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Anvisa aprova uso do medicamento Mounjaro para perda de peso

O fármaco já estava autorizado no Brasil, mas apenas para diabetes

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a utilização do medicamento Mounjaro para auxiliar na perda de peso. Fabricado pela farmacêutica americana Lilly, o remédio injetável tem como princípio ativo a tirzepatida e é mais uma das chamadas canetas emagrecedoras, assim como o Ozempic e o Wegovy (semaglutida) e o Saxenda (liraglutida).

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Uma em cada dez crianças de até 5 anos está acima do peso no Brasil: mais da metade das mães deste grupo também estão em sobrepeso

Uma em cada dez crianças brasileiras de até 5 anos está acima do peso. O excesso de peso também foi registrado em mais da metade das mães com filhos nessa faixa etária: 58,5%. Os dados são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019).

Encomendada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa avaliou 14.558 crianças e 12.155 mães biológicas em 12.524 domicílios brasileiros, em 123 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal, entre fevereiro de 2019 e março de 2020.

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INCA lança posicionamento com indicações para evitar sobrepeso e obesidade

Cerca de 13 em cada 100 casos de câncer no Brasil são atribuídos ao sobrepeso e a obesidade, sugerindo uma carga significativa de doença pelo excesso de gordura corporal. Essa é uma das razões para o lançamento hoje do documento Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Acerca do Sobrepeso e Obesidade. O alerta é importante para sensibilizar a população de que as medidas propostas são reconhecidas como efetivas para a prevenção e controle desse grave problema de saúde.

“O texto apoia medidas intersetoriais de regulação de alimentos que objetivam a prevenção e o controle do excesso de peso corporal, com o reconhecimento que tais medidas convergem para a prevenção do câncer”, explica Maria Eduarda Melo, nutricionista da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA.

São medidas como aumento da tributação de bebidas açucaradas e adoçadas com adoçantes não calóricos ou de baixa caloria; restrição da publicidade e promoção de alimentos e bebidas não saudáveis dirigidas ao público infantil; restrição da oferta de bebidas e alimentos ultraprocessados nas escolas e aprimoramento das normas de rotulagem de alimentos que deixem a informação mais compreensível e acessível ao consumidor.

Atualmente, o excesso de peso corporal está fortemente associado ao risco de desenvolver 13 tipos de câncer: esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo e possivelmente associado aos de próstata (avançado), mama (homens) e linfoma difuso de grandes células B.
Outra questão preocupante é a alimentação das crianças, com consumo de açúcar constante. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (2013), a cada 10 crianças menores de dois anos, cerca de três já tomaram refrigerante ou suco artificial, três consumiram doce, bala, ou outros alimentos com açúcar e seis comeram biscoitos ou bolos.

A infância e adolescência são períodos críticos do desenvolvimento em que, além da formação de hábitos de vida, a exposição a determinados fatores de risco pode afetar a saúde do adulto. O documento alerta para o fato de as práticas alimentares não saudáveis e a exposição precoce ao sobrepeso e obesidade atuarem diretamente sobre o risco de câncer pelo efeito cumulativo dos fatores carcinogênicos. Sabe-se que o excesso de peso corporal nestas fases da vida aumenta o risco de obesidade e/ou câncer na fase adulta. O Posicionamento também destaca que a obesidade infantil não apenas compromete o bem-estar físico, como também o social e psicológico das crianças.

O documento lançado pelo INCA é embasado no Relatório da Comissão para o Fim da Obesidade Infantil, da Organização Mundial de Saúde (OMS), no plano de implementação do relatório discutido na Assembleia Mundial da Saúde em 2017, e no Plano de Ação para a Prevenção da Obesidade em Crianças e Adolescentes, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS, 2014). O texto está alinhado ainda aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas e ao Plano de Ação Global para Prevenção e Controle de Doenças Não-Transmissíveis (2013-2020), da OMS.

Ações do governo combatem obesidade e sobrepeso

Uma vez superada a fome como problema estrutural, a agenda para os próximos anos concentra esforços na redução do consumo de alimentos processados e ultraprocessados

Ampliar o acesso à alimentação saudável e combater o sobrepeso e a obesidade são prioridades para o Brasil, destaca o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Uma vez superada a fome como problema estrutural, a agenda para os próximos anos concentra esforços na redução do consumo de alimentos processados e ultraprocessados, que levam a doenças como a diabetes, tema do Dia Mundial da Saúde, celebrado na última quarta-feira (7) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

campanha Brasil Saudável e Sustentável, lançada no mês passado, é uma das estratégias do governo federal, em parceria com organizações da sociedade e o setor privado, para promover a alimentação saudável e alertar para os riscos da má alimentação. A campanha promove ações que estimulem as pessoas a refletir sobre os hábitos de consumo e a optar por escolhas alimentares saudáveis, como produtos locais, frescos, vindos da agricultura familiar e da produção orgânica ou agroecológica.

