Publicado em maio 8, 2014 por gizele
Na segunda-feira (5/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou emergência sanitária mundial diante do risco de contágio da poliomielite. A iniciativa ocorreu depois que foram detectados casos em mais de uma dezena de países. No Brasil, o último caso da doença transmitido por um poliovírus selvagem foi registrado em 1989, duas décadas após o início da política de vacinação contra a poliomielite. Para manter essa lembrança no passado, o Brasil desempenha atividades permanentes de vigilância virológica. Referência nacional no tema junto ao Ministério da Saúde e referência para a região das Américas junto à OMS, o Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) decidiu colocar a genética em campo: os cientistas sequenciaram a última linhagem selvagem de poliovírus a circular no Brasil. Assim, têm em mãos uma sequência genética que pode servir como elemento de comparação para facilitar o esclarecimento de casos que possam ressurgir no futuro. A estratégia é especialmente relevante num momento em que o país se prepara para receber visitantes de todos os cantos do mundo durante os grandes eventos internacionais que se aproximam.
Quando o assunto é uma possível reemergência da paralisia infantil, dois caminhos preocupam os cientistas. O primeiro é a possibilidade de, com tantas viagens intercontinentais, o vírus pegar carona na intensa circulação de pessoas. O segundo é bem mais complexo: como a vacina mais comum na atualidade é baseada em um vírus atenuado, é comum que os indivíduos imunizados excretem os vírus pelas fezes. A característica é positiva para o efeito de imunização do conjunto da população pois, ao entrar em contato com crianças não vacinadas, em áreas com saneamento básico precário, por exemplo, o vírus atenuado acaba provocando a imunização de um maior número de indivíduos. Ao mesmo tempo, porém, existe o risco de que este vírus vacinal atenuado sofra mutações que o tornem neurovirulento.
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