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Respostas e lacunas sobre a covid longa, que afeta até 20% dos que foram infectados pelo coronavírus

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 10% e 20% das pessoas que tiveram Covid-19 desenvolvem alguma complicação prolongada. Agora, pesquisadores se debruçam sobre esses mais de 200 sintomas, agrupados genericamente pelo termo covid longa. Se ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas, principalmente sobre o mecanismo causador dessas sequelas, também há conclusões que já ajudam na assistência aos que, por meses, procuraram serviços de saúde em busca de um diagnóstico. O repórter Bruno Dominguez, da revista Radis, conversou com três pesquisadores brasileiros envolvidos diretamente nessa investigação, entre eles, Margareth Portela, da ENSP, para contar o que se sabe.
Desde sua primeira infecção, a covid se impôs como desafio monumental para a ciência, que concentrou esforços globalmente para investigar desde a transmissão até as formas de tratamento. O desenvolvimento de uma vacina pareceu trazer alívio à rotina extenuante nos centros de pesquisa, até que múltiplas sequelas começaram a ser relatadas por pacientes de todo o mundo. Enquanto a maioria das pessoas que foram infectadas pelo coronavírus se recupera completamente, outra parte continua a sofrer com efeitos de longo prazo em vários órgãos — pulmão, coração, sistema nervoso.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 10% e 20% das pessoas que tiveram covid desenvolvem alguma complicação prolongada. Agora, pesquisadores se debruçam sobre esses mais de 200 sintomas, agrupados genericamente pelo termo covid longa. Se ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas, principalmente sobre o mecanismo causador dessas sequelas, também há conclusões que já ajudam na assistência aos que, por meses, procuraram serviços de saúde em busca de um diagnóstico. Radis conversou com três pesquisadores brasileiros envolvidos diretamente nessa investigação, para contar o que se sabe.
O QUE É A COVID LONGA?
“Covid longa é um termo cunhado por pacientes para se referir a uma gama de sintomas experimentados por aqueles que tiveram covid-19 depois de se recuperarem dos estágios iniciais da infecção”, resume Margareth Portela, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) que integra a equipe do Observatório Covid-19 Fiocruz.
“São manifestações múltiplas, sistêmicas, que afetam diferentes órgãos, algumas muito graves, sobre as quais ainda não se tem conhecimento suficiente”, acrescenta ela, que participa da busca internacional por respostas coordenando um estudo sobre efeitos da covid longa em sobreviventes de hospitalização por covid no SUS.
O termo vem servindo para abarcar tanto sintomas prolongados da infecção quanto complicações secundárias, e por vezes é substituído por síndrome pós-covid e outras variações. Em novembro de 2020, durante conferência internacional, pesquisadores chineses já apresentavam evidências sobre o aparecimento de manifestações a longo prazo da covid-19 em moradores da cidade de Wuhan, alertando que estas poderiam persistir por ao menos seis meses.
Foi em 6 de outubro de 2021 que a OMS publicou a primeira definição clínica oficial sobre a nova enfermidade, após consulta global envolvendo pacientes e cientistas de todos os continentes: “é a doença que ocorre em pessoas com história de infecção pelo SARS-CoV-2, usualmente depois de três meses do início da fase aguda, com sintomas e efeitos não explicáveis por outro diagnóstico”. Para se ter uma perspectiva histórica, o primeiro caso humano de infecção pelo HIV foi identificado em junho de 1981 e a definição de caso foi desenvolvida apenas em outubro de 1985.
A condição recebeu um código próprio na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10): U09. Diante de tantas incertezas à época, a OMS ressalvou que a definição de pós-covid poderia mudar a qualquer momento, com a descoberta de novas evidências.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
A variedade de complicações pós-covid é tamanha que a OMS fala em “constelação de sintomas”. Os mais frequentes são fadiga, falta de ar, tosse persistente, dor no peito e distúrbios cognitivos — confusão mental, esquecimento, dificuldade de concentração. Pessoas com essa condição podem ter dificuldades de exercer atividades comuns, como trabalhar e realizar tarefas domésticas simples.
“Conviver com sequelas ou sintomas permanentes é algo difícil para qualquer um”, observa Rafaella Fortini, pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). “Sequelas mais graves, como redução de mobilidade, dificuldade respiratória, trombose, hipertensão arterial sistêmica, ansiedade, insônia, fadiga, perdas cognitivas ou de memória, afetam muito a rotina das pessoas”. Sequelas mais leves, como perda de olfato e paladar, dores no corpo, tosse persistente, dores de cabeça e perda de cabelos, devem ser consideradas igualmente relevantes, de acordo com Rafaella: ao perdurarem por muito tempo, também são capazes de impactar a qualidade de vida.
A pesquisadora coordenou estudo longitudinal sobre os efeitos da covid, que acompanhou, durante 14 meses, 646 pacientes atendidos no pronto-socorro do Hospital da Baleia e do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, ambos referência para covid-19 em Belo Horizonte. Desse total, 324, ou 50,2%, apresentaram algum tipo de sintoma da covid longa.
A principal queixa foi fadiga (35,6%), que se caracteriza por cansaço extremo e dificuldade para realizar atividades rotineiras. Os participantes relataram ainda tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%), dores de cabeça frequentes (17,3%), dores musculares (10,8%), dores no corpo (9%), irritação nos olhos (8%) e mudanças na pressão arterial (7,4%).
Distúrbios mentais, como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e vertigem ou tontura (5,6%), também foram registrados. A trombose, uma das sequelas mais graves, foi diagnosticada em 6,2% da população monitorada.
O estudo contabilizou 23 diferentes manifestações, que ainda incluíram diarreia, dor no peito, baixa mobilidade e taquicardia. A maioria dos pesquisados (43,8%) apresentou duas ou três sequelas simultaneamente, mas alguns chegaram a relatar mais de 10 sequelas ao mesmo tempo. Muitas persistiram durante os 14 meses de pesquisa. Uma das exceções foram os casos de trombose, todos tratados, que duraram cerca de cinco meses.
SINTOMAS DA COVID LONGA
  • Cansaço e fadiga que interferem no dia a dia, especialmente após esforço físico ou mental
  • Falta de ar ou dificuldade para respirar
  • Tosse persistente
  • Dor no peito
  • Palpitações no coração
  • Problemas de memória e concentração (chamados de “névoa mental”)
  • Dificuldades na fala
  • Perda de olfato ou paladar
  • Problemas do sono
  • Dor de cabeça
  • Tontura ao se levantar
  • Sensação de formigamento
  • Depressão e ansiedade
  • Dor muscular
  • Febre
  • Diarreia
  • Dor no estômago
  • Mudanças no ciclo menstrual

