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Anvisa aprova uso do medicamento Mounjaro para perda de peso

O fármaco já estava autorizado no Brasil, mas apenas para diabetes

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a utilização do medicamento Mounjaro para auxiliar na perda de peso. Fabricado pela farmacêutica americana Lilly, o remédio injetável tem como princípio ativo a tirzepatida e é mais uma das chamadas canetas emagrecedoras, assim como o Ozempic e o Wegovy (semaglutida) e o Saxenda (liraglutida).

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Tireoide: Saiba mais sobre a glândula que é essencial para o bom funcionamento do organismo

A tireoide é uma glândula em forma de borboleta localizada no pescoço, logo abaixo da região conhecida popularmente como gogó. A tireóide produz hormônios para que órgãos importantes como coração, cérebro, fígado e rins, funcionem bem. No entanto, eventualmente, podem aparecer nódulos na tireoide. Às vezes, esses nódulos são cancerosos. Nesses casos, há necessidade de retirar a glândula. Mas, após a retirada, o paciente não fica prejudicado se fizer reposição desses hormônios.

É o que faz a gerente de tecnologia, Cássia França. Ela retirou a tireoide há quatro anos e tem uma vida normal. “Estou só na fase de monitoramento e tenho que tomar o hormônio sintético para o resto da vida. Você fazendo a reposição correta, é normal, é um remédio que você vai tomar pra vida toda, mas não influencia absolutamente em nada na sua vida”, conta França.

Um dos tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos pacientes com tumor na tireoide é a iodoterapia. O procedimento, indicado para depois da retirada da glândula, utiliza o iodo para destruir as células comprometidas que ainda restaram após a cirurgia. Para casos de baixo risco de reincidência da doença, o iodo é administrado em baixas dosagens e o paciente pode ir para a casa logo depois da intervenção. É o que explica a endocrinologista do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), Fernanda Vaisman.

“São tumores mais simples, pequenos, que têm um prognóstico, que significa o quê que vai acontecer com o paciente daqui para frente, muito bom. E aí isso é um avanço bom tanto para os pacientes quanto para a rede porque sobrecarrega menos a rede e aí só precisa ficar internado para fazer a iodoterapia aqueles pacientes com a doença mais agressiva”, comenta Vaisman.

Já para os casos mais complexos, o iodo é administrado em doses elevadas e exige que o paciente permaneça internado para evitar o risco de radiação. A endocrinologista conta que a iodoterapia, para quaisquer casos, não compromete a qualidade de vida do paciente. “Pode deixar o olho um pouco seco, a boca um pouco seca, pode dar um pouquinho de dor nas glândulas salivares. Ela não é nada parecida com quimioterapia, nem com radioterapia, ela não faz cair o cabelo, não faz a pessoa ficar enjoada, emagrecendo. Então é muito mais tranquila do que qualquer desses outros cânceres que a gente ver que tem que tratar com quimioterapia, que tem um efeito no organismo como um todo. A iodoterapia é bem focada na tireoide”, explica a médica.

O SUS oferece tratamento complementar de câncer de tireoide com iodoterapia há mais de 50 anos.

Dia Mundial do Diabetes – A incapacidade de absorver energia para as células

Todo mundo conhece alguém ou sabe de uma pessoa que tem diabetes. Em 1991, o dia 14 de novembro foi instituído pela Organização Mundial de Saúde(OMS) como o Dia Mundial do Diabetes para alertar a população sobre seus malefícios e como combater a doença que está presente em aproximadamente 371 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a federação Internacional do Diabetes.

Nesta quinta-feira (14), o Ministério da Saúde apresentou dados inéditos sobre o diabetes no Brasil. O percentual de pessoas que se declararam diabéticas passou de 5,3% para 7,4% entre 2006 e 2012. O avanço do diabetes está relacionado ao excesso de peso, à falta de exercícios físicos, à má alimentação e o envelhecimento da população. A pesquisa aponta que 75% do grupo de brasileiros convivendo com o diabetes estão acima do peso. Apesar do crescimento da doença, a taxa de pacientes internados teve redução de 19%. Veja aqui mais dados sobre o diabetes divulgados hoje.

