Tag Archives: Projetos

Escola Politécnica da Fiocruz coordena formações em nível nacional em parceria com o MS

O conhecimento que a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) tem acumulado e produzido durante 39 anos ultrapassa as fronteiras geográficas de onde ela está localizada, no campus de Manguinhos. Um exemplo disso são três projetos de formação de trabalhadores que estão em andamento em diversos locais do país, realizados em parceria com o Ministério da Saúde. São eles o Projeto de Formação de Agentes Educadoras e Educadores Populares de Saúde na Amazônia Legal e Pantanal Sul Mato Grossense (AgPopSUS), o Projeto de Fortalecimento da Educação Profissional Técnica em Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) e o Curso de Educação Popular em Saúde (EdPopSUS).

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Inmetro anuncia projeto para descarbonização do transporte rodoviário. Projeto será desenvolvido em parceria com empresas do setor

O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) aprovou projeto para o desenvolvimento de um sistema de conectividade veicular com foco na redução das emissões de carbono para o transporte rodoviário. A iniciativa, anunciada nessa terça-feira (3), visa a auxiliar o desenvolvimento de tecnologias de descarbonização para o setor.

Chamado de Descarbonize.ai: Sistema Integrado para Análise, Monetização e Descarbonização do Tráfego Veicular, o programa vai aplicar nessa etapa R$ 18 milhões em projetos colaborativos entre instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) com empresas da cadeia automotiva e de tecnologia, a fim de gerar soluções de impacto e abrangência.

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Fiocruz lança primeiro edital no Brasil focado em saúde integral nas favelas

Em clima de celebração e de reconhecimento dos trabalhos, a Fiocruz realizou, nesta quarta-feira (20/12), o evento Favela produz saúde, na quadra da Mangueira, para apresentar resultados e lançar um novo edital do Plano Integrado de Saúde nas Favelas RJ, que prevê R$5,5 milhões para organizações sociais que atuem na promoção integral à saúde em favelas do estado. A chamada pública, para 2024, é o primeiro edital do Brasil com este foco. Em um dia de muitos debates, apresentações culturais e confraternização, estiveram reunidas lideranças dos projetos apoiados, representantes das instituições parceiras e da sociedade civil.

Uma articulação entre a Fiocruz, Alerj, UFRJ, PUC-RJ, Uerj, SBPC e Abrasco, o Plano beneficiou, até novembro deste ano, 325 mil pessoas em 90 projetos apoiados em 18 municípios, 136 favelas e territórios de periferias. Foram realizadas, neste ano, 135 visitas aos projetos em favelas, compactuando com uma estratégia participativa e de construção de diálogo e houve a distribuição de 400 toneladas de alimentos.

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Fiocruz lança chamada pública voltada a organizações sociais

A Fiocruz lança nesta quarta-feira (20/12), na quadra da Mangueira, uma chamada pública de R$ 5,5 milhões para as organizações sociais que mantêm projetos de promoção integral à saúde em favelas do Estado do Rio de Janeiro. É a primeira chamada pública com este foco específico e o investimento é mais um esforço do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, uma parceria da Fiocruz com UFRJ, Uerj, PUC-RJ, SBPC, Abrasco e Alerj que já distribuiu 400 toneladas em alimentos e impactou a vida de 325 mil pessoas desde 2021. O Plano deve ampliar sua base de atuação a partir do ano que vem, pois a Alerj aprovou, em 14 de dezembro, o orçamento do estado para 2024, destinando mais R$ 25 milhões ao projeto. O recurso aguarda liberação para ser executado. O evento contará com a participação dos ministérios da Saúde e dos Direitos Humanos e da Cidadania.