Fontes: OMS e CDC.
QUAIS SÃO OS GRUPOS MAIS AFETADOS?
Os estudos clínicos, como o coordenado por Rafaella, correlacionam os relatos dos pacientes — referência inicial na identificação das sequelas — com diagnóstico feito por equipe médica. Também são feitas análises de correlação das sequelas com as condições dos pacientes antes e após a covid-19. “Tudo isso nos ajuda a gerar o entendimento sobre a fisiopatologia da covid longa, ou seja, como e em que condições essas sequelas se iniciam e permanecem, como elas podem acometer os vários órgãos do corpo, que vias elas estão ativando e quais as relações destas vias com a permanência das sequelas”, explica a pesquisadora.
Em artigo publicado na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, sua equipe apontou correlação da persistência da covid longa com a presença de comorbidades (hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e tabagismo ou alcoolismo), o avanço da idade (acima de 60 anos) e a severidade da fase aguda da infecção pelo SARS-CoV-2.
ASSINTOMÁTICOS PODEM DESENVOLVER COVID LONGA?
As sequelas apareceram em pacientes que tiveram covid-19 leve ou assintomática, moderada ou grave, e em todas as faixas etárias de 18 a 94 anos. Dentre os que tiveram quadro assintomático ou leve, 59% desenvolveram manifestações da covid longa. “Pessoas assintomáticas também desenvolvem sequelas, inclusive sequelas graves”, indica Rafaella. “Temos identificado pacientes assintomáticos que apresentaram trombose, perdas cognitivas, fadiga ou cansaço extremo, dificuldade respiratória ao esforço leve e dores de cabeça frequentes e diárias do tipo enxaqueca”.
Vacinas evitam a covid longa?
No grupo dos não-vacinados, mais de 50% apresentaram covid longa com sequelas de leves a graves e que permaneceram por pelo menos dois anos — as sequelas moderadas e graves precisaram de intervenção médica e por fisioterapeutas, com uso de medicação. Nos pacientes vacinados com qualquer uma das vacinas disponíveis e aprovadas no Brasil, o risco de desenvolvimento da covid longa caiu pela metade. Nesse grupo, as sequelas tenderam a ser leves, algumas sendo resolvidas espontaneamente e outras perdurando por cerca de um ano.
“A vacinação completa reduz o risco de infecções graves e de óbitos pelo coronavírus, e também reduz a chance de desenvolvimento da covid longa e de sequelas graves”, reforça a pesquisadora. Ela destaca que quem quer evitar a covid longa precisa, primeiro, evitar a covid — mantendo cuidados não farmacológicos, como o uso de máscaras em ambientes fechados e não ventilados, higienização frequente das mãos e isolamento quando houver sinais de infecção.
A vacinação completa reduz o risco de infecções graves e de óbitos pelo coronavírus, e também
DÉFICIT COGNITIVO TAMBÉM PODE SER COVID LONGA?
Dificuldade de formar frases, de lembrar onde guardou as chaves, de estacionar o carro, de chegar ao supermercado: queixas de confusão mental também foram associadas como sequelas da covid. Mas seria realmente possível que pessoas que tiveram quadros leves de covid pudessem desenvolver sintomas neuropsiquiátricos?
Foi o que se perguntou a equipe do professor Marco Romano-Silva, chefe do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Era esperado algum nível de consequência neurológica e psiquiátrica em indivíduos que tiveram casos severos de covid, especialmente os que passaram por internações; nossa intenção era investigar se havia essa possibilidade entre aqueles que passaram pela infecção sem apresentar sintomas importantes”, conta ele à Radis.
Em agosto de 2020, os pesquisadores começaram a acompanhar cerca de 200 pessoas, com idade média de 38 anos, para verificar o aparecimento de possíveis sequelas neuropsiquiátricas da covid-19 ao longo de dois anos. Logo no início já constataram alterações cognitivas importantes. Um quarto dos pesquisados apresentou déficits cognitivos nos primeiros meses após a infecção: falta de atenção e de foco, falhas na memória. “Era um grupo de pessoas muito jovens, com alterações que se esperaria encontrar em idosos em início de demência, com quadros compatíveis com Parkinson ou traumas importantes na cabeça”, observa.
A sequela não foi apenas relatada, mas comprovada por testes neuropsicológicos, neurológicos e oculares, ensaio de marcadores imunológicos e exames de imagem (ressonância e PET/CT). “O déficit detectado foi nas capacidades visuoconstrutivas, que nos ajudam a perceber o ambiente, a nos orientar no espaço e a realizar trabalhos manuais”, aponta ele. Os achados foram publicados na Molecular Psychiatry, periódico do grupo Nature.
Não ficou elucidado como o coronavírus causa tais sequelas, nem a duração delas — aparentemente são duradouras. A pesquisa segue, agora buscando investigar a influência da vacinação nesse tipo de sintoma. “A pandemia nem acabou e estamos descobrindo suas várias sequelas”, comenta Romano-Silva. O pesquisador reforça a importância de as pessoas que sentem ter perdido sua qualidade de vida buscarem assistência, e dos profissionais de saúde acompanharem as evidências que surgem todos os dias. “Às vezes o paciente reclama que a memória está péssima, que está esbarrando em tudo, e o médico descarta, simplifica, diz que vai passar. Mas não vamos conseguir identificar se não pesquisarmos”.
Para ele, fica a lição de não tratar com banalidade as doenças virais e as sequelas que elas podem trazer: “É um alerta de que, mesmo quando não causa sintomas muito intensos, as doenças virais podem gerar sequelas no sistema nervoso”.
COMO DIAGNOSTICAR A COVID LONGA?
Como não estão estabelecidos os mecanismos que levam a essas sequelas, ainda não há métodos precisos para identificá-las. “É um diagnóstico impreciso, que acontece por exclusão, quando não se encontram outras justificativas para aqueles sintomas”, observa Margareth Portela.
Outra questão em aberto é a duração desse quadro — podendo variar de quatro semanas a vários meses ou, potencialmente, anos. Até é possível que sintomas desapareçam e apareçam novamente. Também não se estabeleceu a gravidade dos sintomas, que podem ser leves ou mesmo incapacitantes.
Essa indefinição faz com que pacientes não encontrem assistência adequada. Por um tempo, queixas desse tipo sequer foram levadas a sério. Na Radis 218, a repórter Ana Cláudia Peres entrevistou pessoas que, ao procurarem serviços de saúde com sequelas pós-covid, ouviram que “não tinham nada”. Nos comentários do site, leitores relataram dificuldades para receber um diagnóstico. “Muitas vezes achei que estava ficando doida, mas agora vejo que muitos estão passando por isso também”, escreveu Angelita Siqueira, que teve fraqueza a ponto de a voz sumir, meses depois da infecção aguda.
