Final de 1922. O cientista Olympio da Fonseca Filho retornava ao Brasil após se especializar em micologia [estudo dos fungos] nos Estados Unidos. Consigo, desembarcava um acervo com mais de 800 exemplares desses organismos que daria origem a atual Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos (CCFF) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
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Revista HCS-Manguinhos aborda a corrida pela vacina e as desigualdades sociais
A disputada corrida pela vacina contra o novo coronavírus revela a importância da tecnologia na batalha contra a pandemia, mas, apesar dessa inegável relevância, uma mirada nas narrativas dos surtos epidêmicos registrados ao longo do tempo já mostrou que o combate às doenças precisa considerar fatores sociais e institucionais. O alerta abre a mais recente edição da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 27, n. 3, jul./set. 2020). Editada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), a publicação já está disponível na íntegra no portal SciELO.
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0104-597020200003&lng=pt&nrm=iso
Leia Mais‘O Massacre de Manguinhos’: livro sobre perseguição da ditadura à ciência ganha nova edição
O golpe militar de 1964 inaugurou um período de perdas incalculáveis para a ciência nacional. Na Fiocruz — que, na época, chamava-se Instituto Oswaldo Cruz (IOC) —, os anos de chumbo causaram a interrupção de inúmeras pesquisas, o aniquilamento de laboratórios, prejuízos irrecuperáveis em coleções biológicas, a suspensão de colaborações com outros centros de pesquisa. E houve, também, a perseguição a cientistas. Com a imposição de um diretor designado pelo próprio regime e a presença constante de militares no campus, os pesquisadores passaram a ter suas atividades controladas e suas verbas de pesquisa cortadas. Muitos deles foram arrolados em inquéritos, sob o pretexto de se apurar atos de subversão e corrupção.
No dia 1º de abril de 1970, sem que absolutamente nada fosse provado contra eles, dez cientistas da instituição foram cassados pela ditadura militar, com base no AI-5. Tiveram seus direitos políticos suspensos e foram impedidos de trabalhar no IOC e em outras instituições federais. O episódio ficou conhecido como Massacre de Manguinhos. Herman Lent, referência mundial no estudo de besouros, o inseto transmissor da doença de Chagas, foi um dos cientistas cassados. Anos depois, registrou num livro, de forma clara e objetiva, os inquéritos, as indagações, punições, circulares, restrições, pressões e transferências, que causaram enorme prejuízo à ciência. Mas, também, a mobilização e a resistência dos cientistas, que enfrentaram as agressões insistindo na criação de um Ministério para a Ciência. O Massacre de Manguinhos, publicado em 1978 pela Avenir Editora, logo tornou-se referência para os estudos sobre o impacto da ditadura militar na atividade científica realizada no Brasil. A capa, criada por ninguém menos que o arquiteto Oscar Niemeyer, exibia a ilustração do Castelo Mourisco, símbolo mais marcante da Fiocruz, com uma de suas torres desmoronando.
Leia MaisArouca e 25 anos do SUS marcam aniversário da ENSP
O ano de 2013 é especial para a saúde pública brasileira. Apesar de marcar os 10 anos da morte do sanitarista Sergio Arouca, é neste ano que o Sistema Único de Saúde completa 25 anos de criação, por meio da promulgação da Constituição Brasileira de 1988. Para lembrar as datas, a Escola Nacional de Saúde Pública promove a Semana Sergio Arouca, comemorando seus 59 anos de existência, com o tema ENSP: pensamento crítico em saúde – A Reforma Sanitária em questão. Durante o evento, que ocorrerá de 3 a 6/9, mesas-redondas discutirão o contexto da 8ª Conferência Nacional de Saúde, a crise atual do SUS e o papel dos movimentos sociais nas políticas de saúde, entre outros assuntos.