O lançamento do novo edital integra a programação do evento Favela produz saúde, que reunirá na quadra da Mangueira lidranças comunitárias de 90 organizações que integram o Plano, acadêmicos das universidades parceiras e representantes da sociedade civil para apresentar os resultados e entregas do projeto e priorizar as estratégias do planejamento para 2024. No evento será entregue o diploma de Direitos Humanos às 90 organizações apoiadas. O Plano Integrado de Saúde nas Favelas, a Fiocruz e o Ministério da Saúde receberão a Homenagem Maria Carolina de Jesus de Direitos Humanos pela iniciativa. Estão previstas também diversas apresentações artísticas e culturais: a Mangueira do Amanhã, juntamente com a rainha de bateria da verde e rosa, Evelyn Bastos; o Grupo Nós do Morro, com a presença do ator e diretor da instituição, Babu Santana; a cantora Marina Iris; a violonista Samara Líbano; o Centro de Cultura Popular da Baixada Fluminense; e outras.

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Projeto para detectar Sars-CoV-2 em superfícies é premiado

“Transformar uma ameaça invisível em um alvo visível”. Com esse slogan e o desafio de colocar no mercado um produto capaz de identificar e revelar a presença do Sars-CoV-2 em variadas superfícies, a startup Corona-Reveal, formada por cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi reconhecida com o segundo lugar na 3ª rodada do Programa Inova Labs, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A iniciativa visa capacitar pesquisadores para desenvolver produtos, serviços e processos inovadores, em busca de soluções para o Sistema Único de Saúde nas áreas de oncologia, emergências sanitárias e doenças negligenciadas.

À frente do projeto, Elen Mello de Souza, coordenadora do Programa de Estágios do IOC/Fiocruz e coordenadora de disciplina do curso de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto, celebrou o reconhecimento. “Eu quero agradecer a iniciativa do Programa Inova Labs por oportunizar a imersão de pesquisadores da Fiocruz nessa visão do empreendedorismo”, ressaltou.

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Fiocruz vai coordenar projeto da Unitaid em doença de Chagas

O Consórcio Chagas, liderado pela Fundação Oswaldo Cruz, através da Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec), firmará no dia 14 de abril, em meio às comemorações do dia Mundial da doença de Chagas, um convênio com a Unitaid para o projeto que visa eliminar a transmissão congênita da doença de Chagas em países endêmicos da América Latina. A iniciativa, que conta com o cofinanciamento do Ministério da Saúde do Brasil, tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a doença de Chagas, ampliando e melhorando o acesso ao diagnóstico, tratamento e atenção integral, por meio de estratégias terapêuticas melhoradas, tendo como foco a redução da transmissão congênita, considerada uma das principais vias de infecção da doença em todo o mundo. A transmissão do evento será pelo canal da Fiocruz no YouTube, a partir das 9h. Confira a programação.

Coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), o Projeto CUIDA Chagas – Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas é endossado pelos Ministérios da Saúde de Bolívia, Brasil, Colômbia e Paraguai, e compreende atores-chave no panorama da saúde pública de cada um dos quatro países que o compõe, contando ainda com apoio técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Segundo a investigadora principal do Consórcio Chagas e chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doença de Chagas do INI/Fiocruz, Andréa Silvestre, o projeto apresentará uma abordagem abrangente e integrada através de uma combinação entre pesquisa de implementação e protocolos de inovação, para chegar ao objetivo de contribuir para a eliminação da transmissão congênita da doença de Chagas.

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Seleções de projetos de pesquisa para aprimoramento do SUS estão abertas

O Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia, vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, seleciona projetos de pesquisas para o aprimoramento da saúde pública brasileira. O investimento é de 45,2 milhões de reais e será dividido entre as temáticas: doenças raras, alimentação e nutrição, cuidados à pessoa com deficiência, doenças transmissíveis e negligenciadas e uma específica para malária.

“As linhas de pesquisa elencadas nas chamadas públicas atendem as necessidades da Agenda de Prioridades de Pesquisa do Ministério da Saúde. Este documento foi construído para alinhar as prioridades atuais de saúde com as atividades de pesquisa científica, tecnológica e inovação e direcionar os recursos disponíveis para investimento em temas estratégicos para o SUS. A construção da agenda foi realizada em um processo participativo envolvendo todas as sete Secretarias do Ministério da Saúde”, destacou Camile Giaretta Sachetti, Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit/SCTIE/MS).