“Neste momento, caminhamos com o objetivo de descrever a fisiopatologia da covid longa e entender por que órgãos tão diversos têm sido acometidos por essas sequelas”, afirma Rafaella. Até lá, indica ela, é particularmente importante que pessoas que percebam possíveis manifestações procurem um médico, mesmo quando estas pareçam não ter relação com a covid. “Partimos dos relatos para aprofundarmos nossos estudos sobre como, por que e por quanto tempo essas sequelas ocorrem e permanecem, e em quais casos precisamos ter tratamento medicamentoso e por equipe multiprofissional”.
HÁ TRATAMENTO DISPONÍVEL?
Não há tratamento medicamentoso definido para a covid longa. Por enquanto, a OMS sugere um cuidado holístico, que inclua reabilitação. “A ciência vem trabalhando incansavelmente no entendimento das diversas lacunas que ainda temos acerca desta condição, mas já caminhamos em grande parte nesse entendimento, o que já nos permite preparar os profissionais de saúde para que saibam receber os pacientes com sequelas com a devida seriedade, para que o diagnóstico seja feito corretamente e para que o tratamento seja iniciado”, comenta Rafaella.
O que já se sabe é que a atenção deve ser multidisciplinar: “O cuidado com o paciente com covid longa deve ser feito, sem dúvida, por uma equipe multidisciplinar”. O objetivo é permitir que o paciente volte a ter a qualidade de vida que tinha antes da infecção pelo coronavírus. Ensaios clínicos recentes estão focando na prevenção e tratamento baseados em suplementos antioxidantes, exercício e outros mecanismos.
QUAL O IMPACTO SOBRE O SISTEMA DE SAÚDE?
A comparação de estimativas de prevalência da covid longa encontradas em estudos internacionais tem sido dificultada pela diversidade de grupos de pacientes focados, estratégias de coleta de dados e critérios de contagem de tempo, como explica Margareth Portela. Alguns deles têm apontado prevalências muito mais elevadas, possivelmente por acompanharem pacientes com maior gravidade na fase aguda da doença, internados em unidades ambulatoriais ou hospitalares de saúde.
Confirmada a estimativa da OMS de que entre 10% e 20% dos infectados pela covid desenvolvem sequelas, o número de brasileiros com covid longa poderia ser de até 6,6 milhões — considerando-se que o país registrou 33 milhões de casos até 12 de julho.
“A covid longa, do ponto de vista clínico, é o maior desafio médico a ser enfrentado atualmente, pela complexidade e diversidade dos efeitos a médio e longo prazo em todas as áreas”, alertou Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fiocruz, no webinar A pandemia de Covid-19 no Brasil, do Observatório Covid-19 Fiocruz, realizado em 2 de junho. Pneumologista, ela observou que muitos pacientes não recuperam sua função respiratória a ponto de estarem aptos a levar uma vida normal, especialmente para atividades aeróbias, o que demanda reabilitação. O mesmo acontece com sequelas motoras, cardiovasculares ou psicológicas, que demandam serviços de reabilitação física e apoio psicossocial.
Trata-se, portanto, de uma elevada carga para o SUS. Além da preparação da atenção primária à saúde, com envolvimento de equipes multidisciplinares, é preciso reforçar a atenção especializada, comumente mais fragilizada. O desafio se agrava quando essas demandas ainda concorrem com demandas impostas pela própria covid-19 e outras demandas represadas no decorrer da pandemia, como o acompanhamento de doenças crônicas, exames preventivos para detecção precoce de câncer e cirurgias eletivas, ressalta Margareth Portela.
“Essa demanda já está colocada e talvez não esteja sendo atendida de fato, principalmente no caso de pessoas que demandam cuidados um pouco mais complexos”, sugere Portela. A covid longa, segundo ela, exige que “o sistema funcione como sistema”, ou seja, que os pacientes que procuram a atenção primária sejam referidos aos cuidados necessários em outros níveis de atenção. “É preciso um trabalho de articulação, para que o sistema funcione em rede eficiente para dar respostas adequadas”, conclui.
RELATOS DE LEITORES
“Fiquei 22 dias em isolamento com sintomas leves e depois parecia que ainda estava com covid. Dor no corpo, dor de garganta, olfato distorcido, paladar ainda alterado, dor no ouvido, muito cansaço, taquicardia, falta de concentração… Só não alterou minha pressão.” Ana Lucia Malta
“Minhas costas tem dias que doem e queimam. Dor de garganta. Me sinto mal dia sim dia não. Quando parece que vai melhorar volta tudo novamente. Sem saber o que fazer.” Thay Borges
“Estou fazendo acompanhamento com neurologista devido a um exame (eletroneuromiografia) ter concluído que estou com sinais de neuropatia sensitivo-motora, axonal, mais evidente em membro inferior, com sinais de acometimento miopático. Esse exame fiz ainda quando estava internado. Vou refazer ele novamente após alta hospitalar a pedido de outro neurologista.” Rodrigo Souza
“Eu estou sofrendo com isso também! Está acabando com meus dias! Quedas de pressão, dores, taquicardia, cansaço, refluxo, trânsito intestinal acelerado. Os exames cardiológicos e de sangue não acusam nada! Ficam dizendo que é psicológico! Às vezes os locais doem tanto que queima! Tem dia que acordo bem e tem dia que acordo péssima. Eu tive sintomas leves e só descobri por causa de um espirro que dei e doeu o peito! Gente, covid é coisa séria! Eu me cuidei tanto e infelizmente peguei nem sei onde! Não vou em bares, festas nem nada. Eu ando triste, deprimida, com medo de morrer, já que ninguém tem um tratamento adequado para essa síndrome (pelo menos não que eu saiba).” Marília Silva
“Em outubro tive suspeita de covid, fiquei sem sentir gosto e cheiro durante 15 dias e depois normalizou. Só que, passados três meses, agora sinto gosto e cheiro distorcidos: é como se tudo tivesse um gosto ruim, de estragado ou gosto metalizado artificial.” Marcinha Nut
“Infelizmente todos os médicos por que passei até hoje não descobriram nada. As dores são constantes. Mais de um ano que peguei esse vírus, ainda sofro com as sequelas.” Priscila Iglezias Valin
“Tive covid em dezembro e a vida não voltou ao normal ainda. Sinto muita fraqueza, até a voz some. Tem momentos que mal consigo ir ao banheiro. Só me disseram que era síndrome pós-covid. Remédio não deram nenhum, só vitaminas. Muitas vezes achei que estava ficando doida, mas agora vejo que muitos estão passando por isso também.” Angelita Siqueira

