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Municípios e estados têm até esta sexta para retomar obras de saúde

Objetivo do ministério é reiniciar obras no setor em todo o país

Gestores estaduais e municipais têm até esta sexta-feira (17) para regularizar e assinar o Termo de Repactuação para Retomada de Obras na Saúde (TRR). O objetivo, de acordo com o Ministério da Saúde, é garantir a retomada das obras no setor em todo o país. A previsão inicial era que o prazo fosse encerrado no último dia 3.

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Médico do HU-UFGD explica o que é parto humanizado

Dentro de um cenário em que o Brasil chegou a ser apontado como o “campeão mundial” em número de cesarianas, a preocupação com a “epidemia de cesáreas” levou as autoridades de saúde a lançar programas para o estímulo ao parto normal e consequente redução do número de nascimentos pela via cirúrgica.

Os números oficiais confirmam a necessidade de uma mudança, pois o índice de cesarianas no Brasil ultrapassa os 50% (chegando a mais de 80% na rede particular), enquanto o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%.

Junto com os programas e campanhas do próprio Ministério da Saúde, surgem também a discussão acerca de todo o modelo de atenção ao nascimento e ao parto e o movimento pela humanização do atendimento.

No Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), várias iniciativas têm sido implementadas. Um exemplo é o projeto “Para uma vinda bem-vinda”, desenvolvido em conjunto com o curso de Psicologia da UFGD, e que consiste na visita guiada às instalações da Maternidade, com informações e esclarecimentos, tanto sobre a instituição quanto sobre o parto em si e os primeiros cuidados com a saúde da mãe e do bebê (saiba mais).

Defensor das boas práticas preconizadas pela Política Nacional de Humanização da Saúde, o médico Matheus Goudinho Gonçalves, obstetra do HU-UFGD, explica em linguagem simples e direta alguns conceitos relativos à humanização, e aponta o respeito à mulher como ponto fundamental para garantir um bom atendimento.

1 – Parto Humanizado é um termo que tem se tornado cada vez mais comum ao longo dos últimos anos. No entanto, não é um conceito muito fácil de explicar, sobretudo porque o tema da humanização, em si, carrega enorme gama de definições, muitas possibilidades de interpretação e costuma gerar polêmicas e debates acalorados. Em linguagem simples, o que é, afinal, o Parto Humanizado?

Eu gosto de resumir o Parto Humanizado em uma única palavra: respeito. As pessoas têm um conceito errado sobre o parto humanizado, muitos acham que é sinônimo de parto normal com direito a banheira de hidromassagem ou parto em casa, etc. Parto humanizado é muito mais que isso, é um conjunto de ações que se baseia principalmente no respeito à paciente, aos seus desejos, e, principalmente, no respeito a sua autonomia e sua capacidade de parir.

2 – Seguindo as diretrizes da Política Nacional de Humanização, como é possível e o que é necessário para implementar uma atenção humanizada ao nascimento e ao parto?

A humanização na atenção à parturiente é possível quando há integração das principais esferas de atenção à saúde, desde seu início, durante o acompanhamento pré-natal na Unidade Básica de Saúde, até o parto, no serviço terciário. A humanização se inicia durante o pré-natal, pois é quando são dadas às pacientes as informações necessárias para que tenham capacidade e conhecimento suficiente para garantir sua autonomia. Porém, infelizmente, em seis anos trabalhando na rede pública, vejo que não é dessa forma que é conduzido o pré-natal na maioria das UBSs. Assim, chegando ao momento da assistência ao trabalho de parto e parto, a humanização se inicia na chegada da paciente ao hospital, durante o seu acolhimento. Este momento é tão importante quanto os demais, pois representa o “cartão de visitas” que a paciente recebe ao chegar no hospital. Eu acredito que, durante a assistência ao trabalho de parto e parto, dois fatores são de extrema importância: equipe e estrutura. Ambos são essenciais para fornecer um atendimento humanizado. Equipes precisam de capacitação neste quesito e, estruturalmente, os hospitais ainda não permitem que seja fornecido um ambiente 100% humanizado. Porém, tudo isso que foi dito precisa imensamente de uma outra coisa, que é a principal responsável por tudo: a gestão do serviço de saúde. Ela é a responsável por fornecer uma estrutura adequada e fornecer equipe capacitada ou capacitar a existente. Se a gestão for falha neste quesito, continuaremos vendo a humanização sempre como exceção.

3 – Quais os benefícios da humanização do atendimento para a mãe e para o bebê?

Com a humanização no atendimento a mãe se sentirá mais segura e mais acolhida pela equipe e pela instituição. Isso fará com que os resultados bons apareçam tanto para a parturiente e o bebê quanto para a equipe. Alguns estudos já mostram que medidas como a presença de acompanhante aumentam a taxa de sucesso do parto vaginal e reduzem em até duas horas o tempo do trabalho de parto. É evidente que a humanização, que deveria ser regra e não exceção, é essencial para obtenção de resultados favoráveis.

