Costuma-se anunciar que o óleo de peixe – que contém ácidos graxos ômega-3 – traz uma série de benefícios, que vão desde promover nossa saúde, proteger o cérebro contra demência e reduzir os sintomas da artrite reumatoide.
Mas o que são, exatamente, as gorduras ômega-3 e o que dizem as evidências sobre seus benefícios para manter a nossa saúde?
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Ingestão de ômega-3 altera tamanho de partícula de colesterol
Pesquisa desenvolvida no Núcleo de Apoio à Pesquisa em Fluidos Complexos (NAP- FCx) da USP mostra que pacientes que receberam doses diárias de ômega-3, substância presente na gordura de determinados peixes, tiveram redução do colesterol total e alteração no tamanho das partículas que transportam o colesterol. Houve aumento da concentração de partículas grandes e intermediárias de HDL (lipoproteína de alta densidade) e diminuição da concentração de LDL (lipoproteína de baixa densidade) eletronegativa.
A HDL e a LDL, também conhecidas popularmente como “colesterol bom” e “colesterol ruim”, são lipoproteínas relacionadas ao transporte do colesterol no corpo. O alto nível de LDL no organismo pode desencadear a aterosclerose, doença inflamatória que leva ao estreitamento das artérias e pode culminar com um infarto, um acidente vascular cerebral (AVC).
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Farinha de chia na panificação proporciona produto saudável
Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, a pesquisa Caracterização nutricional e funcional da farinha de chia e sua aplicação no desenvolvimento de pães, realizada por Tânia Baroni Ferreira Dutra, identificou os parâmetros de nutrição da semente de chia. O estudo do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos desenvolveu pães utilizando farinha desta semente em detrimento à farinha branca de trigo, com várias concentrações de aplicação, sendo rica em proteína, fibras, ômega 3 e outros micronutrientes.
“O estudo foi idealizado para que pudéssemos aumentar o suporte científico à literatura disponível e aos órgãos regulatórios no que tangem a segurança alimentar, composição nutricional e utilização da semente de chia no desenvolvimento de novos produtos”, afirma. A ciência já provou: a farinha de semente de chia é rica em proteína, fibras, ômega 3 e outros micronutrientes. No entanto, Jocelem Mastrodi Salgado, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da Esalq, afirma que o problema está na farinha branca, a mais utilizada no mercado de alimentos. “A farinha branca é composta basicamente apenas de carboidrato, sem nenhum valor nutricional para o organismo”, explica. De acordo com Jocelem, os estudos do LAN apontam que, teoricamente, se uma pessoa consumir 3,5 unidades por dia do pão desenvolvido com 9% de farinha de semente de chia, o consumo de ácido graxo ômega 3 pode aumentar até 1% em sua dieta. “Isso é muito favorável para a saúde, uma vez estudos demonstraram que o aumento de 1% no consumo de ômega 3 pode reduzir até 40% o risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana não fatal”.
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Idosos com depressão têm pouco ômega-3 no organismo
Estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP revela que idosos com depressão apresentam baixas concentrações de ômega 3 no organismo. A pouca quantidade desse ácido graxo nos participantes da pesquisa pode estar relacionada à falta de ingestão de alimentos ricos em ômega 3. Esta é a conclusão da nutricionista Marina Balieiro Cetrulo, autora do estudo.
A pesquisadora lembra que o déficit de ômega 3 em depressivos pode não estar associado só a ingestão alimentar, mas também à interação da dieta com o metabolismo e uma predisposição genética em incorporar ácidos graxos de forma distinta. “Fatores genéticos podem resultar em uma menor absorção celular de ômega 3, o que já foi demonstrado em modelos animais, onde a dieta pode ser rigorosamente controlada”, revela.
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