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Dengue: vacina do Butantan deve estar disponível no início de 2026

Medicamento está sendo avaliado pela Anvisa

A aprovação da vacina da dengue – produzida pelo Instituto Butantan – segue sob análise na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Brasília. A expectativa do governo federal, de acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é que a dose esteja disponível, para ser utilizada em um amplo programa de imunização, no início de 2026.

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MS, Fiocruz e Instituto Butantan assinam declaração para parceria

Nesta quinta-feira (7/12), a ministra da Saúde Nísia Trindade Lima assinou uma declaração conjunta de intenções com o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, e o diretor do Instituto Butantan, Espes Kallás, no sentido de estabelecer parcerias para acelerar o desenvolvimento de plataformas tecnológicas e a produção local. A assinatura ocorreu durante a reunião do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis) do Ministério da Saúde (MS), em Brasília, e tem o objetivo de fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde nacional e ampliar o acesso da população brasileira a produtos estratégicos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ministra da Saúde, Nísia Trindade destacou que o trabalho interministerial e intersetorial fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde. “Estão envolvidos diferentes ministérios, instituições federais, setores privados, movimentos sociais e todos que se unem para que o Brasil possa cumprir a meta de alcançarmos, em 10 anos, 70% de autonomia de produção nacional […] No momento em que o país assume a presidência do G20, é fundamental termos essa estratégia pensando na articulação tendo a saúde, ciência, tecnologia e inovação como os pilares de todo o trabalho”, afirmou.

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Gripe: todos com mais de 6 meses podem se vacinar a partir de hoje. Meta é imunizar 90% da população, diz Ministério da Saúde

A partir desta segunda-feira (15), toda a população com mais de 6 meses pode tomar a vacina contra a gripe. A ampliação do público foi anunciada pelo Ministério da Saúde na última sexta-feira (12). O objetivo, segundo a pasta, é expandir a cobertura vacinal contra a doença antes do inverno, quando as infecções respiratórias tendem a aumentar.

“A orientação atende a pedido de estados e municípios, que podem usar as vacinas em estoque e adotar estratégias locais para operacionalizar a imunização, atendendo às realidades de cada região. Mais de 80 milhões de doses da vacina trivalente, produzidas pelo Instituto Butantan, foram distribuídas para todo o país. A meta é vacinar 90% da população”, destacou o ministério, por meio de nota.

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Vacina Pentavalente passa a ser produzida e adquirida no Brasil

Parceria do Ministério da Saúde com o Butantan garante investimento no complexo industrial da saúde e fortalece a oferta da Pentavalente para o Programa Nacional de Imunização

A vacina pentavalente, oferecida no Programa Nacional de Imunização (PNI), deixará de ser importada para o Brasil. Isso porque a parceria entre o Ministério, Bio-manguinhos/Fiocruz e o instituto Butantan tornou possível a produção da vacina em território nacional. Esse é um importante passo para assegurar, cada vez mais, a autonomia na saúde do  país. A vacina garante a proteção contra a difteria, tétano, coqueluche, a bactéria haemophilus influenza tipo b ( responsável por infecções no nariz e na garganta, entre outros) e ainda contra a hepatite B.

A coordenadora do PNI, Carla Domingues, afirma que a mudança no acesso a vacina pentavalente fortalece o Sistema Único de Saúde, garantindo, entre outros benefícios,  a continuidade da imunização pelo PNI para as crianças que vivem no país. “A produção no Brasil  visa garantir autossuficiência da produção nacional, para a manutenção da sustentabilidade da demanda do país, diminuindo a possibilidade de ocorrência de  desabastecimento de produtos e não ficando condicionada à lei de mercado”, afirma Carla Domingues.

Atualmente a vacina é importada, produzida pelo Laboratório Serun Institute e adquirida por meio do  Fundo Rotatório da Organizaçao Panamericana das Américas (OPAS). Com a produção nacional, a aquisição será feita pelo  produtor da vacina pentavalente, o Instituto Butantan, numa parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-manguinhos/Fiocruz).  O investimento do Ministério da Saúde na Pentavalente também contribui para solidificar o mercado interno, segundo Carla Domingues. “Se trata de fortalecer o complexo industrial da saúde, aumentando o número de vacinas produzidas internamente no Brasil”, completa a coordenadora do Programa Nacional de Imunização.