4 – E quais as vantagens do parto normal, por si só, para a mãe e para o bebê?

O parto vaginal é um evento fisiológico do corpo materno. Sendo assim, implica menor taxa de risco de complicações, em comparação com a cesariana, além de promover uma recuperação materna mais rápida. Além disso, durante todo o trabalho de parto, e especialmente durante a passagem pelo canal de parto, o bebê recebe uma importante preparação para a vida extrauterina. Já a cesariana, por ser um procedimento cirúrgico, apresenta riscos maiores para a mãe em comparação ao parto vaginal, como hemorragia e infecção, por exemplo, além de um risco maior de transtornos respiratórios para o recém-nascido.

5 – É possível falar em “cesariana humanizada”? Ou a via cirúrgica de nascimento exclui essa possibilidade?

Sim, é possível realizar uma cesariana humanizada, pois “humanizado” não se refere ao tipo de parto, e sim ao conjunto de medidas e condutas tomadas, sempre respeitando a autonomia da paciente.

6 – De que maneira a mulher deve se informar e se preparar para que sua experiência de parto seja satisfatória?

O ideal seria que todas as informações fossem dadas durante o seguimento pré-natal, porém sabemos muito bem que isso não ocorre na maioria das vezes. Deveria haver mais investimentos em cursos para gestantes, rodas de conversa, visitas às maternidades, etc. E essas medidas deveriam abranger toda a população, principalmente as pessoas mais carentes, que são as que mais precisam de informação e as que mais se beneficiariam com a humanização.

O especialista: Matheus Goudinho Gonçalves, formado em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em 2011, concluiu a Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia em 2015, também pela UFMT, e, em junho do mesmo ano, foi integrado ao quadro do HU-UFGD.

Governo quer reduzir cesarianas desnecessárias

Objetivo de novo protocolo é orientar os profissionais da saúde a avaliar necessidade de cesarianas, uma vez que, quando não indicadas, elevam riscos para a saúde da mãe e do bebê

O Ministério da Saúde publicou o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Cesariana. O objetivo do documento é auxiliar e orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, uma vez que o procedimento pode aumentar da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e grande risco de morte materna e infantil. As determinações já foram publicadas no Diário Oficial da União.

“Temos investido fortemente em diversas ações para incentivar o parto normal, porque atualmente o Brasil vive uma epidemia de cesáreas – que se tornaram, ao longo dos últimos anos, a principal via de nascimento do País, chegando a 55% dos partos realizados no Brasil e em alarmantes 84,6% nos serviços privados de saúde. No sistema público, a taxa é de 40%, consideravelmente menor, mas ainda elevada, o que nos preocupa”, destacou o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.

Entre os principais destaques do protocolo, além de derrubar o mito de que a cesariana é mais segura e que o parto normal é sempre um procedimento de dor e sofrimento, é auxiliar na busca das melhores práticas em saúde. Além disso, obriga a equipe médica a alertar a gestante, ou de seu responsável legal, dos potenciais riscos e eventos adversos relacionados ao procedimento cirúrgico ou uso de medicamentos para a operação cesariana.

“A melhoria da qualidade na atenção obstétrica passa, essencialmente, pela mudança no atendimento à mulher durante o parto. Com isso, espera-se a diminuição no quantitativo de cesarianas desnecessárias, do adoecimento e mortes evitáveis a partir da adoção de boas práticas na atenção ao parto e nascimento. É importante reforçar que a cesariana é uma conquista científica que, quando indicada corretamente, pode salvar vidas, mas ela não deve ser feita indiscriminadamente”, explicou a Coordenadora-Geral de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Maria Esther Vilela.

O protocolo deverá ser seguido, a partir de agora, pelas Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios. A construção do novo documento passou por meses de discussão e de consulta pública, e estabelece um modelo de regulação do acesso assistencial, autorização, registro, indicação e ressarcimento dos procedimentos realizados.

Recomendações internacionais

Diferentes estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – braço da Organização das Nações Unidas (ONU) – e outros organismos nacionais e internacionais demonstram as vantagens de uma assistência ao parto que se efetive sem intervenções desnecessárias.

A OMS sugere que taxas populacionais de operação cesariana superiores a 10% não contribuem para a redução da mortalidade materna, perinatal ou neonatal. Considerando as características do Brasil, a taxa de referência ajustada pelo instrumento desenvolvido pela OMS estaria entre 25% e 30%.

Para isso, um grupo consultivo formado por representantes de diversos órgãos do Governo Federal, associações, conselhos e médicos universitários elaborou 72 questões com respostas embasadas nas melhores evidências científicas.

