Publicado no Journal of Molecular Cell Biology, estudo da Fiocruz comprovou que o anticoagulante de uso oral Apixaban é eficaz para inibir a replicação do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19. Este tipo de medicamento já era recomendado para prevenir níveis altos de Dímero D, que é o produto final da cascata de coagulação e está relacionado diretamente à Covid-19 severa. Os pesquisadores da Fundação descobriram, porém, que a droga também apresenta função antiviral ao inibir, de forma não competitiva, a replicação do vírus. Isso acontece devido à semelhança estrutural entre Fator X Ativado (FXa), fundamental no processo de coagulação, e a Major Protease (Mpro), uma enzima importantíssima para os coronavírus.
“O uso de anticoagulantes ajuda a prevenir a Covid severa, e tínhamos a preocupação de descobrir se havia mecanismos adicionais para esse benefício clínico. Quando você sobrepõe as imagens de FXa e Mpro, elas têm uma correlação estrutural, então nos perguntamos se os anticoagulantes poderiam também inibir a enzima viral. Esse trabalho mostra que sim e descreve como este mecanismo funciona, provando que essa atividade antiviral também pode estar contribuindo, em alguma magnitude, para o benefício clínico que esses pacientes têm”, explicou um dos autores do estudo, o pesquisador Thiago Moreno L. Souza, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).
Leia MaisTécnica modifica proteína do veneno de cascavel e permite criar fármaco que modula a coagulação sanguínea
Pesquisadores do Brasil e da Bélgica desenvolveram uma molécula de interesse farmacêutico a partir de uma proteína encontrada no veneno da cascavel, a PEG-collineína-1. Ao aplicarem uma técnica que a torna mais estável no organismo e resistente ao sistema imune, os cientistas obtiveram um potencial novo fármaco capaz de modular a coagulação sanguínea.
Resultados da pesquisa foram publicados recentemente no International Journal of Biological Macromolecules.
Leia MaisFiocruz vai produzir fármaco para isquemia cardíaca
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) vai produzir um importante medicamento para tratamento de isquemia cardíaca, o Vastarel, na concentração 80 mg. Com o objetivo de abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS), a fabricação no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM) será viabilizada a partir de uma parceria entre a unidade da Fiocruz e o laboratório francês Servier. O diferencial deste acordo está na internalização da tecnologia de micropellets, modo de encapsulamento que possibilita liberação diferenciada dos fármacos, prolongando a ação do medicamento. Incorporada, tal tecnologia poderá ser usada, futuramente, para o desenvolvimento de outros medicamentos de interesse do SUS.
Leia MaisPesquisa analisa gastos com medicamentos no Brasil
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que a compra de medicamentos representa uma das principais fontes de despesa para os sistemas públicos de saúde. Para compreender os gastos voltados para a assistência farmacêutica no Brasil, pesquisadores de três instituições, entre elas a Fiocruz, fizeram uma análise das compras realizadas pelo Governo Federal no período compreendido entre janeiro de 2006 e dezembro de 2013. O estudo, publicado recentemente na revista Plos One, baseou-se no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG), um banco de dados geral de compras, que inclui aquisições de medicamentos realizadas por todos os ministérios e outros entes da federação.
De acordo com a pesquisa, foram gastos, entre 2006 e 2013, cerca de 34 bilhões de reais. Quase 50% desse valor foram destinados a três classes de medicamentos: os imunossupressores (que são os usados no tratamento de doenças autoimunes e na preparação e manutenção de transplantes de órgãos), os antivirais de uso sistêmico (voltados para o tratamento de Aids, herpes, influenza) e os agentes antineoplásicos (que são os medicamentos usados no tratamento de câncer). O estudo também observou que, embora liderem o ranking das despesas, essas três categorias começaram a ser adquiridas principalmente a partir de 2009, apontando uma mudança no perfil de aquisições.
Leia MaisNovo princípio ativo pode tratar a esquistossomose
Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e estrangeiros revelou que um metabólito secundário do jaborandi, a epiisopiloturina, poderá servir como princípio ativo para combater a esquistossomose. Dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a doença afeta quase 240 milhões de pessoas, sendo a verminose que mais mata no mundo. A pesquisa tem participação da professora do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, Yvonne Primerano Mascarenhas, e da pós-doutoranda, Ana Carolina Mafud que tem bolsa vinculada ao Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Além do IFSC, participam do estudo a Universidade Federal do Piauí (UFPI), o Instituto de Química (IQ) e o Instituto de Física (IF) da USP, a 7 Anidro do Brasil Extrações S.A. e Bruker BioSpin GmbH (Alemanha).