Entenda o investimento feito pelo Ministério da Saúde na vacina Pentavalente: Saúde garante R$ 54 milhões ao Butantan para produção de biológicos

Esquema Vacinal

Desde 2012, o PNI oferta a vacina pentavalente no calendário de vacinação. As crianças devem tomar 3 doses da vacina aos 2, 4 e 6 meses de idade. Mesmo com a mudança na aquisição da vacina, o esquema vacinal ofertado nos postos de saúde continua o mesmo, segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.

USP e Instituto Butantan oficializam parceria para fomento de pesquisas sobre zika

Um dos resultados do acordo é a busca conjunta por um novo teste para diagnóstico sorológico da infecção por zika vírus

Estrutura do vírus zika reconstruída por microscopia eletrônica. Imagem: Michael Rossmann, Richard Kuhn e Vincent Racaniello

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e o Instituto Butantan oficializaram protocolo de intenções para impulsionar pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de vacinas, fármacos e testes para diagnósticos dos vírus zika e da dengue. O objetivo é intensificar intercâmbios científicos entre as instituições.

Um dos resultados deste acordo é o trabalho conjunto para o desenvolvimento de um novo teste para diagnóstico sorológico da infecção por zika vírus, que poderá ser usado para diagnosticar pessoas que foram infectadas no passado e que já tenham eliminado o vírus do seu organismo. Embora existam outros meios de diagnóstico, o que vem sendo utilizado na rede pública e privada de saúde é limitado, por detectar a doença apenas em estágios iniciais.

O novo teste, desenvolvido integralmente com tecnologia nacional, deverá auxiliar no atendimento a gestantes e a recém-nascidos, assim como outras pessoas com suspeita de infecção. Segundo Luis Carlos de Souza Ferreira, vice-diretor e coordenador do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas (LDV) do ICB, será possível avaliar retrospectivamente a epidemia de zika vírus no País, assim como buscar possíveis correlações com os casos de microcefalia e alterações congênitas em crianças de mães infectadas.

Ferreira explica que historicamente sempre existiu uma colaboração intelectual e científica entre os pesquisadores das duas instituições, como foi o caso de pesquisas para o desenvolvimento da vacina contra o vírus da zika. O cultivo, a purificação, a inativação do vírus e os ensaios que permitirão medir a segurança e a eficácia da vacina em condições experimentais estão sendo conduzidos pelo Laboratório de Virologia Molecular, sob coordenação do professor Edison Durigon.

Já a produção de antígenos em larga escala está sendo desenvolvida no Butantan, sob a coordenação de Viviane Gonçalves. A vacina do zika passará por pré-testes e ensaios clínicos. Com os dados de segurança e eficácia reunidos, ela passará a ser produzida em escala industrial, afirma Paulo Lee Ho, diretor do Laboratório Especial de Inovação e Desenvolvimento Industrial do Butantan.

Perguntado sobre o prazo para finalizar os testes e ensaios para a vacina chegar à população, Lee Ho explica que é difícil prever porque todos estes procedimentos são complexos e dependem de um grande número de variáveis. “Se não houver um certo número de casos de infecção por zika, será difícil avaliar a eficácia da vacina”, exemplifica.

Na terceira fase dos ensaios clínicos da vacina em humanos, o Instituto Butantã pretende verificar se a vacina seria capaz de proteger as pessoas quando estas já tivessem sido infectadas por outro tipo de vírus como o da dengue, por exemplo. Os pesquisadores querem saber se a infecção pelo vírus da dengue facilitaria o contágio pelo vírus da zika, ou seja, se haveria interações recíprocas entre ambos os vírus.

