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Dia Mundial do Câncer: vacina do HPV também previne doença em homens

Vírus também pode levar a tumores no pênis, ânus e mais órgão

A relação entre o Papiloma Vírus Humano, ou HPV, e o câncer de colo de útero é a mais difundida, mas o vírus também pode causar outros tipos de câncer em mulheres e homens. No Dia Mundial do Câncer, lembrado nesta terça-feira (4), um levantamento inédito feito pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia mostra que mais de 6 mil pessoas morreram em decorrência de câncer do canal anal, entre 2015 e 2023, no Brasil. A maioria dos casos desse tipo de câncer é uma consequência da infecção pelo HPV.

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Brasil terá sexta maior população de idosos no mundo até 2025

A população brasileira tem passado nas últimas décadas por um rápido processo de envelhecimento, devendo somar, até 2025, 31,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Isso deverá causar impacto direto nos sistemas de saúde pública e previdenciário do país, e na forma de cuidar dessas pessoas.

A avaliação foi feita por pesquisadores durante uma mesa-redonda sobre o envelhecimento da população nos países em desenvolvimento, realizada durante a 68ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre até o próximo sábado (09/07) no campus de Porto Seguro da Universidade Federal do Sul do Bahia (UFSB).

“Em 1950, o Brasil tinha 2 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em 1965 esse número saltou para 6,2 milhões. Na virada do século chegou a 13,9 milhões e, em 2025, chegará a 31,8 milhões”, disse Luiz Roberto Ramos, professor da Escola Paulista de Medicina (UPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), durante o evento.

“Teremos uma das seis maiores populações de idosos no mundo em 2025”, estimou Ramos, que coordenou um projeto de pesquisa sobre a efetividade de ações de promoção da saúde em idosos com apoio da FAPESP.

De acordo com o pesquisador, a velocidade do processo de envelhecimento da população brasileira tem sido mais rápida do que a verificada na Europa, por exemplo.

Até 1800, o continente europeu registrava uma alta mortalidade e elevada fecundidade – uma combinação de fatores que possibilita manter a população jovem.

Essa situação só começou a mudar entre 1800 e 1900, durante a Revolução Industrial, quando a mortalidade começou a cair na região, causando um aumento da expectativa de vida, até chegar ao nível atual. “Foram necessários 100 anos para cair a taxa de mortalidade na Europa”, disse Ramos.

Já a taxa de fecundidade no “velho mundo” só começou a cair entre 1900 e 1950 e deve se manter estável nas próximas décadas, provocando um aumento na proporção de idosos.

Em contrapartida, no Brasil, a taxa de mortalidade começou a cair entre 1950 e 1980 e a de fecundidade iniciou um processo de redução a partir de 1970, chegando a dois filhos por casal hoje, que significa uma taxa de reposição e que a população do país não está crescendo, afirmou Ramos.

“Todo o processo de transição demográfica que na Europa levou 180 anos deve acontecer em metade desse tempo no Brasil”, comparou Ramos.

Esse aumento da proporção de idosos – que cresce a taxas muito mais elevadas do que as de outros grupos etários e tem causado o envelhecimento da população brasileira – tem mudado as prioridades na saúde pública no Brasil hoje, apontou o pesquisador.

Até 1950, quando as taxas de fecundidade e mortalidade no país eram altas, 40% das mortes no Brasil eram causadas por doenças infecciosas e pouco mais de 10% por doenças cardiovasculares.

Entre 1950 e 1970, quando começou a ocorrer o processo de transição epidemiológica no Brasil, os casos de doenças infecciosas foram diminuindo e hoje representam apenas 5% das causas de mortes no país, enquanto as doenças cardiovasculares passaram a representar mais de 40%.

“No velho paradigma da saúde pública no Brasil, a população de risco era composta por crianças, a prioridade era o tratamento de doenças infecciosas, as medidas preventivas – simbolizadas pelas vacinas – eram eficazes e os tratamentos eram simples, definitivos e baratos – era o famoso antibiótico por uma semana”, disse Ramos.

