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Estudo sugere sistema de acreditação para sites de saúde

Pesquisas nacionais e internacionais mostram que, cada vez mais, pessoas acessam a rede para obter alguma informação sobre a condição de saúde de si mesmas, parentes e amigos e, até mesmo, ter diagnósticos. Baseada nesse advento da tecnologia, foi desenvolvida, na ENSP, a pesquisa Uma proposta de critérios de avaliação da qualidade para sites de saúde. A autora do trabalho, realizado no âmbito do mestrado profissional em Política e Gestão de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde, é Ana Paula Bernardo Mendonça, desenvolvedora web e tecnologista da Coordenação de Comunicação Institucional da Escola. Entre as principais propostas da pesquisa está a criação de um sistema de acreditação que forneça um selo de qualidade para sites de saúde brasileiros que alcancem tais critérios.
Em sua dissertação, orientada por André Pereira Neto, pesquisador da ENSP e coordenador do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (Liss), que integra o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), Ana Paula defende que, ao longo dos últimos anos, o uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação e o crescente processo de difusão da internet vêm proporcionando aumento excessivo de produção de informação. Segundo ela, tais informações podem ser obtidas em sites sobre saúde e nas diversas comunidades virtuais e grupos de apoio existentes na grande rede mundial, pois, nesses ambientes interativos, os usuários compartilham suas aflições e experiências.
Esse fato, explicou Ana Paula, pode ser interpretado como uma virtude. “Isto é, a internet facilita o contato e o fornecimento de apoio aos pacientes, parentes ou amigos com informações e experiências sobre saúde. Por outro lado, o usuário pode obter informações inconsistentes, divergentes e sem comprovação científica sobre o tratamento de uma determinada doença”, comentou. Além disso, ela alertou: “Sites com objetivos unicamente comerciais podem fazer propaganda desonesta de produtos e uso indevido de dados pessoais dos usuários. Isso representa grande risco, em especial a usuários leigos, que desconhecem as regras relativas à identificação de informações confiáveis.”
Ana Paula partiu do princípio de que a informação em saúde de qualidade é um direito de todos. Nesse caso, a adoção das recomendações do governo em acessibilidade e usabilidade de sites de saúde pretende viabilizar sites mais fáceis de usar e acessíveis para portadores de limitações físicas.
Em sua pesquisa, a desenvolvedora da CCI percebeu uma necessidade real de se avaliar a qualidade da informação em saúde na internet. “Tal fato já é consenso entre profissionais de saúde e de diversas áreas afins, assim como no âmbito das instituições governamentais, não governamentais, associações de classe e, principalmente, no exterior. Para tanto, o modelo proposto neste trabalho visa orientar profissionais de saúde na avaliação da qualidade de sites de saúde e, ainda, de provedores de informação no desenvolvimento de sites.”
No exterior, disse Ana Paula, diversas organizações certificam sites de saúde. No entanto, no Brasil ainda não há notícia de organização pública ou privada que exerça essa atividade. “Portanto, a ideia deste trabalho é incentivar a efetiva participação dos profissionais da ENSP, como instituição do Ministério da Saúde, na prestação de serviços de mais qualidade para a sociedade. Entre as principais ações, está a criação de um sistema de acreditação que forneça um selo de qualidade para sites de saúde brasileiros que cumprirem tais critérios.” Ainda assim, de acordo com ela, é preciso desenvolver mecanismos de filtragem e avaliação da qualidade da informação em saúde baseados no modelo da web semântica ou terceira geração da web (web 3.0).
Para tanto, a autora da dissertação pretende promover programas de orientação voltados para os usuários, cujo objetivo será debater a importância da verificação de aspectos mínimos que conferem credibilidade a um site. Entre os desdobramentos também está a elaboração de um formulário eletrônico simples, para que os próprios usuários possam avaliar os sites visitados, e a criação de uma base de dados ou catálogo na internet que contenha as referências dos sites brasileiros certificados. Por fim, está a criação do selo de qualidade Fiocruz, “assegurando maior confiabilidade para os sites certificados e auxiliando o usuário leigo, que não sabe distinguir informações críveis das incríveis encontradas na internet”, ressaltou.