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Deficiência significativa atinge uma em cada seis pessoas no mundo

Alerta é da Organização Mundial da Saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo vivam com algum tipo de deficiência classificada como significativa. O número corresponde a uma proporção de uma em cada seis pessoas. 

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Computação a serviço da medicina: desafio de construir um sistema de saúde mais eficiente une pesquisadores

Desenvolver software para diagnóstico médico e usar métodos computacionais para armazenar e analisar grandes volumes de dados da área da saúde são algumas das contribuições que a computação já traz à medicina

Tornar o sistema de saúde mais eficiente é um desafio que está mobilizando um grupo de pesquisadores da USP, em São Carlos. Os professores Fernando Vieira Paulovich, José Fernando Rodrigues Junior e Maria Cristina de Oliveira, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), e o professor Osvaldo Novais de Oliveira Junior, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), estão trabalhando para unir tecnologias e somar conhecimentos que vão da nanotecnologia ao big data.

Na perspectiva de José Fernando, com o avanço tecnológico, os modelos tradicionais de diagnóstico médico devem ser substituídos e acontecerá um processo de transformação similar ao que ocorreu em outras áreas. Um exemplo são as cartas, que perderam espaço para os telefones, os quais, posteriormente, foram substituídos pelos e-mails, antecedendo a comunicação por meio das redes sociais. “Acredito que algo semelhante ocorrerá na medicina, porque o modelo atual utilizado para fazê-la é muito caro e ineficiente, e não se adapta à velocidade das mudanças na sociedade, em virtude das tecnologias disponíveis”, afirma Rodrigues Junior, acrescentando que o alto custo da medicina é uma motivação para que aconteçam mudanças significativas na área.

Segundo Rodrigues Junior, modelos tradicionais de diagnóstico médico serão substituídos – Foto: Assessoria de Comunicação do IFSC

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as despesas relacionadas ao sistema de saúde dos Estados Unidos, em 2009, corresponderam a 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses custos estão relacionados principalmente a gastos ineficazes decorrentes de decisões mal comunicadas e má gestão. Segundo os autores, a racionalização de recursos com a melhora na qualidade de diagnóstico requer uniformização de dados de pacientes. Rodrigues Junior explica que não há, por exemplo, um método padrão para que médicos registrem informações referentes a diagnósticos. E essa liberdade, de acordo com o docente, é prejudicial para a integração de dados.

“Têm surgido padrões que levarão esses especialistas a descrever um determinado tratamento de maneira mais sistemática, normalizada e padronizada“

Segundo os pesquisadores, três pilares são fundamentais para aprimorar o sistema de saúde, tanto no Brasil como em outros países. O primeiro deles se refere à nanotecnologia, área em que se estudam substâncias e materiais em nível atômico e molecular. Atualmente, os nanomateriais são essenciais para produzir sensores e biossensores voltados, por exemplo, para o diagnóstico de doenças como diabetes, dengue, hipertensão arterial, câncer, entre outras.

O segundo pilar está ligado à área de big data, em que se destaca a necessidade de usar métodos computacionais para armazenar e analisar grandes volumes de dados médicos. Já o terceiro pilar relaciona-se aos métodos que permitem integrar diversas ferramentas e técnicas computacionais, de modo que a grande quantidade de informação produzida ou capturada se transforme em conhecimento. Nesse campo, o aprendizado de máquina é essencial e pode ser compreendido como uma área da computação em que se desenvolvem técnicas que, a partir de treinamento, podem capacitar os computadores a exercerem tarefas antes exclusivas dos seres humanos.

Uma síntese do trabalho que os quatro pesquisadores vêm realizando está no artigo On the convergence of nanotechnology and Big Data analysis for computer-aided diagnosis, publicado recentemente pela revista científica Nanomedicine.