“No novo paradigma, a população de risco é formada por idosos, a prioridade é o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis que causam incapacidade, as medidas preventivas são pouco eficazes e os tratamentos são complexos, crônicos e caros”, comparou.

O sistema de saúde brasileiro, contundo, ainda não está preparado para atender essa nova realidade, apontou o pesquisador.

Um estudo realizado pelo Conselho Federal de Medicina, que acompanhou a evolução do número de médicos formados no Brasil desde 1910, apontou que, em 2010, 38% dos médicos no país eram pediatras, ginecologistas ou anestesiologistas. A geriatria era a 41ª colocada entre as especialidades dos médicos brasileiros, apontou a pesquisa.

“Há um longo caminho para dotar nosso sistema de saúde com profissionais especializados para cuidar dessa população de idosos”, avaliou.

Cuidado com os idosos

De acordo com dados apresentados por Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população que mais cresce no país hoje é a de pessoas com 80 anos ou mais.

E as pessoas que devem chegar a essa idade são as nascidas durante o baby boom, ocorrido no país entre 1950 e 1960, quando as taxas de fecundidade foram mais altas, estimou a pesquisadora.

“Esses idosos se beneficiaram da redução das mortalidades infantil, jovem e adulta nas últimas décadas no país e, agora, da diminuição da mortalidade nas idades mais avançadas em razão dos avanços na Medicina”, avaliou.

Essa guinada no número de “idosos muito idosos” no país, contudo, demandará não só mais cuidados, mas também mais tempo para cuidar deles, indicou.

O número de idosos que deverão receber mais cuidados no Brasil poderá aumentar entre 30% e 50% até 2020, estimou Camarano.

“É preciso avaliar se as famílias estão prontas para cuidar dessa população de idosos. Elas devem estar preparadas para isso”, avaliou.

Os homens passam, em média, 4,2 anos necessitando de cuidados prolongados no Brasil, e as mulheres, 4,7 anos.

Além disso, os homens morrem mais cedo do que as mulheres no país. “Por isso falamos que o envelhecimento é uma questão de gênero”, disse Camarano. “Há mais mulheres idosas, elas são as principais cuidadoras de seus maridos, que morrem primeiro. Mas quem irá cuidar delas?”, questionou.

Outra preocupação, segundo a pesquisadora, será com o sistema de previdência. Com a diminuição do número de nascimentos no Brasil, consequentemente, a força de trabalho no país vem caindo. “Quem irá trabalhar para contribuir com a seguridade social e cuidar dessas pessoas?”

Impacto na previdência

De acordo com Camarano, o Brasil dissociou envelhecimento de pobreza com a Constituição de 1988, que universalizou a seguridade social no país.

Com isso, a população idosa passou a ter rendimentos garantidos e, hoje, 82% das pessoas com mais de 65 anos no país recebem benefícios da previdência social.

O envelhecimento da população brasileira, entretanto, que pode ser formada por 20% de pessoas com 65 anos ou mais em 2050, levará a um aumento nos gastos previdenciários com essa parcela da população, aumentando o rombo na previdência, apontou Bernardo Lanza Queiroz, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Hoje aproximadamente 12% dos gastos públicos no Brasil já são direcionados para a população idosa”, afirmou o pesquisador.

Segundo o pesquisador, a aposentadoria precoce no país também contribui para ampliar o problema.

No início dos anos 1990, quando o direito à previdência social foi universalizado, de acordo com ele, a maior parte da população acima dos 65 anos de idade no país trabalhava.

Atualmente, a taxa de ocupação das pessoas com essa idade no Brasil está ao redor de 20%, entre outras razões pela própria emergência do sistema previdenciário, apontou.

“O Brasil tem um número de pessoas que recebe benefícios da previdência social em relação à população com 65 anos ou mais que é bastante elevado”, afirmou.

“Em 2010, havia 1,6 pessoas recebendo benefícios de aposentadoria da previdência social para cada pessoa com 65 anos ou mais no país. Isso indica que essas pessoas estão se aposentando relativamente cedo”, avaliou.