As diretrizes foram amplamente discutidas por especialistas e representantes da sociedade civil brasileira, além de técnicos e consultores do Ministério da Saúde, associações e entidades de classe no plenário da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias SUS (Conitec).

Entre os principais destaques/recomendações estão, por exemplo:

  • A operação cesariana não é recomendada como forma de prevenção da transmissão vertical em gestantes com infecção por vírus da hepatite B e C;
  • A operação cesariana programada é recomendada para prevenir a transmissão vertical do HIV;
  • A operação cesariana é recomendada em mulheres que tenham apresentado infecção primária do vírus Herpes simples durante o terceiro trimestre da gestação;
  • A operação cesariana não é recomendada como forma rotineira de nascimento de feto de mulheres obesas;
  • A operação cesariana é recomendada para mulheres com três ou mais operações cesarianas prévias;
  • O trabalho de parto e parto vaginal não é recomendado para mulheres com cicatriz uterina longitudinal de operação cesariana anterior, casos em que há maior comprometimento da musculatura do útero, aumentando o risco de sua ruptura no trabalho de parto.

O protocolo clínico recomenda, ainda, um aconselhamento sobre o modo de nascimento para gestantes com operação cesariana prévia que considere as preferências e prioridades da mulher, os riscos e benefícios de uma nova operação cesariana e os riscos e benefícios de um parto vaginal após uma operação cesariana, incluindo o risco de uma operação cesariana não planejada.

Mulheres com operações cesarianas prévias devem ser esclarecidas de que há um aumento no risco de ruptura uterina com o parto vaginal após operação cesariana prévia. Os profissionais e instituições de saúde devem ter resguardada a autonomia em relação à aceitação ou não da assistência ao parto vaginal após duas operações cesarianas.

Fonte: Ministério da Saúde

Mais da metade dos partos cesáreos são marcados com antecedência

Pelo sistema privado o percentual foi de 74,16% e no Sistema Único de Saúde, foram 35,79% mulheres que tiveram os partos agendados ainda no pré-natal

O Ministério da Saúde identificou, por meio da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), um dado preocupante. Mais da metade dos partos cesáreos realizados nos País são agendados ainda no pré-natal. A PNS, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 53,5% dos partos foram marcados com antecedência, ainda durante o pré-natal, e que mais da metade (55,3%) foram cirurgias cesarianas. No Sistema Único de Saúde (SUS), 35,79% agendaram o parto cesáreo e no sistema privado, 74,16%.

Com relação à instrução das mulheres submetidas ao parto cirúrgico, mais da metade (56,1%) têm ensino fundamental completo, e 38,3% sem instrução e fundamental incompleto. Para quem fez o parto vaginal, 65,3% não tinham instrução e ou nível fundamental incompleto e 39,3%, tinham nível escolar fundamental completo.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, ressalta que “as cirurgias cesarianas agendadas, feitas sem a indicação técnica adequada, sem que a mulher sequer entre em trabalho de parto, aumentam a probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido, em 25% os óbitos infantis neonatais e triplicam o risco de morte materna”. A recomendação do Ministério da Saúde é que a forma de nascimento seja decidida, de forma conjunta, entre a mulher e o profissional de saúde (médico, enfermeira obstetra, obstetriz).

Incentivo ao parto normal

Por meio da estratégia Rede Cegonha, lançada em 2011, o governo federal tem incentivado o parto normal humanizado e intensificado a assistência integral à saúde de mulheres e crianças, desde o planejamento reprodutivo, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, pós-parto, até o segundo ano de vida do filho. Atualmente, integram a estratégia 5.488 municípios aderidos das 27 Unidades Federativas. Dos 2.905.789 partos no Brasil em 2012, 55,6% foram por cesarianas. Já dos 1.877.505 partos no SUS, 40% foram por cesarianas. Dos 502.812 partos realizados na saúde suplementar, 84,6% foram por cesarianas. O Ministério da Saúde já destinou R$ 3,1 bilhões para o desenvolvimento de ações do Rede Cegonha (do total de R$ 9,4 bilhões).

A Pesquisa estimou em 13 anos a idade média da primeira menstruação, sem distinção entre as Grandes Regiões do País. Contatou-se que do total de mulheres de 18 a 49 anos, sexualmente ativas nos últimos 12 meses, 61,1% fez uso de métodos anticoncepcionais, 69,2% ficaram grávidas alguma vez na vida e a idade média da primeira gravidez foi de 21 anos. O SUS garante o acesso a vasectomias e a laqueaduras, além da compra e distribuição gratuita de diversos métodos contraceptivos. De 2011 a 2015, foram distribuídos 2,4 bilhões de preservativos masculinos, 77,6 milhões de cartelas de pílulas combinadas, 1,4 milhão de unidades de DIU, entre outros métodos.

