Tag Archives: Exercício

Revalida 2025: prazo para contestar notas provisórias termina hoje

Exame avalia formados em medicina no exterior

Os candidatos que não concordaram com as notas provisórias da prova discursiva da primeira edição de 2025 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de educação superior estrangeira (Revalida) podem entrar com recurso até esta quinta-feira (15).

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Inscrições para Mais Médicos terminam nesta quinta-feira (8)

São 3.174 vagas para profissionais em regiões vulneráveis

As inscrições para o programa Mais Médicos terminam nesta quinta-feira (8). O Ministério da Saúde está ofertando 3.174 vagas para médicos interessados em trabalhar na atenção primária à saúde em regiões prioritárias, remotas, de difícil acesso e de alto índice de vulnerabilidade, onde há escassez ou ausência desses profissionais.

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Ioga ocular: exercitar olhos pode impedir ou atrasar o uso de óculos?

Paul McCartney declarou recentemente ao jornal britânico The Times que pratica ioga ocular para não precisar usar óculos.

Na entrevista, ele revelou que conheceu os exercícios com os olhos na Índia há alguns anos e adotou a prática desde então.

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Pesquisa revela como o exercício físico protege o coração

A prática regular de atividade física tem se firmado como uma importante forma de tratamento para a insuficiência cardíaca – doença caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue adequadamente.

Os benefícios vão desde prevenir a caquexia – perda severa de peso e massa muscular – até o controle da pressão arterial, a melhora da função cardíaca e o retardo do processo degenerativo que causa a morte progressiva das células do coração e leva à morte 70% dos afetados pela doença nos primeiros cinco anos.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista Autophagy, ajuda a elucidar parte dos mecanismos pelos quais o exercício aeróbico protege o coração doente.

““Basicamente, o que descobrimos é que o treinamento aeróbico facilita a remoção de mitocôndrias disfuncionais nas células cardíacas”, contou Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenador do projeto.

As mitocôndrias são as organelas responsáveis por produzir energia para as células. “A remoção dessas organelas promove um aumento na oferta de ATP [adenosina trifosfato, molécula que armazena energia para a célula] e reduz a produção de moléculas tóxicas, como os radicais livres de oxigênio e os aldeídos reativos, que em excesso danificam as estruturas celulares”, acrescentou.

Segundo o pesquisador, o objetivo da pesquisa no longo prazo é identificar alvos intracelulares que podem ser modulados por meio de fármacos para promover pelo menos parte dos benefícios cardíacos obtidos com a atividade física.

“Claro que não queremos criar a pílula do exercício, isso seria impossível, pois ele atua em muitos níveis e em todo o organismo. Mas talvez seja viável, por meio de um medicamento, mimetizar ou maximizar o efeito positivo da atividade física no coração”, comentou Ferreira.

O trabalho de investigação vem sendo conduzido durante o mestrado e o doutorado de Juliane Cruz Campos, bolsista da FAPESP e orientanda de Ferreira.

Em uma pesquisa anterior, publicada na revista PLoS One, o grupo mostrou por meio de experimentos com ratos que o treinamento aeróbico reativa um complexo intracelular conhecido como proteassoma – principal responsável pela degradação de proteínas danificadas.

Os resultados mostraram ainda que, no coração de portadores de insuficiência cardíaca, a atividade desse sistema de limpeza diminui mais de 50% e, consequentemente, proteínas altamente reativas começam a se acumular no citoplasma, interagindo com outras estruturas e causando a morte das células cardíacas.

No trabalho recém-publicado, que foi destaque na capa da revista, o grupo revelou que a atividade física também regula a atividade de outro mecanismo de limpeza celular conhecido como sistema de autofagia – cuja descoberta rendeu o Nobel de Medicina ao cientista japonês Yoshinori Ohsumi, em 2016.