A doença – que é crônica – surge quando a glicose não está sendo absorvida corretamente pelas células do corpo, que precisam dela para gerar energia. Essa absorção é feita por um hormônio produzido pelo pâncreas chamado insulina. O diabetes ocorre quando alguma alteração não permite que a insulina trabalhe para que as células absorvam o açúcar (glicose) necessário para sua sobrevivência. Com causa multifatorial, os principais fatores de risco do diabetes são a hereditariedade aliada à falta de atividade física, obesidade e má alimentação.  Para saber mais acesse a página que o Ministério da Saúde criou sobre o diabetes.

“É possível levar uma vida normal com a doença, mas tem que tomar cuidados com os descuidos no tratamento. Já fui parar duas vezes no hospital por trabalhar virando noite, sem me alimentar adequadamente”, comenta João Gabriel de Oliveira, 30 anos, design gráfico que tem o diabetes tipo 1. Ele explica que às vezes perde o controle do diabete por sobrecarga de trabalho. Existem três tipos principais do diabetes. Para descobrir se você tem faça o teste de glicemia.

O tipo 1, conhecido como insulinodependente, ocorre quando a pessoa não produz insulina para absorção correta do açúcar. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores normais. Costuma ser mais comum em jovens. O tipo 2, que é responsável por cerca de 90% dos casos do diabetes, aparece quando o corpo produz insulina mas ela não consegue ser absorvida por algum motivo. É mais comum entre pessoas acima de 40 anos, apesar de também ocorrer em jovens, e está geralmente associada à obesidade, sedentarismo e estresse. O diabetes tipo 2 costuma não apresentar muitos sintomas, por isso é chamado de doença silenciosa.

O último tipo é o diabetes gestacional. Ele ocorre em mulheres grávidas que alcançam elevados níveis de glicose na gestação. A doença tende a sumir após o parto, mas as mulheres e seus filhos adquirem risco maior em desenvolver posteriormente o diabetes tipo 2.

João Gabriel descobriu a doença tipo 1 aos seus 22 anos. Ele sofreu os sintomas durante cerca de seis meses. “Eu ficava constantemente desidratado. Bebia muita água e ia ao banheiro constantemente, fazia um xixi muito amarelo. Sentia muita preguiça e indisposição. Ficava ainda com a pele seca e a mão meio branca”, lembra João, que foi diagnosticado e hoje faz dietas e atividades físicas regulares, além de tomar insulina injetável todos os dias. João acredita que seus antigos hábitos alimentares estimularam a doença, “Ia à padaria e comia seis sonhos de uma vez. Costumava fazer brigadeiro quase toda noite”, lembra.

Um problema que existe entre alguns diabéticos é querer negar o tratamento, achar que pode comer o que quiser e negligenciar as atividades físicas.  “Ainda é muito comum pessoas que se negam a tratar o diabetes e não querem mudar os hábitos”, diz Márcio Krakauer, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Diabetes. Isso acaba trazendo graves consequências aos diabéticos.

Foi o que aconteceu com Luiz Aureliano de Carvalho, que viveu no município de Serra Talhada, interior de Pernambuco, e morreu aos 78 anos sem as duas pernas e completamente cego devido às complicações da doença. “Ele ia ao médico e tomava os medicamentos, mas era meio rebelde. Não fazia atividades e a dieta era só dentro de casa, quando saia comia o que queria”, conta o filho de Aureliano, Luiz Filho. Isso acontece porque a medicação não resolve tudo, é preciso sempre aliá-la com atividades físicas e alimentação.

Saúde Não Tem Preço – Com o programa Saúde Não Tem Preço, do Ministério da Saúde, a população brasileira que sofre com hipertensão ou diabetes conta com acesso gratuito aos medicamentos para o tratamento destas doenças.  Desde o início da ação, em 2011, aumentou em cinco vezes o acesso gratuito a medicamentos para hipertensão e diabetes.