Acompanhamento

Cerca de 83,7% das grávidas entrevistadas para a pesquisa, iniciaram o pré-natal em menos de 13 semanas de gestação e 87,8% tiveram seis ou mais consultas. E ainda 69,2% declararam ter recebido orientação sobre sinais de risco na gravidez; 82,4% tiveram orientação sobre aleitamento materno; 74,9% foram informadas sobre o serviço de saúde a que deveriam ir ao momento do parto e 97,9% tiveram o último parto em hospital ou maternidade (menor percentual na região Norte, 75,6%, e maior na Sul, 99,7%).

Questionadas pelos exames realizados durante o pré-natal, 97,3% das gestantes declararam ter feito exame de sangue; 88,8% informaram que foi solicitado exame de HIV; 98,1% realizaram exame de urina e 97,7% fizeram ao menos um exame de ultrassonografia.

Em 2014 foram realizadas mais de 20 milhões de consultas de pré-natal pelo SUS, o que representa aumento de 105% em relação a 2003 (9,7 milhões de consultas). Em 2013, foram 18.971.888 consultas. Em 2012, 18.096.326. Para fazer o pré-natal, a mulher deve se dirigir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência. Atualmente, o Brasil possui 40.749 UBS.

Câncer do colo do útero e de mama

Estima-se que 79,4% das mulheres de 25 a 64 anos fizeram exame preventivo para câncer de colo de útero nos últimos três anos, com maior proporção na região Sul (83,0%) e menor a Nordeste (75,1%). Dentre as que não fizeram o exame, 45,6% declararam não achar necessário, 20,7% nunca haviam sido orientadas nesse sentido, e 9,7% declararam ter vergonha de fazê-lo.

O exame preventivo, conhecido como Papanicolau, favorece o diagnóstico precoce do câncer do colo do útero, além de outras infecções que precisam ser tratadas. Se diagnosticado na fase inicial, as chances de cura podem atingir resultados muito satisfatórios. A recomendação do Ministério da Saúde é de que toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico. Em 2014 foram realizados 9,3 milhões de exames Papanicolau. Para isso, o Ministério da Saúde repassou R$ 65,5 milhões aos estados e municípios.

Segundo a PNS, 60% das mulheres de 50 a 69 anos fizeram mamografia nos últimos dois anos anteriores à pesquisa, com maior proporção na região Sudeste (67,9%), entre brancas (66,2%) e com ensino superior completo (80,9%). As menores proporções foram em mulheres pretas (54,2%), pardas (52,9%) e sem instrução ou com fundamental incompleto (50,9%). Em 2014, no geral, foram realizadas 4,3 milhões de mamografias, 41,8% a mais em relação a 2010, quando foram registrados 3 milhões de exames. Considerando a faixa prioritária o aumento foi de 61,9%, passando de 1,5 milhão para 2,5 milhões de mamografias. Em 2014, foram investidos R$ 194 milhões.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo Freitas-Junior, o acesso ao exame melhorou muito no País nos últimos anos, mas ainda está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 70% das mulheres nessa faixa etária fazendo mamografia periodicamente.

“Além disso, a qualidade do exame é fundamental. Com o Programa Nacional de Mamografia funcionando na maioria das cidades, tenho certeza que nossos índices de mortalidade vão cair nos próximos anos”, comentou Freitas-Junior, ao destacar a importância do acesso ao tratamento adequado do câncer de mama em todo o território nacional. “Acredito que com tudo isso em um futuro próximo estaremos ao lado de países como Estados Unidos e Inglaterra, mostrando redução da mortalidade por câncer de mama, que ainda é alta no Brasil”, disse.

Pesquisa

PNS foi realizada em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o País entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. Para dos dados antropométricos e pressão arterial, um morador foi selecionado; para saúde da mulher, foram aquelas de 18 anos ou mais e para saúde das crianças de menos de dois anos de idade, a mãe respondeu. O estudo é considerado o mais completo inquérito de saúde do Brasil.

Fonte:

Ministério da Saúde e Agência Brasil.

Gestantes com planos de saúde buscam SUS para parto normal

O parto normal é o procedimento mais procurado no Sistema Único de Saúde (SUS) por usuárias de plano de saúde. Somente no período de 2008 a 2012, 96.223 mulheres que possuem convênio médico realizaram seus partos na rede pública. O dado é do mapeamento divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Ministério da Saúde sobre as operações de ressarcimento financeiro realizadas ao SUS pelas operadoras de planos de saúde. De acordo com a legislação, quando usuários de planos de saúde utilizam a rede pública, as operadoras precisam reembolsar o SUS pelo serviço.

Segundo as mães, esse fenômeno tem acontecido em virtude da dificuldade das gestantes em encontrar médicos na rede suplementar dispostos a realizar um parto normal. Atualmente, no Brasil, 84% dos partos realizados na rede privada são cesarianas. No SUS, esse índice é de 40%.

