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Fiocruz atua no desenvolvimento de teste inédito para diagnóstico de diarreia aguda

Desenvolvido com participação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o primeiro kit para diagnóstico molecular de rotavírus e norovírus do Brasil deve contribuir para vigilância dos patógenos e investigação de surtos de diarreia aguda. A inovação foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O teste do tipo quadriplex permite quatro investigações simultâneas, incluindo rotavírus, dois genogrupos de norovírus e um controle interno, que aumenta a confiabilidade dos resultados.  

Kit reúne todos os componentes necessários para detectação molecular de rotavíus e norovírus (foto: IBMP / Arte: Jefferson Mendes)

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Concluído o maior mapeamento da diversidade genética do vírus da hepatite B

O mais completo levantamento da diversidade genética dos vírus da hepatite B já realizado no Brasil mostra que a pluralidade de origens da população brasileira se reflete também nos microrganismos que circulam no país. Liderado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o estudo é resultado da parceria entre onze laboratórios e instituições de pesquisa de todas as regiões, com apoio do Ministério da Saúde. Mais de mil amostras foram analisadas, referentes a casos crônicos de hepatite B registrados em mais de cem cidades de 24 estados e no Distrito Federal. Os resultados apontam que os casos brasileiros estão relacionados a sete dos dez genótipos do vírus da hepatite B identificados no mundo. A distribuição das variantes virais muda significativamente de uma região para outra e, até mesmo, de um estado para o outro. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of General Virology.

Coordenadora do estudo, a chefe do Laboratório de Hepatites Virais do IOC, Elisabeth Lampe, explica que os vírus da hepatite B evoluíram junto com as populações humanas. Dessa forma, a distribuição geográfica das diferentes variantes genéticas – nomeadas por letras de A até J – está relacionada às origens das populações, sendo impactada pelas migrações e pelos deslocamentos populacionais. “O Brasil apresenta um cenário muito diferente dos outros países da América do Sul, onde o genótipo F do vírus da hepatite B – mais associado às populações americanas nativas – é predominante. No território brasileiro, vemos grande presença de genótipos associados com populações europeias e africanas, e chama atenção a ampla variação regional”, ressalta a pesquisadora.

Na literatura científica, apenas um trabalho, realizado no Canadá, apontou a presença de oito genótipos do vírus da hepatite B circulando em um mesmo país – um a mais do que o que acaba de ser verificado no Brasil. “Em comum, temos dois países continentais, com populações formadas por imigrantes de diferentes nacionalidades”, comenta Francisco Mello, pesquisador do Laboratório de Hepatites Virais do IOC e coautor do estudo. “No Brasil, conseguimos observar a presença de sete genótipos virais em um único estado: São Paulo, que além de ser o estado mais populoso da federação é formado por diversas comunidades de imigrantes e atrai um grande fluxo de visitantes internacionais”, completa.

O Laboratório de Hepatites Virais do IOC atua como referência nacional em Hepatites Virais junto ao Ministério da Saúde, e o esforço para traçar o mapa da diversidade genética do vírus da hepatite B no país foi realizado em resposta a uma demanda do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Aids e Hepatites Virais. Estudos anteriores traziam dados limitados a algumas regiões do país e o trabalho mais abrangente produzido até então continha amostras de apenas nove estados – agora apenas Piauí e Rio Grande do Norte não foram incluídos na pesquisa. Para realizar o levantamento, os cientistas estabeleceram uma rede chamada de Grupo Brasileiro de Pesquisa em Hepatite B, com a participação de nove laboratórios públicos, com representação das cinco regiões do Brasil. Com financiamento do Ministério da Saúde, as unidades foram equipadas e receberam treinamento para realizar os testes de genotipagem que permitiram construir o mapa nacional de circulação do vírus. Em sete estados, esta é a primeira vez que os genótipos do vírus da hepatite B passam a ser conhecidos: no Amapá, Roraima, Ceará, Paraíba, Sergipe e Espírito Santo este tipo de investigação nunca havia sido realizado.