“Em vez de degradar proteínas isoladas, esse sistema cria uma vesícula [autofagossomo] em volta de organelas disfuncionais e transporta todo esse material de uma só vez até uma espécie de incinerador, o lisossomo. Lá dentro, existem enzimas que destroem o lixo celular. No entanto, observamos que no coração de ratos com insuficiência cardíaca esse fluxo autofágico está interrompido, o que faz com que mitocôndrias disfuncionais comecem a se aglomerar”, explicou Ferreira.

De acordo com o pesquisador, a organela chega a se dividir, isolando a parte danificada para facilitar sua remoção. Isso foi possível constatar ao analisar a atividade de proteínas relacionadas com o processo de divisão mitocondrial. Porém, o sistema que deveria transportar o material rejeitado até o lisossomo não consegue completar a tarefa.

Experimentos

O modelo experimental usado foi o mesmo da pesquisa anterior, que consiste em amarrar uma das artérias coronárias do roedor para induzir um infarto no miocárdio. A falta de irrigação sanguínea causa a morte imediata de aproximadamente 30% das células cardíacas. Após um mês, o animal já apresenta sinais de insuficiência no órgão.

Ao analisar o tecido do coração doente por meio de microscopia eletrônica, capaz de aumentar a imagem em até 3 mil vezes, os pesquisadores notaram que nas células havia uma grande quantidade de mitocôndrias de tamanho reduzido e aglomeradas – algo que não foi observado no coração de animais sadios.

Essas organelas foram colocadas em um equipamento capaz de medir o consumo de oxigênio e, assim, avaliar o metabolismo mitocondrial. O teste confirmou que não estavam respirando como deveriam.

“As imagens mostravam que havia membranas tentando se formar em volta dessas pequenas mitocôndrias, mas o autofagossomo não chegava a envolver a organela de fato. Imaginamos então que elas estavam se acumulando porque o sistema de remoção não estava funcionado e, quando colocamos os animais para se exercitar, essas organelas disfuncionais desapareceram. O exercício restaurou o processo de remoção das mitocôndrias cardíacas disfuncionais. Os benefícios do exercício foram abolidos quando bloqueamos farmacologicamente ou geneticamente a autofagia”, contou Ferreira.

O treinamento dos animais teve início quatro semanas após a indução do infarto, quando eles já apresentavam sinais de insuficiência. Os roedores eram colocados em uma esteira para correr a uma intensidade considerada moderada (70% da capacidade máxima de corrida), durante 60 minutos, uma vez ao dia, cinco vezes por semana, por oito semanas.

Ao final, os resultados eram comparados com o de animais com insuficiência que permaneceram sedentários pelo mesmo período e também com o de animais sadios (que não tiveram infarto induzido) e sedentários (controle).

“No animal doente que permaneceu sedentário, a função cardíaca ao longo das oito semanas caiu 30%, enquanto no grupo treinado ela aumentou 40% em relação à condição pré-treino. No fim, portanto, a diferença na função cardíaca nesses dois grupos foi de 70%”, contou Ferreira.

Enquanto o coração dos ratos doentes sedentários estava em média 18% maior que o grupo-controle, o dos animais treinados aumentou apenas 5%.

“Vale lembrar que o exercício físico também induz um aumento no tamanho do coração, mas relacionado ao ganho de função. Já a dilatação causada pela insuficiência cardíaca está relacionada à perda de função no órgão”, disse o pesquisador.

Já o nível de ATP dos animais doentes sedentários foi 50% menor que o do grupo-controle, enquanto nos animais treinados foi equivalente ao do coração saudável.

“Nossos resultados mostram, portanto, que a atividade física não só previne como também reverte os danos causados pela insuficiência cardíaca. Nossa hipótese é que o treinamento físico module a expressão e/ou atividade de uma ou mais proteínas-chave envolvidas no processo denominado “mitofagia”, a autofagia mitocondrial, restaurando então sua atividade. É o que agora estamos tentando descobrir”, comentou Ferreira.

De acordo com o pesquisador, quando identificados, esses genes e as proteínas por eles codificadas poderiam ser testados como alvos terapêuticos.