É o caso da enfermeira Thaís Severino, de 35 anos, que é mãe de Helena, de oito meses. Usuária de plano de saúde desde 2012, após procurar três obstetras do seu convênio, ela optou por realizar um parto normal na Casa de Parto de São Sebastião, região no entorno do Distrito Federal. “Eu cheguei a fazer o pré-natal com três médicos na rede privada. Os dois primeiros se predispuseram, inicialmente, a fazer o parto normal, mas eu percebi que eles sempre destacavam muito as exceções e os empecilhos ao parto natural nas consultas. Essa postura me fragilizava muito”, conta a enfermeira que alega que a sua formação profissional foi decisiva para sua opção de fazer um parto normal.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice recomendável de cesarianas deve ficar em torno de 15%, já que o procedimento é indicado apenas em casos em que haja complicações reais para a mulher e para o bebê. No entanto, no Brasil, as cesarianas marcadas tem sido priorizadas – sobretudo na rede privada – por questões como a comodidade, já que permitem a compatibilização de agendas entre mães e médicos, e a relativa praticidade do procedimento cirúrgico, que não dura mais de duas horas. “A verdade é que tem mesmo os profissionais que marcam a cesárea porque têm que viajar, porque têm consulta depois. Foram questões como essa que me ajudaram na decisão em fazer no SUS, porque eu sei que o SUS não tem essa lógica. Não tem essa lógica de produção, de horário marcado, na experiência que eu pude ver, tem uma lógica de respeito às pessoas”, ressalta.

Segundo a obstetra Renata Reis, a cesariana é uma cirurgia extraordinária que sempre salvou muitas vidas. No entanto, a profissional alerta que é fundamental que o procedimento seja realizado de maneira necessária. “A cesariana é uma cirurgia abdominal de médio porte. Todo procedimento cirúrgico a gente tem que colocar na balança os riscos e os benefícios. Eu entendo que em uma cirurgia que não tenha indicação, que não tenha necessidade, os riscos são muito maiores que os benefícios. Esses riscos não têm justificativa”, alerta. Segundo a médica, uma cesariana marcada representa uma chance três vezes maior de morte tanto para a mãe quando para o bebê. Além disso, há maiores chances de hemorragia, infecção, trombose, além dos riscos relacionados à anestesia. Para a criança, a principal consequência é a prematuridade e a imaturidade pulmonar. De acordo com dados do Ministério da Saúde, as cesáreas agendadas também aumentam em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e é a principal causa do encaminhamento de bebês para UTIs neonatais.

Renata também enfatiza que a única prova existente que um bebê está pronto para o nascimento é o trabalho de parto. “Realizar uma cesariana marcada, ainda que seja em uma idade gestacional mais avançada, com 39 ou 40 semanas, não significa que o bebê está pronto para nascer. Talvez aquele bebê precisasse de mais tempo para estar maduro. Quando não ocorre o trabalho de parto, o bebê não tem o seu tempo respeitado”, alerta.

É o que também avalia a mãe de Helena. Segundo a enfermeira, a filha – que nasceu com 40 semanas e cinco dias – nunca ficou doente, nunca passou por uma UTI neonatal e nem por procedimentos invasivos como a aspiração das vias aéreas. “A Helena nasceu muito bem. Todo mundo dizia que ela parecia mais velha do que era. Ela é muito ativa. Eu acho que é porque ela nasceu no tempo certo, madura. Quando ela nasceu ela já tinha o pescoço durinho, já fazia um monte de coisas que as pessoas diziam que só crianças mais velhas faziam. Sinceramente, eu não sei se essas crianças são assim porque não nascem maduras, principalmente, quando se leva em conta o número de cesáreas que são feitas hoje em dia”, avalia. Ela ainda relata que, durante a gravidez, foi “bombardeada” por familiares e amigas para agendar logo uma cesariana: “Parece que as pessoas que querem estar ativas no seu trabalho de parto, na chegada do seu filho, estão fazendo uma coisa antinatural. A lógica está completamente invertida”,argumenta.

Mudança de modelo – Segundo a coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Esther Vilela, o governo federal tem como objetivo instituir uma mudança no modelo de atenção ao parto e ao nascimento no País. Para isso, ela destaca a importância da presença das enfermeiras obstétricas ou obstetrizes na atenção às mulheres em partos de baixo risco, a reformulação dos centros de parto normal em ambientes mais acolhedores para as gestantes, além do respeito à privacidade e à liberdade da mulher no momento do parto. “Nosso objetivo é trocar a cesárea agendada por uma assistência qualificada e humanizada, que gere grande satisfação para as mulheres”, afirma. Esther Vilela destaca o trabalho da Rede Cegonha, que busca qualificar a assistência ao parto normal no SUS. A ideia é reverter o atual modelo tecnocrático e biologicista do parto por um procedimento humanizado, acolhedor e respeitoso para a mulher e para suas famílias.