O prazo para a submissão dos trabalhos é até o dia 14 de outubro. Pesquisadores com o título de doutor ou livre docência e que sejam vinculados a Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação podem concorrer às chamadas públicas. As propostas a serem financiadas na chamada deverão ter o seu prazo máximo de execução de três anos.

“Queremos soluções práticas. Esse é um recurso destinado às pesquisas sobre doenças que interessam ao SUS. Buscamos soluções focadas em produtos dos quais o Brasil precisa, sobre as nossas doenças, nossa realidade”, afirma o Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Denizar Vianna Araújo.

Os resultados das pesquisas selecionadas serão apresentados aos gestores do Ministério da Saúde para que aprimorem as políticas públicas e que a sociedade tenha acesso a novas tecnologias em saúde.

Todos os projetos terão acompanhamento em três fases pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, para que melhor atendam os interesses do SUS.

As chamadas públicas estão disponíveis na plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), parceiro do Ministério da Saúde.

 

Chamada pública Investimento Limite para submissão de propostas Resultado
Chamada para fomento a inquérito sobre perfil de doenças raras no Brasil R$ 3,5 milhões 14/10/2019 05/12/2019
Chamada para fomento a pesquisas de prevenção, detecção e combate à Malária R$ 10,2 milhões
Chamada para fomento a pesquisas sobre doenças transmissíveis e negligenciadas R$ 24 milhões
Chamada para fomento a pesquisas sobre alimentação e nutrição R$ 4,5 milhões
Pesquisas para fortalecimento dos objetivos e diretrizes da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) R$ 3 milhões
Total: R$ 45,2 milhões    

Brasil constrói segunda maior câmera no mundo para observação astronômica

Nos próximos meses, o Observatório Astronômico de Javalambre (OAJ), na região de Aragão, na Espanha, iniciará um mapeamento do Universo observável a partir do hemisfério Norte durante quatro anos, com o objetivo de produzir um mapa tridimensional com centenas de milhões de galáxias, compreendendo um quinto de todo o céu do planeta.

Para isso, serão utilizados dois telescópios com grande campo de visão, sendo um menor – com espelho de 80 centímetros de diâmetro e uma câmera de 85 megapixels (milhões de pixels) acoplada – e um telescópio principal, com espelho de 2,5 metros de diâmetro, equipado com uma câmera de 1,2 gigapixel (bilhão de pixels), com capacidade de produzir imagens em 59 cores de cada estrela, galáxia, quasar, supernova e objeto do sistema solar observado.

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Novos desafios para a inovação

O ambiente brasileiro para iniciativas inovadoras melhorou nos últimos dez anos, do ponto de vista de alguns indicadores. As empresas, por exemplo, têm nas universidades e institutos de pesquisas parceiros importantes para a implementação de novos projetos.

Em São Paulo, cerca de 6% dos recursos que as três universidades públicas estaduais – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade de São Paulo (USP) – dedicam à pesquisa têm origem em contratos com o setor privado.

Nos Estados Unidos, a média de participação de recursos de empresas no total de investimentos em pesquisa de grandes universidades é de 6%. Comparadas com as universidades dos EUA, as três universidades paulistas estariam entre as 20 que mais recursos recebem de empresas para apoio à pesquisa. Os gastos públicos e privados com pesquisa e desenvolvimento (P&D) em São Paulo somam, atualmente, 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, percentual superior ao de Espanha, Itália ou Chile.

Apesar dos avanços, o desempenho inovador das empresas brasileiras ainda é baixo, com taxa de inovação de 35,7% – de acordo com a Pesquisa de Inovação (Pintec) 2011 –, percentual que, por fatores conjunturais, foi até inferior aos resultados da Pintec 2008, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou taxa de inovação de 38%.