Leia MaisPesquisadores buscam fármacos para a cura da leishmaniose
Uma parceria do Instituto de Física (IF) da USP e o Instituto Adolfo Lutz busca propriedades em fármacos, já existente no mercado, que permitam um novo tratamento para a leishmaniose visceral. O Brasil registra, por ano, quatro mil casos de leishmaniose visceral e 22 mil casos de leishmaniose cutânea. A leishmaniose é uma doença registrada em 98 países.
Ela está na lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) como “doença negligenciada”, juntamente com outras conhecidas, principalmente, nos países em desenvolvimento: malária, dengue, doença de Chagas, esquistossomose, tuberculose, hanseníase, entre outras. As doenças negligenciadas são aquelas que não recebem nenhuma atenção da indústria farmacêutica ou do setor privado, no sentido do desenvolvimento de pesquisas para vacinas e para novos medicamentos.
Leia MaisCientistas buscam alternativas para combater esquistossomose
No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, cientistas trabalham com frentes alternativas para eliminar a esquistossomose, doença transmitida pelo Schistosoma mansoni, verme hematófago transmitido por caramujos Biomphalaria, que vive nas águas de rios, e que todos os anos causa milhares de mortes no mundo. No Grupo de Cristalografia do Instituto, a pesquisadora Ana Carolina Mafud pesquisa a bioprospecção de produtos naturais — a busca por produtos naturais que tenham atividade contra a doença — e o reposicionamento de fármacos, que consiste pesquisar em banco de dados moléculas já testadas e comercializadas contra qualquer doença e observar suas atividades no combate à esquistossomose. Ana Carolina é pesquisadora em estágio de pós-doutorado do IFSC, supervisionada pela docente Yvonne Mascarenhas.
“Em relação à bioprospecção, três candidatos já apresentaram resultados satisfatórios: jaborandi, louro e uchi-amarelo”, conta a cientista. Tais resultados, inclusive, serão apresentados por Ana na edição de 2014 do Simpósio Brasileiro de Química Medicinal. “Nessa frente de pesquisa, conto com a colaboração do pesquisador Josué de Moraes, que tem toda sua formação acadêmica na USP. Ele já passou pelo Butantã, Instituto Adolfo Lutz e, atualmente, é consultor de saúde pública na Câmara Legislativa do Estado de São Paulo, além de possuir um laboratório de pesquisa, o ‘Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas’, na Faculdade de Ciências de Guarulhos (FACIG), o que facilita a realização de ensaios in vitro e in vivo“, conta Ana Carolina.
Leia MaisCientistas exploram microbiota de formigas em busca de novos fármacos
Como os moradores de grandes cidades bem sabem, ambientes com grande aglomeração de indivíduos são favoráveis à disseminação de patógenos e, portanto, requerem cuidados para evitar doenças.
Se nós humanos podemos contar com vacinas, remédios e desinfetantes para nos proteger, os insetos sociais – como abelhas, formigas e cupins – também desenvolveram ao longo de milhares de anos de evolução suas próprias “armas químicas”, que agora começam a ser exploradas pela ciência.
Leia MaisTrabalho avalia qualidade em pesquisas de saúde
Realizar uma avaliação da qualidade metodológica de trabalhos e pesquisas na área de saúde. Essa foi a proposta de mestrado da veterinária Thais Spacov Camargo Pimentel, desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com a execução de um trabalho inédito feito com antiinflamatórios utilizados em cães.
No projeto, Thais buscou expor uma revisão sistemática para avaliação das metodologias empregadas nas pesquisas que verificavam a qualidade e eficácia de medicamentos veterinários. “O objetivo da revisão sistemática é realizar uma busca eficiente de artigos científicos na literatura e aplicar regras formais na avaliação crítica desses artigos”. Para a pesquisadora, ao avaliar esses textos quanto à sua qualidade metodológica, é possível retirar conclusões quanto à credibilidade de seus resultados.
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