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Rio vacina maiores de 80 anos contra nova cepa da covid-19

Imunizante pode ser obtido nas unidades de saúde

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) começou a vacinar idosos a partir de 80 anos nesta segunda-feira (19) contra a variante JN.1 da covid-19.

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Ilustração destacada: Gerd Altmann/Pixabay

Nos primeiros oito meses, vacinação contra COVID-19 evitou a morte de até 63 mil idosos, aponta estudo

Estimativa foi feita por pesquisadores do Observatório COVID-19 em artigo publicado no periódico The Lancet Regional Health Americas. Grupo calcula que até 178 mil hospitalizações de pessoas com 60 anos ou mais foram prevenidas de janeiro a agosto de 2021

A estratégia de vacinação em massa contra a COVID-19, implementada em meio a muita desinformação ao longo da crise sanitária instalada no Brasil, evitou a morte de 54 mil a 63 mil pessoas com 60 anos ou mais entre janeiro e agosto de 2021. Nesse mesmo período, a imunização preveniu de 158 mil a 178 mil internações de idosos nos hospitais brasileiros.

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Foto destacada: Pixabay

Estudo propõe novos parâmetros para o diagnóstico da sarcopenia

Medir a força das mãos é uma das principais formas de detectar a doença, associada à perda de força, massa e função muscular. Com base em dados de mais de 6 mil idosos, pesquisadores da UFSCar e colaboradores britânicos sugerem elevar o valor mínimo considerado normal

A sarcopenia – condição caracterizada pela perda de força, massa e função muscular – é um fenômeno definidor do envelhecimento. Seu diagnóstico precoce é de extrema importância e começa pela medida da força das mãos com um aparelho chamado dinamômetro.

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Foto destacada: Sabine van Erp/Pixabay

Idosos com anemia e fraqueza muscular têm risco maior de morrer

Combinação é perigosa principalmente para mulheres, concluíram pesquisadores da UFSCar e da University College London. Grupo analisou dados de 5.310 idosos britânicos acompanhados ao longo de dez anos

Estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London (Reino Unido) aponta que a combinação de anemia e fraqueza muscular em idosos eleva o risco de morrer ao longo de dez anos em 64% no caso dos homens e em 117% entre as mulheres.

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Vacina AstraZeneca/Fiocruz confere alta proteção em idosos contra a variante Gama

Um novo estudo publicado na revista científica Nature Communications nesta quinta-feira (28/11) mostra que duas doses da vacina AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz, conferem uma alta proteção contra a variante Gama em pessoas acima dos 60 anos. Tendo como base São Paulo, a pesquisa revela que a segunda dose eleva em cerca de 30% a proteção contra a morte, em relação à aplicação da primeira, chegando a uma efetividade de 93,6%. Conduzido por 20 pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Espanha, o estudo Efetividade da vacina ChAdOx1 em adultos mais velhos durante a circulação da variante Gama em São Paulo reforça às autoridades de saúde a necessidade de buscar os idosos faltosos e completar o seu esquema vacinal.

A pesquisa foi coordenada por Julio Croda, pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul, e busca responder à escassez de dados sobre a efetividade da AstraZeneca na população idosa em países com uma alta prevalência da Gama – variante identificada pela primeira vez em Manaus. Foi escolhido, então, o estado de São Paulo, o mais populoso do país e que atravessou três ondas da epidemia de Covid-19, acumulando mais de 3,89 milhões de casos e 130 mil mortes até 9 de julho. Durante a segunda e a terceira ondas, a variante Gama aumentou sua circulação e chegou a uma prevalência de 80,2% de março a maio deste ano.

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Covid-19: pesquisa analisa as condições de trabalho e saúde dos cuidadores de idosos

Os pesquisadores Daniel Groisman, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), e Dalia Romero, do Instituto de Informação e Comunicação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), realizaram um webinário para apresentação dos resultados da Cuida-Covid: Pesquisa nacional sobre as condições de trabalho e saúde das pessoas cuidadoras de idosos na pandemia, no dia 30 de setembro. O evento foi transmitido pelo canal da EPSJV no Youtube (abaixo), na semana em que se comemora o Dia Internacional do Idoso (1º de outubro), data em que foi aprovada a Lei 10.741/2003, que institui o Estatuto do Idoso no Brasil. O relatório da pesquisa pode ser acessado neste link.