Laboratório de triagem de droga

As duas instituições também buscam estender a parceria científica na busca de novos fármacos contra doenças infecciosas. Já está em fase final de negociação a montagem de uma plataforma tecnológica voltada para o rastreamento de drogas com potencial terapêutico. A parceria será feita de forma inédita entre os dois institutos e consistirá na instalação de um laboratório no Departamento de Microbiologia da USP, sob a supervisão de Lucio Freitas Junior, pesquisador do Butantan.

Freitas trará para a USP todo o know-how adquirido no período em que passou coordenando uma equipe de pesquisadores no Institut Pasteur Korea, na Coreia do Sul, entre os anos de 2005 e 2013. No laboratório asiático, esteve envolvido com diversos trabalhos para descoberta de medicamentos para tratamento de doenças como a leishmaniose visceral, doença de Chagas, tripanossomíase humana africana, malária, dengue e chikungunya. Por causa da vasta experiência, Freitas foi contratado recentemente pelo Butantan para trabalhar com doenças que necessitam de ações emergenciais, como as provocadas por vírus da zika e a chikungunya.

No Institut Pasteur Korea, Freitas teve reconhecimento como cientista pelo seu conhecimento e alto grau de rendimento produtivo. “Fui muito bem remunerado, mas é no Brasil que encontro desafios para desenvolver meu trabalho porque as epidemias acontecem por aqui”, explica Freitas sobre o motivo que o levou a voltar ao País.

Tanto a reforma quanto a aquisição e a instalação de equipamentos do novo laboratório, bem como a vinculação dos pesquisadores e de estudantes que trabalharão no setor, ficarão a cargo do Butantan. Uma vez implantado o laboratório, as duas instituições compartilharão expertise e competências. A meta será a descoberta de medicamentos para tratamento de doenças como a zika, a malária e a leishmaniose.

O Instituto Butantan é um dos principais produtores de vacinas e soros no País e conta com diversos grupos de pesquisa na área biomédica. O Instituto de Ciências Biomédicas é um centro de excelência em pesquisa na USP e se destaca por trabalhos de ponta nas áreas de imunologia, farmacologia, microbiologia, parasitologia e fisiologia, dentre outras.

A formalização da parceira ocorreu no último mês de outubro, com assinatura de documento pelo reitor da USP, Marco Antonio Zago, e pelo secretário de Saúde do Estado de São Paulo, David Uip.

Mais informações: e-mail lcsf@usp.br, com o professor Luis Carlos de Souza Ferreira

Butantan cria Grupo de Ação Rápida para Doenças Emergentes

O Instituto Butantan criou uma nova unidade de pesquisa, o Grupo de Ação Rápida para Doenças Emergentes (Garde-IB), que será instalada no prédio antes ocupado pelo Paço das Artes. A área já pertencia ao Butantan e estava cedida à Secretaria de Cultura.

No Garde-IB serão realizadas pesquisas de doenças graves e que demandam esforços urgentes e interdisciplinares, como dengue, Zika e chikungunya. A reforma do prédio, com 6 mil metros quadrados, deverá ter início no segundo semestre de 2016, com previsão de durar cerca de um ano.

O Garde-IB reunirá um grupo de 30 pesquisadores do Butantan e atuará em diversas frentes, desde pesquisa básica até pesquisa aplicada, envolvendo, também, o desenvolvimento de novos produtos de saúde. “O objetivo é ter um núcleo de vanguarda em pesquisa nas áreas de Biologia Molecular e Biologia Celular que, a partir de abordagem multidisciplinar, consiga fazer frente à demanda por respostas ágeis para novas doenças que ameacem a saúde pública brasileira e mundial, em geral doenças virais”, explica o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

Além das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, foco inicial dos trabalhos, o núcleo também poderá atuar no estudo de outras enfermidades que já estão presentes no mundo, como encefalite japonesa, febre do Nilo Ocidental e síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês).

A nova unidade de pesquisa faz parte de uma área com, aproximadamente, 30 mil metros quadrados que está destinada à futura implantação do Instituto de Inovação em Biotecnologia Butantan. O Garde-IB é a primeira fase deste projeto que compreenderá um espaço de colaboração científica, reunirá laboratórios de ponta e permitirá a integração de plataformas e linhas de pesquisa com foco no desenvolvimento e produção de novos biomedicamentos.