Um grande desafio é a criação de ideias patenteáveis nas empresas, quesito no qual a indústria no Brasil e em São Paulo também mostra pouca competitividade. Em São Paulo, mesmo com o grande dispêndio em P&D feito por empresas, para cada mil pesquisadores empregados por empresas geram-se apenas cinco patentes registradas no país (Inpi), proporção que cai para 1,9 quando se contam as patentes no United States Patent and Trademark Office (USPTO).

No Reino Unido o mesmo número de pesquisadores em empresas gera 29 patentes nacionais e 36 no USPTO; na Coreia do Sul, cada grupo de mil pesquisadores de empresas gera 333 patentes no país para seus empregadores e 41 nos Estados Unidos; enquanto na Espanha mil pesquisadores empregados por empresas criam 47 patentes no país e 7 no USPTO.

Os entraves para a inovação foram pauta do encontro Inovar na Inovação, organizado pela FAPESP com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), que reuniu representantes de empresas, universidades, institutos de pesquisas e do governo do Estado de São Paulo em 31 de março, na sede da Fundação.

“Ainda estamos longe de poder transformar o conhecimento científico em melhor qualidade de vida para a população: faltam políticas públicas para isso”, constatou Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente do Conselho Superior da FAPESP.

O Brasil ainda carece de políticas públicas alinhadas a paradigmas da economia do conhecimento, avaliou Rodrigo da Rocha Loures, presidente do Conselho de Inovação e Competitividade da Fiesp, durante o encontro. “É preciso construir ambiente de confiança e de colaboração para romper estratégias da velha economia”, disse.

Modelos colaborativos, que promovam o empreendedorismo inovador, devem fazer parte da agenda das universidades, das empresas e do governo, sublinhou José Arana Varela, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.

Novos modelos de inovação

Os modelos de inovação inspiram-se, em sua grande maioria, em imagens matemáticas – modelos lineares, poligonais, de redes colaborativas e de concentrações – ou biológicas, como o da hélice tríplice, entre outros. “Em que pesem os avanços com o uso desses modelos, questiona-se a efetividade real dos mecanismos existentes e dos recursos aplicados para fazer da inovação um eixo estruturante do desenvolvimento econômico e social”, afirmou Ary Plonski, da Faculdade de Economia da USP.

“Há novas ideias-força em gestação”, sublinhou na palestra sobre Ecossistemas de Inovação. Uma delas é a de ecossistemas de inovação, que descreve a articulação “virtuosa” do amplo conjunto de atores e de recursos necessários para a implementação da inovação, envolvendo empreendedores, investidores, pesquisadores, universidades, investimento de riscos, assim como negócios e serviços relacionados a design, capacitação de pessoal, entre outros.

O exemplo mais conhecido de um ecossistema de inovação bem-sucedido é o Vale do Silício, na região de São Francisco, nos Estados Unidos, que reúne em uma mesma região condições para que startups e empresas de base tecnológica, fabricantes, principalmente, de circuitos eletrônicos, eletrônica e informática, cresçam com base em forte articulação, conectividade e cooperação entre atores.

A medicina também empresta modelo para a consolidação de ambientes inovadores. “A pesquisa translacional, instrumento originalmente utilizado em pesquisa médica, altera a velocidade entre a descoberta e a aplicação. Trata-se de uma forma de acelerar a eficiência de um processo, contribuindo para ampliar as experiências, a compreensão de doenças epidemiológicas e dos mecanismos básicos de doenças”, disse José Eduardo Krieger, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e pró-reitor de pesquisa da USP, na palestra sobre Pesquisa Translacional.

Nos últimos anos, a compreensão dos mecanismos básicos de doenças tem ganhado proeminência. Tanto que, atualmente, o medicamento mais vendido em todo o mundo está voltado ao combate do colesterol elevado – principal responsável por doenças circulatórias. “Nos últimos anos, a eficiência da pesquisa translacional cresceu e está chegando aos consumidores.” Demanda, porém, um ecossistema de conhecimento.