Parto humanizado –  A Casa de Parto de São Sebastião é uma instituição, vinculada ao SUS, voltada ao parto normal humanizado. A unidade realiza uma média de 36 partos naturais por mês. Somente no ano passado, foram 426 partos normais. Para serem atendidas no local, as mães precisam ter feito o pré-natal completo – o que representa um mínimo de sete consultas – nunca ter passado por uma cesariana e não apresentar indicativo de gravidez de risco, como pressão alta, por exemplo.

Segundo a enfermeira obstétrica e diretora da Casa de Parto, Jussara Vieira, uma casa de parto ou um centro de parto normal busca ao máximo atender às necessidades da mulher, proporcionando conforto e privacidade para a mãe e seu acompanhante. Ela destaca que esses centros são equipados com vários materiais que funcionam como métodos não farmacológicos de alívio da dor como bolas, barras, banheiras e chuveiros com água morna. Além disso, os profissionais do local são altamente capacitados para dar toda a assistência necessária à gestante.

É o que também argumenta Thaís. Segundo a mãe de Helena, a Casa de Parto não tem luxo, nem serviços de hotelaria, mas tem toda a estrutura necessária para a realização de um parto humanizado. Quando indagada se havia se arrependido de trocar uma possível cesariana no seu plano de saúde por um parto normal no SUS, ela respondeu que encontrou muito mais segurança na Casa de Parto de São Sebastião. “Em nenhum momento eu me arrependo. A verdade é que eu não acho que eu teria segurança no meu plano de saúde. Eu não acho que eu entrando num hospital, com os médicos que me atenderam do plano, eu conseguiria ter um parto normal. E na Casa de Parto, com os profissionais que conheci, com os princípios que eu sei que eles têm, eu me senti bem mais acolhida e segura”,ressaltou.

Emoção positiva marca relato de parto normal após cesárea

A análise crítica do discurso de relatos de mulheres, no Brasil e nos EUA, que tiveram parto normal (vaginal) após uma ou mais cesáreas — o chamado VBAC (sigla em inglês para vaginal birth after c-section) — revela o resgate do universo feminino, o aumento do conhecimento sobre si mesmas e seus corpos, além de gerar empoderamento. Os dados estão na tese de doutorado da professora universitária Luciana Carvalho Fonseca, defendida em novembro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sob a orientação da professora Stella Esther Ortweiler Tagnin.

Os discursos dos relatos revelam mulheres seguras, felizes, satisfeitas e em paz com o próprio corpo, e que sofreram profundas transformações — todas muito positivas — por conta do VBAC. “Ocorre uma reconstrução da própria biografia: elas reconhecem que a cesárea anterior foi desnecessária e, com isso, vão se fortalecendo. Há um empoderamento que as tornam mais fortes”, conta. Luciana encontrou palavras como “renasci“, “guerreira“, “mulher maravilha“, além de frases como: “Parir é como escalar o Everest“, “Parir é como correr um maratona”, “Eu pari quando o mundo todo disse que eu não conseguiria” ou “Me sinto uma rainha“, entre outras.

“No Brasil, o número total de cesáreas aumentou 400% nos últimos 40 anos: de 14,5% em 1970, para 52% em 2010, sendo que, apenas no setor privado, as cesáreas respondem por 88% dos nascimentos. Nos Estados Unidos, cerca de 75% dos nascimentos são por parto normal, contra 25% de cesáreas. A recomendação da Organização Mundial de Saúde é que a taxa de cesárias fique entre 10% e 15%”, informa Luciana.

Segundo a pesquisadora, a literatura científica mostra que o parto normal é possível após cesárea. “O risco de haver uma ruptura uterina é de aproximadamente 0,7%”, esclarece. Entretanto, essas mulheres ouvem de seus médicos que os riscos são muito altos: as informações e orientações que elas recebem as direcionam para desistir do parto normal.

Como querem muito o VBAC, elas começam a pesquisar e a se informar e percebem que estão diante de dois discursos antagônicos: um é o do ginecologista/obstetra, baseado em sua experiência pessoal e que as direciona para a cesárea; e o outro baseado em evidências científicas da academia, que aponta o VBAC como possível.

Luciana analisou o relato de parto normal após cesárea encontrados na internet, mas apenas aqueles em que as próprias mulheres relatavam o acontecimento, descartando entrevistas ou relatos escritos por outra pessoa. Ela selecionou 93 relatos de brasileiras e 101 de estadunidenses e analisou a representação que essas mulheres fazem de si e dos demais sujeitos que participaram de sua experiência de parto: “eu”, “bebê”, “marido”, “doula”, “médico”, “anestesista”, “enfermeira”, “parteira” e “obstetriz”. Em seguida, selecionou, com base em um software de processamento de grandes quantidades de texto, para cada um desses sujeitos, as palavras-chave de maior significância estatística (veja a lista completa neste link). A partir dessas palavras, a pesquisadora chegou à representação que as mulheres fazem de si e das demais pessoas envolvidas na experiência de parto.