“Com essa grande colaboração, conseguimos obter e analisar mais de mil amostras, não apenas das capitais, mas também de dezenas de cidades do interior. Em grande medida, a origem das amostras reflete a distribuição da população brasileira no território nacional. Por isso, obtivemos um mapeamento abrangente e representativo da distribuição geográfica dos vírus da hepatite B”, destaca Elisabeth.

Genótipos predominantes
Identificado em quase 59% dos casos analisados, o genótipo A do vírus da hepatite B foi o mais frequente no Brasil. Com perfil de distribuição considerado global, essa variante viral é encontrada com mais frequência no Norte da Europa, América do Norte e África Subsaariana, e foi predominante na maioria dos estados do Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Em segundo lugar, o genótipo D foi detectado em 23% dos casos no país. No entanto, essa variante viral – que também apresenta distribuição global, mas é associada principalmente com populações da Europa, Mediterrâneo e Oriente Médio – foi majoritária na região Sul, respondendo por cerca de 80% dos registros. Ligado às populações indígenas americanas, o genótipo F foi o terceiro mais frequente no levantamento nacional, com 11% dos casos. Porém, observando apenas o Nordeste, ficou em segundo lugar (cerca de 23% dos registros na região).

Com distribuição geográfica internacional conhecidamente mais restrita, os vírus B, C, E e G foram encontrados em baixo número de ocorrências. Associado à África Ocidental, o genótipo E respondeu por 1,8% das infecções, enquanto o genótipo G – identificado em alguns países das Américas e Europa – foi identificado em 1,3%. Ambos ligados a populações asiáticas, os genótipos B e C alcançaram apenas 1% dos casos analisados. “É interessante notar que, em São Paulo, esses genótipos raros no país responderam por 12% das amostras, refletindo o caráter cosmopolita do estado”, pontua Francisco. Um dos estados que tiveram o perfil genético dos vírus mapeados pela primeira vez, o Ceará apresentou um resultado surpreendente: foi o único do país a apresentar predominância do genótipo F, identificado em aproximadamente 53% das infecções. “Historicamente, moradores do Ceará se deslocam para áreas isoladas da região amazônica em busca de trabalho, o que pode explicar um contato mais frequente com populações indígenas e a maior presença dessa variante viral no estado”, acrescenta o pesquisador.

Contribuição para a vigilância
Segundo os cientistas, o mapeamento dos perfis genéticos dos vírus da hepatite B no Brasil deve contribuir para o controle da doença no país. “Esses dados são importantes para a chamada vigilância molecular, que é baseada na análise do genoma viral. Por exemplo, a detecção da introdução ou da maior disseminação de determinada variante viral em uma região pode indicar a necessidade de reforço nas medidas de prevenção da doença, especialmente a vacinação”, explica Elisabeth. Ela afirma também que a relação da variabilidade genética dos vírus com a progressão da doença tem sido investigada em diversos estudos. “Algumas pesquisas apontam que o genótipo viral pode influenciar no desenvolvimento de formas crônicas da hepatite B e na resposta ao tratamento. Até o momento, os dados não são suficientes para justificar alterações nas condutas terapêuticas, mas o conhecimento sobre a diversidade genética dos vírus no Brasil pode ter ainda mais aplicações no futuro”, completa.

O vírus da hepatite B é transmitido principalmente em relações sexuais. Além disso, o contágio pode ocorrer por via sanguínea, incluindo compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam. A infecção também pode ser passada da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou a amamentação. O vírus afeta principalmente o fígado e a maioria dos pacientes apresenta quadros agudos, que podem ser assintomáticos ou ter sintomas como enjôo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados. No entanto, 5% a 10% das pessoas infectadas evoluem para formas crônicas da doença, com duração maior do que seis meses e possibilidade de complicações como cirrose e câncer no fígado.