O fato de as pessoas se aposentarem cedo não seria um problema se o sistema previdenciário estivesse funcionando bem e há uma norma que permite isso no país, ponderou Queiroz.

“Essa norma tinha uma motivação muito boa, que era permitir que as pessoas mais pobres pudessem se aposentar com 30 anos de serviço. Mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: a população mais educada, com melhor inserção no mercado de trabalho, é que começou a se aposentar com 30 anos de contribuição”, afirmou.

Quanto mais adiada for a reforma da previdência, maiores serão os custos fiscais e para as pessoas, apontou o pesquisador.

Segundo dados apresentados por ele, hoje há 4 pensionistas para cada 10 pessoas contribuindo para o sistema de previdência no país.

Se nenhuma mudança ocorrer até 2050, em termos de aumento da oferta de emprego e do tempo de contribuição, por exemplo, haverá 1,2 pessoas recebendo benefícios para cada pessoa contribuindo com o sistema, projetou. “A conta não fechará mais”, avaliou.

Melhor justiça em saúde resulta em maior expectativa de vida

Pense em países que possuem modelos ecológicos eficazes, promovendo ambientes saudáveis e eficientes e fazendo com que a expectativa de vida da população seja acima da média global. Certamente você imaginou Alemanha, Canadá, Japão, por exemplo, correto? Errado. Os três primeiros colocados nestes quesitos são Costa Rica, Cuba e Albânia, respectivamente. Estes e outros dados foram apresentados pelo médico e especialista em saúde global Juan Garay, durante conferência ministrada na Fiocruz Petrópolis e que teve como debatedor convidado o diretor da ENSP, Hermano Castro.

Por mais de uma hora, Juan Garay dissertou sobre o tema O custo vital de acumular e esgotar os bens naturais, destacando diversos problemas de injustiças ambientais existentes no planeta e afirmando que as iniquidades em saúde – ou seja, as desigualdades que além de sistemáticas e relevantes são também evitáveis, injustas e desnecessárias -, afetam mais as mulheres que os homens.

Um dos pontos ressaltado pelo médico é que a definição de Saúde que as nações têm hoje é a aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948 e que busca uma melhor qualidade de saúde possível para todos os povos do mundo. Para Garay, este conceito não corresponde mais aos desafios do século XXI, pois não contempla um estado de bem estar para a população e não se preocupa para que as próximas gerações vivam em um ambiente sustentável e de equidade para todos, por exemplo.

Sobre as desigualdades existentes no mundo atualmente, Garay é taxativo ao informar que ocorrem, por ano, 20 milhões de mortes evitáveis por conta disto. Segundo o especialista, a má partilha de recursos, principalmente em países com renda per capta abaixo dos U$ 3.500, é um dos principais fatores para que isto ocorra.

Vagner do Nascimento, coordenador do Fórum das Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Parati e Ubatuba, e Hermano Castro, diretor da ENSP/Fiocruz, foram os convidados para o debate. Vaguinho, como é conhecido, apresentou o vídeo da campanha Preservar é resistir, lançada em 2014 e que pretende assegurar o acesso ao território, avançar na regularização de terras, dar visibilidade ao modo de ser e viver e implementar políticas públicas diferenciadas para estas populações. De acordo com Vaguinho, o diálogo das comunidades com poder público tem sido difícil, uma vez que elas têm seus direitos quase sempre violados por um estado autoritário e a campanha busca sensibilizar a sociedade para esta questão.

Já Hermano Castro destacou que, apesar do filme retratar o real sofrimento do trabalhador do campo, mostra ele sorrindo, pescando, retirando fruta da árvore, porque esta é a sua vida, sua cultura e o que eles lutam para preservar. “O problema é que nós invadimos estes territórios, agredimos isso e a infelicidade chega a estes locais de forma muito abrupta”, ressaltou. O diretor apresentou ainda alguns dados relacionando o ambiente e a saúde do trabalhador, para que haja um melhor entendimento como a agressão do mundo do capital ocorre no território. “O maior exemplo neste caso é o agronegócio, que invade os territórios de forma desleal e com o consentimento do Estado”, disse.