A média mensal de pessoas atendidas passou de 1,2 milhão em janeiro de 2011 para 5,5 milhões em setembro de 2013. Houve um aumento de diabéticos com acesso gratuito aos medicamentos de 546%, passando de 306.826 em janeiro de 2011 para 1.757.977 em setembro de 2013. A rede de farmácias particulares cadastradas ao programa é de 23.768, além das 564 unidades próprias do governo. Atualmente, o benefício chega a 3.773 municípios. Em 2011, apenas 578 municípios estavam cobertos com medicamentos gratuitos.

Estudo investiga distúrbios do sono associados à acromegalia

Os distúrbios respiratórios do sono (DRS) em pessoas com acromegalia — síndrome causada em adultos pelo aumento da secreção do hormônio do crescimento — são mais comuns em pacientes mais velhos, obesos e com hipertensão arterial sistêmica. “Os distúrbios respiratórios do sono estão associados de forma independente com a idade, maior pressão arterial diastólica e menor distensibilidade da artéria carótida”, relata a fisioterapeuta Aline Cecília Silva Amaro, que pesquisou o assunto em seu doutorado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

“A acromegalia está associada com o surgimento de complicações cardiovasculares, pulmonares, metabólicas e neoplasias que cursam com aumento da mortalidade, redução da expectativa de vida e considerável impacto sobre a qualidade de vida dos pacientes”, explica a fisioterapeuta. As complicações respiratórias, por sua vez, são resultantes das alterações anatômicas causadas pela síndrome nos ossos e tecidos moles do crânio e da face, mucosa respiratória, cartilagens, volumes pulmonares, geometria da caixa torácica, além da própria atividade dos músculos respiratórios.

O objetivo da pesquisa desenvolvida por Aline era verificar se existe relação entre a presença de DRS e o início de doença cardiovascular nos pacientes com acromegalia. Para isso, foram realizados dois estudos com pacientes do ambulatório de Neuroendocrinologia da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. O estudo foi conduzido no Laboratório do Sono da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor).

Resultados
Um dos experimentos testou a associação de forma independente dos DRS aos marcadores de pior prognóstico cardiovascular e metabólico. O outro avaliou o impacto do tratamento da apneia com uso de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) sobre os marcadores cardiovasculares dos pacientes. “O CPAP gera pressão positiva nas vias aéreas a níveis capazes de manter a região da faringe aberta mesmo durante o sono, evitando desta forma as interrupções respiratórias”, explica Aline. Os pacientes deviam dormir todas as noites, durante três meses, com o CPAP acoplado por intermédio de uma máscara.

O trabalho não identificou efeitos do tratamento dos distúrbios do sono sobre os indicadores cardiovasculares. Todavia, foi possível notar melhoras subjetivas a partir do uso do CPAP. “O CPAP virtualmente elimina os eventos respiratórios, diminui a sonolência, melhora a função cognitiva, humor, melhora a qualidade de vida e pode diminuir risco de doenças cardiovasculares”, conta a pesquisadora.

De acordo com a fisioterapeuta, os resultados apontam para a hipótese de que as alterações cardiovasculares ocorrem em função da própria acromegalia, com menor influência dos distúrbios do sono. “Outra hipótese é que 3 meses com uso de CPAP não seja o suficiente para observamos melhoras nos parâmetros cardiovasculares, necessitando de um tempo maior de estudo”, continua.

No estudo sobre o uso do CPAP, para efeitos de comparação, também foi usado por três meses adesivo nasal. Segundo Aline, os pacientes relataram bons resultados com o produto, mesmo sendo um placebo. “Quando perguntávamos aos pacientes que estavam usando o adesivo nasal, estes relatavam que dormiam bem, o ronco diminuía, de manhã estavam bem descansados, mas o que observamos é que o adesivo não diminuiu a apneia”, conta.

“Os distúrbios respiratórios do sono são comuns na população com acromegalia e apesar disto ainda é subdiagnosticada”, diz a fisioterapeuta. Aline chama a atenção para a importância de uma atuação multiprofissional no tratamento dos distúrbios do sono na população com acromegalia. “Além do mais os distúrbios respiratórios do sono interferem negativamente na qualidade do sono, qualidade de vida e também estão associados com as doenças cardiovasculares como por exemplo disfunção endotelial”, completa.

Foto: Wikimedia