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Tese intitulada “Política pública, educação, tecnologia e saúde articuladas: como a telessaúde pode contribuir para fortalecer o SUS” relaciona telessaúde e melhoria da rede de atenção

 

A telessaúde tem ajudado a estruturar a rede de atenção e as ferramentas de monitoramento e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS). A regulamentação dos serviços de telessaúde, teleconsultoria, segunda opinião formativa, tele-educação e telediagnóstico, tem sido o grande impulso de informatização do setor saúde no território brasileiro”. A opinião é de Angélica Baptista Silva, que apresentou sua tese de doutorado no Programa de Saúde Pública da ENSP em 22 de março. Intitulada Política pública, educação, tecnologia e saúde articuladas: como a telessaúde pode contribuir para fortalecer o SUS?, a tese de Angélica aborda a necessidade de inclusão digital e de aproximação da rede de atenção com a pesquisa em saúde. De acordo com o histórico, o Programa Telessaúde Brasil Redes surgiu em 2007 com o projeto piloto em apoio à Atenção Básica. Ele envolvia nove núcleos localizados em universidades nos estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tendo por meta qualificar aproximadamente 2.700 equipes da Estratégia de Saúde da Família em todo o território nacional. Para Angélica, porém, a literatura mostra o uso do termo telessaúde desde os anos de 1980. A definição clássica, adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), registra telessaúde como uso de tecnologias de informação e comunicação para oferecer serviços e cuidados em saúde a distância. “É nessa década que aparecem iniciativas pontuais no Brasil de telessaúde, executadas por universidades públicas e com envolvimento de setores diversos da administração pública, como, por exemplo, a Agência Nacional de Telecomunicações no fim dos anos de 1990.  No entanto, de acordo com o experimento apresentado, há várias definições de telessaúde: pode ser sinônimo de videoconferência, de sistema de informação, de organização de serviço, entre outros”, esclareceu a pesquisadora. Em sua concepção, telessaúde é toda atividade em rede, que promove a translação do conhecimento entre a pesquisa e o serviço de saúde. Para justificar essa ressignificação da telessaúde, Angélica utilizou um modelo conceitual da pesquisa translacional. “A pesquisa translacional pode ser definida também como um processo que parte da prática baseada em evidências em direção a soluções sustentáveis para problemas de saúde da comunidade”, ressaltou. Quanto aos entraves para articular política pública, educação, tecnologia e saúde, Angélica identifica, no caso brasileiro, “3 is” que podem comprometer a qualidade dos serviços de telessaúde: inclusão digital do setor saúde, interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde e integração entre inovação e assistência à saúde. Para validar os 3is, ela fez uma pesquisa de campo e consultou vários especialistas, os quais, ao mesmo tempo, foram coordenadores dos primeiros projetos da Rute. Também participaram do projeto piloto do atual Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, e suas instituições fizeram parte da Rede Nacional de Pesquisa Clínica. Angélica demonstrou interesse pelo tema em 2004, quando apresentou sua dissertação de mestrado profissional na ENSP. Ela foi convidada pela Presidência da Fiocruz a escrever um projeto de telemedicina, representando a instituição num novo projeto da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa à época: a Rede Universitária de Telemedicina (Rute). O grupo que fundou a Rute era composto de hospitais universitários, e suas discussões eram eminentemente clínicas. Naquela época, como coordenadora de Tecnologia da Informação do Canal Saúde, ela começou a pesquisar sobre telessaúde. A pesquisadora não aponta perspectivas para o Programa Telessaúde Brasil Redes, mas para toda atividade de telessaúde no SUS. “Há várias iniciativas de avaliação e monitoramento de telessaúde, inclusive propostas por pesquisadores brasileiros. No âmbito do Telessaúde Brasil Redes, destaco a liderada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e desenvolvida pelos coordenadores dos nove estados, que compuseram o projeto piloto do Ministério da Saúde.” Sua pesquisa é voltada justamente para as lacunas na perspectiva da Saúde Coletiva, que é mais ampla que a da Clínica. A Telessaúde está regulamentada por uma série de portarias do Ministério da Saúde. A primeira delas de n° 561, de 16/3/6, institui, no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão Permanente de Telessaúde. A última publicada, de 14/9/12, institui um grupo de trabalho, no âmbito do Ministério da Saúde, com a finalidade de avaliar, discutir e propor critérios e ações para expansão do Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes). Angélica Baptista Silva teve como orientadora principal da sua tese a pesquisadora da ENSP Ilara Hämmerli Sozzi de Moraes e como segundo orientador Carlos Medicis Morel, coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).

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Princípios do SUS podem nortear agenda pós-2015

O objetivo abrangente de saúde deve maximizar vidas saudáveis em todos os estágios da vida. E aí começa o grande confronto com quem diz que a cobertura universal deveria ser objetivo do desenvolvimento sustentável.” O tom crítico da fala do coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz (Cris), Paulo Buss, durante a aula inaugural da ENSP, na quarta-feira (3/4), foi direcionado aos que defendem que apenas a cobertura universal deve orientar a saúde na Agenda de Desenvolvimento pós-2015. Ele, que convocou estudantes, pesquisadores, professores e toda a comunidade Fiocruz para a defesa de um sistema de saúde universal, equitativo, integral e de qualidade, revelou que a Fundação pode se associar à Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável como um centro de apoio