A pesquisa faz parte do projeto Cuidando de quem cuida: educação continuada e avaliação das condições de trabalho e saúde de cuidadores de pessoas idosas em tempos de Covid-19, aprovado, em maio de 2020, no edital Ideias e Produtos Inovadores – Covid-19 – Encomendas Estratégicas, do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação (Inova Fiocruz).

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Imagem: Gerd Altmann/Pixabay

Estudo mostra a influência de idade e sexo no perfil clínico da COVID-19

Pesquisadores de várias instituições brasileiras e estrangeiras analisaram resultados de exames laboratoriais de quase 179 mil pessoas testadas para COVID-19 no Brasil. Dados foram obtidos no COVID-19 Data Sharing/BR, repositório de acesso aberto criado por iniciativa da FAPESP.

Após analisar resultados de exames laboratoriais de quase 179 mil pessoas testadas para COVID-19 no Brasil – 33,2 mil delas com diagnóstico confirmado – um grupo de pesquisadores identificou diferentes perfis clínicos da doença que são influenciados pelo sexo e pela idade do paciente, bem como pela gravidade do quadro.

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98% dos idosos não conseguem atravessar a rua no tempo dos semáforos

Estudo destaca que mudanças simples garantiriam mobilidade e maior autonomia para a população de idosos em São Paulo

Em Curitiba (PR) foram implantados alguns semáforos inteligentes – Foto: Cesar Brustolin/SMCS via Fotos Públicas

Poucos metros separam uma calçada da outra. Mas, quando o sinal verde autoriza a travessia de pedestres, cruzar a rua pode se tornar uma façanha, principalmente para as pessoas com mais de 60 anos: o luminoso com o bonequinho vermelho começa a piscar antes que eles cheguem com segurança ao outro lado da calçada.

Um estudo feito na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP constatou que 97,8% dos idosos da cidade de São Paulo não conseguem caminhar a 4,3 km/h, velocidade exigida pelo padrão apresentado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) para os semáforos da cidade. Na média, a velocidade alcançada pelos voluntários com mais de 60 anos que participaram do estudo foi bem menor que o exigido: apenas 2,7 km/h.

Para medir a velocidade da marcha dos 1.191 idosos que participaram do estudo foi necessária a infraestrutura do Estudo SABE – Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, pesquisa longitudinal de múltiplas coortes sobre as condições de vida e saúde dos idosos do município de São Paulo.

Esse estudo multicêntrico teve início em 2000, quando, por iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), foram pesquisadas pessoas de 60 anos ou mais de sete grandes cidades da América Latina e do Caribe, entre elas São Paulo. Com apoio da Fapesp, o estudo foi reeditado em São Paulo em 2006 e 2010 e em 2016 teve sua quarta edição.

“A velocidade de marcha exigida para atravessar as ruas da cidade não condiz com a população idosa e não podemos desconsiderar o aumento da população idosa no município de São Paulo e no Brasil inteiro”, disse Etienne Duim, autora de artigo com resultados do estudo publicado no Journal of Transport & Health – os outros autores são José Leopoldo Ferreira Antunes e Maria Lucia Lebrão (falecida em julho de 2016).

Tempo de semáforo aberto para pedestre vai ficar maior em São Paulo – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

De acordo com dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em 2016, o porcentual de idosos na cidade de São Paulo era de 12,74%.

“O que constatamos com o estudo é que a cidade não é regulada para o idoso, mas para um indivíduo adulto que, na maioria dos casos, anda entre 4 e 6 km/h sem maiores problemas. Isso tem o efeito de fazer com que o idoso fique cada vez mais confinado em casa”, disse Antunes, professor titular da FSP e orientador do estudo.

A pesquisa tomou como base dados da CET-SP (de agosto de 2016) que regula o tempo dos semáforos a partir de um cálculo que considera a velocidade média para o pedestre como 4,3 km/h. O cálculo é feito para a travessia enquanto o sinal de pedestre está verde. O estudo não considerou o tempo do sinal vermelho piscante. Segundo a CET, não houve alteração no tempo dos semáforos após o período de realização da pesquisa. A análise bibliográfica sobre o tema, feita pelos pesquisadores, apontou que cidades têm reduzido a velocidade média de percurso para pedestres, como Valência e Barcelona, na Espanha, com os seus atuais 3,2 km/h.

Segundo Duim, um estudo realizado na Inglaterra teve resultados muito parecidos com os de São Paulo. “O estudo inglês inclusive teve peso na regulamentação do país, que aumentou o tempo dos semáforos”, disse.