Vagas abertas para curso de especialização em Saúde Pública

Estão abertas as inscrições para o curso de especialização em Saúde Pública, ofertado anualmente pela ENSP. Com o intuito de promover um olhar crítico, reflexivo e abrangente sobre a situação de saúde e o contexto político-social, comprometido com a defesa do direito universal à saúde e do sistema público, a atividade se destina a profissionais graduados ligados à área da saúde ou áreas afins. As inscrições seguem até dia 6 de maio.
O procedimento de inscrição requer dois momentos: primeiro, o preenchimento do formulário eletrônico disponível na Plataforma SIGA. Posteriormente, o envio de toda a documentação exigida. A inscrição no site da Plataforma SIGA e o envio da documentação de inscrição via sistema deverão ser efetuadas impreterivelmente até às 16h (horário de Brasília) do dia 06/05.
Serão ofertadas 28 vagas, sendo duas para candidatos estrangeiros. O curso possui 30% de vagas reservadas para Ações Afirmativas (Cotas) e 70% para Ampla Concorrência (AC).
A estrutura curricular é constituída por quatro unidades de aprendizagem, sendo estas definidas como um conjunto de saberes não disciplinares que conformam um determinado contexto explicativo e/ou um dado recorte da realidade: Modos de viver, adoecer e morrer no BrasilPolíticas de saúde e organização de sistemas e serviços de saúde; Práticas e cuidados em saúde; e Pesquisa e produção de conhecimento em saúde.

