Testes comprovam eficiência do laser de baixa intensidade em pacientes diabéticos

Na Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), um estudo mostra como o laser de baixa potência poderá ser usado no futuro em pacientes diabéticos, aplicado em órgãos controladores da glicemia e da produção de insulina, como fígado, rins e pâncreas. “Ao estudarmos a ação do laser de baixa intensidade no metabolismo celular de glândulas salivares, percebemos a diminuição da glicemia e seus efeitos sob a catalase, uma enzima antioxidante”, conta Alyne Simões, autora da pesquisa de doutorado apresentada no Departamento de Biomateriais e Bioquímica Oral da FOUSP.

Os experimentos foram realizados no Centro de Pesquisa em Biologia Oral da FOUSP com ratas diabéticas. Alyne conta que o laser de baixa potência é usado na odontologia principalmente por produzir efeitos analgésicos, antiinflamatórios e de reparação. Sob a orientação do professor José Nicolau, a pesquisadora empreendeu estudos com o laser para diminuição das alterações bucais, como hipossalivação e xerostomia (boca seca), apresentadas por pacientes diabéticos, sob tratamento de radioterapia na região de cabeça e pescoço e com síndrome de Sjögren. Os atendimentos clínicos são realizados no Laboratório Especial de Laser em Odontologia (LELO) na FOUSP. “Estudamos o efeito do laser em uma paciente que apresenta a síndrome de Sjögren, que é caracterizada pela diminuição do fluxo salivar e a secura da boca. Os dados foram surpreendentes e logo serão publicados em revista científica internacional”, antecipa Alyne.

“A paciente relatou melhora nos sintomas da xerostomia e conseqüentemente na sua qualidade de vida, contudo, não houve alteração no fluxo de saliva”, conta a pesquisadora. “Durante as aplicações percebemos a diminuição da inflamação que causava crises de inchaço e dor nas glândulas. Sabíamos então dos efeitos positivos do laser, mas teríamos de desvendar os mecanismos pela qual ele agia. O próximo passo era estudarmos mais detalhadamente a ação do laser de baixa potência em animais”, explica.

Doses testadas
Com modelos de animais diabéticos, os quais possuem alterações nas glândulas salivares e em outros tecidos devido à alta concentração de glicose no sangue (hiperglicemia), os pesquisadores testaram doses de 0, 5, 10 e 20 joules (medida de densidade de energia) por centímetro quadrado (j/cm2) de irradiação laser. “Com doses de 5 e 10 j/cm2 houve a diminuição da catalase nas glândulas salivares, que se apresentava aumentada nos animais diabéticos, e diminuição da glicemia”, descreve Alyne. As aplicações, segundo ela, foram feitas nas glândulas salivares parótidas e submandibulares dos animais. “A catalase é uma enzima que é aumentada na presença de estresse oxidativo, que por sua vez está relacionado à hiperglicemia”, explica a pesquisadora. O laser foi capaz de atuar tanto na hiperglicemia, diminuindo-a, como na atividade de uma enzima que faz parte de um sistema de defesa do organismo contra o estresse oxidativo.

Outra evidência encontrada nos experimentos com os animais foi observada nas análises histológicas. Alyne conta que acúmulos de lipídeos nas células de animais diabéticos são relatados na literatura. “Este acúmulo também foi observado nas glândulas parótidas das ratas diabéticas analisadas na pesquisa, e os nossos dados sugerem uma diminuição deste acúmulo com a irradiação, o que também abre caminho para a utilização do laser de baixa potência em casos de hiperglicemia”, observa.

A tese Estudo do efeito da irradiação com laser em baixa intensidade no metabolismo celular das glândulas salivares e na glicemia de ratas diabéticas induzidas por estreptozotocina foi defendida por Alyne na FOUSP em junho deste ano. Apesar dos resultados, a pesquisadora alerta que muitos estudos ainda devem ser realizados, tanto em modelos animais quanto em humanos para se confirmar à eficiência da utilização do laser de baixa intensidade em pacientes portadores de diabetes.

Imagem de capa cedida pela pesquisadora

Mais informações: (11) 3091-7840, ramal 230, com Alyne Simões; e-mail lysimoes@usp.br

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