Dia Mundial de Luta
A data de 28 de julho é declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, com o objetivo de aumentar a conscientização entre a população e o engajamento dos países no enfrentamento destas doenças. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, foram diagnosticados 42,8 mil novos casos de hepatites virais no Brasil, sendo aproximadamente 14 mil casos de hepatite B. Elisabeth destaca que o diagnóstico tardio é um dos desafios no enfrentamento do agravo. “Na maioria dos casos, a hepatite B é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas antes do desenvolvimento das complicações crônicas. Por isso, é fundamental realizar o teste, que é oferecido gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS)”, enfatiza Elisabeth.

Os cientistas ressaltam que a infectividade do vírus da hepatite B é maior que a do HIV, mas é possível evitar a doença com a vacinação e outras medidas de proteção. “Atualmente, a vacina contra hepatite B faz parte do calendário de imunização infantil e está disponível para toda a população até 49 anos nos postos de saúde. Portanto, é fundamental que todos procurem se vacinar”, afirma Francisco. Usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, seringas e agulhas são outras ações importantes para prevenir o contágio. Os exames para detectar a infecção também devem ser realizados no pré-natal e, em caso positivo, há recomendações médicas especiais para o parto e a amamentação com objetivo de evitar a transmissão para o bebê.

Artigo: Lampe et al. Nationwide overview of the distribution of hepatitis B virus genotypes in Brazil: a 1000-sample multicentre study. Journal of General Virology 2017; 98: 1389-1398

Novo curso de Vigilância e Controle de Vetores abre inscrições

O curso de Mestrado Profissional Stricto sensu em Vigilância e Controle de Vetores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), aprovado recentemente pela coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), estará com inscrições para a primeira turma de 15 a 26 de maio. Serão oferecidas 20 vagas para graduados em veterinária, biologia, biomedicina e áreas afins interessados em ampliar o leque de conhecimento no controle e vigilância de insetos, moluscos e carrapatos.

Mestrado Profissional em Vigilância e Controle de Vetores

Credenciado com conceito 3 na categoria de Mestrado Profissional (numa grade de conceitos entre 1 e 5) pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), o curso está alocado na área Saúde Coletiva da Capes. O Programa é voltado para profissionais de nível superior interessados no estudo integrado de vetores de doenças humanas e veterinárias no âmbito da saúde única (‘One Health’). O Programa apresenta duas áreas de concentração: Biologia de vetores de doenças e interação parasito-hospedeiro e Epidemiologia e controle de vetores de doenças.

Metodologia de trabalho científicoTaxonomia clássicaEcologia da transmissãoBiologia de vetores e interação com patógenosSistemática molecularDiagnóstico parasitológico e microbiológicoVigilância entomológica e malacológica e Controle de vetores I e II são as nove disciplinas que comporão a grade curricular do novo curso. Cada uma terá carga horária de 40h. Com este formato, será possível estabelecer uma boa ponte com agentes e gestores de secretarias estaduais de saúde, e auxiliar na solução de problemas e no desenvolvimento de produtos que contribuam para o controle de vetores locais.

Assim como nos outros Programas de Pós-graduação do Instituto, as inscrições para o novo curso serão realizadas online, por meio da Plataforma SIGA, no prazo preestabelecido pela Chamada de Seleção Pública.

Clique aqui e confira todas as informações sobre o novo Programa de Pós do IOC/Fiocruz.

Fiocruz promove mostra gratuita de filmes científicos no Rio

Câmeras especiais, imagens de tirar o fôlego, curiosidades e discussões com impacto direto em nosso dia a dia. Estes são alguns dos ingredientes que vão aguçar o interesse do público e movimentar a primeira mostra de filmes científicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Promovido pelo Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o 1º FIOCine exibirá mais de 50 produções – entre filmes, curtas-metragens e documentários nacionais e estrangeiros – que abordam uma vasta gama de assuntos, que vão desde a evolução humana, preservação da biodiversidade e o impacto dos raios cósmicos sobre o planeta, até a supercomputação, consumo consciente de energia e propagação de vírus que afetam animais e pessoas, dentre outros. O evento acontece de 20 a 28 de abril (exceto nos dias 21, 22, e 23), sempre das 10h às 12h e das 14h às 16h, no campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365 – Auditório do Pavilhão Arthur Neiva). Toda a programação é gratuita e não há necessidade de inscrição. Classificação livre. Mais informações, programação detalhada e trailers podem ser acessados no site www.ioc.fiocruz.br/fiocine. A mostra conta com a parceria da Associação Espanhola de Cinema e Imagem Científicos (ASECIC) e da Associação Internacional de Mídia Científica (IAMS, na sigla em inglês).

