisador visitante (PV); pesquisador visitante emérito (PV-E); inovação tecnológica (INT); treinamento e capacitação técnica (TCT); Cientista do Nosso Estado (CNE); Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE).

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Maioria dos policiais do Rio de Janeiro faz uso de álcool e tabaco

“O uso de drogas é um fenômeno que acontece na sociedade e não será diferente nas corporações.” Essa é uma das afirmações do artigo “Consumo de substâncias lícitas e ilícitas por policiais da cidade do Rio de Janeiro”, incluído na última edição temática da revista Ciência e Saúde Coletiva. A publicação trouxe uma série de artigos que abordam, entre outros aspectos, as condições de vida, saúde e trabalho dos profissionais de segurança pública. Assinam o artigo as pesquisadoras Edinilsa Ramos, Patrícia Constantino, Miriam Schenker e Bruna Soares Chaves Correia, todas do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência Jorge Carelli (Claves/ENSP).
No texto, as autoras ressaltam a necessidade de as Polícias Civil e Militar refletirem sobre o assunto, para oferecer aos seus membros que utilizam tais substâncias um atendimento de qualidade. O objetivo do artigo foi investigar o consumo de substâncias lícitas e ilícitas por policiais da cidade do Rio de Janeiro, a partir dos dados de duas pesquisas empíricas desenvolvidas pelo Claves/ENSP. As pesquisas originais forneceram um amplo panorama sobre as condições de trabalho, saúde e qualidade de vida de policiais civis e policiais militares atuantes na capital fluminense. Segundo dados do estudo, o Relatório Mundial sobre Drogas aponta que uma em cada cem mortes de adultos é atribuída ao uso de drogas ilícitas. Entre elas, as mais utilizadas no mundo são a Cannabis (prevalência anual entre 2,6% e 5,0%) e os estimulantes anfetamínicos (excluindo o ecstasy), com prevalência de 0,3% a 1,2%.
Na população adulta mundial, a prevalência do consumo de tabaco é de 25% e a do uso de álcool é de 42%, que são, respectivamente, cinco e oito vezes maiores que a do uso de drogas ilícitas (5,0%). “Estudiosos das dependências às drogas lícitas e ilícitas apontam que o uso, o abuso e a dependência de substâncias psicoativas são mais um sintoma do que um problema em si mesmo. Há controversas e inconclusivas teorias que buscam explicar esse complexo fenômeno. Uma delas defende que o consumo de substâncias psicoativas busca acalmar e aliviar as tensões, ameaças e afetos negativos provocados pelas duras condições de trabalho e de vida e geradores de ansiedade”, explicam as autoras no artigo.
De acordo com o artigo, o Brasil é considerado estratégico na condução de uma política sobre o uso de drogas na América Latina, por suas dimensões e fronteiras com vários países. Além de ser país de trânsito das drogas, é um mercado final para as substâncias ilícitas, não se caracterizando por ser produtor relevante de substâncias psicoativas. Estudo realizado com 7.939 entrevistados em 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, em 2005, verificou que o uso na vida de qualquer substância psicoativa (exceto álcool e tabaco) no Brasil foi de 22,8%, porcentagem próxima à do Chile (17,1%) e quase metade da verificada nos Estados Unidos (45,4%), países onde levantamento semelhante foi realizado em 2004. Álcool e tabaco, substâncias lícitas, tiveram o maior percentual de uso no país (74,6% e 44%, respectivamente).
Segundo as autoras, nesse contexto, não admira que haja policiais civis e militares dependentes, visto que eles enfrentam um arriscado e estressante cotidiano profissional. O artigo, que utilizou dados de outros estudos desenvolvidos pelo Claves como subsídio, dividiu os profissionais em dois grupos: um com os que atuam nos setores administrativo, operacional e técnico (das Polícias Civil e Militar) e outro com os que trabalham como delegado, policial técnico, inspetor ou investigador, na Polícia Civil, e oficial, suboficial e praça, na Polícia Militar. O artigo analisou dados relativos a 36 unidades da Polícia Civil (15 administrativas e 21 delegacias). Na Polícia Militar, foram investigadas 17 unidades. O estudo levou em consideração três questões para chegar aos resultados: a frequência do consumo, a sua intensidade e os problemas decorrentes do uso de substâncias lícitas e ilícitas.
Os resultados da pesquisa alertam sobre a intensidade do consumo. Quando indagados se ficaram embriagados no último mês, 93,5% dos agentes civis e 86,3% dos militares afirmam que não. Entre os que responderam positivamente, foi observado percentual mais elevado de policiais militares que ficou embriagado (13,7%), contra 6,5% dos civis. Um total de 5,2% dos agentes civis e 8,7% dos militares informaram que ficaram embriagados de um a cinco dias no último mês. Com relação ao cigarro, a maior proporção foi de policiais militares (42,6% contra 25,9% dos civis) que consome de um a dez cigarros diários, ao passo que 74,1% dos civis e 57,4% dos militares fumam mais de 11 cigarros diariamente. O estudo apontou que, entre os policiais do Rio de Janeiro, foi observado maior consumo de tabaco, álcool e tranquilizantes.
“É preocupante a existência de uma parcela de 3% dos agentes militares e 0,5% dos civis que bebem e se embriagam durante 20 ou mais dias do mês, indicando claramente um quadro de dependência alcoólica. Por tudo isso, as duas Corporações devem atentar para a oferta e o consumo de substâncias psicoativas pelos policiais, procurando formas de auxiliá-los desde a sua entrada na polícia, e na continuação do seu trabalho, por meio de estratégias de prevenção ao consumo”, reforçaram as autoras. Acesse a íntegra do artigo.

