Todos os anos, 28,9 milhões de brasileiros correm o risco de sofrer com alguma das doenças tropicais negligenciadas que ainda assolam o país. Isso representa 14% da população total.
Essa estimativa praticamente dobrou no período entre 2016 e 2020 — até 2015, acreditava-se que esses problemas de saúde poderiam afetar cerca de 15 milhões de pessoas (ou 7,3% da população).
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Identificação de clusters e treinamento em serviço: estratégias para a abordagem da hanseníase no município do Pilar dá título à prática acompanhada pela curadoria em saúde da Plataforma IdeiaSUS Fiocruz. O projeto do município alagoano surgiu da necessidade de se compreender a dinâmica da hanseníase por meio de dados epidemiológicos. Por esta razão, o município chegou ao denominado “cluster”, que nada mais é do que uma área considerada de risco para a doença, permitindo uma análise fiel das ações de controle, bem como o diagnóstico precoce. Trata-se de um trabalho inovador que busca enfrentar uma doença ainda negligenciada no Brasil. O país é o primeiro do ranking de incidência da hanseníase e o segundo em números absolutos da doença, atrás apenas da Índia.
A prática de Pilar mostra a importância da articulação entre as áreas de Vigilância em Saúde e Atenção Primária. “Foi por conta desse projeto que recebemos a visita dos representantes da Fiocruz, que viajam o Brasil inteiro para conhecer práticas exitosas em saúde pública. Após concluir as atividades da curadoria, iniciadas no ano passado, a fundação vai relatar nossas ações em um livro, além de veicular os resultados de todo esse trabalho no Canal Saúde [emissora de TV pública sediada na Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde são produzidos diversos conteúdos sobre saúde pública]”, explica a coordenadora Francinny Wanderley, acrescentando que, atualmente, Pilar já conta com um grupo de autocuidado para pessoas atingidas pela hanseníase e seus familiares.
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A hanseníase, conhecida no passado como lepra, é uma doença incapacitante e que pode trazer danos ao paciente mesmo após a alta médica depois de curado. Uma parceria viabilizada pelo Ministério da Saúde, por meio do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD – Fiocruz Amazônia) e a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), unidade de referência no tratamento da doença, permitirá, pela primeira vez no país, a realização de um inquérito de incapacidades físicas ocasionadas pela hanseníase em mais de 200 municípios brasileiros mapeados pelo Projeto Inquérito da Hanseníase no Brasil (Inqhans). O trabalho de campo tem início previsto para março com atividades realizadas por equipes multidisciplinares formadas por profissionais de todo o Brasil e ao final permitirá a criação de um banco de dados nacional sobre as incapacidades físicas pós-cura da hanseníase.
“Hoje, esse é um número desconhecido no Brasil. O paciente sai de alta e sai dos registros. Com o tempo, a incapacidade motivada pela doença pode aumentar no pós-cura e é preciso termos políticas públicas para combater esse problema e ajudar as pessoas incapacitadas”, afirma a diretora de Ensino e Pesquisa da Fuham, Valderiza Lourenço Pedrosa, coordenadora nacional do trabalho. Segundo ela, o objetivo do projeto é estimar a magnitude das incapacidades físicas da hanseníase pós-alta por cura no Brasil, visando a implementação de políticas de cuidados voltados para prevenção, reabilitação e cirurgias, evitando piora e melhorando a qualidade de vida desses pacientes.
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Com duas ações nesta semana, a Fiocruz se engajou ainda mais no combate à hanseníase, uma doença negligenciada que teve sua situação agravada durante a pandemia de Covid-19. Na quarta-feira (17/11), a Fundação assinou um Termo de Cooperação para a adesão à campanha global Não Esqueça da Hanseníase, com o governo do estado e outros parceiros, além de iluminar à noite o castelo com a cor roxa como uma das ações de conscientização. Nesta quinta-feira (18/11), a Fiocruz aprofundou o debate durante o 1º Simpósio de Doenças Negligenciadas Fiocruz-Novartis: foco em doença de Chagas e Hanseníase.