A abertura do evento contará com uma homenagem a um dos maiores divulgadores científicos dos últimos anos, o pesquisador Leopoldo de Meis, falecido em dezembro de 2014. Fundador do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de Meis introduzia jovens de áreas carentes à ciência de forma lúdica e prazerosa. O encontro acontecerá no dia 20 de abril, às 10h. Em seguida, o presidente da ASECIC, Francisco García García promove a conferência Cinema e imagem científicos e sua função na comunicação e difusão da ciência. A palestra será ministrada em espanhol.

“Vamos transformar o auditório em uma verdadeira sala de cinema. Nossa ideia é disponibilizar produções audiovisuais científicas de alta qualidade para a população, com filmes premiados em festivais internacionais”, destaca Genilton José Vieira, chefe do Serviço de Produção e Tratamento de Imagens do IOC/Fiocruz e organizador do evento. “A divulgação científica é um importante instrumento que precisa ser valorizado”, completa Genilton, que é diretor de produções premiadas internacionalmente, entre elas, o documentário Aedes aegypti e Aedes albopictus – Uma ameaça nos Trópicos, que faz parte da programação. O 1º FIOCine é aberto ao público em geral. Podem participar estudantes e especialistas de todas as áreas do conhecimento e interessados nos temas abordados.

Confira os destaques da programação:

– A emergência e reemergência de doenças, como zika, chikungunya e febre amarela, preocupam autoridades de saúde e membros da comunidade científica. O documentário espanhol A Era dos Vírus, dirigido por Graziella Almendral, está inserido nesse contexto. A produção aborda questões relacionadas a diferentes micro-organismos, entre eles, os vírus influenza, Marburg, ebola e HIV, que causam impactos para a saúde pública em diversos países. Será exibido dia 25/4, a partir das 14h.

– Um trabalho de arte e também de ciência, A contração muscular, de Leopoldo de Meis, é uma animação criativa que traz luz sobre fenômenos complexos de um modo que não somente explica claramente, como também comove. O filme mostra de uma forma muito eficiente os aspectos fisiológicos e moleculares do tema. Será exibido dia 20/4, às 15h.

– Cores e movimento chamam atenção em Paternidade Conflitante, uma produção da série Descobrindo o Comportamento Animal. O vídeo trata do processo reprodutivo das libélulas, cujas fêmeas realizam uma espécie de ‘competição’ ao selecionar o material genético do macho que dará origem à sua prole. A direção é de Alberto José Redondo Villa. Será exibido dia 24/4, a partir das 15h.

– O documentário Micromater, de Luis Juan Gonzáles Paterna, mostra imagens inéditas do mundo dos invertebrados. A produção analisa mais de 20 estratégias de fêmeas capazes de desenvolver comportamentos complexos com a missão de trazer seus filhotes ao mundo. Será exibido dia 24/4, às 15h20.

– Priego Através das Borboletas, de Alberto José Redondo Villa, propõe uma verdadeira viagem ao explorar a história de um povoado de Córdoba, na Espanha, a partir da perspectiva das borboletas que habitaram a cidade. O vídeo faz uma visita às principais épocas históricas, da pré-história aos dias atuais, revelando as principais espécies que passaram pela área em cada período. Será exibido dia 24/4, às 14h15h.