Mais desafios

Para os quatro pesquisadores, existem grandes desafios no sentido de desenvolver um sistema de integração capaz de analisar dados de pacientes obtidos via big data e de transformar essas informações em conhecimento. Para Maria Cristina Oliveira, os obstáculos a serem enfrentados não são apenas científicos, mas também políticos e sociais. “Acho que os desafios maiores não são exatamente os técnicos, mas sim aqueles em que você precisa fazer com que as pessoas aceitem mudanças e cheguem em um consenso para viabilizar o uso desse tipo de sistema de integração de tecnologias e dados”.

Para Osvaldo Novais de Oliveira Junior, a medicina já tem passado por transformações ao longo dos últimos anos. Atualmente, médicos têm suporte tecnológico que não existia há 30 ou 40 anos. “Hoje a atuação de um profissional da saúde é muito diferente, porque em geral ele não emite uma opinião antes de analisar resultados de exames. Então, de certa forma, essa mudança já está ocorrendo”, diz o docente do IFSC, complementando que essa possível futura transformação exigirá que os profissionais da área médica aprendam a lidar cada vez mais com novas tecnologias.

Permitir que dados clínicos de pacientes sejam armazenados em nuvem é outro ponto crucial na visão dos pesquisadores. Afinal, ao serem armazenados dessa maneira, esses dados poderão ser compartilhados com outros médicos, o que facilitará futuras consultas. “Com as informações distribuídas e integradas, talvez seja possível obter antecipadamente dados suficientes para tentar entender, por exemplo, onde podem ocorrer novos surtos e epidemias”, revela a professora Maria Cristina.

Paulovich afirma que alguns procedimentos já deveriam ser substituídos
– Foto: Assessoria de Comunicação do IFSC

Outra mudança que poderá acontecer está relacionada à substituição de médicos por máquinas para algumas tarefas de diagnóstico, por exemplo. “Obviamente, há casos mais complexos na medicina, nos quais talvez nunca seja possível substituir um especialista por um equipamento”, comenta Fernando Paulovich. Ele acrescenta que, hoje, algumas buscas na internet – em sistemas com dados confiáveis – já podem fornecer informações semelhantes àquelas que se obtêm na avaliação de um médico. Além disso, Paulovich enfatiza que alguns procedimentos, como ir a um consultório simplesmente para buscar um resultado de exame, já deveriam ser substituídos, uma vez que os dados dos exames podem ser obtidos online ou via e-mail.

Parcerias e futuro

Um projeto para analisar as dificuldades dos especialistas está sendo desenvolvido em parceira entre o professor Rodrigues Junior e o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor/HCFMUSP) por meio do armazenamento e processamento de dados de pacientes. Por outro lado, em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, os professores Oliveira Junior, Fernando Paulovich e Maria Cristina Oliveira têm atuado conjuntamente no desenvolvimento de técnicas de visualização de informação, a fim de melhorar o desempenho de biossensores para análises clínicas de doenças tropicais e câncer.

Para Oliveira Junior, as propostas apresentadas no artigo podem abrir novos caminhos – Foto: Assessoria de Comunicação do IFSC

Além disso, um dos objetivos dos entrevistados é aproximar grupos de pesquisadores no Brasil de diferentes áreas – computação, medicina, física, química, biologia, ciência dos materiais, farmácia –, para ações conjuntas que levem ao desenvolvimento de sistemas de diagnóstico assistidos por computador. Segundo Osvaldo Novais de Oliveira Junior, as propostas apresentadas no artigo podem abrir caminhos para pesquisas que não tenham relação só com a medicina. Os mesmos conceitos apresentados no artigo podem ser usados para desenvolver sistemas aplicados na predição de poluição, no monitoramento do uso de armas químicas e biológicas e até de eventuais ataques terroristas.

Texto editado por Denise Casatti a partir de informações da Assessoria de Comunicação do IFSC

Protocolo pode reduzir fila e custos de cirurgias de hérnia

Estudo realizado por pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP com pacientes da Rede Regional de Saúde de Ribeirão Preto (RRAS XIII) e diagnóstico de  hérnias de parede abdominal (HPA) mostra que, se devidamente encaminhados, mediante protocolos clínicos e de regulação, esses pacientes poderiam receber tratamento mais rápido, o que contribuiria para redução das listas de espera para a cirurgia, riscos pós operatórios e custos para os doentes e para o sistema de saúde.

