Tag Archives: Profissionais de saúde

Surto de Marburg na Tanzânia coloca OMS em alerta; entenda doença

Das seis pessoas infectadas, cinco morreram

No início da semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou a seus Estados-membros sobre um possível surto de infecção pelo vírus Marburg na região de Kagera, na Tanzânia. No dia 10 de janeiro, os primeiros casos suspeitos da doença no país foram reportados à entidade – seis pessoas infectadas, sendo que cinco delas morreram.

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Fioflix chega a 500 filmes disponíveis e lança seção semanal de resenhas

A Plataforma de Filmes em Acesso Aberto da Fiocruz, a Fioflix, alcançou a marca de 500 obras audiovisuais disponíveis gratuitamente. O acervo, lançado há três anos e acessado por milhares de telespectadores mensalmente, reúne obras sobre temas de saúde coletiva, ciência e tecnologia e compõe uma das mais completas e diversificadas plataformas audiovisuais públicas sobre temas de saúde no Brasil. 

Para celebrar o número, a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, em parceria com a Agência Fiocruz de Notícias (AFN), lança uma seção semanal de resenhas sobre as principais produções disponíveis na Plataforma, vinculada ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz). A meta é oferecer ao público um retrato detalhado de filmes com temas da saúde coletiva e de ciência. A primeira resenha é sobre o título Sala Lilás, uma das cinco produções entre as novidades e lançamentos. Novos textos serão divulgados às quintas-feiras. 

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Saúde atualiza gestores e profissionais. sobre normas em vacinas. Evento será feito pelo canal da Secretaria de Vigilância em Saúde

Gestores e profissionais de saúde participam nesta sexta-feira (5) de capacitação sobre normas e procedimentos em vacinação. A proposta, de acordo com o Ministério da Saúde, é atualizar e disseminar orientações pertinentes às atividades de imunização e aos procedimentos técnicos adotados nas salas de vacinação.

Durante o evento, a pasta deve apresentar a 2ª edição do Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. A programação conta ainda com palestras e debates sobre recomendações referentes à notificação, investigação e conduta preventiva frente à ocorrência de erros de imunização.

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Vacinação contra a gripe começa nesta terça-feira no DF. Campanha foi antecipada devido ao período de maior circulação do vírus

O Distrito Federal inicia nesta terça-feira (19) a vacinação contra gripe. De acordo com a Secretaria de Saúde, 125 pontos vão ofertar a dose – incluindo a Rodoviária do Plano Piloto. A lista completa com endereços e horários de funcionamento pode ser acessada aqui.

A unidade federativa é a primeira a iniciar a imunização contra a gripe este ano. A campanha nacional está prevista para começar no próximo dia 25. O Distrito Federal recebeu, ao todo, 100,5 mil doses, do lote inicial enviado pelo Ministério da Saúde.

Em nota, a Secretaria de Saúde destacou que a antecipação tem como objetivo imunizar o maior número de pessoas, “tendo em vista que estamos vivenciando um período de maior circulação dos vírus”.

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Brasil tem 546 mil médicos; proporção é de 2,56 por mil habitantes. Número cresceu, mas há desigualdade na distribuição dos profissionais

O Brasil contabiliza, atualmente, 546 mil médicos ativos, uma proporção de 2,56 profissionais por mil habitantes. O número, segundo registros dos conselhos regionais de Medicina, mais que dobrou nos últimos 20 anos. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), o crescimento acelerado do número de escolas médicas e de vagas na última década levou a um aumento sem precedentes no número de profissionais no país.

“Mantendo-se o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos, em 2028, o país contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE)”, avaliou o conselho.

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Covid-19: Estudo avalia condições de trabalho na Saúde

Há mais de um ano atuando na linha de frente contra a Covid-19, os profissionais da área da Saúde estão esgotados. E essa exaustão advém não só da proximidade com o elevado número de casos e mortes de pacientes, colegas de profissão e familiares, como também das alterações significativas que a pandemia vem provocando em seu bem-estar pessoal e vida profissional. De acordo com os resultados da pesquisa Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19, realizada pela Fiocruz em todo o território nacional, a pandemia alterou de modo significativo a vida de 95% desses trabalhadores. Os dados revelam, ainda, que quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial de saúde, com jornadas para além das 40 horas semanais, e um elevado percentual (45%) deles necessita de mais de um emprego para sobreviver.

