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Anvisa aprova uso do medicamento Mounjaro para perda de peso

O fármaco já estava autorizado no Brasil, mas apenas para diabetes

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a utilização do medicamento Mounjaro para auxiliar na perda de peso. Fabricado pela farmacêutica americana Lilly, o remédio injetável tem como princípio ativo a tirzepatida e é mais uma das chamadas canetas emagrecedoras, assim como o Ozempic e o Wegovy (semaglutida) e o Saxenda (liraglutida).

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Dia da Imunização: conheça o serviço dos centros de vacinas especiais

Pessoas vulneráveis têm direito de receber vacinas diferenciadas

Além dos mais de 20 imunizantes que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece nas unidades básicas de todo o Brasil, algumas pessoas mais vulneráveis a infecções têm direito a receber outras vacinas ou versões diferenciadas, oferecidas nos centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie).

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Obesidade se mantém entre maiores ameaças à saúde do brasileiro

Pesquisa divulga últimos resultados e começa nova fase de exames que investigará determinantes de peso corpóreo

Obesidade está diretamente ligada a doenças crônicas de maior mortalidade no País, como hipertensão arterial. Na foto, enfermeira do Elsa Brasil afere pressão de participante do projeto – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A obesidade e as complicações para a saúde relacionadas ao ganho de peso apresentam alta prevalência entre os brasileiros. As constatações são as mais preocupantes apontadas pela maior pesquisa epidemiológica da América Latina, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), período 2012-2014. O estudo, que teve início em 2008, se prepara para começar em março uma nova etapa de exames, cujos dados servirão de base para o trabalho em 2017/2018.

A obesidade está diretamente ligada a doenças crônicas como diabete, hipertensão, arteriosclerose e colesterol alto, patologias responsáveis pelos maiores índices de mortalidade e morbidade do Brasil. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Paulo Lotufo, os que mais ganharam peso foram os mais jovens. Na média, os que tinham menos de 55 anos engordaram um quilograma durante o período em que foram avaliados. A cada três participantes, dois estavam acima do peso (com sobrepeso ou obesos); 20% eram diabéticos; um terço tinha pressão alta; e 58% apresentavam colesterol elevado. A obesidade já tinha sido verificada nas etapas anteriores da pesquisa.

Professor Paulo Lotufo – Foto: Marcos Santos

Na próxima leva de exames, serão avaliados com mais profundidade dois determinantes do peso corpóreo: dieta e atividade física. Além da repetição de entrevistas e exames realizados nas etapas anteriores, serão feitos dois novos exames: um com actígrafo, um aparelho instalado na cintura para mensurar o sono e o movimento durante a semana e outro para indicar o escore de cálcio, marcador de aterosclerose – medidor de gordura nas paredes das artérias.

Para o pesquisador, a saúde não depende somente do quanto a pessoa acumula de gordura no organismo, mas de onde a gordura fica depositada no corpo, por exemplo no pescoço, ao redor do coração, no fígado ou na parede abdominal. “Alguns estudos já vêm demonstrando que a deposição de gordura no abdome é menos prejudicial à saúde do que quando ela permanece em outras regiões, explica.

Elsa Brasil

O Elsa Brasil é um estudo feito com cerca de 15 mil voluntários, entre 35 e 74 anos, de seis universidades localizadas em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro e Vitória. Da USP, cinco mil são participantes voluntários da pesquisa. O propósito é verificar a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, em particular as cardiovasculares e a diabete.

Projeto Elsa – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os voluntários fazem exames e entrevistas em que são avaliados novos casos e a progressão das doenças crônicas não transmissíveis, especialmente diabete e doenças cardiovasculares e seus fatores de risco em uma ampla gama de exposições, como riscos biológicos, comportamentais, ambientais, ocupacionais, psicológicos, sociais e outros.

Os materiais coletados (amostras de soro, plasma, urina e DNA) de todos os participantes estão sendo guardados na Bioteca localizada no HU – banco de materiais biológicos que, no futuro, podem ser acessados para  investigações e acompanhamento da evolução das doenças crônicas.

Mais informações: site do Elsa-Brasil, e-mails elsa@usp.br ou palotufo@usp.br, com o coordenador da pesquisa, professor Paulo Lotufo

Estudo mostra que o brasileiro está mais obeso, diabético e com a pressão mais alta

Grande estudo sobre doenças crônicas com a participação do HU traz um retrato preocupante da saúde no País

A saúde da população brasileira adulta não vai bem. As pessoas estão mais obesas, um terço tem hipertensão, muitas delas desenvolveram diabetes e quase metade tem colesterol alto. A avaliação é do médico Paulo Lotufo, e tem um fundamento bem sólido: dados levantados no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), que ele coordena na USP desde 2008.

