Publicado em julho 26, 2021 por erasmomartins
Imagine estar no meio do semiárido, longe de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), com pouco suporte da rede de internet, em plena pandemia da Covid-19, e, nesse caos, ter sua saúde acompanhada por um grupo de voluntários da comunidade que conta com o apoio de um aplicativo. Esta é a realidade de diversas famílias dos assentamentos da Reforma Agrária no Ceará, dentre eles o Vida Nova-Transval, no município de Canindé. Percebendo a fragilidade dos territórios onde o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não chega, um grupo de voluntárias(os), formado por mulheres e homens dos assentamentos que conheciam a realidade das comunidades, mas quase nada sobre cuidados com a saúde, assumiu o desafio de traduzir o que era a pandemia e os cuidados necessários para o controle da doença. Os voluntários foram em busca de orientação técnica junto à Rede de Médicas e Médicos Populares (RNMMP) e à Fiocruz para entenderem o que é a doença, como ela se manifesta e os cuidados para evitar a contaminação pelo vírus. Para um território desassistido de saúde pública e com escassez de água, as alternativas recaem sobre a própria comunidade. Assim nasce a experiência das(os) Agentes Populares de Saúde do Campo/CE (APSC-CE).
A negligência com a saúde das populações campesinas é motivo de preocupação para o médico Fernando Paixão, um dos idealizadores do projeto. “Diante da realidade da pandemia, que já matou mais de 500 mil pessoas, a organização popular para cuidar da saúde da população e das comunidades se torna algo fundamental. E os agentes populares têm esse papel de cuidado nos territórios”, enfatiza. Francisca Maria Silva, uma das assentadas que fazem parte do grupo dos agentes populares, compreende bem essa realidade. Reconhecendo a importância e a necessidade imposta pela ausência dos agentes comunitários de Saúde, ela aceitou o convite e se sente feliz com a nova responsabilidade. “É uma forma de poder ajudar as pessoas”, afirma.
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