Tag Archives: Infecções respiratórias

SUS incorpora vacina contra vírus sincicial respiratório

VSR é uma das principais causas de infecções em bebês

O Ministério da Saúde vai incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) duas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo quadros de bronquiolite.

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México proíbe cigarro em todos os lugares públicos

O México colocou em vigor no domingo (15/01) uma das leis antifumo mais rigorosas do mundo — ao decretar que é proibido fumar em todos os espaços públicos.

O primeiro passo para a reforma da legislação, que também inclui a proibição da publicidade ao tabaco, foi dado em 2021.

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Coronavírus: sintomas neurológicos e psiquiátricos da covid-19 são ‘regra e não exceção’

Perda do olfato, dor de cabeça, ansiedade, depressão e outros sintomas psicológicos e neurológicos são comuns em pessoas que tiveram covid-19. Tanto em quem sentiu sintomas graves quanto os casos mais leves.

Foi o que revelou um meta-análise de 215 estudos sobre covid-19 feitos em 30 países, que incluiu um total de 105.638 pessoas que sentiram os sintomas graves da doença.

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DF: aprenda a prevenir doenças respiratórias no inverno

A onda de frio intenso que se estabeleceu em Brasília, com previsão de perdurar pelo menos até a segunda semana de agosto, inspira cuidados para prevenir ou evitar a piora de doenças respiratórias. O alerta é da médica da área de pneumologia da Secretaria de Saúde, Carmen Lívia Faria. Segundo ela, a lista de doenças respiratórias mais comuns neste período, tanto para crianças quanto para adultos, inclui resfriados, gripes, amigdalites, otites, sinusites, pneumonia e doenças alérgicas – asma e rinites, por exemplo.

A médica explica que o período de frio favorece à subsistência de agentes biológicos causadores de infecções respiratórias, como o vírus da gripe. “As pessoas também tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados, o que facilita a disseminação de doenças pela via respiratória. Além disto, há a necessidade de se retirar agasalhos e cobertores dos armários que, se não forem lavados, podem desencadear doenças alérgicas pelo contato com poeira e ácaros contidos nestas roupas guardadas desde o fim do inverno passado”, alertou a médica.

Segundo a médica, as crianças sofrem mais com as doenças respiratórias em razão da vulnerabilidade inerente à idade. “No inverno, as casas ficam mais fechadas e sem ventilação, tornando mais fácil a propagação de microorganismos entre pessoas e, especialmente, entre as crianças, que nesta época ficam mais tempo dentro de creches e escolas”, explicou.

DICAS – Entre os sinais específicos de infecção respiratória estão tosse, expectoração, falta de ar, chiados e dor no peito. Já os sinais sistêmicos, ou seja, que afetam o corpo todo, são febre, calafrios, sudorese, dor muscular, dor de cabeça, sonolência e mau humor.

Para prevenir as doenças alérgicas, o ideal é ter consultas periódicas com o médico para obter controle dessas patologias. Outra dica, desta vez para as mães, é estender o aleitamento materno, se possível, até a idade de dois anos de vida, bem como vacinar as crianças de até cinco anos de idade, anualmente, contra a gripe.

Para evitar infecções, as pessoas também devem lavar as mãos, além de ter boa alimentação e ingerir líquidos como água e sucos naturais de frutas. “Em Brasília, o frio traz consigo uma redução da umidade do ar. Essa combinação faz com que haja um ressecamento das vias aéreas. Por isso, é importante repor a falta de líquidos para hidrata-las”, destacou Carmen Lívia.

A médica alertou que as pessoas devem procurar o médico quando surgem sinais sistêmicos como falta de ar ou outros. Em geral, procurar assistência médica em caso de persistência por mais de 48h dos sintomas específicos.

O ideal é que o atendimento inicial seja feito por equipe da Estratégia Saúde da Família, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Se não houver essa possibilidade buscar auxílio médico nas UPAs ou, em último caso, no pronto-socorro dos hospitais regionais.

 

Aumentam as doenças crônicas entre indígenas do Xingu

Malária, infecções respiratórias e diarreias eram as principais causas de morte no Parque Indígena do Xingu (PIX), no Mato Grosso, em 1965 – época em que a Escola Paulista de Medicina (EPM), atualmente parte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), passou a responder pela saúde dos povos indígenas que lá vivem.

Hoje, a malária está sob controle e, embora as doenças infecciosas e parasitárias ainda sejam relevantes em termos de mortalidade, são os males crônicos não transmissíveis, como hipertensão, intolerância à glicose e dislipidemia (aumento anormal da taxa de lipídios no sangue), que estão em crescimento.

Conhecendo esse panorama, pesquisadores da EPM/Unifesp examinaram e entrevistaram 179 índios Khisêdjê, moradores da área central do parque do Xingu, no Mato Grosso, entre 2010 e 2011.

A análise dos resultados mostrou uma prevalência de hipertensão arterial de 10,3% em ambos os sexos, sendo que 18,7% das mulheres e 53% dos homens apresentaram níveis de pressão arterial considerados preocupantes.