Os protocolos clínicos e de regulação são roteiros que reúnem características sociais e clínicas dos doentes e da doença para orientar a escolha do serviço de saúde mais adequado para o diagnóstico e tratamento.

Orientado pelo professor José Sebastião dos Santos, o médico Daniel Martone analisou informações do Centro de Processamento de Dados Hospitalares (CPDH) do Departamento de Medicina Social da FMRP e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde, quanto ao tipo de hospital utilizado para o tratamento de HPA, de junho de 2012 a junho de 2014.

Os autores da pesquisa verificaram que as condições clínicas e sociais desses pacientes, somadas às características anatômicas das hérnias abdominais que apresentavam, frequentemente, eram desconsiderados no processo de ordenação do acesso ao tipo de hospital para o tratamento.

Deve ser destacado, segundo o professor Sebastião, que a tarefa de identificar com precisão as características clínicas da doença e do doente cabe aos médicos, que realizam o primeiro atendimento dos pacientes, mas a atribuição de ordenar o acesso ao serviço de saúde mais apropriado para o tratamento é dos gestores do Sistema Único de Saúde, por meio da “regulação da assistência”.

Protocolo clínico, melhor regulação
Com esses dados, o médico Daniel Martone elaborou protocolo clínico de acesso, onde essas questões devem ser levadas em conta, para o melhor encaminhamento dos pacientes no âmbito da rede de saúde. O protocolo foi aplicado em auditoria dos prontuários de 255 pacientes em lista de espera para cirurgia no Hospital das Clínicas da FMRP (HC-FMRP). Logo de início, foram excluídos 77 (30%) dos pacientes em lista de espera, em função de falecimento, desistência do tratamento ou feito em outros serviços ou falta de condições clínicas para cirurgia.

Os hospitais, diz o professor Sebastião, deveriam atender apenas aquilo que podem resolver e nos tempos aceitáveis. As listas de espera para avaliação e tratamento devem ficar com os gestores do sistema de saúde, pois eles têm as prerrogativas de planejar a rede de serviços e definir os investimentos para melhor atender os problemas de saúde do seu território de abrangência.

Dos 178 restantes que estavam na lista de espera do HC-FMRP, segundo o protocolo proposto, 14 (7,8%) poderiam ser tratados em regime de cirurgia ambulatorial; 54 (30,3%), internados em hospitais de média complexidade, sem terapia intensiva; 39 (21,9%), internados em hospitais de média complexidade, com terapia intensiva, e 71 (39,8%), em hospitais de elevada complexidade.

O pesquisador aplicou também o protocolo entre 167 pacientes que já haviam sido operados no HC-FMRP e verificou que 139 (83,23%) foram submetidos à cirurgia eletiva (agendadas) e 28 (16,77%), à cirurgia de urgência. Como resultado, sete (4,2%) pacientes poderiam ter sido tratados em regime de cirurgia ambulatorial; 63 (37,8%), internados em hospital de média complexidade, sem CTI; 56 (33,5%), em hospital de média complexidade, com CTI e 41 (24,5%), em hospital de elevada complexidade. Assim, dentre as operações feitas no HC-FMRP, 75% poderiam ter sido realizadas em hospitais de médio porte.

Assim, por falhas da gestão clínica e do acesso, cerca de 60% dos pacientes foram encaminhados equivocadamente para o HC-FMRP e, além de perderem tempo e consumirem recursos para avaliação, parte não foram priorizados para cirurgia, ficaram na lista de espera, sujeitos a complicações (as HPA podem estrangular-se, ocasionando perda de parte do intestino e infecções). As HPA são tratadas nos hospitais de urgência, geralmente superlotados, com maiores riscos e custos, o que, habitualmente, gera insatisfação dos pacientes com o hospital e o SUS. Ainda, foi verificado que, quando tratadas na urgência, a mortalidade das herniorrafias foi dez vezes maior do que se tratadas mediante programação eletiva.