O diretor citou como exemplo o estado de Tocantins, que concedeu uma licença para que uma empresa plantasse cerca de 180 mil hectares de eucalipto em uma determinada cidade. “Isso foi feito sem nenhum estudo de impacto ambiental. É o agronegócio invadindo florestas e regiões de povos tradicionais, gerando assim conflitos e injustiças sociais”, destacou.

A conferência O custo vital de acumular e esgotar os bens naturais ocorreu no dia 23 de janeiro, no Palácio Itaboraí, sede da Fiocruz em Petrópolis (RJ).

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ONU registra aumento da expectativa de vida no Brasil

A expectativa de vida no Brasil aumentou 17,9% entre 1980 e 2013, passando de 62,7 para 73,9 anos, um aumento real de 11,2 anos. O avanço foi apontado no Relatório de Desenvolvimento Humano 2014 divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD). Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o crescimento foi possível em razão das medidas de combate à desnutrição, redução da mortalidade materna e infantil, ampliação do acesso a vacinas e medicamentos gratuitos, melhoria do atendimento às mães e bebês, enfrentamento das doenças crônico-degenerativas e das chamadas mortes violentas, entre outras ações na área de atenção básica e urgência e emergência.

O ministro comentou a diferença na melhoria de indicadores de saúde, educação e renda. “Partimos de um cenário de muita desigualdade. Se olharmos, por exemplo, a mortalidade infantil, fizemos uma redução de 70% entre 1980 e 2012. No entanto, ela não reduziu igual. A queda foi maior no Norte e no Nordeste, onde era muito mais acentuada. E isso acaba acontecendo em praticamente todas as situações. Se tivéssemos partido de um patamar mais homogêneo do país, talvez a capacidade de resposta das políticas públicas pudesse também acompanhar um ritmo mais homogêneo”, avaliou.

O relatório colocou o Brasil na 79ª posição do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre 187 países, com um valor de 0,744 (categoria de Alto Desenvolvimento Humano). Entre 1980 e 2013, o valor do IDH do Brasil aumentou 36,4%. O índice está acima da média de 0,735 para os países do grupo de Alto Desenvolvimento Humano e acima da média de 0,740 para os países da América Latina e Caribe.

Também houve crescimento na expectativa da vida nos últimos anos: em 2010, a estimativa era de 73,1 anos, já no ano passado passou para 73,9 anos. Os resultados seriam ainda melhores se o PNUD utilizasse dados atualizados para a elaboração do relatório. A instituição internacional usou uma projeção de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para chegar ao índice de 73,9 anos. Caso considerasse as estatísticas de 2013, já disponibilizados pelo IBGE, a esperança de vida ao nascer seria de 74,8 anos. Se fossem considerados esses números a outros dados defasados, como o de escolaridade, o país sairia da 79ª posição para a 67ª.

De acordo com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, mais importante do que analisar o posto no ranking é considerar o verdadeiro IDH do país. “A gente passaria de 0,744 para 0,764, que é o avanço real, como está o Brasil hoje. Vários países têm seus indicadores com estatísticas atualizadas, similares às brasileiras, que estavam disponíveis e podiam ser utilizadas. O Brasil vem se esforçando em melhorar essa captação de dados por organismos internacionais. Não estamos tratando de dados alternativos ou não reconhecidos”, afirmou.

O relatório mostra que as desigualdades no Brasil estão diminuindo. O IDH do Brasil ajustado à desigualdade (IDHAD) ficou em 0,542 em 2013, com uma perda de 27% em relação ao IDH. Essa perda vem caindo ao longo dos últimos anos: era de 29,6% em 2006. Das três dimensões analisadas no IDHAD, a desigualdade na expectativa de vida ao nascer é a menor, com um índice de 14,5%, seguido da desigualdade na educação (24,7%) e da desigualdade na renda (39,7%).