Com o tema Saúde na Agenda do Desenvolvimento pós-2015: desafios nacionais e globais, o ex-presidente da Fiocruz esmiuçou o documento resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), a Rio+20, intitulado “O Futuro que Queremos”. Além disso, defendeu que não se assegura desenvolvimento sustentável sem a garantia de uma população saudável. “Temos presente, na nossa visão de sociedade, que saúde e desenvolvimento estão conectados. Uma população mais saudável contribuirá para o desenvolvimento, da mesma forma que populações menos saudáveis terão dificuldade em crescer economicamente e progredir. Sem a preocupação com a saúde, o desenvolvimento será pífio. Não terá sentido se não contribuir para o bem-estar, qualidade de vida e saúde”, afirmou Buss, exemplificando algumas das diversas evidências sobre a relação entre os campos.
Conforme mencionado pelo palestrante, o relatório oficial da Rio+20 inclui a dimensão da saúde como um importante componente. A declaração reconhece que “a saúde é uma precondição para, um resultado de, e um indicador de todas as três dimensões (econômica, ambiental e social) do desenvolvimento sustentável”.  O documento traz nove parágrafos sobre o tema e, segundo Paulo Buss, será um orientador do processo de elaboração da Agenda de Desenvolvimento das Nações Unidas pós-2015, pois reconhece a importância de estabelecer Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que devem ser coerentes e integrados à agenda.
Para embasar a construção da Agenda de Desenvolvimento pós-2015, foi criado, em julho de 2012, pelo secretário-geral das Nações Unidas, um Painel de Alto Nível na intenção de assessorar o estabelecimento de um marco de referência à sua construção. De acordo com Buss, o painel irá apresentar seu relatório ao secretário-geral em setembro de 2013. O intuito é avaliar o progresso com relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) e discutir as opções para o pós-2015. As 11 consultas temáticas são as seguintes: desigualdades, governança, saúde, sustentabilidade ambiental, dinâmica populacional, água, crescimento e desenvolvimento, conflito e fragilidade, segurança alimentar e nutricional, educação e energia.
No caso da consulta para a saúde, o processo está sendo liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em colaboração com os governos da Suécia e Botsuana. Os objetivos dessa consulta temática são três: avaliar os avanços e as lições aprendidas com os ODMs relacionados com saúde; discutir o posicionamento da saúde no marco de referência para a Agenda de Desenvolvimento pós-2015; e propor objetivos e metas de saúde para essa agenda, incluindo recomendações para sua implementação, medida e monitoramento.

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ENSP recebe seminário internacional Pharmacoepidemiology research in Latin America

O Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF/ENSP) e o Instituto Karolinska, da Suécia, realizarão, de 15 a 17 de abril, o seminário internacional Pharmacoepidemiology research in Latin America. O encontro reunirá pesquisadores de dez países com o intuito de compartilhar experiências sobre as pesquisas em farmacoepidemiologia e construir uma rede de investigação sobre o tema. A atividade será encerrada na quarta-feira (17/4), com uma edição do Centro de Estudos (Ceensp) cujo tema é Farmacoepidemiologia e tomada de decisão em sistemas de saúde. Os dois primeiros dias do seminário são reservados a convidados.
A parceria do NAF/ENSP com o Instituto Karolinska iniciou em 2012 e estabeleceu seis metas a serem cumpridas. Entre elas, a realização de um seminário no Brasil para identificar parceiros que possam compor uma rede de pesquisa em farmacoepidemiologia, além do planejamento de um evento maior, envolvendo diversas instituições acadêmicas e de pesquisa.
O seminário terá participantes da Dirección General de Medicamentos, Insumos y Drogas (Peru), Universidad Nacional de Colombia (Colômbia), Karolinska Institutet (Suécia), Universidad Autónoma de Nayarit (México), University of Sydney (Austrália), Universidad de Chile (Chile), Gapurmed (Argentina), Boston University (Estados Unidos), Opas-Peru e Utrecht University (Holanda). Também estarão presentes representantes de diversas universidades, centros de pesquisa e secretarias de saúde.
No primeiro dia do evento, serão apresentados estudos sobre as novas tendências em farmacoepidemiologia, com exibição das experiências europeias, latino-americanas, australiana e brasileira. Em seguida, o tema em discussão destaca os avanços e desafios na farmacoepidemiologia na América Latina e, depois, a garantia de qualidade e farmacovigilância.
“Durante o seminário, teremos a possibilidade de mostrar nossa produção aos demais países nesse campo. Eles possuem uma visão restrita do que é produzido aqui, por isso precisamos publicar mais trabalhos em revistas estrangeiras para nos colocarmos em evidência. Gostaríamos de convidar outros parceiros, mas tivemos de restringir o acesso por se tratar de um seminário de planejamento. No evento maior que pretendemos organizar, teremos a participação das demais instituições”, disse Cláudia Garcia Serpa Osório de Castro, uma das coordenadoras do seminário.
Apesar de restrito a convidados nos dois primeiros dias, o seminário será encerrado com uma edição especial do Ceensp. Com o tema Farmacoepidemiologia e tomada de decisão em sistemas de saúde, a atividade apresentará um balanço dos três dias de encontro e será aberta a todos. O evento terá presença dos palestrantes Helena Lutéscia Luna Coelho, professora titular de Farmacoepidemiologia da Universidade Federal do Ceará e consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Björn Wettermark, pesquisador do Karolinska Institutet (KI) e gestor do Stockholm County Council (SLL), e Brian Godman, pesquisador do KI e da University of Strathclyde. A atividade será coordenada pela pesquisadora Claudia Osorio.
A comissão organizadora é formada pelos pesquisadores do NAF Claudia Garcia Serpa Osorio de Castro, Vera Lúcia Luiza, Maria Auxiliadora de Oliveira, Ângela Esher, Tatiana Chama Borges Luz, Rondineli Mendes da Silva, Gabriela Costa Chaves, Jorge Bermudez e Milena Martins Sabino.

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