“A produção de alimentos saudáveis começa no campo e vai até o consumidor. E as políticas públicas que o ministério desenvolve incentivam a agricultura familiar, a agroecologia e apoio aos produtos da sociobiodiversidade”, destaca o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos.

Outra ação com foco na promoção do consumo de alimentos saudáveis é o Pacto Nacional para Alimentação Saudável, lançado pela presidenta Dilma Rousseff em novembro do ano passado. O Pacto prevê incentivos à produção de alimentos orgânicos, agroecológicos e da agricultura familiar e a ampliação das condições de oferta e disponibilidade desses alimentos.

Atualmente, 57% da população brasileira adulta estão com excesso de peso e 21,3% dessas pessoas são obesas. Além disso, 72% das mortes no Brasil são ocasionadas por doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, o diabetes, que têm como uma das causas a má alimentação e o consumo de produtos ultraprocessados, ricos em açúcar, sal e gorduras.

“As crianças são prioridade, uma vez que quanto mais cedo estivermos expostos à alimentação inadequada, mais cedo também surgem os problemas decorrentes da má alimentação, como a diabetes, hipertensão e a até mesmo o câncer”, destaca Campos.

Outros resultados

Ao longo dos últimos 12 anos, o governo federal executou políticas públicas que impactam positivamente na saúde das famílias mais pobres e vulneráveis do País. Um exemplo é o Programa Água para Todos. Em todo o Semiárido, já são 1,2 milhão de cisternas construídas, que permitem às famílias mais pobres produzir mais e consumir água de qualidade.

O acesso à água também beneficia crianças. Além disso, foram construídas 2,3 mil cisternas para captação de água da chuva em escolas públicas do Semiárido.

As crianças mais pobres também estão tendo acesso à saúde, graças ao Bolsa Família. A cada semestre, cerca de 9 milhões de famílias beneficiárias do programa de transferência de renda são acompanhadas na saúde. As crianças de até 7 anos são vacinadas de acordo com o calendário oficial — mais de 5 milhões estão com as vacinas em dia.

Nas consultas de crescimento e desenvolvimento, as crianças ainda são pesadas e medidas. Um impacto importante verificado é que entre 0 e 5 anos, o percentual dos beneficiários com deficiência nutricional crônica caiu pela metade – de 17,5%, em 2008, para 8,5 %, em 2012. A altura média das crianças do Bolsa Família também aumentou devido à melhoria nutricional. Em 2008, os meninos tinham 107,8 cm e, em 2012, mediam 108,6 cm. Já as meninas passaram de 107,2 cm para 107,9 cm.

Fonte: MDS

Sobrepeso pode contribuir para aumento da inflamação durante a gravidez

Ao engravidar, mulheres obesas ou com sobrepeso apresentam maior risco de desenvolver complicações como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Uma pesquisa recentemente concluída na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da FAPESP, oferece pistas para entender por que isso ocorre.

Por meio da análise de amostras sanguíneas de quase 200 gestantes, os pesquisadores concluíram que o sobrepeso está associado a alterações significativas nos níveis de duas substâncias secretadas pelo tecido adiposo – adiponectina e leptina – que podem contribuir para o aumento do grau de inflamação sistêmica.

“Durante a gravidez, existe um grau de inflamação fisiológico resultante da interação entre mãe e feto. Por outro lado, a obesidade, a diabetes e a hipertensão são doenças com forte componente inflamatório. Avaliar a combinação entre gestação e obesidade com foco em inflamação, portanto, parece importante para entender os riscos e os mecanismos envolvidos nessas patologias obstétricas”, disse Silvia Daher, coordenadora do Laboratório de Obstetrícia Fisiológica e Experimental da Unifesp.