Instituto Butantan fecha parceria internacional para produção de vacina contra o Zika

O Instituto Butantan fechou parceria internacional para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Zika. O acordo foi anunciado na noite desta sexta-feira, 24 de junho, informou a Assessoria de Comunicação do Instituto.

A instituição receberá investimento de US$ 3 milhões da Biomedical Advanced Research and Development Authority (BARDA), órgão do Ministério da Saúde dos Estados Unidos (HSS, na sigla em inglês), para as pesquisas de uma vacina de Zika com vírus inativado. O repasse financeiro se dará por meio de acordo entre a BARDA e a Organização Mundial de Saúde para a expansão da capacidade de pesquisa e produção de vacinas no Brasil.

Os recursos serão investidos em equipamentos e insumos para o desenvolvimento da vacina contra a doença. O acordo também prevê cooperação técnica entre os especialistas em vacinas da BARDA e os pesquisadores do Instituto Butantan.

“O Butantan já vem trabalhando no desenvolvimento de uma vacina de vírus inativado. Este tipo de vacina tem desenvolvimento científico e tecnológico mais rápidos e, por usar vírus não infectante, tem aprovação pelos órgãos reguladores, como a Anvisa, facilitada”, destaca o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil. Atualmente, a instituição está no estágio de imunização do vírus inativado em roedores.

Nos últimos meses, os pesquisadores do Butantan trabalharam no processo de cultura, rendimento, purificação e inativação do vírus em laboratório.

Os próximos passos envolvem testes de toxicidade do produto em animais e análise de uma área industrial para a produção do imunobiológico. A expectativa do Instituto Butantan é que a vacina possa estar disponível para os primeiros testes em humanos já no primeiro semestre de 2017.

“O investimento reconhece a excelência do Instituto Butantan na pesquisa e produção de novos imunobiológicos. A parceria permitirá que a instituição prossiga na produção de uma vacina contra o vírus Zika, contribuindo para o avanço das pesquisas científicas no país”, afirma Kalil.

Projeto mapeia resposta imunológica ao zika vírus

A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP recebeu, nos dias 28 e 29 de abril, seus parceiros, o inglês Daniel Altmann, do Departamento de Medicina do Imperial College (Reino Unido), e o norte-americano William Kwok, do Instituto de Pesquisa Benaroya (Seattle, Estados Unidos) para o início do desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus. O projeto inicial investirá no mapeamento da resposta imunológica que, até o momento, continua desconhecida pela ciência.

Os três centros de pesquisa concentrarão esforços para entender o que leva algumas pessoas infectadas com o zika vírus a serem mais resistentes enquanto outra parcela de infectados é mais suscetível, desenvolvendo graves sintomas. O professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia, João Santana da Silva, da FMRP, coordenador do projeto no Brasil, comenta que entendendo como ocorre esse controle, essa resposta imune, pode-se “intervir de forma a controlar a resposta da população mais suscetível ao vírus e fazer com que essas pessoas fiquem resistentes, chegando-se assim a uma vacina.”

Apesar de acreditar que a resposta imune de nosso organismo ao zika vírus seja completamente diferente da resposta à dengue, Santana da Silva diz que a experiência que já possuem com a dengue deve tornar mais rápida a construção de uma vacina contra o zika.

Pesquisa Básica
O professor adianta que existe grande quantidade de testes clínicos em andamento ou já realizados com a vacina da dengue, inclusive no Instituto Butantan, e que, dentro de um ano, essa vacina (dengue) deverá estar pronta. Ele afirma que a pesquisa que realizam hoje é básica. Mas é preciso saber como é realizada “a resposta imune dessas pessoas para entender como é a doença e a proteção para fazer a vacina.”

O professor saiu em defesa das autoridades sanitárias brasileiras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelas rápidas ações para o controle dessa doença que oferece graves riscos ao sistema neurológico dos infectados como a Síndrome de Guillain-Barré e microcefalia. Para o projeto internacional que iniciam agora, só o lado brasileiro recebeu da Fapesp R$ 250 mil.