Exemplo de análise para a palavra baby no relato de mulher estadunidense: bebê grande foi apontado como impedimento para o parto normal (clique para ampliar)

 

Médico “fofo”
No caso de “médico”, por exemplo, a palavra de maior significância encontrada no discurso de brasileiras foi “fofo/a” e “fofinho/a”, mas num sentido completamente pejorativo. Um dos relatos diz o seguinte: “Ao continuar o acompanhamento com meu ginecologista fofinho eu acabaria novamente em uma mesa de cirurgia pois ele não compraria o meu parto. Ele novamente deixaria a gente chegar na porta do gol e depois chutaria do jeito que fosse melhor PARA ELE e não para mim.”

Quanto às diferenças culturais, no Brasil, o apoio dos maridos foi exaltado. Já nos EUA, o parto é um acontecimento ligado mais ao mundo feminino e das parteiras. Porém, em ambos os países os maridos funcionam como guardiões do plano de parto (instruções da mulher para a equipe informando como ela quer que ocorra o parto). No Brasil, muitas cesáreas são agendadas e ocorrem antes de a mulher entrar em trabalho de parto. “Já nos EUA, a mulher costuma entrar em trabalho de parto. Mas, pelos relatos, percebemos que há uma certa impaciência e são feitas muitas intervenções para acelerar o processo e nisso está a origem da cesárea anterior”, diz. No Brasil, os discursos também revelam machismo em relação ao sexo do bebê: “menininha“, “delicadinha“, “rosinha” e ‘pequenininha” para meninas, e “grandão“, “meninão” e “sacudo” (testículos grandes) para os meninos. Isso não foi verificado nos relados estadunidenses.

Luciana lembra que, até a década de 1940, a grande maioria dos partos acontecia em casa, com parteiras. Todo o conhecimento sobre o que se passa durante o trabalho de parto era passado de mulher para mulher: da avó para a mãe e depois da mãe para a filha. A mulher era o principal e mais importante personagem do parto. Atualmente, o parto saiu da esfera feminina e foi para o universo masculino: o parto é dos médicos, e a mulher tornou-se apenas coadjuvante.

A importância das novas regras para o estímulo ao parto normal

Este ano, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicaram novas regras para o estímulo do parto normal e a consequente redução de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar. O parto é uma questão de saúde e a escolha deve ser feita pelo método mais adequado para cada caso e o mais seguro para a mãe e o bebê. De acordo com Organização Mundial de Saúde a recomendação é que taxa de cesáreas seja de até 15% dos partos. Atualmente, no Brasil, o percentual de partos cesáreos chega a 84% na saúde suplementar e 40% na saúde pública.

Ana Bárbara Moreira Rossato, 24 anos, gerente de redes sociais, mora em São Paulo, tem dois filhos e está grávida do terceiro. Na primeira e segunda gestação, o pré-natal foi realizado pelo plano de saúde, mas Ana Bárbara conta que, para optar pelo parto normal, foi necessário passar por diversos profissionais. “Na primeira gestação, em 2009, eu passei por três médicas diferentes. Duas cobravam taxa de disponibilidade para acompanhar o parto normal com valor por volta de 3,5 mil para elas, fora a equipe. A terceira médica não cobrava taxa de disponibilidade, porém, no final da gestação, disse que meu parto deveria ser uma cesárea, pois minha barriga estava grande, o que poderia ocasionar um problema no parto. Eu não acreditei na indicação e resolvi abandonar o pré-natal particular e tive meu bebê, de forma natural e sem nenhuma complicação, na Casa de Parto de Sapopemba (SUS)”, conta. A casa está localizada na Vila IVG, em São Paulo, e oferece toda a estrutura para a realização de partos humanizados.

Sem indicação médica, a cesariana traz riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê, como aumentar em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplicar o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade. Para as mulheres que utilizam planos de saúde, as novas regras publicadas ampliam o acesso à informação por parte da usuária. Os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por hospital, por médico e por plano de saúde poderão ser solicitados e devem ser disponibilizados no prazo máximo de 15 dias, a contar da data de solicitação. Essa informação pode ser requerida estando a mulher gestante ou não.

