A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde (MS) e a Fiocruz promoveram, na última quarta-feira (21/2), em Manaus, a 1º Oficina para Discussão das Ações de Vigilância, Assistência e Pesquisa em Febre do Oropouche. O evento, que teve o apoio da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, contou com a participação de pesquisadores e gestores de instituições dos estados da Amazônia, e dos laboratórios de Referência para arboviroses da Fiocruz e Instituto Evandro Chagas (IEC). A diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da SVSA, a médica Alda Maria da Cruz, afirmou que o objetivo do encontro foi, além de trocar conhecimentos, desenhar uma estratégia de investigação da doença e estabelecer critérios e métodos que possam ser usados pela comunidade científica, nos aspectos clínicos, entomológicos e apoio diagnóstico. O boletim que informa o cenário de arboviroses do Amazonas mostra que foram confirmados 1.258 casos para oropouche até 15 de fevereiro.
Pesquisadora da Fiocruz e antiga chefe do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Alda Maria destacou o trabalho de vigilância em saúde do Amazonas, que conseguiu identificar, de forma oportuna, que muitos dos casos notificados para dengue eram, na verdade, de oropouche. Nesta caracterização, contou com o apoio do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia. Para ela, a oficina marca o início de uma caminhada que juntou profissionais da clínica, de laboratórios, gestores, equipes da vigilância e pesquisadores, em um encontro de saberes diferenciados. “Tivemos uma riqueza e densidade de discussões muito grande e agora vamos ter que pensar em como levar adiante os desdobramentos de tudo que foi debatido e sugerido por cada um dos grupos da oficina”, afirmou. Alda Maria agradeceu a parceria da Fiocruz na realização do evento e o apoio da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.
Leia MaisFiocruz Amazônia faz primeiros sequenciamentos de monkeypox na região Norte
Vinculado ao Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), o Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados (ViVER) realizou os primeiros sequenciamentos genômicos do vírus da monkeypox (MPXV) na região Norte. As duas amostras sequenciadas fazem parte da mesma linhagem do vírus em circulação em vários países, incluindo o Brasil. Até então, os sequenciamentos realizados no país eram restritos ao eixo Sul-Sudeste – em um total, foram 34 mapeamentos feitos no Brasil até agora. A metodologia utilizada na Fiocruz Amazônia foi de metagenômica, que permite acessar a informação genética de qualquer patógeno.
“Os dados do Amazonas passam a integrar a rede de dados genômicos relativos à monkeypox no mundo”, afirma o virologista Felipe Naveca, coordenador do ViVER. Segundo ele, a Fiocruz Amazônia dá mais um passo importante ao realizar a vigilância genômica do monkeypox, colocando o Amazonas como o único Estado fora do eixo Sul-Sudeste a realizar o procedimento até o momento.
Leia MaisFiocruz e Academia Chinesa de Ciências reforçam parceira em doenças infectocontagiosas
Por três manhãs consecutivas no Brasil, ou três noites do outro lado do mundo, na China, o CAS-Fiocruz webinar on Infectous Diseases reuniu pesquisadores da Fiocruz e da Academia Chinesa de Ciências para a troca de informações sobre assuntos como Covid-19, vacinas, zika, dengue e outras enfermidades comuns aos dois lados do globo. O webinário ocorreu nos dias 14, 15 e 16 deste mês.
Avanços na cooperação em saúde e ciência
Leia MaisFiocruz Minas realiza ações contra doenças infecto-parasitárias
Implementar um programa de organização de serviços de saúde em atendimento, diagnóstico e tratamento de doenças infecto-parasitárias no Vale do Mucuri, região com elevada pobreza e vulnerabilidade social do Nordeste de Minas Gerais. Esse foi o objetivo de uma iniciativa da Fiocruz Minas, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e secretarias de saúde de municípios sede de microrregiões sanitárias do Vale, que começou em 2019. Primeiramente, o trabalho foi direcionado para a leishmaniose tegumentar (LT), doença infecciosa que acomete os seres humanos e provoca úlceras na pele e nas mucosas das vias aéreas superiores. Dos esforços iniciais, resultou o estabelecimento de um fluxo de atendimento que já possibilitou diagnóstico e tratamento de mais de uma centena de casos.
De acordo com a pesquisadora Vanessa Peruhype, uma das coordenadoras do projeto, o programa iniciou-se pelo município de Teófilo Otoni, cidade polo da macrorregião Nordeste e referência para o Vale do Mucuri. O primeiro passo da equipe foi fazer uma avaliação diagnóstica da situação dos serviços prestados, considerando-se os dados epidemiológicos da microrregião, para implementar um serviço especializado e voltado exclusivamente à leishmaniose tegumentar. A partir daí e após várias reuniões com gestores do município, foi possível a estruturação do ambulatório de referência e o estabelecimento do fluxo interno de encaminhamentos referentes ao atendimento, diagnóstico e tratamento da LT.