Um modelo mais simples

Como explicou o professor do ICB-USP, descobrir o impacto de cada gene/proteína nas adaptações cardíacas decorrentes da atividade física em um organismo complexo como o de mamíferos seria uma tarefa exaustiva – virtualmente impossível. Por esse motivo, nos trabalhos em andamento, o grupo tem usado como modelo vermes da espécie Caenorhabditis elegans.

“São organismos menos complexos, mas cujo genoma se assemelha ao humano em até 90% para algumas famílias de proteínas. Além disso, já existem ferramentas, como a genômica funcional, que permitem avaliar em larga escala a contribuição de cada gene na resposta adaptativa perante condições adversas. A idéia é caracterizar o impacto funcional dos genes envolvidos nos processos de divisão mitocondrial e mitofagia nas adaptações decorrentes do exercício físico”, contou o pesquisador.

O desafio agora, disse Ferreira, é validar uma metodologia que permita colocar os vermes para treinar.

O artigo Exercise reestablishes autophagic flux and mitochondrial quality control in heart failure pode ser lido em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28598232.

Exercício é mais efetivo que dieta contra osteoporose na menopausa

Estudos do Laboratório de Bioengenharia da FMRP destacam a relevância da atividade física para a densidade óssea

Pesquisa experimental usou ratas cujos ovários foram retirados cirurgicamente para simular a falta de hormônios da menopausa – Foto: Visual Hunt/CC

Alguns minutos diários na esteira podem fazer diferença na qualidade dos ossos de mulheres na menopausa. Fase da vida feminina marcada por diversas modificações orgânicas, a falta dos hormônios reprodutivos chama a atenção também pelas sequelas futuras, a perda de massa óssea que leva à osteoporose.

Estudos realizados no Laboratório de Bioengenharia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostram que dietas balanceadas são importantes, mas a prática de atividade física é essencial para a manutenção óssea após a menopausa.

Em pesquisas recentes sobre a prevenção da osteoporose, os pesquisadores desse laboratório da USP já haviam confirmado a ação do exercício físico na melhora da quantidade de minerais presentes nos ossos e a microarquitetura do osso trabecular (estrutura de aspecto esponjoso encontrada no interior dos ossos e responsável por cerca de 20% do esqueleto humano).

Ana Paula Macedo, responsável pelo atual estudo, conta que avaliou vários parâmetros – massa corporal, densidade mineral e resistência óssea ao impacto – em animais sedentários e aqueles submetidos à prática de corridas em esteiras. Alguns desses animais receberam ainda dietas ricas em gordura. Mas, como resultado final, o exercício físico foi a condição que mais impactou na manutenção da saúde dos ossos.

Ana Paula Macedo, responsável pelo atual estudo – Foto: Arquivo pessoal

Apesar das dietas ricas em gorduras diminuírem o conteúdo mineral ósseo, a influência da dieta não foi tão significativa sobre a desmineralização dos ossos, diferentemente do treinamento físico, que melhorou todas as variáveis estudadas por Ana Paula. “Acreditamos que essa diferença esteja relacionada ao tempo de dieta assim como o tempo total de duração do experimento.”

Mesmo assim, os animais que receberam alimentação rica em gordura apresentaram, ao final do estudo, maior porcentual de gordura global e redução do conteúdo mineral do osso da tíbia quando comparados aos animais treinados nas esteiras.

Esses resultados são experimentais. O trabalho usou ratas ovariectomizadas (ovários retirados cirurgicamente) para simular a falta de hormônios da menopausa. Mas, tomando por base os últimos estudos sobre o tema, a pesquisadora garante que “dietas balanceadas são importantes e a prática de atividade física é essencial para a manutenção óssea após a menopausa”.

Alimentação rica em gordura e prejuízos aos ossos

A ciência já comprovou que a obesidade, muitas vezes resultante de dietas desequilibradas, está associada ao aumento da incidência de fraturas por baixo impacto na população feminina pós-menopausa. Muitas pesquisas mostram como uma nutrição adequada desempenha papel na acumulação e manutenção da massa óssea, inclusive como ferramenta importante para a prevenção de fraturas em pessoas com osteoporose.

