No início deste ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliou a oferta da vacina Meningocócica C. Agora, a dose de reforço pode ser administrada em crianças menores de cinco anos de idade. Além disso, há uma nova dose para adolescentes entre 12 e 13 anos de idade, sendo que até 2020 também serão imunizados adolescentes entre 9 e 13 anos.
A enfermeira Camila Gomes é mãe da Alice, de três anos, e do Guilherme, de 19 anos. Ela lembra que antigamente não havia um calendário de vacinação com tantas vacinas e acha muito importante a prevenção no Sistema Único de Saúde (SUS). “Assim que eu tive alta da maternidade já recebi a carteirinha de vacina, e fui instruída a procurar um Posto de Vacinação. Quando meu filho mais velho nasceu, paguei a vacina na rede particular. Agora eu fiz pelo SUS e fiquei sabendo já na alta do hospital” .
A oferta na rede pública também democratiza o acesso à prevenção contra meningite C. “A vacina é muito importante, e meningite mata. Antigamente eu paguei, e quantas pessoas não podiam pagar? Hoje está no SUS, gratuita e todo mundo tem acesso. É muito importante vacinar, com certeza”, defende Camila. A doença acomete indivíduos de todas as faixas etárias, mas de 30 a 40% dos casos notificados ocorrem em crianças menores de dez anos de idade.
A meningite é uma doença que se caracteriza por um processo inflamatório nas membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Ela pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas, mas os tipos causados por vírus e bactérias são os mais importantes para a saúde pública por conta do número de casos, e por ter potencial para causar surtos.
A ampliação no Calendário de Vacinação é um passo muito importante para ajudar no controle da incidência da doença no país, que, apesar de ter sofrido uma redução significativa, ainda é considerada endêmica. Dados comparativos entre o ano de 2010 e 2016, período em que a vacina está disponível no SUS, mostram que o grupo C ainda é o mais prevalente no país. Em 2016, foram notificados 1.083 casos de meningite meningocócica, destes cerca de 60% foram do sorogrupo C, seguido por 25% do sorogrupo B. Comparando o período de 2010 e 2016, houve redução da incidência, de 1,54 para 0,65 por 100 mil habitantes, respectivamente.
Cuidados
Sirlene Pereira, técnica do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, explica que em geral a transmissão é de pessoa a pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, havendo necessidade de contato próximo e prolongado (residentes da mesma casa, pessoas que compartilham o mesmo dormitório ou alojamento, frequentam creches ou escolas ou têm contato direto com as secreções respiratórias do paciente ).Por isso, a população deve ter conhecimento sobre os sinais e sintomas da doença e a disponibilidade de medidas de prevenção e controle, tais como quimioprofilaxia e vacinas, sendo alertada para a procura imediata do serviço de saúde frente à suspeita da doença.
Seguir algumas medidas básicas de higiene também são muito importantes para evitar a infecção, como lavar sempre as mãos, cobrir a boca ao tossir ou respirar e não compartilhar itens de uso pessoal com outras pessoas. “Essas são algumas medidas, mas o principal cuidado para prevenção é a vacina”, lembra Sirlene.
A meningite é uma doença grave e caracteriza-se por febre, dor de cabeça, náusea, vômito, rigidez de nuca, prostração e confusão mental. Pode ainda causar delírio e coma. Dependendo do grau de comprometimento, o paciente poderá apresentar também convulsões, paralisias, dentre outros sintomas. Casos fulminantes com sinais de choque também podem ocorrer.
Hoje o Calendário de Vacinação é amplo e atende toda a família, não apenas as crianças e adolescentes. Tanto a vacina Meningocócica C quanto as outras 18 vacinas ofertadas pelo SUS estão disponíveis nas salas de vacina das Unidades de Saúde. Procure a unidade mais próxima de você e garanta a sua proteção o quanto antes.