A primeira divulgação dos resultados do Elsa-Brasil a um público mais amplo foi feita no dia 1º de fevereiro no Hospital Universitário (HU) da USP, uma das bases operacionais do projeto. A apresentação trouxe um retrato das principais doenças crônicas no País – arterosclerose, enxaqueca, hipertensão, diabetes e dislipidemia (presença de gordura no sangue). Estas patologias crônicas são as responsáveis pelos maiores índices de mortalidade e morbidade no Brasil e seu aumento, principalmente a partir dos anos 1960, têm gerado altos gastos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto Elsa testou e validou algumas medidas e escores de pesquisas já realizadas em populações no exterior com doenças cardiovasculares, para saber em que medida os critérios desses estudos poderiam ser aplicados à população brasileira. De forma geral, houve similaridade, inclusive com relação aos fatores de risco: obesidade, hipertensão arterial, colesterol elevado e diabetes. Em uma próxima etapa, serão considerados outros elementos como diversidade racial e hábitos de vida dos brasileiros.

USP em alerta

O público pesquisado na USP é composto por professores e funcionários. Para esse grupo, o cardiologista Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Elsa e um dos palestrantes do evento, não têm boas notícias. Segundo ele, apesar destes servidores terem mais acesso aos serviços de saúde do que a população em geral, andam com hábitos de vida não muito saudáveis. Mesmo sendo um pequeno subgrupo analisado, pouco mais de 5 mil, os participantes “uspianos”, quando comparados à maioria da população brasileira, estão mais obesos ou com sobrepeso, fazem menos atividade física fora do ambiente de trabalho e têm maior propensão ao diabetes.

Em relação ao acompanhamento da própria saúde, porém, o grupo da USP está em melhor situação. Dados da pesquisa sobre hipertensão arterial mostram que dos 35% dos participantes da USP que tiveram diagnóstico de hipertensão, 80% já tinham conhecimento dessa informação, enquanto que na população brasileira esta média cai para 50%.

Bittencourt espera que os exames realizados pelos servidores, cujos resultados foram entregues individualmente para cada participante, sirvam de estímulo para que cuidem melhor de si mesmos. Isso com o objetivo não apenas de melhorar sua expectativa de vida em anos, mas de ter uma “perspectiva de saúde mais prolongada”.

Elenir Aguilhera de Barros, de 72 anos, professora aposentada do Departamento de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, esteve o tempo todo sentada na primeira fila do evento a fim de acompanhar a apresentação dos trabalhos – e garante se sentir muito bem assistida pelo Elsa. Não só fez vários exames para investigar alguns problemas de saúde, conta ela, como também teve acesso ao acompanhamento psicológico para aposentados.

Enxaqueca e doenças tiroidianas

Além de doenças cardiovasculares, os resultados apresentados trouxeram dados sobre enxaqueca e doenças da tireoide. A pesquisadora Alessandra Goulart anuncia que o brasileiro está mais “enxaquecoso”, ou seja, ele tem mais episódios de dores de cabeça durante sua vida – cujos sintomas são dores pulsantes, náuseas, perda parcial da visão e sensibilidade à luz e ao som.

Apesar de não haver ainda nenhum estudo comprovando o crescimento do problema, há uma prevalência da enxaqueca aumentada em toda a América Latina. A novidade do estudo nessa área foram as evidências encontradas de que há correlação entre as pessoas que sofrem de enxaqueca e de transtornos de ansiedade e depressão.

Sobre doenças tiroidianas, há indícios de que a levotiroxina (medicamento utilizado no tratamento do hipotireoidismo) esteja sendo receitada de forma inadequada aos pacientes. Segundo a pesquisadora Isabela Benseñor, o diagnóstico de hipotireoidismo subclínico (forma mais branda da doença, geralmente sem sintomas, mas detectável em exames) é feito pelo Elsa a partir da dosagem dos hormônios e de informações do paciente se ele faz uso ou não da levotiroxina. A partir desse procedimento, foi possível observar que há mais pessoas com hipotireoidismo clínico do que com hipotireoidismo subclínico, o que sugere que “tem mais gente do que deveria usando a levotixoxina”, adverte Isabela.

Projeto Elsa-Brasil

Foto: Cecília Bastos

A investigação multicêntrica do projeto Elsa-Brasil vem sendo desenvolvida desde 2008 com cerca de 15 mil pessoas entre 35 e 74 anos de várias instituições públicas de ensino superior e pesquisa das regiões nordeste, sul e sudeste do Brasil. Na USP, são 5.061 voluntários que participam do trabalho. O objetivo é investigar, a longo prazo, a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas. A importância das pesquisas do Elsa se confirma na área de saúde pública brasileira. Os resultados vão servir de subsídio para direcionamento e adequações de políticas públicas. As ações do SUS, dos programas de atenção primária e do sistemas privados terão impactos direto dos resultados dessas pesquisas, conclui Lotufo.

Mais informações: site www.elsa.org.br