Leia MaisFiocruz lança curso sobre vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis
A pandemia de coronavírus mexeu com o mundo, alterando processos e rotinas em diferentes instâncias. No entanto, apesar de ainda matar centenas de pessoas por dia no Brasil, outras doenças, como a dengue, a zika e a chikungunya, continuam circulando entre a população e não podem ser negligenciadas, pois apresentam alto potencial epidêmico em nosso país. Buscando disseminar conceitos teóricos do monitoramento de doenças transmissíveis, assim como instrumentalizar profissionais para a tomada de decisão em salas de situação dedicadas à vigilância de arboviroses urbanas e de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), a Fiocruz acaba de lançar o curso InfoDengue e InfoGripe: Vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis, em parceria com o Ministério da Saúde. A formação, online, gratuita e autoinstrucional, está com inscrições abertas.
Esta é a décima iniciativa do Campus Virtual Fiocruz – sempre em articulação com unidades da Fundação e outras instituições de ensino e pesquisa – lançada no âmbito da pandemia de Covid-19 e insere-se num esforço ímpar de formação voltada aos profissionais de saúde. Segundo a coordenadora do CVF, Ana Furniel, “estamos todos vivendo um período muito difícil. Mas os profissionais de saúde trabalharam no limite. A Fiocruz, a cada novo curso, fortalece sua missão de capacitar esses profissionais para o SUS, e a equipe do Campus tem feito a sua parte para ajudar, disseminando conhecimento em todas as partes do Brasil, e até para além dele, sempre estabelecendo parcerias e estimulando o trabalho em rede”. O curso tem foco na atualização de profissionais da vigilância em saúde das secretarias municipais e estaduais de Saúde, mas é aberto a todos os interessados na temática. A coordenação acadêmica da formação está a cargo da pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz), Cláudia Torres Codeço, e integra uma iniciativa do Ministério da Saúde para a capacitação de profissionais da saúde que trabalham em vigilância de arboviroses e síndromes gripais.
Leia MaisCovid é comum em cachorros e gatos domésticos, revela estudo
A covid é comum em cães e gatos de estimação cujos donos têm a doença, sugerem pesquisas feitas por cientistas.
Foram coletadas amostras de 310 animais de estimação em 196 domicílios onde pelo menos uma infecção humana havia sido detectada.
Leia MaisCovid: 8 medidas cruciais contra o coronavírus (que está mais presente no ar do que nas superfícies)
Que a covid-19 é transmitida principalmente pelo ar é uma realidade indiscutível neste momento.
Ela consegue isso através dos agora famosos aerossóis, que nada mais são do que pequenas partículas de saliva ou fluido respiratório emitidas pelas pessoas quando respiram, falam, gritam ou tossem.
Leia MaisCoronavírus pode ter infectado 66% dos habitantes de Manaus, estima pesquisa
Número pode sugerir imunidade coletiva quando casos diminuem, pois restam menos pessoas suscetíveis à infecção. Mas especialistas destacam a dimensão da tragédia na região, ressaltando que deixar o vírus circular não pode ser entendido como uma política pública.
Em Manaus, capital do Amazonas, cidade com 2,2 milhões de habitantes, estima-se que 66,1% da população foi infectada pelo coronavírus desde o início da pandemia de covid-19. A estimativa é de um estudo internacional coordenado pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMTSP) e pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A partir de dados sobre a presença de anticorpos para o vírus em doadores de sangue, os pesquisadores calcularam uma taxa de infecção de 64,8% em junho e de 66,1% em julho e agosto. O mesmo cálculo foi feito em São Paulo, obtendo uma taxa de 22,4%, o que equivaleria a cerca de 2,5 milhões de pessoas. O estudo foi publicado como preprint (versão prévia de artigo científico, sujeita a verificação) no site Medrxiv em 21 de setembro.
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Zika pode lesar o cérebro de bebês mesmo no fim da gestação
Um estudo brasileiro publicado na revista Clinical Infectious Diseases revelou que a infecção de gestantes pelo vírus Zika pode representar um risco para o desenvolvimento neurológico dos bebês mesmo quando ocorre poucos dias antes do nascimento.
“Predominava, até então, o paradigma de que a infecção seria preocupante somente se ocorresse no primeiro trimestre da gestação. No entanto, observamos danos cerebrais em quatro crianças cujas mães foram infectadas faltando entre duas e uma semana para o parto”, afirmou Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e integrante da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede Zika).
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