Campanha da ENSP/Fiocruz promove abaixo-assinado contra a permissão de cigarros eletrônicos

        O Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) lançou, nesta segunda-feira (11), uma campanha para alertar sobre os riscos do uso e da possível liberação dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) no Brasil. Além de materiais informativos, com foco nas redes sociais, a campanha promove, ainda, um abaixo-assinado online para que a população se manifeste contra a autorização dos cigarros eletrônicos no mercado nacional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O abaixo-assinado pode ser acessado no link https://www.change.org/diga-não-aos-cigarros-eletrônicos.
       Os dispositivos eletrônicos para fumar, também conhecidos como cigarros eletrônicos, vaper, pod, e-cigarette, entre outras nomenclaturas, têm a comercialização, importação e propaganda proibida desde agosto de 2009, por resolução da Anvisa. Mesmo assim, segundo estimativas da BAT Brasil (antiga Souza Cruz), a maior empresa de tabaco do país, 2 milhões de brasileiros fazem uso dos cigarros eletrônicos.
       Segundo Silvana Rubano Turci, pesquisadora do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da ENSP/Fiocruz, nos últimos anos, a indústria do tabaco tem pressionado a Anvisa para a liberação do DEFs no país. A agência iniciou, em 2019, um processo regulatório para a discussão e atualização de informações técnicas sobre o tema dos cigarros eletrônicos. No início deste mês teve início uma etapa de participação social para recebimento de evidências técnicas e científicas relacionadas ao uso desses dispositivos. A decisão final cabe à Diretoria Colegiada.
    A justificativa apresentada pela indústria do tabaco é de que os produtos oferecem menos prejuízos à saúde dos usuários, e funcionam como uma alternativa aos cigarros tradicionais. O argumento, no entanto, é rebatido pelo Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde. Silvana destaca que os cigarros eletrônicos também são produtos de alto risco e causam dependência.
     “A Anvisa está sendo muito pressionada para liberar a comercialização e fabricação desses produtos. Por isso, essa campanha é tão importante nesse momento de definição. Não podemos admitir que mais um produto tóxico chegue ao mercado. É nossa obrigação, como órgão de ciência, mostrar que esses dispositivos eletrônicos não trarão benefício algum e também representam um risco para a saúde das pessoas”, afirmou ela.
     Segundo Turci, o consumo dos dispositivos eletrônicos para fumar tem aumentado em todo o mundo, em especial entre o público jovem. Para piorar, grande quantidade de pessoas que não se interessariam pelo cigarro tradicional acaba utilizando o produto, já que ele tem design diferenciado e opções de sabores e odores.
     “Ele tem um apelo tecnológico, de cores, sabores e cheiros que está mudando o perfil do usuário de cigarro, conquistando principalmente os mais jovens. Na verdade, trata-se de um produto muito parecido com o cigarro tradicional, mas com uma roupagem nova para que as pessoas se sintam diferenciadas ao utilizar. É apenas mais uma estratégia de marketing da indústria”, alertou.
             Riscos para saúde e aumento do número de fumantes 
     Os cigarros eletrônicos expõem o organismo a uma variedade de elementos químicos perigosos. Entre eles, estão as nanopartículas de metal do próprio dispositivo, o propilenoglico (líquido em que a nicotina é diluída, e que ao ser aquecido se transforma em formaldeído, substância cancerígena, e a própria nicotina. Existe, ainda, o risco de explosão do produto, como ocorreu em um caso em março de 2022, em Brasília, com um músico de 45 anos.
    “É importante ressaltar que todo produto que envolve o aquecimento do tabaco gera nicotina. E isso inclui os cigarros eletrônicos. Em alguns casos, até em maior quantidade que os cigarros convencionais. Diversos estudos já comprovaram os riscos da nicotina para doenças cardiovasculares e respiratórias, dependência química e câncer”, pontuou Turci.
    Além disso, um estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA), publicado em maio de 2021, apontou que o uso de cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional entre quem nunca fumou, e mais de quatro vezes o risco de uso regular do cigarro, contribuindo para a desaceleração da queda do número de fumantes no país.
     Caso os dispositivos eletrônicos para fumar sejam liberados no Brasil, o acesso a esses produtos será facilitado, com venda em bancas de jornal, bares e tabacarias, o que levará a um aumento significativo dos usuários e a um grande impacto na saúde, de acordo com avaliação de Turci. “Se hoje, o produto é proibido e muitos jovens estão experimentando, caso a fabricação e a comercialização sejam liberadas, haverá um aumento considerável no consumo. Isso com certeza impactará no número de doentes com câncer e problemas respiratórios e cardiovasculares nos atendimentos do SUS”, reforçou a pesquisadora.
    A campanha contra a liberação dos dispositivos eletrônicos para fumo lançada nesta segunda conta com o apoio do Instituto Fernandez Figueira (IFF/Fiocruz), Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA), Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), Instituto Nacional do Câncer (Inca), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Associação Médica Brasileira (AMB). Serão divulgados diversos materiais informativos no Twitter e Facebook do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab-Fiocruz) e em todas as redes sociais da ENSP/Fiocruz. O abaixo-assinado contra a liberação dos dispositivos pode ser acessado no link https://www.change.org/diga-não-aos-cigarros-eletrônicos.
     Imagem da campanha: Perigo. O cigarro eletrônico esconde muita coisa de você.

