A empresa Clarivate Analytics é referência internacional em cientometria e bibliografia científica.
Dados da empresa Clarivate Analytics fazem um retrato da produção científica brasileira nos últimos dez anos, com destaque para a produção de estudos recentes sobre a pandemia.
A USP é uma das instituições que mais produz conhecimento científico sobre a pandemia de covid-19 no mundo, segundo um levantamento feito pela empresa Clarivate Analytics, referência internacional em cientometria e bibliografia científica. De acordo com os dados, pesquisadores da USP publicaram mais de 2,9 mil trabalhos sobre covid-19 desde o início de 2020 até março de 2021, o que coloca a universidade como a 33ª maior produtora mundial de conhecimento sobre a pandemia nesse período. Logo em seguida vem a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com mais de 2 mil trabalhos publicados.
“O Brasil desempenha um papel muito importante no avanço do nosso conhecimento sobre a covid-19”, disse o consultor Joshua Schnell, da Clarivate, ao apresentar os dados num evento online da empresa, em 27 de maio. Os números são baseados em revistas indexadas na plataforma Web of Science, o mais conceituado repositório de publicações científicas no mundo.
O País como um todo produziu 3,2% da ciência mundial sobre covid-19 até agora; um valor superior ao da contribuição geral do Brasil para todas as áreas da ciência, que é de 2,8%. A lista inclui diversos trabalhos de alto impacto, publicados nas melhores revistas científicas do mundo, como Science, Nature e The Lancet.
Uma performance notável, considerando as diversas dificuldades impostas à ciência nacional pela própria pandemia e pelos cortes orçamentários profundos a que ela foi submetida nos últimos anos. “Isso mostra o esforço extraordinário e bem sucedido feito pela ciência brasileira na luta contra a covid-19, e o papel importante desempenhado pelos pesquisadores da Universidade de São Paulo nesse processo”, diz o físico Sylvio Canuto, pró-reitor de pesquisa da USP.
Considerando todas as áreas de pesquisa, o Brasil segue como o 13º maior produtor de conhecimento científico no mundo, com 732 mil trabalhos publicados nos últimos dez anos (período 2011-2020), segundo os dados da Clarivate. Logo atrás da Coreia do Sul, que publicou 807 mil; e à frente da Rússia, que publicou 671 mil. Em primeiro lugar no ranking estão os Estados Unidos, com quase 7,5 milhões de estudos publicados no mesmo período, seguido da China, com 4,3 milhões.
Países com populações muito menores, mas com muito mais tradição e investimento em pesquisa, também aparecem à frente do Brasil, como Inglaterra, Alemanha, Japão, França e Itália. A Índia se destaca em sétimo lugar, com 1,2 milhão de trabalhos publicados.
Os dados mostram que a produção científica anual brasileira aumentou de forma contínua no período analisado, de aproximadamente 55 mil trabalhos publicados em 2011 para cerca de 90 mil publicações, em 2020. O mesmo não se pode dizer, porém, do nível de citação dessas publicações, que vinha crescendo até 2016, mas desde então entrou em queda (uma queda suave, mas perceptível), segundo os dados da Clarivate. O índice de impacto geral da ciência brasileira (normalizado por categoria), segundo os dados apresentados, é 0,8, numa escala em que 1 é a linha de base global.
O Jornal da USP solicitou à Clarivate informações complementares às que foram divulgadas no evento, mas a empresa informou que não poderia fornecê-las no momento.
Outras plataformas
Em outubro de 2020 a USP era a 16ª instituição com o maior número de pesquisas publicadas sobre covid-19 no mundo, segundo um levantamento feito pela Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA) e divulgado pelo Jornal da USP.
Os dados não são diretamente comparáveis com os da Clarivate Analytics porque, além de contemplarem uma janela de tempo menor, são baseados numa outra plataforma de dados bibliográficos, chamada Dimensions.
“O diferencial da plataforma Dimensions é que ela não é uma base indexadora que parte de uma seleção de determinados títulos de revistas e exclusão de outros, como é a Web of Science (da Clarivate Analytics) e a Scopus (da Elsevier). Portanto, a Dimensions é muito mais abrangente e traz à luz conteúdos publicados que muitas vezes não estão nas bases Web of Science e Scopus, mas possuem igual relevância, principalmente da área de ciências humanas e ciências sociais aplicadas, além das demais áreas”, explica Elisabeth Dudziak, da AGUIA.
Imagem destacada: Capas de revista científicas.