Bem público x bem privado

“Inovar é difícil”, ponderou Marcos Cintra, subsecretário de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo. Uma das dificuldades, disse, está na maneira como a inovação é compreendida e incorporada pelas políticas públicas.

“A inovação é um bem privado; tem taxa de retorno e beneficia dois agentes: produtor e consumidor, sem o envolvimento de terceiros. Mas existem projetos inovadores, com rentabilidade privada igual a zero, com alta rentabilidade pública e, portanto, alta externalidade, o que justificaria que fosse objeto de subsídio”, exemplificou durante a palestra Ambientes para a Inovação no Estado de São Paulo. No que se refere à inovação, emendou, o governo ainda tem problemas com a dicotomia entre bem público e privado.

Ele apontou três fatores essenciais à inovação: infraestrutura, capital humano e instituições. O Brasil está bem nos dois primeiros quesitos, mas, no que refere às instituições – marco legal e jurídico e governança –, “falhamos miseravelmente”. “O Estado não se transforma sem visão estratégica e, para avançar, é preciso ser radical” e não incorrer no erro de interpretar “números positivos como indicadores de desempenho.”

Em sua avaliação, é preciso superar a dicotomia entre bem público e privado e reformar instituições para criar um ambiente favorável à inovação. “O Estado deve contribuir com o compartilhamento de risco e de retorno, deixando de lado o preconceito contra o lucro, e definir aonde queremos chegar.” Ele informou que o governo paulista está realizando um diagnóstico de seus 21 institutos estaduais de pesquisa e vai elaborar um Plano de Ciência e Tecnologia que subsidiará projetos de desenvolvimento.

Experiências de sucesso

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, falou sobre iniciativas bem-sucedidas de colaboração entre a Fundação, universidade e empresas, dando como exemplo os programas Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE). “O PIPE foi criado em 1997 e já contemplou mais de 1.500 projetos de pesquisa desenvolvidos em pequenas empresas com até 250 empregados. É o único programa que prescinde do doutoramento para o líder do projeto”, sublinhou.

O PIPE tem quatro chamadas por ano e, antes do encerramento de cada uma delas, a FAPESP reúne potenciais interessados para esclarecimentos sobre as características do projeto, com o apoio da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). “Em 2013 foram contratadas 170 propostas, mais de três por semana”, afirmou Brito.

No âmbito do PITE, a FAPESP e a empresa, em parceria, selecionam e apoiam o desenvolvimento de projetos de pesquisa. “Há uma clara tendência de mudança de expectativa. Há 10 anos, os projetos tinham prazo de dois anos e objetivos, em geral, limitados. Há cinco anos, as empresas passaram a solicitar projetos de cinco anos, com mais riscos. Nos últimos dois anos a FAPESP começou a ser procurada para fazer algo mais ousado. Foi aí que surgiram os centros de pesquisa em engenharia com projetos de 10 anos de duração”, afirmou Brito Cruz.

No final de 2013, foi aprovado o financiamento para o Centro de Pesquisa em Engenharia “Prof. Urbano Ernesto Stumpf”, voltado à pesquisa sobre motores a combustão movidos a biocombustíveis, em parceria com a Peugeot Citroën Brasil (PCBA). O investimento será de cerca de R$ 32 milhões por um período de 10 anos, sendo R$ 8 milhões da FAPESP, R$ 8 milhões da PCBA e aproximadamente R$ 16 milhões em despesas operacionais e salários pagos pelas universidades participantes. O centro reunirá pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, da Escola Politécnica da USP, do Instituto Mauá de Tecnologia e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Também estão firmados acordos semelhantes com a GlaxoSmithKline Brasil (GSK) – de R$ 16 milhões, divididos entre a FAPESP e a empresa, além de valor idêntico a ser aportado pela universidade que sediará o Centro de Excelência para Pesquisa em Química Sustentável – e com a Natura, no valor de R$ 20 milhões mais o aporte da universidade, para a instalação de um Centro de Pesquisa Aplicada em Bem-Estar e Comportamento Humanos.