Os dois estudos concluem que, para a população idosa, a caminhada tem importante relação com a saúde e com a interação social e que fatores que atrapalhem a movimentação desse público – como a dificuldade de atravessar ruas – podem indicar perda de autonomia e até mesmo de qualidade de vida do idoso.

Sem pressa

Mudanças simples garantiriam mobilidade e maior autonomia para a crescente população de idosos da capital paulista – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Duim sugere para a capital paulista mudanças parecidas com as adotadas na Inglaterra e na Espanha. Isso garantiria a autonomia e mobilidade da população idosa e, principalmente, a redução de riscos de atropelamentos.

“Aumentar 5 segundos o tempo para cada semáforo pode trazer um impacto no trânsito? Pode. Mas, pelo que vimos nos estudos realizados em outros países, essa mudança é diluída também com a adoção de outras medidas, como alteração de velocidade do trânsito e incentivo ao uso de transporte público, por exemplo”, disse.

Duim indica como alternativa interessante para São Paulo a proposta adotada em Curitiba, onde foram implantados alguns semáforos inteligentes: o idoso insere um cartão num dispositivo eletrônico para determinar que precisará de mais tempo para atravessar a rua.

“O mesmo também vale para outras pessoas com dificuldade de locomoção, como cadeirantes, grávidas e pessoas com crianças pequenas, por exemplo. É uma solução que não impacta tanto o trânsito e cria um processo interessante de inclusão social”, disse.

O artigo na íntegra está disponível no site: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214140516302250.

Maria Fernanda Ziegler / Agência Fapesp

Idosos: Orientação para organizar melhor a rotina de medicamentos

 

Quem toma algum medicamento ou muitos tipos diferentes de uma vez só, deve ficar atento a alguns cuidados para se manter seguro. Há quem tome um medicamento  por dia, uma vez por semana, de seis em seis horas ou de oito em oito. Muitas vezes, manter tudo isso dentro da ordem pode ser difícil. Existem vários fatores que interferem no uso de medicamentos e consequentemente no resultado do tratamento, como por exemplo, esquecer de tomar, utilizar uma dose maior ou menor, trocar os horários, entre outros motivos.

O Blog da Saúde preparou algumas dicas simples, mas práticas,  juntamente com a neurogeriatra, Tamara Checcacci, do Hospital Federal do Lagoa, no Rio de Janeiro, que podem ajudar nesse processo. As dicas podem ser úteis para idosos, cuidadores e familiares.

Tome o medicamento como prescrito

Assim como foi prescrito pelo médico, mantenha as instruções dadas a você.  Não pule e nem acumule doses. Se está com dúvidas sobre o quanto um medicamento pode fazer bem ou não, converse com um profissional qualificado e evite ouvir terceiros.

Um medicamento indicado a você pode não fazer bem a outra pessoa ainda que ela esteja com o mesmo problema. Evite tomar qualquer  medicamento que não tenha sido prescrito especificamente para você.

Em nenhuma hipótese decida por si abandonar o tratamento sem acompanhamento e orientação de um especialista.  Ainda que você esteja se sentindo melhor.  “A maioria das doenças são trataveis e controláveis na medida em que o paciente tenha disciplina e faça a  adesão ao tratamento. No caso da diabetes, por exemplo, mesmo que o paciente considere que em num momento a glicemia está normal, deve levar isso ao médico. O diabetes é uma doença crônica e a melhora é esperada quando o paciente está em tratamento”, informa a neurologista.

A automedicação é extremamente perigosa podendo levar desde a piora do quadro de um paciente até consequências mais graves. “Se o paciente tiver um comprometimento nos rins e não se manter ao prescrito, ele vai ter uma metabolização e uma eliminação diferente do medicamento. Isso pode ser um problema”, reforça a médica.

Se o médico te indicou um medicamento específico, verifique ainda no consultório se é possível tomar um similar ou mesmo o genérico,  se o preço for atrativo.

Você sabe a diferença entre medicamento similar e genérico?

É possível encontrar no mercado medicamentos genéricos e similares. Com relação ao tratamento, não há diferença no uso de um ou de outro. Entretanto o genérico é um tipo de medicamento que não possui marca específica; no rótulo contém apenas o princípio ativo e a embalagem é caracterizada pela letra “G”, abreviação de genérico. Já os medicamentos similares possuem marca e nome comercial. A embalagem é caracterizada de acordo com o laboratório que produz.
Mantenha a lista dos medicamentos visível

Anote o que você está tomando e quais são os horários de cada medicamento. Mantenha uma lista com você e outra em casa, a vista de todos.  Atualize a lista a cada consulta ou mudança e inclua também orientações específicas como “tomar após o café da manhã” ou “30 minutos antes do almoço”.