Como forma de prevenção e tratamento desses problemas advindos da menopausa, a medicina oferece ainda terapias de reposição hormonal, mas com muitos prejuízos relatados em efeitos adversos para várias pessoas.

Orientados pelo professor Antonio Carlos Shimano, os pesquisadores do Laboratório de Bioengenharia da FMRP continuam tentando entender melhor os mecanismos envolvidos na interação da nutrição e atividades físicas para prevenção de deficiências ósseas pós-menopausa. Mas Ana Paula adverte sobre os efeitos negativos de dietas ricas em gordura na microarquitetura óssea e a interferência de concentrações de lipídeos acima dos níveis recomendados na remodelação dos ossos.

Mas, se o presente estudo não obteve informação contundente quanto aos efeitos das alimentações ricas em gorduras sobre a osteoporose, o mesmo não ocorreu com as corridas na esteira. Mesmo assim, a pesquisadora afirma que “o treinamento físico melhora a microarquitetura óssea e dieta rica em gordura aumenta a gordura corporal e prejudica a mineralização óssea”.

Os principais achados deste estudo estão publicados na edição de fevereiro do ano passado da revista Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports.

Rita Stella, de Ribeirão Preto

Mais informações: e-mail anapaula@forp.usp.br

 

Exercício aeróbio reduz inflamação e sintomas de asma

Com informações de Bete Subires, da Assessoria de Imprensa do Instituto Central do HC

Estudo realizado no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) relaciona o exercício físico aeróbio à redução dos sintomas da asma. Utilizando-se de 58 pacientes com idades entre 30 e 50 anos e com asma moderada a grave, a pesquisa comprovou que o exercício aeróbio reduz a inflamação brônquica e gravidade dos sintomas, com melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Pacientes asmáticos tem a hiperresponsividade brônquica (HB) como uma importante característica. Esta condição faz com que fatores gatilhos (ou alérgenos), os quais não ocasionam nenhuma reação em uma pessoa sem asma — tais como mudança de temperatura, poluição, ácaro, fumaça de cigarro, pelos de animais, mofo — causem irritação em asmáticos, ocasionando o fechamento de suas vias aéreas.

A (HB) foi utilizada como comparação nos pacientes antes e depois dos exercícios físicos. Além disso, os níveis de proteínas inflamatórias — as citocinas —  e de IgE, um anticorpo produzido pelo organismo de pessoas alérgicas, presentes nos paciente com asma também foram analisados.

Comparações
Segundo o professor Celso Carvalho, coordenador do estudo, os participantes foram divididos em dois grupos. Enquanto um primeiro grupo realizou exercícios placebo respiratórios — os quais os pesquisadores já sabiam previamente não obter resultados positivos — um segundo realizou 35 minutos de exercícios aeróbios em esteira, duas vezes por semana, durante três meses, entre os anos de 2013 e 2014.

Os resultados surpreenderam. No grupo de exercício aeróbico, a hiperresponsividade reduziu em uma dupla dose, o que significa que os pacientes eram capazes de tolerar  duas vezes os fatores gatilhos que desencadeiam sintomas. O grupo que realizou exercício placebo não apresentou benefício algum. Os níveis de proteínas inflamatórias (citocinas) presentes na asma e de IgE, um anticorpo produzido pelo organismo de pessoas alérgicas, também foram analisados.

Os níveis das citocinas inflamatórias também caíram significativamente no grupo de exercício aeróbio, diminuindo a inflamação, e o número de dias livres de sintomas da amas aumentou. Em decorrência dessas mudanças, a qualidade de vida dos pacientes melhorou significativamente em 70% do grupo que fez exercício aeróbio. Os efeitos foram mais acentuados em pessoas com níveis mais elevados de inflamação sistêmica.

O estudo foi realizado em parceria com as unidades de Fisioterapia, Pneumologia, Alergia e Clínica Geral do HC da FMUSP.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: bete.subires@hc.fm.usp.br