Fonte: Portal Fiocruz

Leia Mais

Livro detalha os caminhos para a construção do Subsistema de Saúde Indígena do SUS

Entre as diversas crises – sanitária, humanitária, social e econômica – emergidas no contexto da Covid-19, a saúde dos povos indígenas no Brasil tem sido uma das mais preocupantes e debatidas. A questão é enfatizada pelos organizadores do mais novo livro da coleção Saúde dos Povos Indígenas da Editora Fiocruz: “a pandemia tornou ainda mais evidentes as deficiências que permanecem na atenção à saúde indígena e a sua frágil articulação com os demais níveis de complexidade da rede SUS”, destacam Ana Lúcia Pontes, Felipe Rangel de Souza Machado e Ricardo Ventura Santos, pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). O trecho encontra-se na apresentação de Políticas Antes da Política de Saúde Indígena, título que estará disponível para aquisição a partir de 24 de novembro, nos formatos impresso – via Livraria Virtual da Editora – e digital, por meio da plataforma SciELO Livros.
Mas e nos anos que antecederam a pandemia? E antes mesmo da criação do nosso Sistema Único de Saúde? Quais foram os muitos caminhos, lutas e articulações que possibilitaram a construção de políticas públicas especificamente voltadas para a saúde indígena? É esse percurso que a coletânea busca – a partir de uma perspectiva histórica e antropológica – detalhar em 13 capítulos. O livro investiga o processo de formulação do atual Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Instituído em 1999, pela lei nº 9.836 – também conhecida como Lei Arouca -, o subsistema foi criado no âmbito do SUS e idealizado para atender a população de territórios indígenas, através de uma estrutura composta de sistemas locais de saúde, denominados Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).
Ricardo Ventura enfatiza que a obra aborda as múltiplas redes de participação que envolveram a constituição da política nacional de atenção à saúde indígena no país, o que fica claro no próprio nome do livro. “Ao intitular a coletânea de Políticas Antes Política de Saúde Indígena, estamos interessados em analisar a complexa rede de atores e processos sociopolíticos que, não raro, são apenas mencionados nas entrelinhas das narrativas mais usuais, inclusive aquelas presentes nos documentos governamentais sobre a política. É o caso das lideranças e organizações indígenas no Brasil”, destaca.
O volume tem como base as investigações conduzidas no âmbito da pesquisa “Saúde dos Povos Indígenas no Brasil: perspectivas históricas, socioculturais”, coordenada por Ventura e Pontes. O projeto é financiado pela Wellcome Trust, fundação com foco em pesquisas de saúde sediada em Londres. O livro é dividido em duas partes, que dialogam e se complementam a partir de pesquisas, entrevistas e vasto acervo documental. Os 14 autoras e autores participantes “se reportam ao prolongado e complexo caminho percorrido até o que veio a ser a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena, que envolveu dimensões de protagonismo indígena e indigenista até o momento pouco explorados na literatura”.
Clique aqui e leia a matéria na íntegra.

Artigo da ENSP discute sobre um SUS para a Amazônia

Amazônia ribeirinha, Amazônia de fronteira, Amazônia indígena, urbana, de assentamentos, do agronegócio, do narcotráfico, Amazônia preservada, Amazônia super explorada. Longe de ser um espaço homogêneo, na Amazônia brasileira subsistem diversas formas de ocupação. Destacando alguns elementos da teoria social de Boaventura de Souza Santos, o artigo de Michele Rocha El Kadri, do Instituto Leônidas e Maria Deane; e Carlos Machado de Freitas, da ENSP, discute como o problema do tempo linear e da escala dominante no pensamento hegemônico vem servindo para invisibilizar os territórios amazônicos na organização das ações públicas de saúde.
O artigo Um SUS para a Amazônia: contribuições do pensamento de Boaventura de Sousa Santos, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva n° 26 (Supl. 2), aponta, ainda, que consolidar um SUS pós-abissal na região passa inevitavelmente por uma repactuação do papel econômico e desenvolvimento social inclusivo com a Amazônia, e não apesar dela. Por fim, reflete se a construção do SUS local deveria se basear em um tripé, não exclusivamente urbano centrado, que considere sua extensão territorial, densidade populacional e vias pelas quais os fluxos de acesso aos serviços de saúde acontecem.
A proposta do texto é, segundo os autores, a partir de alguns elementos da teoria social de Boaventura de Souza Santos, pensar a região para além do pensamento hegemônico que, via de regra, vem produzindo leituras no campo da saúde que a localizam como lugar da doença, da incipiência de processos organizativos, do vazio e da vulnerabilidade, e que desconsideram tamanha heterogeneidade.
Destacam-se duas questões, dizem os autores: o problema do tempo linear e da escala dominante, para discutir como servem para invisibilizar os territórios amazônicos no planejamento das ações públicas de saúde. Por fim, eles apontam para a ideia de que consolidar o SUS na região passa inevitavelmente por uma repactuação do papel econômico e do desenvolvimento social inclusivo, com e para as pessoas que aqui constroem suas histórias e dão sentido a este lugar.
Essa discussão sobre o papel da Amazônia no cenário de desenvolvimento nacional nada tem de local, explicam eles, considerando que ela é essencial na irrigação das terras agrícolas que garantem a exportação dos principais produtos do país, assim como o balanço hídrico das bacias que fornecem água a milhões nas cidades no Sul e Sudeste brasileiro. Também não é irrelevante sua importância na regulação do clima global. “As reflexões apresentadas ampliam a discussão e apontam como o modelo de desenvolvimento econômico e social atual concorre para aprofundar as desigualdades com a marca cartográfica abissal que separa o Norte e o Sul do país”.
Neste trabalho, os autores destacam dois conceitos para aprofundar reflexões importantes que ajudam a apontar como a realidade amazônica tem estado com frequência ausente de diretrizes que orientam a construção do SUS. “A primeira é a racionalidade do tempo linear, que é diferente do tempo vivido pelas comunidades amazônicas que em grande medida têm suas vidas orientadas pela sazonalidade do ciclo das águas. O segundo ponto é o problema da escala que influencia naquilo que é visto ou invisibilizado numa política universal como o SUS”.
Para eles, essas questões oferecem elementos relevantes para entender como a dinâmica desse território desafia uma outra lógica de organização do sistema de saúde, e que, se bem acolhida pelo planejamento, pode ajudar na construção de um SUS pós-abissal com e para a região.
Os autores concluem que o  pensamento abissal, que evidencia a dominação econômica, política e cultural de uns lugares em detrimento de outros, sustenta o discurso hegemônico que cria ausências onde na verdade há muitas presenças. “A linha que coloca a Amazônia no lugar do atraso em uma hierarquização de saberes, tempo e escala tem produzido injustiças e desastres recorrentes, resultantes de intervenções inadequadas, públicas e/ou privadas, em função do desconhecimento, intencional ou não, desse lugar”. Para que a universalização do SUS produza redução de desigualdades, garantindo saúde como condição básica para o desenvolvimento na Amazônia, é preciso aumentar a escala de análise e focalizar alternativas mais coerentes com o lugar, apontam.
Eles destacam o desafio peculiar para a gestão local de consolidar o sistema em um território de tamanha extensão territorial, com dinâmica de ocupação não urbano-centrada e com fluxos que não se dão invariavelmente por via rodoviária. “Enquanto persistir o não reconhecimento desse território em toda a sua história, seus ecossistemas e suas culturas, não será possível construir uma alternativa pós-abissal que vença a exclusão que o tem mantido do lado de lá da linha. Inovação tecnológica que gere valor para a biodiversidade, ciência que reduza iniquidades, ecologia de saberes que compartilhem conhecimentos (e também ignorâncias) podem apontar potenciais soluções”.
Por fim, defendem que discutir a preservação da Amazônia é importante, mas alternativas econômicas que impactam diretamente as condições de vida e a saúde daqueles que aqui residem é o debate fundamental a fazer.
Foto: Radis