“Para valores de pressão arterial iguais ou maiores a 140/90 mmHg como indicativos da presença de hipertensão arterial, pesquisas encontraram prevalências entre 22,3% e 43,9% na população geral do Brasil”, disse Suely Godoy Agostinho Gimeno, coordenadora do estudo com os Khisêdjê e pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp e do Instituto de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

O estudo com os Khisêdjê foi realizado com apoio da FAPESP e do Projeto Xingu, iniciativa da Unidade de Saúde e Ambiente do Departamento de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp.

Os Khisêdjê ainda não estão tão hipertensos como os demais brasileiros, mas o cenário é delicado, uma vez que tal condição era inexistente ou rara nas aldeias brasileiras até décadas atrás.

Já a intolerância à glicose foi identificada em 30,5% das mulheres (6,9% do total com diabetes mellitus) e em 17% dos homens (2% do total com diabetes mellitus). E a dislipidemia (aumento anormal da taxa de lipídios no sangue) apareceu em 84,4% dos participantes dos dois sexos.

“Examinamos os Khisêdjê anteriormente, entre 1999 e 2000. Comparando os dados daquela época com os mais recentes, percebemos um aumento significativo de todas essas doenças crônicas não transmissíveis. Outras pesquisas revelam que o mesmo aumento se aplica aos demais povos indígenas do Xingu e de outras áreas do país”, disse Gimeno.

De acordo com a pesquisadora, entre os fatores que vêm transformando o panorama entre os índios estão maior proximidade com os centros urbanos e intensificação do contato com a sociedade não indígena, com a incorporação de novos hábitos e costumes; aumento do número de indivíduos que exercem atividade profissional remunerada, abandonando práticas de subsistência tradicionais como agricultura, caça e pesca; e maior acesso a produtos e bens de consumo, como alimentos industrializados, eletroeletrônicos e motor de barcos (o que dispensa a necessidade de remar).

Os resultados foram informados aos Khisêdjê, individualmente e em grupo, e a equipe de saúde da Unifesp acompanha os casos que precisam de amparo médico.

Ainda assim, o quadro preocupa os pesquisadores, uma vez que o controle das doenças requer condições nem sempre disponíveis nas aldeias, como refrigeração (no caso da insulina), controle da dose e do horário dos medicamentos, controle regular da glicemia e da pressão arterial. Segundo Gimeno, “o estímulo e a garantia da preservação dos hábitos e costumes desses povos seriam medidas preventivas de grande valia”.

Excesso de peso

A coleta de dados para traçar o perfil nutricional e metabólico dos Khisêdjê foi realizada em diferentes períodos de 2010 e 2011, quando os pesquisadores passavam de 15 a 20 dias na aldeia principal desse povo, chamada Ngojwere.

As informações levantadas incluíram perímetros de braços, cintura e quadril; peso; altura; composição corporal (água, massa magra e massa gordurosa); pressão arterial; perfil bioquímico (por exames como o de glicemia); aptidão física; condição socioeconômica; consumo de alimentos e práticas agrícolas.

Outro resultado obtido por meio dessa análise foi a prevalência de excesso de peso (de sobrepeso ou de obesidade): 36% entre as mulheres e 56,8% entre os homens.

“Contudo, observamos que, particularmente entre os homens, tal prevalência se deve a uma maior quantidade de massa muscular e não de tecido gorduroso. Esse dado sugere que, para a população em questão, os critérios de identificação do excesso de peso não são adequados, uma vez que os indivíduos são musculosos, não obesos”, disse Gimeno.

A conclusão, de acordo com a pesquisadora, é corroborada pelos testes de aptidão física. “A maioria dos valores revela força muscular nos membros inferiores, resistência muscular nos membros superiores e no abdômen, flexibilidade e capacidade cardiorrespiratória. Comparados aos não indígenas, os Khisêdjê têm perfil ativo ou muito ativo, contrariando a ideia de que um possível sedentarismo estaria associado às doenças investigadas”, disse.

Uma hipótese (não comprovada empiricamente) que poderia explicar a controvérsia é a de que, no passado, esses índios teriam sido ainda muito mais ativos do que na atualidade. E a possível redução na atividade física habitual teria, então, relação com os males crônicos.

Equipe e repercussão

Três médicos, quatro enfermeiras, cinco nutricionistas, dois educadores físicos, um sociólogo e quatro graduandos (dos cursos de Medicina e Enfermagem) participaram da pesquisa via Unifesp.

Completam a equipe uma sexta nutricionista do Instituto de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, agentes de saúde e professores indígenas que vivem na aldeia Ngojwere e atuaram como intérpretes.

O projeto deu origem a seis apresentações em conferências internacionais e duas em congressos nacionais, três dissertações de mestrado e uma publicação de artigo na revista Cadernos de Saúde Pública. A íntegra do texto pode ser lida em http://www.scielosp.org/pdf/csp/v28n12/11.pdf.