– Tecnologia, sustentabilidade e cultura também ganham espaço entre as produções. Luz, Trevas e o Método Científico, de Leopoldo de Meis, expõe a relação entre as descobertas da ciência e as suas consequências para o planeta. Em um amplo contexto, o documentário sugere a reflexão sobre a sobrevivência da humanidade diante dos avanços tecnológicos. Será exibido dia 20/4, às 14h.

– O impacto dos computadores de alto desempenho na ciência e na vida cotidiana é o tema do documentário Supercomputação. A produção retrata o desenvolvimento de pesquisas em diferentes áreas, da dinâmica molecular aplicada à compreensão do câncer ao estudo das supernovas, corpos celestes que resultam da explosão de estrelas. A direção é de Fernando Cucchietti. Será exibido dia 28/4, às 10h30.

– O filme Conservação do Mediterrâneo reforça a conscientização da necessidade de preservação do ambiente natural e da biodiversidade do Mar Mediterrâneo. A produção apresenta diferentes ações sociais que visam reduzir a degradação do local. A direção é de Antonio Marquez. Será exibido dia 26/4, às 10h.

Confira a programação detalhada em www.ioc.fiocruz.br/fiocine.

Serviço: I FIOCine – Mostra de Filmes Científicos da Fundação Oswaldo Cruz

Local: Campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365 – Auditório do Pavilhão Arthur Neiva)
Abertura: 20 de abril, às 10h
Sessões: 20 a 28 de abril (exceto nos dias 21, 22, e 23), sempre das 10h às 12h e das 14h às 16h
Classificação: Livre
Entrada gratuita
Informações: Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do Instituto Oswaldo Cruz
E-mail: imagem@ioc.fiocruz.br
Tel: (21) 2562-1292

Doença de Chagas é tema de edição especial da ‘Memórias’

Causador da doença de Chagas, o protozoário Trypanosoma cruzi é transmitido principalmente pelo inseto conhecido popularmente como barbeiro. Esta, porém, não é a única forma de infecção. Transplante de órgãos, transfusão de sangue, ingestão de alimentos contaminados e transmissão vertical – de mãe para filho – são rotas de contágio que, cada vez mais, se colocam como desafios.

Em edição especial sobre a doença, a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz traz artigos referentes a estudos apresentados durante o 13º Congresso Internacional de Parasitologia, realizado em 2014, na Cidade do México. Entre os temas abordados estão os diferentes cenários de transmissão, estratégias para o controle da doença e perspectivas para o desenvolvimento de uma vacina.

A edição temática da revista traz importantes revisões sobre variados aspectos da doença de Chagas. Entre os destaques, está o texto assinado pelo pesquisador José Rodrigues Coura , do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que revê os atuais conhecimentos sobre as principais rotas de infecção, incluindo a transmissão por vetores, a transfusão sanguínea e a via alimentar.

O controle integrado da doença de Chagas é tema de uma revisão assinada por pesquisadores de centros de pesquisa argentinos. Ações preventivas para evitar a ocorrência de novos casos e o diagnóstico rápido para um tratamento mais eficiente do paciente estão entre as estratégias destacadas pelos autores.

A transmissão congênita é assunto de uma revisão , que atualiza dados epidemiológicos, sintetiza métodos de pesquisa, estratégias de controle e possíveis meios de prevenção. O tema também é o alvo de um artigo assinado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás. O estudo analisou 1211 pacientes do Centro-Oeste brasileiro e a transmissão pela mãe foi confirmada em 24 indivíduos, representando 2% do total dos casos. O número é ligeiramente diferente do encontrado no Sul do Brasil, onde o tipo de parasito é diferente: lá, a porcentagem foi de 5%. Esta é a primeira pesquisa a correlacionar as diferenças geográficas com as taxas de transmissão congênita e o tipo de parasito predominante em cada região.

Em relação aos desafios do tratamento, um artigo discute a resistência do Trypanossoma cruzi ao benzonidazol, um dos dois medicamentos atualmente prescritos para pacientes com doença de Chagas. O estudo caracterizou pela primeira vez um gene fortemente associado a algumas variedades resistentes do parasito.

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