Santana da Silva diz que estão alertas para a gravidade do problema e que “não estão parados”. Existem várias linhas de ação, tanto em pesquisas para entender a doença, como para prevenir a microcefalia e também para a produção de vacinas.

Mais informações: (16) 3315-3242

Remédio para gastrite pode ser nova arma contra esquistossomose

Quem tem problemas estomacais recorrentes conhece o omeprazol, medicamento receitado para tratar de gastrite e úlceras, entre outras disfunções digestivas. Usando técnicas genômicas, pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), do Instituto Butantan e de outras instituições nacionais descobriram uma capacidade insuspeita para esse mesmo fármaco: potencializar a ação da droga normalmente utilizada contra o verme Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (ou barriga d’água, como é conhecida popularmente).

A descoberta, publicada na revista científica de acesso livre PLOS Neglected Tropical Diseases, ocorreu quando os pesquisadores se puseram a mapear o padrão de ativação dos genes do S. mansoni depois de os parasitas serem afetados por quantidades modestas de praziquantel, medicamento cuja administração aos pacientes, em uma única dose oral por ano, normalmente é suficiente para eliminar os vermes.

Entre os genes que pareciam estar associados à reação do esquistossomo contra a droga, havia diversas regiões do DNA cujos equivalentes em humanos estão ligados à ação de medicamentos conhecidos, e um dos mais interessantes da lista é justamente o omeprazol.

Sergio Verjovski-Almeida, professor no Departamento de Bioquímica do IQ-USP e coordenador do estudo, explica que a busca por fármacos que possam atuar em sinergia com o praziquantel deriva, paradoxalmente, do sucesso desse medicamento antiesquistossomose.

Como o praziquantel é a única droga usada em larga escala contra a doença, teme-se que, mais cedo ou mais tarde, apareçam linhagens do S. mansoni que sejam resistentes a ele, mais ou menos como ocorre na corrida armamentista entre antibióticos e cepas de bactérias.

“Ainda não se sabe ao certo se essa resistência já surgiu de forma significativa na natureza. Alguns possíveis casos de resistência talvez se devam apenas ao uso incorreto do praziquantel. Mas, de qualquer maneira, a preocupação existe”, conta Verjovski-Almeida.

O uso combinado de dois fármacos diferentes diminui muito essa possibilidade, já que o organismo do parasita precisaria ser “sortudo” o suficiente para carregar variações genéticas que o tornassem resistente a ambas as drogas.

Ao buscar novos “calcanhares de aquiles” do verme nos genes afetados pelo praziquantel, Verjovski-Almeida conta ter se inspirado, em parte, nos seus trabalhos com genômica de células do câncer.

“No câncer, quando se usa uma droga contra o tumor, é comum que rapidamente as células cancerosas sofram mutações que podem conferir resistência contra o tratamento, e as células com essas mutações logo produzem muitos clones. A ideia, então, é tentar entender essas redes de alterações genômicas”, explicou. “Essa é a vantagem da minha maluquice de trabalhar nessas duas coisas diferentes ao mesmo tempo”, brincou.

Machos, fêmeas e prótons

Para saber quais genes eram afetados pelo fármaco, a equipe obteve, em primeiro lugar, amostras do mRNA (RNA mensageiro) dos parasitas. O mRNA é a molécula que serve de intermediário entre a informação genética contida no DNA e os ribossomos, “fábricas” de proteínas que funcionam com base nas instruções trazidas pelo mRNA. Para ser mais exato, quanto mais cópias do mRNA correspondentes a determinado gene estão sendo produzidas pela célula, mais ativo está aquele gene.

Após esse passo inicial, as moléculas de mRNA serviram de “molde” para a produção de seus equivalentes na forma de DNA. Estas, por sua vez, foram adicionadas a um chip com milhares de “poços” nos quais estavam contidas cópias de trechos de genes conhecidos do S. mansoni.

A ideia por trás desse processo é simples: como o DNA é uma molécula conhecida por seus pares de bases complementares – a base A (adenina) só se liga com a base T (timina), a base C (citosina) só se liga com a G (guanina) –, a técnica promove a ligação dos trechos de genes previamente colocados no chip com os que estavam ativos nos parasitas vivos.