Segundo a pesquisa, o número de cirurgias para HPA para a população estudada – regional de saúde de Ribeirão Preto, somando os procedimentos realizados nos serviços públicos e de saúde suplementar – está dentro do esperado, cerca de 100 a 300 operações para cada 100.000 habitantes, o que revela a boa capacidade assistencial instalada. Todavia, para os pesquisadores a “ordenação do acesso deveria ser aprimorada com a adoção de Protocolos Clínicos e de Regulação”. Hoje, segundo os pesquisadores, o HC-FMRP tem mais de 250 pacientes esperando por uma cirurgia de hérnia abdominal, o que vale dizer que um paciente pode ficar nessa fila por um tempo de até dois anos.

Assim, acredita-se que, “com a aplicação efetiva do protocolo de acesso ao tratamento proposto, as listas de espera diminuiriam, pois cerca de 60% dos encaminhamentos para o HC-FMRP-USP poderiam ser direcionados para outros hospitais da RRAS XIII. Assim, os pacientes seriam operados mais precocemente, as hérnias não aumentariam de tamanho e complicações e os custos para os sistemas de saúde e previdência seriam minimizados”.

Segundo os pesquisadores, o Departamento Regional de Saúde de Ribeirão Preto, a DRS XIII, precisa conhecer a real necessidade de tratamento para HPA e a capacidade operacional dos hospitais da região. As listas de espera parecem ficar nos hospitais e não com os gestores que têm a atribuição de identificar os problemas de saúde da população, dimensionar a rede assistencial e ordenar o acesso com base na capacidade de resolução. “A destinação inadequada dada aos hospitais de médio porte na região é inaceitável, assim como os encaminhamentos equivocados para o HC-FMRP.

A rede de saúde da DRS XIII possui 25 hospitais que realizam tratamento das HPAs e foram responsáveis em 2008 e 2012, respectivamente, por 1697 e 1418 operações no sistema público e 1621 e 1652 operações no sistema suplementar. Como se trata de um número expressivo de intervenções cirúrgicas, os pesquisadores acreditam que o trabalho de mapeamento e tipificação dessas instituições de saúde, juntamente com a elaboração dos critérios de gravidade dos pacientes com HPA e a aplicação do protocolo clínico proposto, possam contribuir para o encaminhamento mais efetivo desses pacientes, levando em consideração as condições sociais, a gravidade da doença e do doente.

Hérnias
As hérnias são abaulamentos geralmente secundários à pressão exercida de maneira repetida e constante nos pontos de fraqueza da parede abdominal por onde órgãos do abdômen, sobretudo os intestinos, podem adentrar. O aparecimento das HPA pode estar associado, dentre outros fatores, ao tabagismo, ao uso crônico de corticoesteróides (medicamentos antiinflamatórios), e às condições que aumentam o esforço abdominal como as doenças pulmonares que evoluem com tosse crônica, a constipação intestinal e o aumento da próstata.

Foto: Adauto Nascimento

Mais informações: e-mail daniel_martone@yahoo.com.br

Poluição em São Paulo é 2,5 vezes maior que limite da OMS

Em 2011, a poluição do ar por material particulado fino (MP2,5) no Estado de São Paulo apresentou um nível médio 2,5 vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O resultado se baseia em informações sobre os níveis de poluição entre 2006 e 2011 e faz parte de pesquisa da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Saúde e Sustentabilidade, com participação da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O trabalho também aponta que no ano de 2011, houve cerca de 17 mil mortes e 68 mil internações de pacientes mais suscetíveis às doenças associadas à poluição, como câncer de pulmão, doenças respiratórias e problemas cardiovasculares, as quais geraram uma despesa de cerca de R$ 240 milhões para as instituições públicas e privadas de saúde do Estado.

