Tag Archives: Família

Surto de Marburg na Tanzânia coloca OMS em alerta; entenda doença

Das seis pessoas infectadas, cinco morreram

No início da semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou a seus Estados-membros sobre um possível surto de infecção pelo vírus Marburg na região de Kagera, na Tanzânia. No dia 10 de janeiro, os primeiros casos suspeitos da doença no país foram reportados à entidade – seis pessoas infectadas, sendo que cinco delas morreram.

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Revalida 2024: provas da 2ª etapa serão aplicadas neste fim de semana

Exame valida diplomas em medicina de instituições estrangeiras

As provas da segunda etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2024/2 serão aplicadas neste final de semana, dias 14 e 15 de dezembro.

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Dia D contra dengue promove ações de conscientização em todo o Brasil

Atividades de prevenção serão feitas em todo o país no próximo sábado

O governo federal vai promover o Dia D de mobilização de ações de prevenção contra a dengue no próximo sábado (14). Em 2024, foram contabilizados, até agora, mais de 6,7 milhões de casos e 5.950 mortes por causa da doença. O sistema de saúde investiga se outros 1.091 óbitos tiveram a doença como causa. Para se ter uma ideia, no ano passado, foram 1.179 mortes pelo vírus, um número cinco vezes menor.   

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Como animais de estimação estimulam cérebro das crianças

Pegue um livro qualquer na estante de uma criança pequena. Provavelmente, o protagonista será um animal e não um ser humano.

Desde uma lagarta faminta até grandes baleias-jubarte, as crianças parecem universalmente fascinadas pelos animais. Mas, embora os personagens de um livro ilustrado muitas vezes estejam longe da realidade, os animais de estimação que muitos de nós temos em casa oferecem às crianças uma visão mais realista do mundo animal — e um relacionamento significativo que as influencia em inúmeras outras formas.

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Família também é “remédio” para doença mental

Engajamento da família é fundamental para um futuro de qualidade do jovem vítima de episódio psicótico

Estudo em Ribeirão Preto aponta que fortalecimento de laços entre a família e o paciente psiquiátrico contribui para readaptação de ambos – Foto: Visualhunt

Estudo realizado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP aponta que a recuperação e o tratamento de pessoas que passaram pelo primeiro episódio psicótico (PEP) podem ter melhores resultados quando o paciente conta com o apoio da família.

PEP é um evento em específico, caracterizado pela primeira internação do paciente em um serviço de saúde, apresentando um ou mais dos sintomas que definem a psicose, entre os quais delírios, alucinações, comportamentos desorganizados ou bizarros.  Ele pode ser o anúncio ou o início de um transtorno mental crônico como, por exemplo, a esquizofrenia. Geralmente ocorre entre 15 e 25 anos, durante a adolescência e o início da idade adulta, mas 40% dos casos acontecem entre os 15 e 18 anos de idade e com apresentação de sintomas que, até então, eram desconhecidos.

Segundo a autora da pesquisa, a enfermeira Luiza Elena Casaburi, assim como qualquer transtorno mental, o PEP tem tratamento, que auxilia no combate à cronificação possível da doença que está por vir, ou seja, para evitar que ela se instale e permaneça no indivíduo.

Luiza Elena Casaburi – Foto: Arquivo pessoal

Nesse sentido, diz Luiza, a família é importante a ponto de ser responsável por tudo que possa acontecer com o adoecido, incluindo a probabilidade de ser reinserido na sociedade, o que é um dos pontos mais críticos após o PEP. A pesquisadora lembra que, durante muito tempo, o distanciamento entre doentes e familiares por meio da internação em clínicas especializadas era tido como a melhor solução. “Hoje, a nossa pesquisa, junto com outras da mesma temática, demonstra que os familiares são vistos como colaboradores na resolução de problemas.”

Para a pesquisadora, o engajamento da família é essencial para um futuro de qualidade do jovem vítima do PEP. O engajamento da família é a forma que ela encontra de apoiar e ajudar o adoecido e acontece de diversas maneiras. “A demonstração de apoio ao paciente e ao tratamento, o compartilhamento de sentimentos e trocas afetivas e, ainda, a correta supervisão dos medicamentos e comportamentos do paciente são algumas características de um bom engajamento.”

Do estudo da EERP participaram 12 jovens com, em média, 21 anos, que estão em tratamento no Ambulatório do PEP do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP e, ainda, 13 familiares, em sua maioria mães, que acompanham lado a lado o tratamento do adoecido após o PEP.

Família e seus benefícios

A partir do momento em que a família se alia ao tratamento do paciente, ajudando no uso das medicações, no deslocamento e na participação ativa nas consultas junto da equipe multiprofissional, supervisionando comportamentos problemáticos ou de risco para o adoecido, ambos saem ganhando. O paciente adquire mais confiança em seus familiares, tornando mais fortes os laços de parceria e companheirismo, enquanto a família aprende a se reorganizar, um ajudando ao outro e redefinindo-se a função de cada um dentro do lar. “Ao assumir papéis que outrora eram do membro adoecido, a família pode descobrir novas habilidades e recursos adaptativos”, relata Luiza.

A respeito da dor e sofrimento causados por se ter um parente nessas condições, as expectativas dos familiares em relação a ele passam por alterações, transformando desde as relações afetivas até a dinâmica familiar. Depois do PEP, sentimentos de insegurança, medo, frustração e dúvida em relação ao futuro vêm à tona. As responsabilidades se acumulam principalmente para as mães, que dividem seu tempo entre cuidar da casa, trabalho e do familiar adoecido.

