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Especialista destaca importância do vínculo materno no desenvolvimento infantil

A formação do vínculo materno não é automática e imediata, pelo contrário, é gradativa e, portanto, necessita de tempo, compreensão e amor para que possa existir e funcionar adequadamente. Estudos revelam que a construção desse laço afetivo na gestação é fundamental, e é estabelecido pela mãe, na maioria das vezes, através do contato com o feto que pode ser constituído por meio da fala, do toque na barriga e do afeto. É através dessa relação afetiva que a mulher conseguirá vivenciar a gravidez de maneira saudável e ter uma maior integração com o seu bebê, visto que esse contato favorece a formação de vínculos afetivos futuros, e a organização e maturação da identidade da criança.

Para melhor explicar as etapas dessa ligação e entender as sensações que norteiam esse vínculo, a coordenadora técnica de Saúde Mental do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Jacqueline de Vicq, fala sobre o assunto.

Quando, em geral, a mulher começa a se sentir mãe? Essa sensação (de que ela se tornou mãe) pode ocorrer ainda na gravidez?

Maria Jacqueline de Vicq: Se a mulher consciente ou inconsciente deseja ter um filho muito antes de estar grávida, a sensação de se sentir mãe pode começar a existir desde o início da gravidez. Na medida em que essa gestação avança, a mulher irá lidar com o seu desejo maternal e as angustias específicas de cada etapa. A cada ciclo da gestação, a mulher terá de lidar com as incertezas especificas. Enquanto no primeiro trimestre pode surgir o medo do aborto espontâneo, no segundo há preocupações com o desenvolvimento e a movimentação do bebê. Já no final da gravidez, a proximidade do parto tende a ser motivo de ansiedade. A maneira como ela irá enfrentar tais sentimentos, o que varia conforme a mulher, vai permitir um grau maior ou menor de consciência da maternidade.

A identidade com a maternidade pode surgir ainda na infância?

Maria Jacqueline: Na idade de três a quatro anos, a criança já é capaz de se relacionar intensamente com as pessoas que a cuidam, tornando possível a existência de intensos sentimentos de amor, ciúmes, medo e raiva. No começo dessa fase, tanto o menino quanto a menina, habitualmente, mantêm com sua mãe e com seu pai relações afetivas de muita proximidade. Normalmente, a menina se identifica com a mãe ao brincar de ser mãe, com suas bonecas. Nesse processo, a criança experimenta, de uma forma lúdica, uma série de sentimentos que envolvem a maternidade.

O apoio familiar contribui para o fortalecimento do vínculo mãe-bebê? Como?

Maria Jacqueline: A mulher grávida precisa de apoio emocional do companheiro e da família, principalmente em momentos de tensão, estresse e nervosismo, esse apoio e segurança farão com que a gestante se sinta mais tranquila, o que irá proporcionar o desenvolvimento saudável do feto, a figura paterna é fundamental no desenvolvimento e na formação desse vínculo. Toda forma que o pai tem de melhorar o estado emocional da companheira gestante é bem-vinda, nessa fase, a mãe está fragilizada com preocupações da maternidade, trabalho e mudanças pelas quais seu corpo está passando.

Como o vínculo mãe-bebê pode ser fortalecido após o nascimento?

Maria Jacqueline: O vínculo mãe-bebê é fortalecido no momento da amamentação, pois a primeira relação social do bebê seria com a figura da mãe, representada pelo seio materno. O leite, o calor e o contato com o corpo da mãe, seu cheiro (que ele reconhece) e o som dos batimentos cardíacos o instigam. É assim que ele descobre o mundo e começa a ter consciência de si mesmo. O prazer proporcionado pelo ato de sugar e o amparo da mãe fazem com que o bebê se sinta acolhido e seguro.

E as mães que não podem amamentar?

Maria Jacqueline: Se o bebê for alimentado com afeto, a experiência vai lhe transmitir segurança de qualquer maneira. Perdem-se alguns benefícios da amamentação, mas não a oportunidade de estreitar o vínculo. O colo, as conversas, as trocas de carinho também cumprem essa função.

A privação do vínculo afetivo materno pode contribuir para distúrbios psicológicos na infância?

Maria Jacqueline: As relações afetivas estabelecidas entre a mãe e o seu bebê são fundamentais para assegurar a construção do psiquismo da criança, possibilitando um desenvolvimento saudável da personalidade e dos comportamentos sociais. É através do relacionamento seguro, contínuo e afetivo que a criança desenvolve a formação da sua autoestima e toma conhecimento do mundo exterior.  Desta forma, a privação desse vínculo pode levar a uma série de distúrbios, que irão variar conforme o grau de privação.

Livro busca amenizar ansiedade de quem tenta ter filhos

Liliana Seger, psicóloga colaboradora do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), escreveu o livro “Cadê você, bebê?”, lançado recentemente pela editora Segmento Farma. A pesquisadora, durante seu doutorado no Insituto de Psicologia (IP) da USP, diagnosticou que os casais que estavam tentando ter filhos não possuíam ninguém com quem conversar ou algum apoio para dividir, compartilhar e até ouvir frustrações semelhantes. Isso a motivou a encontrar algum meio que pudesse suprir essa necessidade.

Liliana colheu depoimentos tanto de pacientes, quanto de outras pessoas passando pelo problema, e identificou o que trazia mais dor nos diferentes momentos do processo, desde a decisão de ter um bebê, passando pela descoberta da infertilidade do homem ou da mulher, os tratamentos, até a maternidade ou adoção.

Segundo a psicóloga, as questões que os entrevistados, principalmente as mulheres, enfrentam são das mais variadas: “O que está acontecendo?”, “Por que comigo?”, culpa, raiva, o sentimento de ser “menos homem” ou “menos mulher”, a procura de vários médicos, a sensação de ser diferente de todo o mundo. Durante o processo, quem está tentando ter filhos passa por momentos de ansiedade ao procurar os diferentes tratamentos: inseminação artificial, fertilização in vitro, ovulação, busca por doação de sêmen. A impressão é de que a pessoa só vê fetos, mulheres grávidas com barriga, carrinhos de bebê.

Durante toda sua vida profissional e acadêmica, Liliana notou que atualmente os casais estão procurando ter filhos mais tarde, após a formação universitária, conquista da casa própria e estabilidade financeira. As mulheres, após os 35 anos, têm um decréscimo de ovulação. Os óvulos, na data do nascimento, já estão todos formados no corpo feminino e vão envelhecendo conforme os anos. A dificuldade para engravidar, portanto, aumenta depois dessa idade. A pesquisadora explica que, apenas após um ano de tentativas, o casal deve procurar ajuda médica, já que as chances de gravidez, em um mês, são de somente 18% quando não há problema nenhum.

Ansiedade
Entretanto, por desconhecer essa informação, as pessoas acreditam que devem engravidar nas primeiras tentativas sem o uso de métodos contraceptivos. Isso provoca uma alta carga de ansiedade quando, muitas vezes, não há nada de errado. A psicóloga abre exceção apenas para mulheres mais velhas, que para ela devem procurar um médico antes desse período, com vistas a ganhar tempo. A autora afirma que “40% das questões de infertilidade são das mulheres, 40%, dos homens e 20%, mistas”. Quando um homem não produz espermas, tem pouca quantidade ou baixa mobilidade, ele pensa que é menos potente ou viril, o que não têm relação com a fertilidade. Psicologicamente, porém, a ligação é muito forte e há aqueles que ficam debilitados emocionalmente quando descobrem. Contudo, no geral, as mulheres se abalam mais com a descoberta.

O livro não fez parte de nenhum projeto acadêmico da pesquisadora. Foi um projeto voltado para leigos, que desconhecem os tratamentos ou não possuem dinheiro para uma terapia. A sua diagramação e seu conteúdo são leves e de fácil acesso para não parecer algo acadêmico. “Eu queria que esse livro fosse o conselheiro dessas pessoas, que pudesse acalmar suas angústias e elas percebessem que outros também passam por situações semelhantes”. E, neste aspecto, o objetivo está sendo atingido, diz a psicóloga, ao mencionar que já recebeu uma mensagem de uma leitora que não tinha condições financeiras, passava pelo processo com muito sofrimento e utilizou as informações do livro como terapia.

O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece tratamentos de reprodução humana assistida no HC e no Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Entretanto, existe uma seleção muito rígida para receber o atendimento incluindo, entre outros critérios, idade e tempo de tentativa. Normalmente somente os procedimentos mais baratos são oferecidos, e a medicação tem preço muito elevado. A pesquisadora considera que, nesse aspectos, as mulheres estão desassistidas: “Infelizmente, no Brasil, para a saúde pública, o não poder ter filhos não é considerado um problema – o problema é ter filhos demais”.

Segundo Liliana, os casais costumam escutar de amigos e médicos para “desencanar”, focar suas atenções em outras coisas porque pode ser coisa da cabeça dela e sugerem para adotar um cachorro e até mesmo uma criança para amenizar o estresse entorno do assunto. Isso, para ela, é a pior coisa que se pode falar para alguém que está tentando. “Adoção não é um vale-brinde para engravidar”. A fala ‘adote um que depois vem o seu’ é comum e surpreende a pesquisadora: “Se você adotar um filho ele é o seu”.

Esses argumentos também podem deixar a pessoa ainda pior, porque ela supõe que não consegue engravidar por sua culpa, por conta de seus problemas emocionais, quando não é isso. O estresse causa alterações hormonais importantes, mas “não se trata só de parar de ficar preocupado”.

Mais brasileiras esperam chegar aos 30 para ter primeiro filho

Cada vez mais brasileiras estão esperando chegar até os 30 anos ou mais para ter o primeiro filho, principalmente as que possuem mais anos de estudo. A conclusão é do estudo “Saúde Brasil”, que faz um raio x da saúde do brasileiro, apontando tendências em áreas como taxa de natalidade e fecundidade, mortalidade, surtos, epidemias e doenças. Segundo a pesquisa, o percentual de mães na faixa etária de 30 anos cresceu na última década, passando de 22,5% em 2000 para 30,2% em 2012. Já o número de mulheres com menos de 19 anos que tiveram filhos caiu de 23,5% para 19,3% no mesmo período.

Outra constatação do estudo é que quanto maior a escolaridade, maior a idade da mãe no momento do parto, sobretudo as “de primeira viagem” (que informaram não ter filhos anteriormente). Entre aquelas com níveis mais elevados de escolaridade (12 anos ou mais de estudos), o nascimento do primeiro filho acontece com elevada frequência após a mãe completar 30 anos ou mais de idade (45,1%). Já entre as com menor escolaridade, com até 3 anos de estudo (51,4%) ou com 4 a 7 anos de estudo (69,4%), mais da metade foram mães com menos de 20 anos.

“O Brasil segue uma tendência observada em países desenvolvidos, com a inserção ainda mais forte da mulher no mercado de trabalho, com mais acesso aos métodos anticoncepcionais. Com isso, a mulher planeja melhor sua gravidez“, explicou a Diretora do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare. A maior quantidade de mães com 30 anos de idade ou mais está concentrada nas regiões Sudeste e Sul, representando respectivamente 34,6% e 33,6% dos nascimentos. No Centro-Oeste a taxa foi de 28,8%, seguido do Nordeste com 26,1% e o Norte com 21,2%.

Os dados revelam ainda uma tendência de queda no número de nascidos vivos, fortalecida pela diminuição das taxas de fecundidade em todas as regiões do país. Entre 2000 e 2012, houve redução de 13,3% no número total de nascimentos e, desde 2005, as taxas de fecundidade no Brasil têm sido inferiores ao nível de reposição populacional, em média mundial de 2,1 filhos/mulher. Em 2012, essa taxa foi ainda mais baixa, alcançando o valor de 1,77 filhos/mulher (redução de 22,7% em relação a 2000).

Com exceção da Região Norte (índice de 2,24 filhos/mulher), todas as demais regiões apresentaram taxas de fecundidade total inferiores ao nível de reposição. O menor valor foi encontrado no Sul, onde a taxa alcançou 1,66 filhos/mulher. Seguindo essa tendência, o processo de envelhecimento populacional deverá se intensificar e, em duas décadas, prevê-se uma estabilização do crescimento demográfico, com perspectivas de redução do tamanho da população brasileira. “O estudo aponta uma tendência já observada por outras instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, o governo tem investido muito em informação e políticas que promovam o envelhecimento saudável, como a própria política de doenças crônicas não transmissíveis, lançada nesta semana. Não temos dúvidas que a saúde se fortalece mais quando atrelada a ações de educação, esporte, cultura, desenvolvimento social”, finalizou a diretora.

PRÉ-NATAL – Em relação às características da gravidez e do parto, mais especificamente à atenção pré-natal, a análise evidencia que de três em cada quatro nascimentos foi realizado o número mínimo de consultas (seis ou mais) preconizado pelo Ministério da Saúde. Juntamente com estados e municípios, o Ministério da Saúde ampliou em 87% as consultas de pré-natal entre 2003 e 2012. Somente em 2012, foram realizadas 18,2 milhões de consultas pré-natais pelo (SUS).

Quanto ao tipo de parto, há uma tendência crescente de cesáreas no Brasil entre 2000 e 2012. Mais de 83% das mães com 12 anos ou mais de estudo e mais de 67% de mães com idades entre 25 e 39 anos realizaram parto cesáreo em 2012. No que diz respeito à cor da pele, enquanto 67% das mães brancas realizaram parto cesáreo, este percentual foi de 18% entre as indígenas (o índice foi de 48% entre as pretas, 59% entre as amarelas e 49% entre as pardas).

Para reduzir o número de cesáreas desnecessárias, o Ministério da Saúde busca esclarecer as mulheres em relação às vantagens do parto normal e apoia a discussão da formação em obstetrícia, inclusive incentivando o aprimoramento da formação médica – tanto nos currículos acadêmicos das faculdades de Medicina quanto na residência médica.

Por meio da estratégia Rede Cegonha, o governo federal tem incentivado o parto normal humanizado e intensificado a assistência integral à saúde de mulheres e crianças, desde o planejamento reprodutivo, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, pós-parto, até o segundo ano de vida do filho. Atualmente, a Rede Cegonha está presente em 5.488 municípios de todos os estados do país. Desde o lançamento, já foram repassados para a estratégia mais de R$ 3 bilhões.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também tem atuado para reduzir o número de cesarianas desnecessárias no país. Recentemente, a autarquia assinou um Acordo de Cooperação Técnica com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), para desenvolver um projeto piloto de promoção ao parto normal. A ANS também faz uma consulta pública sobre novas normas para o setor, cujas contribuições podem ser enviadas até 23 de novembro.

Maternidade transforma portadoras de HIV

Estudo na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP analisou narrativas e sentimentos de mães com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV) que infectaram seus filhos durante a gestação. Os resultados apontam que a doença é um fator transformador na maternidade e na vida dessas mulheres, pois essas mães abdicam de suas vidas para que os filhos tenham possibilidade de sobreviver.

“Quando a maternidade acontece na presença da infecção do HIV, este percurso pode ser permeado por dificuldades e ameaças”, diz a autora da pesquisa, a psicóloga Ana Cristina Magazoni Bragheto-Pires. Em seu doutorado, Narrativas de mulheres mães infectadas pelo HIV, defendido em outubro de 2013, ela muda o foco de seus estudos para as mães, antes voltados só para as crianças.

Foram entrevistadas dez mulheres infectadas pelo HIV/Aids e com filho em tratamento na Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas (UETDI) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, de abril a novembro de 2011.

Cuidados de uma gestante infectada
Ana Cristina lembra que o quanto antes a síndrome for detectada, mais chances a criança tem de nascer sem o vírus. O primeiro passo, diz a pesquisadora, é uma série de medicamentos para prevenir a infecção no feto. “Mas em algumas regiões, infelizmente a gravidez é percebida tardiamente, por volta dos seis meses. Com essa idade gestacional, os remédios já não fazem efeito, pois a criança já está formada.”

A pesquisadora afirma que essas mulheres não podem ter parto normal, devido a grande troca de sangue com o bebê durante o procedimento. “Além do parto ser cesárea, a mãe não pode amamentar. Mesmo alguns estudos indicando que, caso o nível da infecção esteja baixo, a prática é possível, há controvérsias.”

Entre os relatos das mães que participaram do estudo, há o de uma que diz ter usado crack até momentos antes do parto, atribuindo a esse fato a infecção adquirida pelo seu filho. Nesse caso, diz a pesquisadora, devido ao uso de drogas, o parto teve que ser normal, uma vez que se aplicada a anestesia, haveria contato entre as substâncias do medicamento e da droga, o que levaria a mãe a morte. “O nascimento do bebê com HIV trouxe não apenas uma nova mãe, mas também os recursos emocionais para ela lidar com a vida e os filhos.”

Depois do nascimento, a criança de mãe portadora do HIV é acompanhada por médicos, periodicamente, faz uso de antirretrovirais (remédios utilizados principalmente no tratamento de HIV) e, até os 18 meses de vida, são coletados amostras de sangue para saber se a criança vai ou não desenvolver o vírus da Aids.

Pouco acolhimento e muito julgamento
O estudo aponta, ainda, que as mães, além de precisarem de acompanhamento psicológico, encontram equipes multiprofissionais com pouco acolhimento e muito julgamento. “Eles sempre dizem que se a mulher sabia da sua condição, não deveria ter engravidado”, conta Ana Cristina, que já ouviu diversas vezes profissionais da saúde emitindo essa opinião. “Culpar a pessoa, não vai ajudar. Precisamos de uma equipe mais coesa e que consiga orientar melhor essas mães”, completa.

Ana Cristina lembra que as mães e filhos atendidos na Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas (UETDI) do HCFMRP, contam com ajuda do Grupo de Revelação e Diagnóstico composto por enfermeiros, médicos e psicólogos, que orientam qual é o momento certo de contar para a criança sobre sua condição sorológica. Segundo a pesquisadora, cada criança tem o seu “momento certo” de saber sobre o HIV. “A criança em algum momento de sua infância percebe que tem alguma coisa errada com ela, ir no hospital com certa frequência não faz parte do mundo infantil.”

Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2013, em 1980 foram registrados 6.309 casos de crianças infectadas pelo HIV por transmissão vertical (transmissão de mãe para filho). Já em 2012, foram apenas 135. “Nos últimos anos, houve uma queda brusca nesses casos graças aos avanços da medicina, como o adiantamento do uso de retrovirais na gestação e o teste rápido de diagnóstico para o HIV, feito antes do parto”, diz Ana Cristina.

A pesquisadora afirma que incorporar o teste de HIV antes do parto é uma das soluções. “Hoje, no HC, temos um centro de referência, mas na regiões norte e nordeste, por exemplo, não há muitos recursos”, afirma a pesquisadora.