O mais amplo levantamento sobre as condições de trabalho dos profissionais de saúde desde o início da pandemia avaliou o ambiente e a jornada de trabalho, o vínculo com a instituição, a vida do profissional na pré-pandemia e as consequências do atual processo de trabalho envolvendo aspectos físicos, emocionais e psíquicos desse contingente profissional.

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Profissionais de saúde que lidam com iminência da morte necessitam de formação diferenciada

Pesquisa aponta importância de preparação ética para aqueles que trabalham com cuidados paliativos

Com o envelhecimento da população brasileira e o avanço da medicina na manutenção da qualidade da vida, a presença de uma equipe preparada para atuar em situações de doenças crônicas que têm risco de morte tornou-se cada vez mais necessária. A pesquisadora Carolina Becker elaborou sua tese de doutorado sobre os profissionais dessa área buscando entender quais os problemas éticos vivenciados pelos chamados paliativistas e qual a sua diferenciação para os demais que atuam na saúde. Os dilemas detectados fizeram com que considerasse a necessidade de uma formação com fundamentos éticos e bioéticos que capacite esses profissionais a lidarem com as complexidades exigidas no cotidiano da profissão.

Os cuidados paliativos, como são chamados, foram definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. Segundo Becker, todos da área de saúde podem realizar medidas paliativas. “Vários profissionais de áreas afins aos cuidados paliativos, como por exemplo os que trabalham na oncologia, geriatria/gerontologia já têm, geralmente, bom nível de conhecimento e habilidades para atuar nese ramo. Há, ainda, aqueles que são especializados, e que contribuem no atendimento de pacientes com maior complexidade”, acrescenta Carolina.

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Exposição à violência no trabalho pode causar depressão em profissionais de saúde

Violências de vários tipos, sofridas durante o exercício da atividade profissional, estão provocando depressão entre os profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF), principal programa de atenção básica do Ministério da Saúde.

Uma pesquisa realizada junto a 2.940 integrantes da ESF no município de São Paulo constatou que formas de depressão leves a moderadas afetavam 36,3% desses profissionais e depressões mais graves acometiam outros 16%. No total, 52,3% dos entrevistados, englobando agentes comunitários de saúde, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos, estavam sofrendo de algum tipo de depressão por ocasião do inquérito.

A informação foi veiculada no artigo “Violence at work and depressive symptoms in primary health care teams: a cross-sectional study in Brazil”, assinado por Andréa Tenório Correia da Silva, Maria Fernanda Tourinho Peres, Claudia de Souza Lopes, Lilia Blima Schraiber, Ezra Susser e Paulo Rossi Menezes, publicado na revista Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology.

O estudo foi realizado no âmbito do projeto “Esgotamento profissional e depressão em profissionais da estratégia saúde da família do município de São Paulo”, coordenado por Paulo Rossi Menezes, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e apoiado pela FAPESP [http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/132584/esgotamento-profissional-e-depressao-em-profissionais-da-estrategia-saude-da-familia-do-municipio-de/].

Na amostra investigada foram contabilizados os seguintes percentuais de exposição à violência durante o exercício da atividade profissional nos 12 meses anteriores às entrevistas: insultos (44,9%), ameaças (24,8%), agressão física (2,3%), testemunhar violência (29,5%).

Segundo o coordenador, a ideia de fazer essa pesquisa começou a tomar corpo cerca de 10 anos atrás, a partir da observação pessoal de Andréa Tenório Correia da Silva.