Em sua segunda gestação, Ana Bárbara optou pelo parto domiciliar. Na atual gravidez, realiza o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde e reconhece a importância das novas regras para estimular o parto normal na saúde suplementar. “Acho que é um bom começo, para poder movimentar a sociedade e trazer o debate para a superfície. Precisamos informar as mulheres para que elas possam escolher de forma consciente a sua via de parto e não com base em mitos e falácias, muito menos com base no que é mais cômodo para os médicos. Nós, mulheres, precisamos aprender que somos as maiores interessadas em nossos corpos e temos direito pleno sobre ele, temos autonomia e capacidade para decidir, de forma conjunta, o qe acontecerá conosco e com nossos bebês”, defende.

As regras apresentadas pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e os diretores da ANS no dia 07 de janeiro deste ano passam a ser obrigatórias em 180 dias.

Desvalorização de parto normal torna Brasil líder mundial de cesáreas

Quando a fotógrafa Daniela Toviansky, de 35 anos, ficou grávida, passou a frequentar aulas de hidroginástica com outras gestantes em estágios próximos de gravidez. Ela lembra que, entre uma aula e outra, todas manifestavam um desejo em comum: ter filhos por parto normal. “Todas acabaram fazendo cesárea”, conta Daniela, que se tornou a exceção. Seu bebê, Sebastião, nasceu após 40 semanas de gestação e da forma como ela queria.

O que aconteceu com as colegas da fotógrafa é uma amostra fiel da situação vivida por muitas grávidas no Brasil hoje, especialmente entre as classes mais altas, em um processo que  muitos especialistas vêm chamando de “a indústria da cesárea brasileira”.

Com 52% dos partos feitos por cesarianas – enquanto o índice recomendado pela OMS é de 15% -, o Brasil é o país recordista desse tipo de parto no mundo. Na rede privada, o índice sobe para 83%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. A intervenção deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser regra.

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Parto humanizado: quando a mãe é protagonista

O parto humanizado proporciona que as mães sejam, efetivamente, as protagonistas do próprio parto. A criança nasce em um ambiente calmo e é rapidamente colocada junto à mãe. Além de fortalecer o laço entre a mãe e o bebê, estimula a amamentação e garante mais saúde ao recém-nascido. Por esta razão, o Ministério da Saúderecomenda que esse tipo de parto seja priorizado em maternidades e hospitais de todo o país.

Em São Sebastião, no Distrito Federal, existe pelo Sistema Único de Saúde (SUS) uma Casa de Parto que realiza um trabalho voltado diretamente para o parto humanizado. “São posturas e decisões que você tem. Você não vai conduzir o parto, vai respeitar a maneira que ela conduz, vai intervir de acordo com a necessidade da mãe. Não fazemos intervenções desnecessárias”, explica Jussara Silva Vieira, enfermeira e coordenadora da Casa de Parto de São Sebastião. Para ela, “não adianta ter um pacote pronto para o atendimento de cada mulher, é preciso respeitar a individualidade e integralidade de cada mãe”.

Segundo Jussara, essa visão e essa filosofia, somada ao ambiente adequado, geram bons resultados. Ela conta que 100% das mães que atendem fazem questão de responder um questionário que avalia o atendimento da Casa em todos os aspectos. O grau de satisfação, de acordo com as mães, chega a 98%. “A procura tem crescido e mães de outras regiões de saúde nos procuram querendo ter a criança conosco”, completa a enfermeira.

“Foi superlegal. Um atendimento que recomendo a qualquer gestante. Falo até que fui eu mesma que fiz meu parto. É tão humanizado que você se sente participando de tudo”, relata a jovem mãe Aryanne Inácio Carvalho, de 23 anos. Ela teve seu primeiro bebê na Casa de Parto de São Sebastião (DF). Estudante de enfermagem, Aryanne tinha ouvido falar do parto humanizado e da Casa de Parto, mas só quando entrou na Casa foi que entendeu de fato o que é o parto humanizado.

“Tudo que elas faziam elas explicavam, perguntavam pra mim o que eu queria. O parto não teve indução nenhuma, nada. Foi muito natural. Muito diferente de tudo que eu já tinha visto”, relata Aryanne. Ela ainda conta que conversaram para saber qual a melhor forma de ter o bebê e que o tempo todo teve dois acompanhantes, até o último minuto. “De jeito nenhum, gostaria que fosse de outra forma. Minha recuperação foi muito boa. Em uma semana eu já estava fazendo tudo”, completa a estudante.

Rede Cegonha – O governo federal lançou, em 2011, a estratégia Rede Cegonha, que tem como uma das principais metas incentivar o parto normal humanizado e intensificar a assistência integral à saúde de mulheres e crianças, desde o planejamento reprodutivo, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, pós-parto, até o segundo ano de vida do filho.

Entre as ações da Rede Cegonha está o custeio de Centros de Parto Normal (CPN). São estruturas que funcionam em conjunto com a maternidade para humanizar o momento do parto, oferecendo às gestantes um ambiente com maior privacidade.