Espaço de interlocução entre estudantes, pesquisadores e ativistas que, por meio de suas experiências, fortalecem os princípios de luta do segmento de pessoas com deficiência (PcD), como sujeitos de direitos sanitários. Assim é definida a Comunidade de Experiências e Práticas Acessíveis e Inclusivas (Cepai) da Plataforma IdeiaSUS Fiocruz, a ser relançada na próxima segunda-feira (30/10), às 9h, na Tenda da Ciência, sede da Fiocruz no Rio de Janeiro, com transmissão simultânea no YouTube.
O evento de relançamento da Cepai contará com duas mesas de debate sobre direitos humanos e cidadania da pessoa com deficiência. Na primeira, Anna Paula Feminella apresentará um panorama do estado da arte da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (SNPD/MDHC). Josiane França Santos abordará a experiência política inovadora da qual participa, por meio de um mandato coletivo, cujo foco são os direitos da pessoa com deficiência. Laís Silveira Costa, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), falará sobre os produtos obtidos e as novas perspectivas da Pesquisa da Rede PMA Fiocruz, voltada para a identificação de lacunas assistenciais às pessoas com deficiência na Atenção Primária à Saúde. O Programa PMA, por meio de suas redes temáticas, têm o objetivo de induzir a realização de pesquisas aplicadas no campo das políticas públicas e modelos de atenção e gestão à saúde, além de incentivar a cultura colaborativa na produção de conhecimento e de soluções criativas em saúde pública, incluindo ações voltadas para a pessoa com deficiência.
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A trajetória de Laís Silveira Costa e de sua filha, Camila, de sete anos, é uma luta constante para garantir que a inclusão seja para todo mundo. As experiências de preconceito foram tantas que a mãe aprendeu a entender os códigos, ditos e não-ditos que dificultam ou impedem o acesso de sua filha, que tem síndrome de Down, a um direito básico, que é a educação. Na pandemia, Laís entrou em desespero ao ver que as aulas remotas não atendiam às necessidades de aprendizagem da menina. Ao cogitar trocar a filha de escola, ela se deparou com certo desprezo ao telefone, com um recado nas entrelinhas de que ela poderia fazer isso se quisesse. “Foi uma violência. Em vez de ver realçado o direito de minha filha estudar em uma escola regular, a coordenadora realçou o meu direito de sair de um lugar do qual saio a hora que eu quiser”, conta.
Recentemente, ao buscar uma escola que se diz “inclusiva”, notou a mudança no tom de voz da coordenadora quando disse que a filha tem deficiência intelectual. Segundo Laís, a profissional deixou de ser receptiva ao ingresso da menina e repetiu que não sabia se haveria vaga na escola. Laís insistiu na pergunta. “Para mim estava claro o que ela falou. Eu já não queria saber se tinha vaga para Camila, mas se eu iria querer mesmo que minha filha estudasse naquela escola”, observa. A partir daí, a mãe relata que, como em um roteiro já conhecido e mal escrito, a conversa deixou de fluir. “Isso acontece por causa da desumanização, da hierarquização entre seres humanos e da histórica patologização da normalidade”, reflete. Na prática, o preconceito que se manifesta no chão da escola rouba o direito à maternidade de Laís, que deseja ser mãe de sua filha como qualquer outra mãe. “Eu não deveria ter que viver em eterno confronto com a escola por um direito instituído, porém não efetivado”, observa.
Leia MaisSeminário ‘Deficiência, invisibilidade e acessibilidade’ vai debater barreiras à inclusão
O Centro de Estudos do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz) realiza no dia 27 de setembro, das 9h às 12h30, o seminário Deficiência, invisibilidade e acessibilidade: o que comunicação e informação têm a ver com isso?. O encontro acontece na sala multimídia do Icict, e tem o objetivo de refletir sobre os desafios para garantir a inclusão de pessoas com deficiência, sobretudo no que diz respeito às barreiras e demandas de comunicação e informação.
Idealizado pelo Grupo de Trabalho (GT) sobre Acessibilidade do Icict/Fiocruz, o seminário marca o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, e também o Dia Nacional da Pessoa Surda, em 26 de setembro. Além disso, é motivado por algumas questões que vêm acompanhando a atuação do grupo, tais como: hospitais, universidades, espaços acadêmicos, de lazer, entre outros, são inclusivos? Como assegurar que os serviços, em geral, cumpram a legislação brasileira e garantam medidas de acessibilidade? É possível desenvolver sites e uma comunicação web para qualquer pessoa?
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