“Na época, ela trabalhava como médica de família em uma equipe da ESF em São Paulo e percebeu que os agentes comunitários que participavam de sua equipe estavam muito estressados. Elegendo como tema a saúde mental desses profissionais, Andréa desenvolveu seu mestrado, com a minha orientação. No curso de sua pesquisa, usando um questionário padrão, percebemos, para nossa surpresa, que uma proporção muito grande apresentava sintomas de depressão e ansiedade. A partir disso, elaboramos o projeto, financiado pela FAPESP, que gerou o trabalho atual”, disse Menezes à Agência FAPESP.

A Estratégia de Saúde da Família é considerada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um modelo de atenção primária à saúde para países de renda média ou baixa. No Brasil, seus 320 mil trabalhadores prestam assistência a mais de 118 milhões de pessoas espalhadas pelo território nacional. E um indicador de seu êxito é que ele vem sendo copiado por outros países, como a África do Sul e o Peru.

“O grande diferencial da ESF é que, além de atender nas unidades básicas de saúde (UBS), cada equipe vai às comunidades, faz visitas domiciliares e assume a responsabilidade pela saúde dos moradores de uma determinada região”, afirmou Menezes.

Mas esse contato íntimo com a população, que constitui o maior mérito da ESF, é também o fator que expõe seus profissionais a vários episódios de violência no trabalho. “Durante as visitas à comunidade, pode ocorrer de os agentes do PSF serem insultados, ameaçados ou até agredidos pelas pessoas que vão atender, ou por outros moradores, que também fazem parte de sua clientela. Além disso, é comum esses profissionais presenciarem cenas de violência praticadas contra terceiros”, informou o pesquisador.

Alvo de frustrações

Os motivos são fáceis de entender. Em um contexto conflituoso, com múltiplas causas para insatisfação, é comum que o descontentamento seja direcionado contra qualquer pessoa que ocupe posição associada com autoridade. Embora os trabalhadores da ESF estejam lá para atender a população, eles podem se tornar eventualmente alvos das frustrações dessa mesma população.

“A variável ‘presenciar violência’ foi uma novidade incorporada por nossa pesquisa. Foi, provavelmente, a primeira vez que se mediu essa variável em uma enquete sobre violências sofridas por profissionais de saúde”, disse Menezes.

Como constatou a pesquisa, essa exposição reiterada à violência pode levar a um quadro depressivo passageiro ou mesmo a uma depressão duradoura, de intensidade leve, moderada ou grave.

“Os critérios atuais utilizados para o diagnóstico de depressão, como, por exemplo, os adotados pela CID 10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), da Organização Mundial da Saúde, estabelecem uma tipologia com base na conjunção de uma série de sintomas, como alteração do humor, alteração do sono, alteração do apetite, dificuldade de concentração, sentimento de culpa, perda de autoestima ou pensamentos suicidas”, disse Menezes.

Esses critérios, ele sublinha, não classificam como sofrendo de depressão um grande número de indivíduos que apresentam sintomas mais leves ou em menor número, mas que interferem significativamente na vida dessas pessoas.

Como os trabalhadores da ESF são indivíduos “concretos” – sujeitos, portanto, a múltiplas determinações –, os pesquisadores procuraram isolar as causas decorrentes do estresse profissional de outros fatores de risco para depressão também comumente experienciados pela população.

“A população em geral está sujeita a episódios depressivos. E há evidências bem estabelecidas de que as mulheres têm mais chance de apresentar depressão que os homens, os adultos de idade intermediária mais do que os jovens ou os idosos, os solteiros ou separados mais do que os casados”, ele diz.

As pessoas com menor poder econômico também apresentam, proporcionalmente, mais depressão do que aquelas com maior poder econômico, assim como as pessoas com menor escolaridade, em comparação com aquelas com maior escolaridade, completa.

“Às condições de vida associa-se um fator importante, chamado ‘evento de vida estressante’, como a morte ou doença de um parente ou amigo, o fim de um relacionamento, a perda do emprego, ficar preso ou presa no alagamento durante as chuvas de verão etc. Quando fizemos nossa análise, nós isolamos o efeito desses outros fatores, para examinar especificamente a relação entre exposição à violência no trabalho e depressão”, explicou Menezes.