A coleta do sangue foi feita no terceiro trimestre de gestação uma vez que, de acordo com Daher, o diabetes gestacional é uma doença que geralmente só se instala a partir da segunda metade da gravidez. Com base no Índice de Massa corporal (IMC) pré-gestacional, as voluntárias foram divididas em quatro diferentes grupos: as com sobrepeso saudáveis (IMC igual ou maior que 25), as com sobrepeso e diabetes gestacional, as com peso ideal (IMC entre 18,5 e 24,9) saudáveis e as com peso ideal, mas com diabetes gestacional.

“Fizemos essa separação para que pudéssemos verificar com precisão se as alterações encontradas estavam associadas ao diabetes ou seriam de fato decorrentes do sobrepeso”, disse Daher.

Três diferentes parâmetros capazes de mensurar o grau de inflamação sistêmica foram analisados nas amostras sanguíneas. O primeiro passo foi medir os níveis séricos de três diferentes citocinas – o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e as interleucinas (IL) 6 e 10 –, que são moléculas produzidas por células do sistema imunológico e têm um papel importante na modulação da resposta inflamatória no combate a infecções.

“No caso da IL10, cuja ação é anti-inflamatória, notamos uma queda associada apenas ao diabetes, mas não houve diferença relacionada ao sobrepeso. Em relação à IL6 e ao TNF-α – citocinas pró-inflamatórias –, não notamos diferenças significativas nos grupos”, contou Daher.

O segundo parâmetro avaliado foi a presença de células imunológicas ativas no sangue das voluntárias, entre elas as células exterminadoras naturais ou NK (Natural Killers na sigla em inglês) e as células TCD8 – dois tipos de linfócitos capazes de liberar substâncias tóxicas para matar, por exemplo, células tumorais ou infectadas por vírus.

“A essa altura da gravidez, essas células de defesa teriam de estar diminuídas, pois podem ser agressivas para o feto. Verificamos uma maior ativação dos linfócitos relacionada ao diabetes, mas não ao IMC”, disse Daher.

Por último, foram medidas nas amostras de sangue os níveis de algumas adipocinas – peptídeos secretados pelas células adiposas com diversas funções, entre elas a regulação da resposta imunológica.

“A adiponectina é uma adipocina com ação anti-inflamatória e anti-hiperglicêmica. Normalmente, ela diminui durante a gestação porque é preciso aumentar a quantidade de glicose circulante para suprir as necessidades do feto. Já a leptina e a resistina são adipocinas que induzem a produção de citocinas inflamatórias, como a IL6 e o TNF-α, podendo agravar a resistência à insulina típica da gestação e também a inflamação sistêmica”, explicou Daher.

As análises mostraram uma redução significativa nos níveis de adiponectina associada ao sobrepeso, bem como aumento nos níveis de leptina. “É um fator que pode estar contribuindo para a inflamação e para uma maior resistência à insulina nas gestantes com sobrepeso”, avaliou Daher.

Obesidade e distúrbios metabólicos

Segundo Daher, o fato de os resultados mostrarem alterações nas células imunes e nas citocinas apenas associadas ao diabetes e não ao IMC deve-se, possivelmente, ao pequeno número de obesas na amostra avaliada.

“Pretendemos agora estudar um grupo de mulheres com IMC maior ou igual a 30 para ver se há alterações mais intensas nesses e em outros mediadores inflamatórios”, contou.

A crescente epidemia de obesidade no mundo, ressaltou Daher, afeta também mulheres em idade reprodutiva. Dados da literatura apontam que a gestante obesa tem quatro vezes mais risco de desenvolver diabetes gestacional e o dobro de chance de desenvolver pré-eclâmpsia.

“Quem sofre de diabetes gestacional, por sua vez, tem risco aumentado de sofrer de diabetes do tipo 2 no futuro e a criança também fica mais propensa a distúrbios metabólicos. O mesmo ocorre no caso da pré-eclâmpsia. É um risco para a geração atual e a futura”, disse Daher.

Parte dos dados levantados durante a pesquisa e também em estudos anteriores do grupo financiados pela FAPESP foram divulgados em duas revisões publicadas no American Journal of Reproductive Immunology e no Journal of Reproductive Immunology.

Atualmente, a equipe avalia o perfil lipídico de gestantes com sobrepeso para descobrir como as alterações nos níveis de colesterol se relacionam com os mediadores inflamatórios já estudados.

“Também estamos investigando alguns polimorfismos genéticos para saber, por exemplo, se alguém pode ser geneticamente propenso a produzir níveis maiores adiponectina ou menores de leptina. Isso nos ajudará a entender por que algumas pessoas com sobrepeso adoecem e outras, não”, disse Daher.