Como um marcador que pode ser identificado visualmente é adicionado aos “poços”, quanto mais frequente for o pareamento, mais visível será o marcador, portanto será possível inferir o nível de ativação de determinado gene.

Os pesquisadores aplicaram essa técnica para tentar identificar os genes afetados pelo praziquantel tanto em machos da espécie quanto em fêmeas – e, no caso destas últimas, foram avaliadas tanto as fêmeas que formavam um casal quanto as que ficaram sem seus machos.

Isso é importante porque o acasalamento da espécie é um fenômeno sui generis: a fêmea se instala dentro da cavidade corporal do macho, em um abraço perpétuo. “O uso do praziquantel pode desfazer esse elo – em geral, os machos morrem primeiro, provavelmente porque ficam mais diretamente expostos ao medicamento que está circulando na corrente sanguínea do paciente”, disse Verjovski-Almeida.

Todos esses fatores podem influenciar a dinâmica da doença e do tratamento. Considerando, por exemplo, os dois tipos diferentes de fêmeas, o praziquantel parece aumentar a ativação de certos genes nas S. mansoni acasaladas, enquanto o remédio faz mais ou menos os mesmos genes ficarem menos ativos nas fêmeas sem pares.

Apesar de tais diferenças, porém, os pesquisadores encontraram alguns genes afetados independentemente do sexo e “estado civil” dos vermes. Um dos quais mais os intrigaram é o SmATP1A2, cuja versão em seres humanos contém o código para a produção de uma enzima que facilita a liberação de ácido no estômago. Ou seja, é justamente o que o omeprazol evita nos pacientes com problemas gástricos, diminuindo a acidez estomacal.

“Quando vi essa informação, achei que o omeprazol não seria útil contra o S. mansoni porque o processo ocorreria no estômago, mas na realidade ele começa na corrente sanguínea, justamente onde estão os parasitas”, disse Verjovski-Almeida.

É claro que, no caso do verme, o gene provavelmente não tem nada a ver com a acidez estomacal, embora sua função não esteja clara. “O certo é que ele está ligado à reação do parasita contra o praziquantel”, disse o professor da USP.

Tanto é assim que, quando doses do praziquantel que não seriam suficientes para matar a maioria dos vermes foram combinadas com as de omeprazol, a mortalidade de machos aumentou oito vezes, enquanto a de fêmeas foi três vezes maior, mostraram experimentos in vitro.

O próximo passo é testar a combinação em modelos animais e, caso os resultados continuem a se mostrar encorajadores, tentar a mesma abordagem em pacientes humanos. A vantagem é que ambos os medicamentos são bem conhecidos e usados em pessoas há décadas, o que, em tese, facilitaria o seu uso combinado. “Poderíamos tentar primeiro um ensaio de toxicidade em pacientes”, exemplifica Verjovski-Almeida.

Além da equipe da USP, o estudo contou ainda com a participação de pesquisadores do Instituto Butantan, do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte, e do Instituto Tecnológico Vale, em Belém. Verjovski-Almeida, inclusive, está prestes a se transferir para o Butantan, onde espera intensificar o lado aplicado dos estudos com o S. mansoni.

O artigo Synergy of Omeprazole and Praziquantel In Vitro Treatment against Schistosoma mansoni Adult Worms (doi: 10.1371/journal.pntd.0004086), de Sergio Verjovski-Almeida e outros, pode ser lido em: http://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0004086.

CTNBio aprova vacina contra dengue do Butantan

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, por unanimidade, a liberação para estudo clínico da vacina contra dengue produzida pelo Instituto Butantan. A decisão integra o conjunto de autorizações necessárias para o início da próxima etapa da pesquisa, a fase 3, que analisa a eficácia do produto em cerca de 17 mil voluntários.

Além da decisão da CTNBio, é necessário que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisas (Conep) autorizem o início desta fase dos trabalhos (saiba mais sobre a vacina em desenvolvimento no Butantan: agencia.fapesp.br/21592).