“Comparando com dados de um recente estudo sobre transtornos mentais na Grande São Paulo, o ‘São Paulo Megacity Mental Health Survey’, também financiado pela FAPESP , percebemos que a prevalência de transtornos depressivos entre os profissionais da ESF é praticamente o dobro daquela observada na população em geral. Ou seja, os profissionais de saúde estão com muito mais casos de depressão do que a população à qual eles têm que prestar cuidados”, ressaltou Menezes.

Segundo o pesquisador, a maioria dos entrevistados que apresenta sintomas de depressão ainda não foi diagnosticada e, portanto, não recebe cuidados de saúde adequados. E uma das consequências desejáveis de seu estudo seria conscientizar os gestores dos serviços de saúde sobre a importância de elaborar programas de atenção à saúde mental desses profissionais.

A investigação, coordenada por Paulo Rossi Menezes, nomeada pelo acrônimo Pandora (de “Panorama of Primary Health Care Workers in São Paulo, Brasil”), gerou um grande volume de informações sobre condições de trabalho e saúde mental dos profissionais da ESF, e novas análises estão sendo realizadas, para auxiliar no desenvolvimento de programas e políticas para a saúde mental desses profissionais.

Inscrições abertas para cursos a distância da Escola Nacional de Saúde Pública

Estão abertas as inscrições para diversos cursos da Escola Nacional de Saúde Pública(Ensp/Fiocruz) na modalidade a distância. Entre as oportunidades estão a especialização em gestão de redes de atenção à saúde, com 860 vagas destinadas a moradores dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Região Sul e o curso de especialização saúde do trabalhador e ecologia humana, que oferece 260 vagas para o Estado de São Paulo.

Outras 2,5 mil vagas estão abertas para pessoas de todo o Brasil. O curso de aperfeiçoamento: envelhecimento e saúde da pessoa idosa, oferece 1,5 mil vagas, já o curso de atualização em fortalecimento de redes de atenção e prevenção à violência no território, tem 1 mil vagas disponíveis. As inscrições, que se encerram em datas diferentes, devem ser feitas pela internet.

Para conhecer o conteúdo dos cursos, prazos e exigências para inscrição, acesse os editais no Informe Ensp.

Estudo avalia sensibilidade de protocolo na detecção de autismo

Um estudo em andamento no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) busca avaliar se um instrumento conhecido como Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI) pode ajudar profissionais de saúde da atenção básica a identificar sinais iniciais associados a transtornos do espectro do autismo (TEA).

Resultados preliminares da pesquisa, coordenada pelo professor do IP-USP Rogerio Lerner no âmbito de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), foram apresentados durante o I Seminário de Pesquisas sobre Desenvolvimento Infantil, realizado em março na FAPESP .

“Os resultados são bastante promissores no sentido de indicar a sensibilidade do IRDI a quadros de autismo. Nossa amostra ainda é pequena, mas estamos trabalhando para aumentá-la”, afirmou Lerner.

O protocolo IRDI foi desenvolvido entre os anos de 2000 e 2008 pela equipe multicêntrica de especialistas que integraram o Grupo Nacional de Pesquisa (GNP). Coordenada pela professora do IP-USP Maria Cristina Machado Kupfer, a pesquisa foi realizada a pedido do Ministério da Saúde e contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da FAPESP.

Com base em pressupostos teóricos psicanalíticos sobre a constituição psíquica de crianças com até 36 meses, o grupo desenvolveu e validou 31 indicadores clínicos para a detecção de sinais iniciais de problemas psíquicos do desenvolvimento infantil observáveis nos primeiros 18 meses de vida.

“O IRDI foi requerido pelo Ministério da Saúde para ser incorporado na caderneta da criança e servir de apoio a pediatras e demais profissionais da atenção básica nas consultas de puericultura. Foram listados 31 indicadores de saúde, que expressam situações favoráveis ao desenvolvimento do bebê. A ausência de um ou mais indicadores pode sinalizar problemas de desenvolvimento”, explicou Lerner.