O estudo teve a colaboração do professor Paulo Saldiva, da FMUSP. “O objetivo foi apresentar dados ambientais sobre a poluição por MP2,5 no Estado de São Paulo e avaliar os seus efeitos para saúde, mortalidade e adoecimento, bem como os gastos com internações devido a problemas ocasionados pelos poluentes”, afirma a médica Evangelina Vormittag, do Instituto Saúde e Sustentabilidade, que participou da pesquisa. “Cerca de 40% do MP na Região Metropolitana de São Paulo é emitido por veículos pesados movidos a óleo diesel. O restante vem da poeira, proveniente de aerossóis secundários e da ressuspensão de partículas, e da fuligem produzida pelas indústrias”.

Segundo a medica, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que possui estações de medição automática distribuídas em 29 municípios no Estado, mensurava apenas o MP de 10 micras (µ) até 2010. “A partir de 2011, duas estações passaram a medir o MP de 2,5 µ; para analisar os dados de 2006 a 2011, foi feito um cálculo convertendo os índices do MP de 10 µ em 2,5 µ”. De todas as 29 cidades do Estado que possuem estações de medição da Cetesb, 11 estão acima dos níveis de poluição da Capital. Os níveis são mais elevados na Baixada Santista e são equivalentes na Grande São Paulo e nas regiões de Jundiaí, Campinas, Sorocaba e Piracicaba.

Devido ao seu tamanho diminuto, o MP de 2,5 µ consegue chegar até os alvéolos pulmonares, causando maiores danos ao organismo. “A literatura médica aponta que este material está relacionado à ocorrência de câncer de pulmão e doenças respiratórias e cardiovasculares”, conta a médica. “Alguns cientistas afirmam que ele é capaz de passar dos alvéolos para a corrente sanguínea, provocando efeitos nocivos ao coração”.

Padrões de Qualidade do Ar
A OMS publicou em 2006 um guia estabelecendo parâmetros para a qualidade do ar nas grandes cidades, com patamares aceitáveis de poluentes. “No caso do MP de 2,5 µ, o limite anual tolerável é de 10 µ segundo a OMS. O nível máximo anual admitido pela Cetesb para o MP de 10 µ era de 150 microgramas, sem haver nenhum padrão estabelecido para o MP de 2,5 µ até 2012”, aponta a pesquisadora. Em 2013 o governo estadual promulgou o Decreto 59.113, para a mudança dos padrões, porém o documento não possui prazos estabelecidos para a adoção dos índices da OMS.

Do total das mortes registradas em 2011 no Estado de São Paulo (17 mil), 7.900 aconteceram na Grande São Paulo e 4.600 apenas na cidade de São Paulo. “Na capital paulista, o número é cerca de três vezes maior do que as mortes por acidentes ou câncer de mama, e seis vezes maior do que os casos de AIDS ou de câncer de próstata” ressalta Evangelina. ”Entre 2006 e 2011, houve um total de 100 mil mortes atribuíveis à poluição em todo o Estado”.

Em relação às doenças respiratórias, a médica lembra que elas atingem principalmente crianças e idosos com mais de 60 anos, enquanto as doenças cardiovasculares e o câncer afetam especialmente os adultos maiores de 40 anos de idade. “Os custos diretos com internações chegam a R$ 70 milhões no Estado (R$ 31 milhões na capital), no sistema público de saúde. Na rede privada e suplementar, o gasto é de R$ 170 milhões”.

Evangelina alerta que as políticas públicas relacionadas com a medição da qualidade do ar utilizam padrões altos, não associados a níveis aceitáveis para a saúde humana. “Os padrões atuais estão desatualizados e muito além dos níveis preconizados pela OMS, o que dificulta, do ponto de vista da saúde, a visualização da realidade dos fatos”, afirma. “Dados mais precisos são importantes para orientar medidas de combate à poluição e aumentar a qualidade de vida da população, como aconteceu na Cidade do México e em Bogotá, por exemplo”.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: (11) 3368-1110 / 4113-1110, com Elaine Alves, da Assessoria de Imprensa do Instituto Saúde e Sustentabilidade