“A experiência de cuidar pode alternar entre as fases de relativa calma e tempos onde carga considerável é colocada sobre o cuidador. Esse conjunto de influências faz com que a continuidade do tratamento após o PEP seja considerada um desafio para o trabalho da enfermagem com as famílias dos pacientes acometidos por transtornos mentais.”

Luiza ainda destaca a importância do autocuidado, da reinserção social e da fé no potencial positivo do adoecido, citando uma frase dita por uma das cuidadoras entrevistadas: “Eu quero que ele saia e controle a vida dele sabendo que é um doente psiquiátrico para sempre por causa da sua patologia, mas que está vivo! É capaz de produzir, de formar uma família, de se responsabilizar por essa família e deixar um exemplo”.

A dissertação Engajamento familiar na manutenção do tratamento em saúde mental após o primeiro episódio psicótico foi defendida na EERP em setembro do ano passado, com orientação da professora Sueli Aparecida Frari Galera.

Stella Arengheri, de Ribeirão Preto

Mais informações: e-mail luiza.casaburi@hotmail.com

Prática escolar pode promover respeito às diferenças

Na Faculdade de Educação (FE) da USP, pesquisa da pedagoga Ana Paula Sefton investigou uma proposta de prática docente e escolar que acolhe as diferenças de gênero e de sexualidade. A partir da análise do contexto de uma escola de ensino fundamental particular em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), o trabalho identificou condições que pudessem gerar a transformação das disposições culturais de gênero e sexualidade por meio das relações sociais entre professores, gestores, alunos e familiares. O estudo procurou mostrar como a prática docente, interpelada por um ambiente escolar favorável, embora imersa em uma sociedade sexista, tem condições de levar uma socialização para o convívio das diferenças.

“Em geral, a sociedade na qual vivemos é pautada em preceitos do patriarcado, que resultam em representações pré-definidas de como devem ser e atuar homens e mulheres em sociedade, sem considerar que tais pensamentos foram e são construídos socialmente a partir de interesses e de jogos de saber e de poder”, aponta Ana Paula. “A escola analisada apresenta práticas educativas e um ambiente de condições favoráveis para o questionamento das disposições de cultura sexistas e homofóbicas em prol do acolhimento às diferenças, sejam na relação da pessoa com ela mesma ou com as demais em sociedade.”

De acordo com a pedagoga, entre os pontos que favorecem esse resultado estão o “ambiente escolar favorável, com a convergência entre práticas pedagógicas e premissas escolares, e a formação acadêmica de excelência de docentes e gestores, incluindo a característica etária destes profissionais que tende a impulsionar uma postura aberta e reflexiva”. Ana Paula também destaca “o apoio familiar e da comunidade escolar e o acompanhamento do percurso escolar dos filhos, favorecendo que valores, experiências e significados fossem corroborados a propósitos promovidos pela escola”.

“Existe o incentivo à experiência significativa de aprendizagem dos alunos”, acrescenta a pesquisadora. “A disposição dos professores para criação de projetos em sala de aula em consonância com curiosidades e inquietações da classe, bem como os cotidianos estímulos ao autoconhecimento, percepção do outro e resolução dos conflitos através do diálogo e do acolhimento, favoreceram o pensamento de que há diferentes modos de exercer as identidades e de interagir na teia de interdependência da qual fazem parte.”

Rever conceitos e pré-conceitos
Segundo Ana Paula, os educadores devem procurar rever os próprios conceitos e pré-conceitos e passar a se questionar: “Por que é assim? Sempre foi assim? Pode ser diferente? Como fazer diferente?”. “Eles precisam buscar apoio ou oferecer a ideia de debater gênero, sexualidade e formação social junto aos gestores da escola e colegas professores”, afirma. “Ao mesmo tempo, é necessário refinar o olhar e a percepção para situações em sala de aula que possam estimular o pensamento crítico dos alunos e compartilhar as experiência com os familiares e outras turmas da escola”

Cinco pontos são necessários, de acordo com Ana Paula, para levar até a sala de aula práticas positivas para a equidade de gênero. “São eles a postura em realizar as mudanças, a preparação prévia e a atenção aos acontecimentos do dia a dia, a crença na importância de um trabalho pedagógico para as diferenças, não desistir frente aos desafios e saber que o trabalho de ‘formiguinha’ vai contagiando positivamente os demais até que se possa disseminar o espírito docente de fazer a diferença em sala de aula”, conta.

Como exemplos de práticas docentes, a pedagoga sugere que os professores façam do diálogo e da prática do questionamento uma constante em sala de aula, provocando os aluno a criarem, a argumentarem, a mudarem suas ideias, a contribuírem com as ideias dos demais. “Eles também podem promover a criação e a reflexão sem as amarras dos modelos generificados e padrões sociais. Por exemplo, sem o ‘universo de princesas e cor de rosa para as meninas’ e sem o ‘universo azul, de lutas e aventuras’ para os meninos’”, diz. “E não contentar-se com respostas do tipo ‘sempre foi assim’, ‘a natureza é assim’, ‘eu nasci assim’, ‘na novela é assim’, ‘no conto de fadas é assim’”.

Ana Paula recomenda que os professores nutram um ambiente em que os alunos se sintam seguros em compartilhar ideias, sentimentos e opiniões. “Para isso o respeito e a compreensão do espaço do outro são fundamentais, promovendo uma teia de relação social em que o processo de socialização seja tão importante quanto a busca por um resultado futuro”, afirma. “Os docentes devem ainda atentar-se para que a própria fala ou atitude docente não seja carregada de pré-conceitos, como dizer ‘menina é mais organizada que menino’, ‘menino é tudo desatento mesmo’ ou indicar materiais por cores e desenhos conforme o gênero. Finalmente, podem usar recursos didáticos midiáticos em prol do diálogo sobre equidade de gênero e sexualidade com uma perspectiva crítica”.