O protocolo é um dos instrumentos presentes nas Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo do Ministério da Saúde, acessível pelo link http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/viver-sem-limite/nova-cartilha-2013.

O instrumento é composto por itens que podem ser observados e obtidos por meio de perguntas como: “A criança procura ativamente o olhar da mãe?”, “A criança reage (sorri, vocaliza) quando a mãe ou outra pessoa se dirige a ela?” e “Durante os cuidados corporais, a criança busca ativamente jogos e brincadeiras amorosas com a mãe?”.

Embora o IRDI tenha sido concebido visando ao contexto de promoção universal da saúde e não tenha a finalidade de diagnosticar uma doença específica, esta pesquisa do IP-USP (uma dentre várias envolvendo o instrumento) busca verificar se ele teria sensibilidade para discriminar quadros de autismo, o que seria vantajoso do ponto de vista de saúde pública, afirmou Lerner.

“Temos instrumentos específicos para o diagnóstico de autismo, mas, se pensarmos em escala populacional, é melhor ter instrumentos inespecíficos com sensibilidades conhecidas. Imagine a dificuldade de aplicar em uma população de 200 milhões de habitantes um instrumento diferente para cada condição que pode acometer a criança”, ponderou.

Grupo de risco

Até agora os pesquisadores da USP aplicaram o protocolo em um grupo de 40 crianças de até 18 meses – sete consideradas com risco de autismo em decorrência de aplicação de um instrumento para tal rastreamento e 33, do grupo controle.

“A ideia é verificar se o instrumento é capaz de destacar as crianças com risco de autismo das demais. Nós buscamos avaliar irmãos de crianças que já têm o diagnóstico, pois a doença é de alta herdabilidade. A chance de nascer um bebê com o transtorno em uma família que já tem uma criança com autismo pode chegar a 20 vezes à de uma família sem casos anteriores”, explicou Lerner.

A pesquisa vem sendo realizada em unidades da Secretaria Municipal de Saúde de Embu, no Hospital Universitário da USP, no Ambulatório de Autismo do Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, no Centro de Referência da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Cria-Unifesp) e em 13 Centros de Atenção Psicossocial à Infância (Capsi) do município de São Paulo.

“Os resultados são ainda preliminares, mas muito promissores. Temos observado que, quando a criança apresenta um risco que não é relacionado ao desenvolvimento de autismo no futuro, ela tem pouco indicadores ausentes. Quando o risco está associado a um quadro de autismo, o número de indicadores ausentes é muito maior”, contou Lerner.

O pesquisador ressaltou, no entanto, que a amostra avaliada ainda não é suficiente para mensurar em termos estatísticos um índice de sensibilidade do instrumento. O objetivo do grupo é aplicar o IRDI em pelo menos 30 crianças com risco de autismo.

Ainda segundo Lerner, a pesquisa também teve o objetivo de usar o IRDI para sistematizar uma proposta de educação permanente de profissionais de enfermagem de unidades básicas de saúde e agentes comunitários do então Programa de Saúde da Família (PSF) – atualmente Estratégia Saúde da Família (ESF) – para a detecção, em consultas de rotina, de sinais iniciais de problemas do desenvolvimento.

“A reação desses profissionais de saúde ao IRDI tem sido muito boa. Eles referem que o protocolo ajudou a entender sinais que já observavam, mas não conseguiam dar significado, pois não compreendiam a importância deles para o desenvolvimento infantil. Quando o profissional tem esse conhecimento, adquire condições de fazer uma orientação para o desenvolvimento do bebê”, disse Lerner.

A ideia, segundo o pesquisador, é que, caso seja detectado um sinal inicial de problema, uma avaliação mais aprofundada seja feita pelo profissional da atenção básica. Se for observada uma condição adversa ao desenvolvimento do bebê, a família deve ser encaminhada para uma intervenção precoce. “Não é preciso chegar a um diagnóstico consolidado para iniciar a intervenção”, defendeu Lerner.

Parte dos dados levantados até o momento foi divulgada em artigos publicados nas revistas Psicologia: Ciência e Profissão e Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental.