Tag Archives: leite materno

Surto de Marburg na Tanzânia coloca OMS em alerta; entenda doença

Das seis pessoas infectadas, cinco morreram

No início da semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou a seus Estados-membros sobre um possível surto de infecção pelo vírus Marburg na região de Kagera, na Tanzânia. No dia 10 de janeiro, os primeiros casos suspeitos da doença no país foram reportados à entidade – seis pessoas infectadas, sendo que cinco delas morreram.

Leia Mais

Doação de leite humano auxilia desenvolvimento de prematuros

O bebê prematuro é aquele que nasceu antes de completar 37 semanas de gestação e a amamentação para ele é essencial pois, oferecida de forma exclusiva, diminui significativamente a incidência e a gravidade de algumas doenças específicas, que só ocorrem nessa fase da vida do bebê. O leite materno nutre, auxilia no crescimento e desenvolvimento, além de facilitar a formação do vínculo entre mãe e bebê – um dos aspectos mais importantes para o recém-nascido prematuro.

Geralmente, o bebê prematuro permanece algum tempo internado até ganhar peso para poder ir para casa (a partir de 1.800g) e a alimentação é feita de acordo com esse peso, as condições clínicas e o grau de prematuridade. A pediatra do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Marlene Roque Assumpção explica que, quanto maior a idade do bebê, mais esperto ele será. “Nestes casos, o bebê poderá mamar diretamente no seio materno, mas quando for muito prematuro, o início da alimentação será pela sonda gástrica ou pelo uso do copinho, que é indicado quando a mãe não está presente no momento da mamada, ou quando o bebê cansa e não consegue extrair todo o leite que necessita”, explicou.

O prematuro é um bebê sonolento e, por isso, precisa ser acordado e estimulado nos horários das mamadas. Inicialmente, se houver muita dificuldade para sugar, a mãe deve ordenhar o leite e oferecer a ele em um copinho. “A frequência das mamadas vai depender de quantas vezes o bebê solicita o peito, tanto de dia quanto de noite, sendo indicado sempre a livre demanda. À medida que crescem vão se acomodando a um ritmo próprio de frequência e duração”, enfatizou Marlene Roque.

Para facilitar a interação, que pode ser mais difícil por conta da rotina da unidade de terapia intensiva neonatal (UTI neo), os pais podem falar com o bebê antes de tocá-lo. A voz suave da mãe o acalma e o toque carinhoso dá segurança e tranquilidade ao bebê. “Realizar o contato pele a pele com o bebê mantém a temperatura corporal, auxiliando na função pulmonar e cardíaca dele. Além disso, amamentar e fazer o método canguru também auxiliam bastante na recuperação do peso do bebê, bem como proporcionam o desenvolvimento”, aconselha a pediatra.

Cuidados para utilizar o copinho:

1 – Lave as mãos antes de oferecer leite no copinho para o bebê;
2 – Observe a temperatura do leite (se não for o leite da mãe retirado no mesmo momento);
3 – Coloque o bebê em posição semi-sentada;
4 – Apoie a borda do copo no lábio inferior do bebê para evitar que ele empurre o copo para fora com a língua;
5 – Espere que o bebê sugue o leite e não o obrigue a engolir.

Não é recomendado oferecer o leite em mamadeira, pois o bebê se acostuma ao bico que é oferecido. “Quando o bebê mama no peito, realiza uma ordenha, que trabalha toda a musculatura facial. Na mamadeira, ao contrário, ele chupa o leite como chupamos um canudinho, não usando adequadamente os músculos faciais, podendo apresentar mais tarde, problemas dentários, respiratórios e de linguagem”, alerta a pediatra. 

Há casos em que, por conta da prematuridade, a mãe não consegue produzir leite suficiente para alimentar o filho, neste momento o BLH local se faz essencial, pois é o leite doado a esse local que irá alimentar o bebê. “O leite doado aos BLHs e postos de coleta passa por um rigoroso processo de seleção, classificação e pasteurização até que esteja pronto para ser distribuído com qualidade certificada a bebês internados em unidades de terapia intensiva neonatais. Todas as mulheres em fase de amamentação e que produzam um volume de leite que excede a necessidade de seu filho podem doar. As lactantes também devem ser saudáveis e não podem fazer uso de medicamentos que impeçam a doação. Diferente da doação de sangue que necessita de coleta presencial, a doação de leite humano pode ser feita em casa e aos poucos, conforme orientações de higienização e armazenamento adequados”, esclareceu a pediatra.

Para se tornar doadora, basta entrar em contato com o BLH mais próximo e realizar um cadastro mediante apresentação dos últimos exames de sangue. A equipe irá orientar sobre a forma correta de coletar o leite. O leite humano a ser doado pode permanecer congelado por 15 dias. Antes deste período, a nutriz deve entrar em contato para providenciar a coleta em seu domicílio. Para esclarecer dúvidas, consulte o site da rBLH ou ligue gratuitamente para 0800 026 8877.

Carboidrato obtido do soro de queijo aumenta imunidade a doenças

O leite materno humano tem carboidratos, chamados oligossacarídeos, que servem de alimento para bactérias benéficas, como a Bifidobacterium infantis.

Segundo Daniela Barile, professora do Instituto de Ciências e Tecnologia de Alimentos da University of California em Davis, Estados Unidos, ao se proliferar e colonizar o intestino, essas bactérias benéficas aumentam a imunidade e ajudam a proteger os bebês de infecções e doenças causadas por micróbios prejudiciais à saúde, como a Escherichia coli.

“Evidências mostram que o leite materno promove a saúde intestinal dos bebês, ajudando a aumentar a imunidade e protegê-los de uma ampla gama de problemas de saúde, como obesidade, diabetes, problemas de fígado e doenças cardiovasculares”, disse Barile.

Um grupo de pesquisadores da universidade californiana, liderado pela cientista italiana, está obtendo do soro de leite permeado – um produto obtido por meio da remoção parcial da proteína do soro de leite – oligossacarídeos semelhantes aos do leite materno humano.

A ideia dos pesquisadores é adicioná-los a suplementos alimentares para restaurar o equilíbrio microbiano no trato digestivo e possibilitar aumentar a imunidade de pessoas com sistemas imunológicos comprometidos – como pacientes com HIV ou submetidos à quimioterapia –, além de adultos, idosos e bebês incapazes de receber leite materno.

Alguns dos resultados do estudo foram apresentados por Barile em palestra em uma sessão sobre alimentos e agricultura durante a FAPESP Week UC Davis in Brazil, realizada nos dias 12 e 13 de maio em São Paulo.

“A descoberta de oligossacarídeos no soro de leite permeado abre novas possibilidades de aplicação dessas moléculas alternativas, que imitam o mais próximo possível as características estruturais e funcionais dos oligossacarídeos do leite humano, em suplementos e produtos lácteos, com o intuito de diminuir os desequilíbrios microbianos no intestino de crianças e adultos”, avaliou Barile.

As vacas produzem oligossacarídeos estruturalmente semelhantes aos encontrados no leite materno. O problema é que a produção dessa molécula diminui após os primeiros dias de lactação do animal.

Na busca por outra fonte alternativa da molécula – uma vez que ainda é difícil sintetizá-la quimicamente para ser usada em grande escala –, o grupo de Barile desenvolveu técnicas para obter oligossacarídeos a partir do soro de leite permeado.

“O soro de leite é produzido em grandes quantidades no processo de fabricação do queijo e é difícil de ser eliminado pelos laticínios, porque não pode ser descartado na água e em sistemas de esgoto”, disse Barile.

Segundo ela, 100 litros de leite resultam na produção de 10 quilos de queijo e 90 litros de soro de leite, que contêm cerca de 50% dos nutrientes do leite. São produzidos cerca de 200 milhões de toneladas de soro de leite no mundo por ano, dos quais 3 milhões no Brasil.

Alguns dos produtos comercializados hoje a partir desse resíduo da indústria de laticínios por meio da recuperação das proteínas por processos de ultrafiltração são concentrados ou proteínas de soro de leite isoladas – conhecidas popularmente como whey proteins.

“Além desses produtos, que são altamente rentáveis, é possível obter desse produto o soro de leite permeado, que tem alto teor de lactose, mas é poluente e o custo para eliminá-lo é elevado”, afirmou Barile.

“A implementação de um processo de baixo custo para recuperação sistemática dos oligossacarídeos do soro de leite permeado permitiria às indústrias de laticínios agregar valor a esse subproduto e gerar ingredientes lácteos de alto valor no mercado”, avaliou.

Validação clínica

Os pesquisadores da universidade californiana estudam o desenvolvimento de processos combinando biotecnologia e engenharia industrial que possibilitem às indústrias de laticínios extrair grandes quantidades de oligossacarídeos de permeado de soro de leite.

Paralelamente, outros grupos de pesquisadores da instituição realizam estudos in vitro (com células epiteliais), além de em modelo animal e com humanos com os oligossacarídeos obtidos do soro de leite permeado em laboratório, para avaliar os efeitos prebiótico e de imunomodulação da molécula.

Por meio de um projeto apoiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, um grupo de pesquisadores da universidade californiana também está avaliando como bactérias do intestino consomem oligossacarídeos.

Os resultados do estudo podem ajudar no desenvolvimento de substâncias que melhoram a imunidade de crianças não alimentadas com leite materno.

“O leite materno tem um papel importante na colonização microbiana inicial”, disse Barile. “Bebês alimentados somente com leite materno apresentam um menor número de bactérias intestinais potencialmente patogênicas, como enterococos, enterobactérias, clostridia e bacteroides. Já crianças alimentadas com fórmula infantil artificial apresentam um maior número dessas bactérias.”

Além da pesquisadora da UC Davis, participaram da sessão sobre alimentos e agricultura Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e coordenadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (ForRC) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP; Bennie Osburn, professor da Escola de Medicina Veterinária da University of California em Davis; e Luiz Antonio Martinelli, professor do Centro de Energia Nuclear em Agricultura (Cena) da USP.