Os dados mais recentes deixam clara a urgência do tema: o diagnóstico de novos casos no país caiu pela metade de 2019 para 2020, de acordo com o Ministério da Saúde. Um fato que o Movimento pela Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), uma das organizações signatárias do Termo de Cooperação, definiu como “subdiagnóstico, ainda mais grave do que a subnotificação”.
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Um novo teste de diagnóstico desenvolvido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pode contribuir para o enfrentamento da hanseníase. Baseado na metodologia de PCR, o Kit NAT Hanseníase obteve registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O exame detecta o DNA do bacilo Mycobacterium leprae, causador do agravo, e pode facilitar a detecção precoce da doença, que atinge, em média, 27 mil pessoas por ano no Brasil.
A inovação foi desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fiocruz e ao governo paranaense. Os pesquisadores ressaltam a importância da aplicação de uma metodologia de ponta contra uma doença negligenciada.
Leia MaisConheça mais sobre os sinais e sintomas da Hanseníase
Hanseníase é uma doença crônica, transmissível, tem preferência pela pele e nervos periféricos, o que lhe confere alto poder de causar incapacidades e deformidades físicas, principais responsáveis pelo estigma e preconceito que permeia a doença. A transmissão se dá de uma pessoa doente sem tratamento, para outra, após um contato próximo e prolongado.
O Ministério da Saúde (MS) promove em parceria aos estados e municípios, ações de vigilância e educação em saúde, com o objetivo de alertar a população sobre os sinais e sintomas da doença e incentivar a procura pelos serviços de saúde, além de mobilizar os profissionais de saúde à busca ativa de casos novos de hanseníase e exame dos contatos, especialmente os de convivência domiciliar (grupo com maior risco de adoecimento). As ações de busca ativa têm como foco o diagnóstico precoce da doença e a prevenção das incapacidades e deformidades físicas.
Leia MaisEstudos internacionais abordam bullying e hanseníase
Por Raquel Duarte, da Assessoria de Comunicação da EERP
A influência de variáveis familiares na prática do bullying escolar e a hanseníase na perspectiva de profissionais da saúde são os temas de dois estudos internacionais realizados por pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. O doutorando Wanderlei Oliveira e a mestranda Karen Santos, ambos da EERP, fazem pós-graduação sanduíche na Universidade Católica do Sagrado Coração, Itália, e na Universidade de Limoges, França, respectivamente.
Leia MaisMulheres com hanseníase devem evitar gravidez
Estudo realizado por pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP revela que mulheres que já tiveram ou ainda têm hanseníase não recebem aconselhamento para evitar gravidez. E alerta que profissionais da saúde devem orientá-las sobre os riscos da gestação.
A enfermeira Clódis Maria Tavares entrevistou 60 mulheres, com idade entre 14 e 49 anos, da cidade de Maceió, Alagoas. Todas elas apresentavam a doença ou já tiveram a doença. Os resultados mostraram que elas não fazem uso de nenhum método anticoncepcional.
Leia MaisCampanha de combate a hanseníase deste ano inclui orientações aos profissionais de saúde
A Campanha “Hanseníase tem Cura“, do Ministério da Saúde, lançada nesta terça-feira (14), irá promover ações educativas para a população sobre tratamento e prevenção. Este ano, a campanha também será direcionada para os profissionais de saúde. De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a orientação aos profissionais é importante porque muitos deles nunca tiveram contato com um paciente com hanseníase.
“Em alguns estados do Brasil a chance de um estudante de medicina, hoje, ver um caso de hanseníase já é muito baixa. Então a gente também tem um material para profissional de saúde, chamando a atenção, e nós também vamos estar lançando, já, um treinamento de ensino à distância para profissionais de saúde para apoiar o diagnóstico da hanseníase”, afirma o secretário. A principal ação da campanha direcionada aos profissionais de saúde será o envio de e-mails com orientações sobre como diagnosticar e tratar a hanseníase.
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