A Copa do Mundo, além de reunir as melhores seleções de futebol do planeta para jogos em 12 cidades brasileiras, atraiu milhares de turistas de todos os continentes. O evento tem, de fato, a marca da integração e da sadia competição entre os povos, mas, por outro lado, resulta em um aspecto não tão saudável: é que os megaeventos aumentam a possibilidade de circulação de agentes infecciosos (vírus e bactérias) entre os países.
O aumento da circulação internacional de patógenos já é um fenômeno de nossos dias, impulsionado pela facilidade de mobilidade humana. Durante grandes eventos, esse fluxo é intensificado.
Leia MaisAlemão e Maré têm alto risco de doenças infecciosas
“Jacarezinho, Complexo do Alemão e Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, podem ser considerados como potenciais áreas de alto risco para o desenvolvimento de doenças infecciosas de veiculação hídrica. Isto se deve, principalmente, às condições socioeconômicas precárias em que as populações se encontram, a fragilidade destas áreas diante de eventos climatológicos extremos e a falta de equidade social no âmbito da saúde.” Os dados são da aluna do mestrado acadêmico em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Juliana Viana. O estudo analisou 11 Regiões Administrativas (RAs) inseridas na área de influência da Estação de Tratamento de Esgoto Alegria (ETE/Alegria). A pesquisa destacou ainda a Região Administrativa de Ramos como de alto risco para o desenvolvimento de doenças infecciosas. Neste caso, o Índice de Sensibilidade ao Risco (ISR) recebe influência principalmente do indicador epidemiológico, com destaque para o risco extremo associado ao número de casos de esquistossomose e leptospirose.
“No município do Rio de Janeiro, independente dos cenários das mudanças climáticas, o setor de saneamento encontra enormes desafios para universalização dos serviços e manutenção de padrões aceitáveis de qualidade, incluindo o atendimento das Metas do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU). Os sistemas de esgotamento sanitário são bons exemplos dessa dificuldade encontrada”, explicou a aluna. Segundo ela, a grandiosidade da escala dos sistemas de coleta e tratamento implantados, a falta de recursos necessários à sua operação e manutenção adequadas e as dificuldades decorrentes das alternativas tecnológicas adotadas associadas às especificidades da cidade, resultaram em enorme complexidade e vulnerabilidade, na gestão das águas urbanas.
Leia MaisEstudo da FSP mostra que trabalhar à noite possibilita maiores riscos à saúde
Motoristas de caminhão que atuam no horário noturno têm maiores chances de desenvolver problemas de saúde relacionados a obesidade e doenças cardiovasculares. Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, estudo da educadora física Elaine Cristina Marqueze, avaliou os horários de trabalho e tempo de duração de sono dos motoristas de uma empresa na cidade de São Paulo. Constatou-se que há diferenças significativas entre os que dirigem à noite e os que atuam durante o dia. A organização do trabalho dos caminhoneiros acaba os submetendo a longas jornadas de trabalho, altera a maneira como eles dormem e provoca importantes alterações metabólicas. Pesquisas recentes apontam, inclusive, que o trabalho noturno pode ser considerado um fator de risco independente para a obesidade, ou seja, que não depende de nenhuma outra variável, como alimentação ou exercício físico.
Em sua tese de doutorado Alterações cardiometabólicas e de sono em motoristas de caminhão, orientada pela professora Cláudia Roberto de Castro Moreno, Elaine monitorou 57 motoristas de caminhão. Destes, 26 eram do turno diurno, com horário regular de trabalho, e atuavam principalmente nos arredores da grande São Paulo. Os outros 31 faziam parte da equipe do período irregular, iniciavam seu turno a noite, e trabalhavam de acordo com a demanda, fazendo entregas para outras cidades e estados do Brasil.
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