Trajetórias Negras na Fiocruz chega a sua sétima edição

Em celebração ao Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, a Fiocruz, por meio de seu Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça, promove no dia 23, das 10h às 12h, o evento Trajetórias Negras na Fiocruz. O encontro on-line, que terá transmissão pela VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, tem como objetivo reunir trabalhadoras e trabalhadores negros da instituição para compartilharem vivências profissionais e pessoais, refletindo ao mesmo tempo sobre o racismo estrutural e as desigualdades raciais enfrentadas cotidianamente.

A sétima edição da roda de conversa, terceira virtual, contará com a participação da coordenadora para Cooperação Internacional no Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), Flávia Paixão, e do coordenador de recrutamento e retenção do Laboratório de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Toni Araújo. A mediação será realizada pela assessora de Inovação Tecnológica do INI/Fiocruz, Mirian Cohen.

Segundo o Boletim Estatístico de Pessoas 2020 da Fiocruz, publicado pela Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe), 67,9% (3.204) dos servidores da Fundação se autodeclararam brancos, 18,8% (885) pardos, 4,2% (198) pretos e 0,3% (14) indígenas. Ou seja, 23% dos servidores e servidoras da Fiocruz se autodeclaram pretos e pardos. “Quando se cruzam as informações de cargo, cor e raça, os dados do boletim evidenciam um tanto mais das desigualdades que devem ser urgentemente enfrentadas em busca de uma instituição mais inclusiva e equânime”, afirma a jornalista Marina Maria, integrante do Comitê pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e integrante da coordenação colegiada do Comitê.

“O Trajetórias Negras é um projeto que tem como objetivo valorizar a presença de profissionais negros e negras na instituição a fim de destacar sua trajetória acadêmica, revelando dificuldades e conquistas numa sociedade racista. O racismo institucional é uma das faces do racismo que pode limitar, impedir ou invisibilizar a presença da população negra em, por exemplo, cargos de docência superior ou gestão”, explica a coordenadora da Seção de Formação do Museu da Vida, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e coordenadora colegiada do Comitê, Hilda da Silva Gomes.

Convidados desta edição

Para falar sobre suas trajetórias, o Comitê convidou a coordenadora para Cooperação Internacional no Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), integrante da Câmara Técnica do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), com mais de 14 anos de experiência trabalhando com pesquisadores em projetos de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde Pública na Fiocruz Bahia, entre outros projetos.

O segundo convidado, o coordenador de recrutamento e retenção do Laboratório de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Toni Araújo, é também educador comunitário, ator e ativista, atuando de frente há 21 anos na área de direitos humanos, diretamente na luta racial e reconhecimento das comunidades tradicionais e pela garantia da liberdade religiosa, promoção dos direitos LGBTQIA+ e no combate à epidemia do HIV/Aids.

“É importante para a comunidade Fiocruz saber quem são essas pessoas e o que fazem na instituição, e conhecer a história para a ruptura de paradigmas que não associam a presença de pessoas negras em ambientes de educação, pesquisa, ciência e tecnologia como produtores de conhecimento”, conclui Hilda Gomes.

Comitê

O Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz foi criado em 2009, para consolidar uma agenda institucional pelo fortalecimento dos temas étnico-raciais e de gênero na Fundação, colaborando para uma constante atualização e reorientação de suas políticas, bem como de suas ações, seja nas relações de trabalho, seja no atendimento ao público e na produção e popularização do conhecimento. Periodicamente, o Comitê realiza atividades de formação e iniciou essa série de encontros virtuais diante das recomendações de distanciamento social para o enfrentamento ao novo coronavírus.

Uma instituição de saúde pública cuida de pessoas. A Fiocruz acredita no conceito de saúde ampliado, em que ter saúde não é apenas o contrário de estar doente. Saúde é um aspecto amplo e que envolve diversas esferas da vida pessoal e em sociedade. Promover cidadania, equidade de gênero e raça e acesso igualitário a oportunidades é também promover saúde. O Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, assim como outras frentes de atuação da instituição, entre as quais pesquisa, ensino, assistência, inovação e comunicação, está em constante desenvolvimento para promover saúde ampla para seus mais de 10 mil trabalhadores e para a população brasileira. Todos permanentemente em defesa da vida.