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Saúde e condições de vida dos profissionais de segurança pública

O volume 18, número 3 da revista  Ciência e Saúde Coletiva trata de um tema que vem sendo explorado há alguns anos pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência Jorge Carelli (Claves/ENSP): as condições de vida, saúde e trabalho dos profissionais de segurança pública. O editorial da publicação, assinado pela pesquisadora Edinilsa Ramos, aborda a saúde dos profissionais de segurança pública. A atual edição traz um debate com a coordenadora do Claves e editora da revista, Cecília Minayo, e mais de cinco artigos temáticos que abordam diversos aspectos do tema, entre eles: trabalho, estresse, sofrimento psíquico, percepção de risco e consumo de substâncias ilícitas.

A publicação conta com uma série de artigos que tratam da vulnerabilidade aos riscos, doenças e agravos físicos, estresse e sofrimento mental dos profissionais de segurança pública. Outros artigos discutem a subjetividade desses agentes, suas percepções e representações sobre si, suas práticas, vivências familiares e destacam, ainda, como as atividades profissionais afetam sua visão de mundo. A maioria das análises apresentada é fruto de pesquisas empíricas inéditas e, em menor parte, de aprofundamentos analíticos e comparativos.

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ENSP recebe seminário internacional Pharmacoepidemiology research in Latin America

O Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF/ENSP) e o Instituto Karolinska, da Suécia, realizarão, de 15 a 17 de abril, o seminário internacional Pharmacoepidemiology research in Latin America. O encontro reunirá pesquisadores de dez países com o intuito de compartilhar experiências sobre as pesquisas em farmacoepidemiologia e construir uma rede de investigação sobre o tema. A atividade será encerrada na quarta-feira (17/4), com uma edição do Centro de Estudos (Ceensp) cujo tema é Farmacoepidemiologia e tomada de decisão em sistemas de saúde. Os dois primeiros dias do seminário são reservados a convidados.
A parceria do NAF/ENSP com o Instituto Karolinska iniciou em 2012 e estabeleceu seis metas a serem cumpridas. Entre elas, a realização de um seminário no Brasil para identificar parceiros que possam compor uma rede de pesquisa em farmacoepidemiologia, além do planejamento de um evento maior, envolvendo diversas instituições acadêmicas e de pesquisa.
O seminário terá participantes da Dirección General de Medicamentos, Insumos y Drogas (Peru), Universidad Nacional de Colombia (Colômbia), Karolinska Institutet (Suécia), Universidad Autónoma de Nayarit (México), University of Sydney (Austrália), Universidad de Chile (Chile), Gapurmed (Argentina), Boston University (Estados Unidos), Opas-Peru e Utrecht University (Holanda). Também estarão presentes representantes de diversas universidades, centros de pesquisa e secretarias de saúde.
No primeiro dia do evento, serão apresentados estudos sobre as novas tendências em farmacoepidemiologia, com exibição das experiências europeias, latino-americanas, australiana e brasileira. Em seguida, o tema em discussão destaca os avanços e desafios na farmacoepidemiologia na América Latina e, depois, a garantia de qualidade e farmacovigilância.
“Durante o seminário, teremos a possibilidade de mostrar nossa produção aos demais países nesse campo. Eles possuem uma visão restrita do que é produzido aqui, por isso precisamos publicar mais trabalhos em revistas estrangeiras para nos colocarmos em evidência. Gostaríamos de convidar outros parceiros, mas tivemos de restringir o acesso por se tratar de um seminário de planejamento. No evento maior que pretendemos organizar, teremos a participação das demais instituições”, disse Cláudia Garcia Serpa Osório de Castro, uma das coordenadoras do seminário.
Apesar de restrito a convidados nos dois primeiros dias, o seminário será encerrado com uma edição especial do Ceensp. Com o tema Farmacoepidemiologia e tomada de decisão em sistemas de saúde, a atividade apresentará um balanço dos três dias de encontro e será aberta a todos. O evento terá presença dos palestrantes Helena Lutéscia Luna Coelho, professora titular de Farmacoepidemiologia da Universidade Federal do Ceará e consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Björn Wettermark, pesquisador do Karolinska Institutet (KI) e gestor do Stockholm County Council (SLL), e Brian Godman, pesquisador do KI e da University of Strathclyde. A atividade será coordenada pela pesquisadora Claudia Osorio.
A comissão organizadora é formada pelos pesquisadores do NAF Claudia Garcia Serpa Osorio de Castro, Vera Lúcia Luiza, Maria Auxiliadora de Oliveira, Ângela Esher, Tatiana Chama Borges Luz, Rondineli Mendes da Silva, Gabriela Costa Chaves, Jorge Bermudez e Milena Martins Sabino.

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Livro apresenta ferramenta de habitação saudável

 

Teve início, na ENSP, na terça-feira (2/4/2013), uma oficina sobre indicadores de vulnerabilidade com ênfase na habitação saudável. O encontro, promovido pela Rede Brasileira de Habitação Saudável e organizado pela pesquisadora Simone Cynamon, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola, está apresentando a experiência brasileira e argentina sobre o tema. Uma das atividades do evento será o lançamento, nesta quinta-feira (4/4/2013), do livro Monitoreo de la salud ambiental: análisis y perspectivas desde salud colectiva, vulnerabilidad social y sistemas computacionales asociados. A publicação aborda o desenvolvimento de um instrumento técnico de monitoramento da saúde ambiental nas habitações saudáveis e comunidades criado por pesquisadores do Instituto de Investigaciones Geohistóricas (IIGHI) do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet), da Argentina. O lançamento ocorrerá, às 9 horas, na sala 2 do Salão Internacional da ENSP.

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Ministério da Saúde lança campanha de vacinação contra a gripe

 

Nesta terça-feira (26/3), foi lançada a 15ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. Neste ano, a campanha será realizada de 15 a 26 de abril, e o dia 20/4 marcará a data da mobilização nacional. Serão vacinados os integrantes do grupo prioritário, formado por pessoas com 60 anos ou mais, crianças de 6 meses a 2 anos, indígenas, gestantes, mulheres no período de até 45 dias após o parto (em puerpério), pessoas privadas de liberdade, profissionais de saúde, além dos doentes crônicos, que, este ano, terão o acesso ampliado a todos os postos de saúde, e não apenas aos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIES).

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