Vacinas são principal alvo de desinformações sobre Covid-19 na internet

Entre as notícias falsas sobre a Covid-19 que circulam na internet, 19,8% são sobre as vacinas. A conclusão é de estudo conduzido pela pesquisadora da ENSP Claudia Galhardi, que analisou fake news relacionadas à doença disseminadas em redes sociais, sites e aplicativos de mensagens. Realizada em parceria com o Núcleo de Pesquisa em Jornalismo e Comunicação da Universidade Federal do Piauí (Nujoc), a pesquisa investigou 253 notícias falsas recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo entre 26 de março de 2020 e 31 de março de 2021.

“Os achados revelam que o fluxo de conteúdo desinformacional propagado nas redes sociais e aplicativos de mensagem, pautado em interesses políticos, econômicos, pós verdade e negacionismo, é movediço. Isso porque, apesar de as redes sociais, sites e aplicativos de mensagem terem buscado, timidamente, minimizar a disseminação de notícias falsas, adotando diferentes ações que têm inibido um pouco a propagação de fake news, os produtores dessas notícias, por outro lado, buscam sempre atuar nas redes sociais com menor ação efetiva no combate à desinformação e em novas redes que surgem”, afirma a autora do Eu fiscalizo, Claudia Galhardi.

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Cartilha aponta presença de agrotóxicos em produtos ultraprocessados

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou uma pesquisa inédita que revela a presença de agrotóxicos em produtos ultraprocessados. O estudo, transformado em uma cartilha intitulada “Tem veneno nesse pacote”, aponta que mais da metade dos produtos analisados apresentaram resíduos de glifosato ou glufosinato. O estudo expõe informações cruciais para a luta por melhores políticas públicas e reforça ainda mais alguns motivos para que os consumidores sigam as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira e tenham uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados, priorizando os alimentos orgânicos e de base agroecológica.

Na pesquisa, ao todo, 27 produtos foram analisados, divididos entre oito categorias de alimentos e bebidas. Seis categorias de alimentos ou bebidas continham resíduos de agrotóxicos. 16 (59,3%) dos produtos analisados apresentaram pelo menos um tipo de agrotóxico. 14 (51,8%) dos produtos analisados apresentaram resíduos de glifosato ou glufosinato.

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Centro de Estudos debate a vacinação contra a covid-19

A vacinação contra a Covid-19 foi tema do Ceensp, realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), na primeira semana de maio. Seu objetivo foi refletir sobre as atitudes e opiniões a respeito da vacina. A atividade contou com a mediação e coordenação do pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde (Demqs/ENSP) Luiz Antônio Bastos Camacho, que, em sua fala, ressaltou a importância de debater dois lados que aparecem no discusão a respeito da vacina. “De um lado a vacina como a melhor alternativa para o retorno à normalidade, e do outro uma exaltação e negação sobre a rapidez da criação da vacina”, explicou o pesquisador. 

O professor do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Kenneth Rochel de Camargo Junior falou um pouco sobre o Anticientificismo, Negacionismo e Movimento Antivacina. Segundo ele, os movimentos vêm antes da Covid-19, mas eles persistem de forma diferente, neste momento, devido a fatores que atribuiu às estratégias do negacionismo, como identificação das teorias de conspirações, uso de falsos experts, seletividade focalizando em artigos isolados que contrariam o consenso científico, dentre outros.