Para o ministro da Educação, Henrique Paim, o relatório mostra que, em relação à expectativa de anos de estudo, o Brasil está melhor que os outros membros do BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) e nações vizinhas, como o Chile. “Isso revela que há um esforço do país do ponto de vista de inclusão, de melhoria da frequência escolar. Esse processo está reconhecido no relatório”, observou.

Avanços – Vários fatores contribuíram para o aumento da expectativa de vida no Brasil. Entre 1996 e 2006, o país reduziu pela metade o índice de desnutrição infantil – passou de 13,4% para 6,7%. Entre as ações de combate à desnutrição, destacam-se a expansão da oferta de doses de vitamina A e de sulfato ferroso, além da melhoria da vigilância nutricional em municípios com índice de desnutrição superior a 10%. Além disso, um estudo do Ministério da Saúde e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apontou que a desnutrição crônica caiu 51,4% entre as crianças do Bolsa Família em cinco anos – passando de 17,5% para 8,5% entre 2008 e 2012.

Outro ponto forte foi a imunização da população. Atualmente, são oferecidos gratuitamente 42 tipos de imunobiológicos (25 vacinas, 13 soros heterológos e quatro soros homólogos) distribuídos em 34 mil postos vacinação. Desde 2010, foram incluídas novas vacinas para proteger a população, como a meningocócica C conjugada, tetraviral e a contra o vírus HPV.

Já o Programa Farmácia Popular disponibiliza 113 itens (entre medicamentos e produtos de saúde) na rede pública e 25 em drogarias particulares. Desde 2011, mais de 26 milhões de pessoas já foram beneficiadas. Além dos itens gratuitos para tratamento de diabetes, hipertensão e asma, os demais produtos podem ter até 90% de desconto na compra. Para idosos, também são disponibilizadas fraldas geriátricas.

Houve ainda redução de 82,2% do risco de morte devido a aborto e ampliação da estratégia Rede Cegonha, implantada em 2011 para incentivar o parto normal humanizado e intensificar a assistência integral à saúde de mães e filhos, desde o planejamento reprodutivo até o segundo ano de vida do filho. A Rede Cegonha tem garantido atendimento de qualidade a 2,6 milhões de gestantes pelo SUS em 5.488 municípios.

Para atendimentos de urgência e emergência, a rede de assistência do SUS conta com 269 unidades de referência habilitadas em alta complexidade em traumatologia e ortopedia; 333 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) funcionando – 243 delas construídas com recurso do governo federal; e 3.182 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), que cobrem 146.286.020 habitantes (72,76% da população).

Ações – Com o objetivo de prevenir e reduzir em 2% ao ano mortes prematuras (30-69 anos) por Doenças Crônicas Não Transmissíveis, o Ministério da Saúde tem buscado melhorar indicadores relacionados ao tabagismo, álcool, alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade. Desde o seu lançamento, em 2011, até 2012 a meta foi superada – com redução de 3% das mortes. Na ultima década, com a melhoria de indicativos da saúde, o percentual de redução foi de 20%.

“Ao mesmo tempo em que a gente consegue um enfrentamento muito considerável em relação ao tabagismo, nós temos dificuldade em relação à obesidade e ao sedentarismo, que são fatores importantes para doenças crônicas. Nós vamos ter que trabalhar cada vez mais e ampliar o acesso para que as pessoas possam ter diagnóstico e tratamento precoce às enfermidades”, comentou o ministro.

Outra prioridade é reduzir as mortes no trânsito, sobretudo de motociclistas. Para isso foi lançado, em junho de 2010, o projeto Vida no Trânsito, que prevê repasse de recursos para melhoria dos sistemas de informações e ações educativas. Hoje em dia, a ação está presente em todas as capitais, no Distrito Federal e nos municípios de Guarulhos (SP), Campinas (SP), São Gonçalo (RJ), São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu (PR).