Sua lista deve incluir o nome exato do medicamento, se é similar ou genérico. Também anote por que você está tomando cada medicamento, caso tome mais de um, a dosagem (por exemplo, 300 mg), e quantas vezes você precisa tomar por dia.

Considere dar uma cópia para um amigo ou um ente querido,  que você confia, para que ele possa te ajudar, especialmente,  em caso de emergência ou até mesmo quando você estiver  viajando e por alguma razão, perdeu as orientações.

Faça o acompanhamento periódico necessário com seu médico

Não importa se você usa o medicamento há muito tempo, ou se é recentemente. O acompanhamento de rotina é necessário. Periodicamente é preciso reavaliar se o medicamento é a melhor opção para o paciente e rever horários,  a frequência com que o paciente tomará aquele medicamento e a dosagem, segundo o neurologista com especialização em geriatria, Tamara Checcacci, do Hospital Federal do Lagoa.

“Essas coisas podem  mudar e não quer dizer que,  pelo fato do paciente usar aquele tratamento por um período, vai ser assim pela vida inteira.Quando prescrevo algo e eles me perguntam se é para a vida inteira,  brinco: Nem o papa é para a vida toda”, a médica explica. Ela acredita que esse acompanhamento garante a eficácia do tratamento e também a segurança do próprio paciente.

Esteja ciente das potenciais interações medicamentosas e efeitos adversos que um medicamento pode trazer

Algumas pessoas são alérgicas a alguns medicamentos ou a substâncias que o compõem e ainda não conhecem. Se conhecerem, poderão conseguir gerenciar um possível evento adverso com mais facilidade.

Ainda que o caso não seja de alergia, outras situações merecem atenção também,  como interações medicamentosas:

  • Um medicamento interfere na forma como outro afeta no corpo impedindo que o resultado seja benéfico.
  • Uma preparação ou suplemento afeta a ação de um medicamento;
  • Um alimento ou bebida não alcoólica reage com o medicamento que você está tomando;
  • Uma bebida alcoólica interage com o medicamento.

Você pode descobrir isso caso aconteça com você, mas não espere o efeito dessas combinações. Saiba mais sobre possíveis interações e os possíveis efeitos adversos de seus medicamentos, mas não use a internet para isso. Converse com o médico ou farmacêutico, anote as dúvidas, faça uma lista e peça informações claras e objetivas sobre o assunto. Insista sempre para não sair do consultório sem respostas.

Você ainda pode fazer isso lendo cuidadosamente os rótulos e as informações que acompanham seus medicamentos prescritos.

Gabi Kopko, com informações do FDA,  para o Blog da Saúde

 

Lançado arquivo on-line que reúne variações genéticas dos brasileiros

Banco de dados com 1,2 milhão de variantes genômicas mapeia a variabilidade existente no Brasil, auxiliando estudos sobre herança genética, envelhecimento e origem de doenças

Acervo eletrônico com mutações da população brasileira irá subsidiar pesquisas sobre genética, envelhecimento e saúde – Arte sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens

Dados sobre variações genéticas de populações brasileiras acabam de ser disponibilizados no site do projeto Arquivo Brasileiro Online de Mutações (ABraOM), desenvolvido pelo Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) do Instituto de Biociências (IB) da USP. O objetivo do ABraOM, que reúne mais de 1,2 milhão de variantes genômicas, é mapear a variabilidade existente no Brasil, o que ajudará em estudos sobre herança genética, envelhecimento e origem de doenças. O projeto foi apresentado pelos pesquisadores Guilherme Yamamoto e Michel Naslavsky no seminário BIPMED: One Year And Forward, realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em 10 de novembro.

Os primeiros dados inseridos no site do ABraOM vieram da coorte (grupo de pessoas pesquisadas) Sabe 609, que traz as variantes do exoma (parte do genoma) de uma amostra baseada no censo demográfico de 609 idosos da cidade de São Paulo, que participam do projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (Sabe), da Faculdade de Saúde Pública da USP. Michel Naslavsky explica que o genoma humano guarda informação para codificar as proteínas e outras moléculas funcionais, como os RNAs, que são importantes para o funcionamento das células. “Os locais específicos onde são encontradas as sequências que darão origem às proteínas são os exons. O exoma é o conjunto completo dessa coleção de exons do genoma.” O exoma representa cerca de 2% do genoma completo. “Olhar a variação do exoma é ter mais chances de enxergar variantes com efeito funcional. Como o sequenciamento completo do genoma ainda é custoso, a análise do exoma é um modo mais acessível de obter informações ligadas às proteínas.”

