Em pessoas com transtornos de ansiedade, existem pelo menos dois grupos que apresentam respostas diferentes a variações abruptas nos níveis de serotonina, conforme o tipo de transtorno. O aumento da sensibilidade como resposta a estímulos de perigo é maior em transtornos ligados ao medo e a ameaças potenciais imediatas, como a fobia social. A evidência é baseada na análise de seis estudos sobre os efeitos da redução abrupta dos níveis do triptofano, aminoácido precursor da serotonina, que faz a comunicação entre neurônios, feita por um grupo de pesquisadores internacionais, com a participação de Felipe Corchs e Marcio Bernik, do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
A descoberta poderá aprimorar o diagnóstico e o tratamento dos transtornos. Os resultados do estudo dão suporte a predição que pode ser obtida da teoria desenvolvida pelos pesquisadores Bill Deakin, da University of Manchester, no Reino Unido e Frederico Graeff, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Eles propuseram que pacientes com quadros psiquiátricos mais relacionados ao medo teriam aumento importante de sintomas e respostas fisiológicas com a redução aguda de serotonina, mas que o mesmo não seria observado nos quadros relacionados à ansiedade.
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Em um final de tarde de janeiro, o psiquiatra Leandro Valiengo abriu um dos armários do já quase deserto quarto andar do Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP), retirou uma mala preta, colocou-a sobre o colchonete azul de uma maca e apresentou o equipamento que está sendo visto como uma nova forma de tratamento contra depressão e outros distúrbios neuropsiquiátricos: é um aparelho de estimulação transcraniana de corrente contínua (ETCC). “É muito simples”, ele diz.
O aparelho é uma caixa de tamanho aproximado ao de um laptop, com um teclado para se registrar o código de cada paciente em tratamento e alguns botões para regular o fornecimento de energia. De uma das laterais saem dois fios em cujas pontas há dois eletrodos – um positivo e um negativo – que são fixados nas têmporas por meio de uma bandana. Os eletrodos geram uma corrente elétrica de baixa intensidade que atravessa o córtex, a região mais superficial do cérebro, durante 20 a 30 minutos seguidos, e desse modo ajuda a restabelecer o funcionamento normal dos neurônios.
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Em busca de tratamentos mais eficazes contra a dependência, cientistas do National Institute on Drug Abuse (Nida/NIH), dos Estados Unidos, têm se dedicado a criar métodos para identificar e estudar pequenos grupos de neurônios relacionados com a sensação de fissura por drogas.
O grupo coordenado por Bruce Hope conta com o brasileiro Fábio Cardoso Cruz, ex-bolsista de mestrado e de pós-doutorado da FAPESP que acaba de publicar um artigo sobre o tema na revista Nature Reviews Neuroscience.
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