Expectativa de vida cresce, mas vivemos mais tempo doentes

Apesar do aumento da expectativa de vida da população brasileira, um estudo desenvolvido pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP aponta que os idosos estão vivendo com menor qualidade de vida, já que convivem mais tempo com doenças crônicas típicas da faixa de idade. De acordo com a pesquisa, exames e tratamentos preventivos ajudam a evitar esse processo.

Segundo o médico geriatra Alessandro Campolina, parte desse aumento de tempo de enfermidade se deve à falta de políticas de prevenção eficientes e voltadas para a população mais velha. Ele é o autor da pesquisa que buscou avaliar a ocorrência de um processo chamado de compressão da morbidade. Esse conceito, surgido na década de 1980, lançava a hipótese de que, com o envelhecimento das populações, os anos ganhos pelas pessoas com a melhoria dos serviços de atendimento seriam anos vividos em bom estado de saúde.

O estudo

Segundo o estudo-base da pesquisa, até a década de 1970 e 1980, se tinha a ideia central de que o aumento de expectativa de vida da população seria uma espécie de fracasso em termos de saúde. “Os estudiosos pensavam que, embora conseguissem fazer as pessoas viverem mais tempo, elas viviam em uma situação de saúde pior”, explica Campolina.

A partir da década de 1980, as pesquisas passaram a contrariar as hipóteses anteriores, afirmando que a população vivia mais e em um quadro de saúde bom. A nova teoria também levantava o ponto de que a população humana apresenta um limite máximo, ainda não estabelecido com precisão, de tempo de vida. À medida que a melhoria das condições de vida vai se estabelecendo, a população tende a se aproximar cada vez mais desse limite.

Da mesma forma que a expectativa de vida ia sendo trazida para o limite máximo de vida da pessoa, o limiar de aparecimento de doenças crônicas, comuns na população idosa, também vai sendo empurrado.

“Num primeiro momento, o tempo limite máximo de aparecimento das doenças crônicas não mudaria com o aumento da expectativa de vida. Posteriormente, observou-se que o início de aparecimento das doenças também é postergado, mantendo, e talvez diminuindo, o tempo de vida da pessoa portando a doença”. A diminuição desse intervalo entre o aparecimento das doenças e a morte, a ciência dá o nome de compressão da morbidade.

Análises em domicílio

O projeto teve como objeto de avaliação participantes do Projeto Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE), desenvolvido pela FSP, que acompanha idosos da cidade de São Paulo desde o ano 2000 em diversos aspectos, tais como saúde e qualidade de vida. “No estudo, nos atentamos para aspectos sociodemográficos, condições de saúde, capacidades e desempenho de atividades de vida diária pela população idosa”, ressalta Campolina.

A coleta dos dados era realizada por uma equipe especializada, que colhia as informações nos domicílios e traziam os dados para análise. “O interessante, do ponto de vista temporal, era comparar a população de 2000 e de 2010 para saber se houve compressão da morbidade, e os estudos mais recentes estão nos dando uma resposta negativa para essa pergunta”, completa o pesquisador.

Prevenção e resultados

O estudo buscou levantar a importância das medidas de prevenção das doenças crônicas na contribuição para a chamada compressão da morbidade. A conclusão é de que algumas das principais doenças crônicas que acometem a população idosa, entre elas a hipertensão arterial sistêmica, doença articular, doença cardíaca, diabetes mellitus tipo 2, doença mental, doença pulmonar crônica e doença cerebrovascular, uma vez prevenidas, contribuem de maneira significativa para a melhoria da qualidade de vida e para a longevidade dos idosos.

Campolina ressalta que esses métodos preventivos não são frequentemente incentivados na população mais velha, e que isso é uma visão equivocada. “A medicina ainda acredita que prevenção é sinônimo de pacientes jovens. Mas a prevenção de doenças é uma estrategia afirmativa, mesmo nos idosos, para prolongar o tempo de vida e ganhar qualidade de vida, e o estudo comprovou isso”, afirma.

Mais informações: email alecampolina@gmail.com