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MonitoraCovid-19 tem novo site

O MonitoraCovid-19, sistema de informação sobre a epidemia de coronavírus no Brasil, ganhou novo site. Sediado no mesmo endereço, teve seu layout aprimorado para facilitar a navegação e ampliar o seu uso para diversos perfis de usuários. Desde março, quando foi lançada, a ferramenta tornou-se referência no monitoramento de dados sobre a pandemia. Por meio dela, qualquer internauta pode acompanhar, por exemplo, números de casos e óbitos, evolução da pandemia no tempo e no espaço, e percentuais da população que pertencem a grupos de risco.
Também é possível estimar, por local, dias em que a quantidade de casos e de óbitos dobraram. E verificar os percentuais de pessoas e de veículos em circulação nos estados e municípios, aferindo como as populações estão seguindo os protocolos de isolamento social. Mas agora o sistema ganhou também um dado novo importante: a quantidade de testes de Covid-19 realizados nos estados brasileiros, o que ajuda a antever mudanças no perfil social e demográfico da epidemia, além de avaliar a correta distribuição de insumos voltados para a prevenção da doença.
Outra novidade na nova versão é uma nova aba, dentro de Casos e Óbitos, que utiliza dados do eSUS-VE e do Sivep-Gripe para apresentar os gráficos de casos e óbitos acumulados com a respectiva data. Além disso, o gráfico de óbitos é segmentado por cinco diferentes tipos de informações relacionadas à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): por Covid-19; não especificado; por influenza; por outro agente etiológico; e por outros vírus respiratórios.
Análises técnicas
O MonitoraCovid-19 foi desenvolvido pela equipe do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), e conta atualmente com cerca de 42 mil usuários assíduos. No ano passado, cerca de 215 mil usuários navegaram por suas páginas. O sistema utiliza mais de dez fontes de dados do Brasil e do exterior e tem atualização diária, de forma automatizada. É bastante utilizado por pesquisadores, acadêmicos, gestores de saúde, imprensa e até mesmo por cidadãos comuns, que desejam saber como está a situação e tendências da epidemia de Covid-19 em suas regiões.
Todos esses dados têm sido analisados por jornalistas e pesquisadores espalhados por todo o Brasil. Além disso, os próprios pesquisadores do grupo produzem notas técnicas usando esses dados para analisar situações específicas que vêm ocorrendo no Brasil, como o processo de interiorização da pandemia; os impactos indiretos da epidemia, que são avaliados calculando o excesso de mortalidade; e as condições de internação nos hospitais em função da origem do paciente e das fases da epidemia, entre outras.
“O MonitoraCovid-19 transformou-se em um serviço de utilidade pública importante para o acompanhamento da epidemia no Brasil. Estamos sempre pensando em como aprimorá-lo e incluir novos dados importantes sobre a Covid-19 – como a vacinação, que começou agora no Brasil. Já estamos vendo como conseguir os dados para colocá-los no sistema”, conta Mônica Magalhães, doutora em saúde pública e coordenadora do Núcleo de Geoprocessamento do Icict.

Participe da Pesquisa Termômetro Social Brasil!

Você sabia que entender como a pandemia afetou a sua vida pode ajudar em muito a combatê-la? A ENSP se deu conta da importância de se compreender a percepção da população acerca do surgimento do novo coronavírus e, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP), lançou nesta terça-feira (18/8) a Pesquisa Termômetro Social Brasil. A iniciativa vai medir os impactos da pandemia de Covid-19 na vida dos brasileiros, considerando os aspectos sociais, econômicos e na saúde de quem vive nas cidades, periferias e espaços rurais.

Todos podem participar da pesquisa. Compartilhe com seus amigos e familiares e não deixe de participar!
Acesse aqui o formulário da Pesquisa Termômetro Social Brasil.
Dúvidas e informações podem ser enviadas ao email termometrobr.covid19@gmail.com.
Sobre a Pesquisa Termômetro Social Brasil
Fruto da pesquisa Barômetro Covid-19/Opinião Social, que está sendo realizada em Portugal pela UNL, a Pesquisa Termômetro Social Brasil prevê a realização de um inquérito nos mesmos moldes do que já ocorre no país europeu, com o objetivo de evidenciar o impacto social e econômico na população brasileira das medidas sanitárias adotadas no país frente à pandemia de Covid-19.
Apesar de ter como base o modelo português, a pesquisa brasileira se diferencia e inova, pois, além de ser disponibilizada à população em geral, será aplicada em populações em situação de vulnerabilidade em regiões nas quais o projeto têm parcerias, como indivíduos em situação de rua e residentes em comunidades e áreas rurais. A adaptação foi feita por serem essas populações as mais afetadas pela doença no Brasil. O formulário de perguntas brasileiro foi todo repensado e refeito de acordo com a realidade do Brasil, sendo, assim, um instrumento pensado estrategicamente para o povo brasileiro. A ideia é ampliar a equidade e, com isso, fornecer evidências para nutrir as políticas públicas e subsidiar a definição de ações estratégicas em saúde.
No Brasil, a iniciativa é coordenada pela vice-diretora da Escola de Governo em Saúde da ENSP e coordenadora da Secretaria Executiva da Rede de Escolas em Saúde Pública, Rosa Souza.
Saiba mais aqui sobre a Pesquisa Termômetro Social Brasil.

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