Assado de curimatã. Caribé de beiju. Quiampira misturado com tucupi. Mingau de abacaxi. Chá para o pós-parto. Receitas indígenas tradicionais da região amazônica, preservadas pela oralidade, de geração a geração. Em novembro de 2019, uma equipe da Fiocruz ministrou oficinas nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e de Tabatinga, na região de fronteira entre Brasil e Colômbia. O foco: parteiras que resguardam receitas como essas, aliadas preciosas no combate à insegurança alimentar de bebês e de suas mães.
Durante as oficinas, as mulheres foram orientadas sobre como usar aparelhos celulares — doados pelo projeto — para registrar essas e outras receitas, e compartilha-las com as novas gerações. O resultado de parte desse trabalho pode ser visto no canal do YouTube da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, na série Receitas para grávidas, puérperas e bebês da floresta.
As gravações são um dos frutos do projeto Segurança Alimentar e Nutricional no Âmbito da Unasul, da pesquisadora Angélica Baptista Silva, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), e que contou com apoio técnico de Pauliran Freitas, cinegrafista da VideoSaúde, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz).
O projeto de Angélica, que teve apoio do CNPq, é robusto, e envolveu ações como avaliação de redes de telessaúde e atividades para o fortalecimento da assistência à mulher e à criança, nas redes de serviços de saúde dos povos das florestas. As oficinas com as parteiras foram uma dessas atividades.
“Queríamos preservar a memória nutricional dessa população, usando a tecnologia para fortalecer uma tradição que pode fazer muita diferença na saúde das famílias”, explica a pesquisadora. “Temos visto, nos últimos anos, um crescimento enorme no consumo de alimentos ultraprocessados pela população indígena. A insegurança alimentar e a mortalidade infantil entre os índios são altíssimas. O uso de ingredientes locais, da própria floresta, em receitas tradicionais, foi se perdendo. Seu resgate pode ajudar muito na nutrição de crianças pequenas e de suas mães. Queríamos aproveitar o saber das parteiras, que tradicionalmente são as guardiãs dessa culinária.”
Nos vídeos da série as parteiras indígenas, muitas delas idosas, orientam jovens mães a cuidar melhor de si e de seu bebê, até que completem um ano. São mulheres das etnias Baré (a maioria delas), Tariana e Tukanos.
“Buscamos trabalhar em duplas nas oficinas. Enquanto uma mulher filmava, outra cozinhava”, explica Pauliran Freitas. “Foi uma experiência muito marcante. Uma das participantes nunca tinha visto um celular. Mas todas se revelaram muito animadas com a atividade. Busquei adaptar as orientações de gravação ao seu universo, mostrando, por exemplo, como aproveitar a luz natural”.
Durante o projeto, a equipe realizou “atividades de educação permanente junto aos profissionais de saúde da Atenção Básica e parteiras. Também foram fornecidas orientações sobre alimentação para grávidas e mães com crianças acompanhadas pelo serviço de puericultura nas áreas indígenas do estado do Amazonas, onde há pontos de telessaúde”.
Para assistir todos os vídeos do projeto, que estão disponibilizados na playlist do canal do YouTube da VideoSaúde Distribuidora. https://www.youtube.com/watch?v=abnJCvOWVjE#action=share
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Brasil e Reino Unido avançam em pesquisas conjuntas sobre clima
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Pesquisadores brasileiros e britânicos têm sobrevoado a Amazônia desde setembro de 2012, usando equipamentos avançados para investigar como as queimadas na região alteram o clima local e de todo o planeta.
Eles participam do projeto South American Biomass Burning Analysis (Sambba), uma das iniciativas da Rede Brasil-Reino Unido de Investigação da Composição da Atmosfera da Amazônia apresentadas pelos professores Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), e Gordon McFiggans, da University of Manchester, no painel sobre mudanças climáticas da FAPESP Week London 2013.
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