Apresentação do site do Arquivo Brasileiro Online de Mutações (ABraOM) na sede da Fapesp, em São Paulo – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

As variantes são as posições do exoma e do genoma que variam na população. “Existem pessoas que possuem um alelo que é considerado de referência, e outras que têm um alelo alternado. Esse alelo, que é a variante, pode ou não ter um efeito no fenótipo, ou seja, na característica final da pessoa”, relata o pesquisador do IB. “Quando há um efeito, ele não é necessariamente deletério, como uma doença, as pessoas têm características anatômicas diferentes entre si em decorrência desse conjunto de variantes.” O projeto Sabe, iniciado no ano 2000, realiza diversos estudos sobre as condições de vida e de saúde de idosos em São Paulo. Em 2010, o CEGH-CEL começou a realizar análises genéticas a partir de amostras de sangue e saliva dos participantes do projeto. O sequenciamento do grupo de 609 idosos levou à obtenção de 2.382.573 sequências do exoma.

Pesquisador Michel Naslavsky relata as etapas do processo de identificação das variantes genômicas -Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Para certificar-se de que as variações eram verdadeiras, os pesquisadores aplicaram um protocolo internacional para atestar a qualidade das variantes e criaram um algoritmo para adequar os resultados à baixa disponibilidade de dados genéticos da população brasileira. Restaram 1.264.224 variantes, das quais 45.347 (3,6%) não eram reportadas em nenhum banco de dados internacional. Dessas variações, 2.744 apontavam para uma possível mudança de função dos genes. A comparação com outras bases de dados indicou variações patogênicas associadas ao câncer em sete idosos pesquisados (1,15%), e cinco deles não tinham manifestado sintomas da doença. “Algumas sociedades médicas recomendam que haja uma comunicação ao paciente quando é identificada uma variante potencialmente patogênica”, observa Naslavsky.

ABraOM

No site http://abraom.ib.usp.br, o usuário irá encontrar informações sobre o projeto, a população de idosos estudada e as variantes genômicas descritas.”Estão listadas variações genéticas existentes em todo exoma, que podem definir características como estatura e cor de pele ou até mesmo ocorrência de doenças como a anemia falciforme”, explica Guilherme Yamamoto. De acordo com o pesquisador, quando se tem um conjunto de todas as variantes da população de São Paulo, pode-se saber qual delas está associada, por exemplo, à diabete, à estatura média ou a doenças mais raras. “Há tabelas com uma série de anotações que indicam em que gene está cada mudança, qual seu lugar no DNA e em quantas pessoas ela foi observada.”

Guilherme Yamamoto, pesquisador do IB, explica sobre os conteúdos disponíveis no site do ABraOM – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Entre os próximos passos do projeto, Yamamoto menciona disponibilizar as informações para outros bancos de dados sobre variações genéticas. “Outra meta é fazer a integração com a base de dados Zen, que reúne o fenótipo, ou seja, as variações clínicas do paciente”, diz. “Por exemplo, se cinco pacientes apresentam uma variação clínica, o cruzamento de informações indicará se eles apresentam ou não a mesma variante genética.”

A população de idosos também será estudada do ponto de vista do envelhecimento. “O objetivo é saber se existem mutações que favorecem o envelhecimento saudável e como elas funcionam”, aponta o pesquisador. Ao mesmo tempo, o grupo será analisado como uma população brasileira, a fim de determinar suas origens genéticas (africana, europeia, indígena). “Ao caracterizar essa população, será possível constituir um banco de dados melhor para quando brasileiros forem comparados do ponto de vista genético, pois hoje são usadas referências internacionais, da Europa e Estados Unidos, e a referência brasileira é diferente.”

O projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O auxílio vem desde a escolha dos idosos e a coleta de material genético e inclui a compra de computadores para armezanar as informações do sequenciamento genético”, relata Yamamoto. O Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco faz parte do projeto dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp e dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) do CNPq. “Além dos recursos para o funcionamento do centro, a USP também contribuiu com a aquisição de equipamentos para manter um banco de dados que comporte uma grande quantidade de informações.”

Mais informações: e-mails glyamamoto@gmail.com, com Guilherme Yamamoto, e mnaslavsky@gmail.com, com Michel Naslavsky