Nos últimos anos, uma “competição” informal e velada passou a dominar as rodas de conversas de psiquiatras e especialistas em medicina do sono brasileiros: saber quem atendeu o paciente que tomou a maior quantidade de comprimidos de Zolpidem num único dia.
O remédio usado no tratamento contra a insônia, disponível no mercado há mais de 30 anos, ganhou protagonismo maior na última década, pela junção de uma série de fatores que você vai conhecer ao longo desta reportagem, como uma facilidade na prescrição médica e um apelo quase irresistível para um problema relativamente comum — a dificuldade para dormir.
Leia MaisSONO: Dormir mal pode trazer problemas graves à saúde
A estudante Sheila Sousa sofreu de insônia durante um ano. Ela conta que só conseguiu combater o problema depois que procurou orientação médica. “Dormia um pouquinho e acordava, não fixava a noite. Me sentia sensibilizada, chorava muito por causa disso. Inclusive com a medicação para o dia ajudava na questão do apetite. Inibia mais essa minha ansiedade pela comida, que e estava tendo, por conta da insônia. Foi um tratamento mesmo. Fui fazendo terapia, a depressão foi saindo e voltei a dormir bem”.
O otorrinolaringologista do Hospital Federal da Lagoa, Lucas Lemes, explica que, assim como Sheila, muitas pessoas que dormem mal acabam desenvolvendo problemas graves de saúde como obesidade, apneia e hipertensão. “Isso está cada vez mais sendo conhecido como mecanismos de doenças que podem ser favorecidas pela má qualidade de sono. As pessoas que dormem menos do que o necessário, ou que dormem mal, tem uma tendência, por exemplo, a ganhar peso. Outras doenças específicas favorecem a hipertensão arterial. Existem mecanismos que essa má qualidade do sono favoreça a uma elevação da pressão arterial sistêmica durante o dia”.
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