A estratégia de inovação adotada em Florianópolis foi apresentada por José Eduardo Fiates, diretor de Inovação da Fundação Certi, em Santa Catarina. Ele descreveu o modelo de atuação do Sapiens Parque S.A., complexo que reúne empreendimentos de ciência e tecnologia, educação e cultura, saúde e biotecnologia, esporte e lazer, turismo, comércio e entretenimento, do qual é diretor executivo, e da CVentures Empreendimentos Inovadores e Participações S.A.

Em sua apresentação, pontuou o que considera equívocos nas políticas públicas para a inovação. “É comum focar nos meios e não nas empresas. Isso acaba por gerar empresas bonsai [técnica japonesa que replica árvores em miniatura], quando precisamos de empresas competitivas, de nível global. Deveríamos ser radicalmente estáveis em políticas públicas e, do lado dos executores, permanentemente ousados e radicais.”

Empreendedorismo inovador

Instituições de excelência, como o ITA, em São José dos Campos, também estão reavaliando sua estrutura de ensino para formar engenheiros e empreendedores capacitados para competir em ambiente global. “Não existe um modelo copiável”, disse Carlos Américo Pacheco, reitor do ITA. Ele citou propostas alternativas como a do CDIO (Conceive/Design/Implement/Operate), concebida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), ou a do Franklin W. Olin College of Engineering, também nos Estados Unidos, que adotam estratégias de ensino baseadas em projetos, equipe e requisitos, entre outros.

“Nosso objetivo é criar uma geração de engenheiros inovativos e empreendedores. No primeiro semestre do curso do ITA, introduzimos desafios por grupos, o que inclui projetos. O aluno tem que resolver a base científica do problema”, exemplificou. Também está prevista no instituto a criação de um Centro de Inovação, de forma a permitir que a escola incorpore iniciativas empreendedoras dos alunos e promova a interface entre universidade e empresa. “Queremos despertar a paixão dos alunos por um assunto científico da engenharia e que irá definir o seu caminho.”

Para consolidar uma iniciativa de classe mundial, o empreendedorismo precisa de apoio. O fundo Pitanga de venture capital, criado por fundadores da Natura e do Itaú Unibanco e administrado pelo biólogo Fernando Reinach, ex-diretor da Votorantim Novos Negócios, avaliou 800 projetos antes de apostar na I.Systems, empresa de desenvolvimento de softwares de automação industrial criada por quatro estudantes graduados em Engenharia da Computação e em Matemática da Unicamp e que, na fase de desenvolvimento de protótipos, contou com o apoio do PIPE da FAPESP.

Passado o primeiro ano, que Reinach qualificou como período de “teste”, o fundo Pitanga decidiu permanecer na empresa. “Nosso objetivo é fazer uma empresa que pudesse ficar do tamanho daquelas construídas pelos sócios do fundo”, afirmou Reinach durante a palestra Jump$tarting Empresas Inovadoras. “Mas a tecnologia e o conhecimento científico foram gerados antes de entrarmos na empresa.”

O apoio a iniciativas de empreendedorismo também foi tema de apresentação de Cassio Spina, diretor da Anjos do Brasil, rede de investidores-anjos criada com o objetivo de oferecer ao empreendedor uma “saída para o mercado”.

Luiz Eugênio Mello, diretor do Instituto Tecnológico Vale, falou durante o encontro sobre o papel da grande empresa inovadora nas cadeias de valor e Joel Souza Dutra, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, sobre os jovens frente ao empreendedorismo e à inovação.

As palestras foram mediadas por Pedro Wongtschowski, membro do Conselho de Administração da Ultrapar e do Comitê Gestor da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI-CNI) e presidente do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), e por Désirée Moraes Zouain, coordenadora de projetos do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP e coordenadora científica do Projeto do Parque Tecnológico de Sorocaba. Participaram do evento representantes de agências de inovação, de incubadoras e de empresas como Braskem, Peugeot Citroën, Natura, GSK, entre outras.