Tag Archives: Doença autoimune

Dia da Imunização: conheça o serviço dos centros de vacinas especiais

Pessoas vulneráveis têm direito de receber vacinas diferenciadas

Além dos mais de 20 imunizantes que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece nas unidades básicas de todo o Brasil, algumas pessoas mais vulneráveis a infecções têm direito a receber outras vacinas ou versões diferenciadas, oferecidas nos centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie).

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Dia da Imunização: conheça o serviço dos centros de vacinas especiais

Pessoas vulneráveis têm direito de receber vacinas diferenciadas

Além dos mais de 20 imunizantes que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece nas unidades básicas de todo o Brasil, algumas pessoas mais vulneráveis a infecções têm direito a receber outras vacinas ou versões diferenciadas, oferecidas nos centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie).

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Fatores emocionais podem desencadear ocorrência do vitiligo

Maioria dos pacientes de vitiligo não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele; SUS oferece tratamento gratuito para a doença

O Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo é lembrado nessa terça-feira (1º) para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento aos pacientes, mas também para desmistificar a doença para o restante da população.

Marcado pela perda da pigmentação da pele, o vitiligo não é contagioso e acomete cerca de 0,5% da população mundial, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Apesar de a doença ainda não ter causa definida, foi constatado que fatores emocionais podem desencadear ou agravar a ocorrência. A SBD explica que a maioria dos pacientes de vitiligo não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele.

O Sistema Único de Saúde oferece consultas, diagnóstico, tratamento ambulatorial e hospitalar para a doença. O custeio dos procedimentos é feito por meio do Teto MAC (Média e Alta Complexidade) disponibilizado para os estados e municípios. Compete às regiões a identificação de suas necessidades, disponibilizando assistência aos pacientes, como também estipular cotas, credenciar e controlar os serviços.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico deve ser feito por um dermatologista. Ele é o profissional indicado para determinar qual tipo de vitiligo atinge o paciente, verificar se há alguma doença autoimune relacionada e indicar o tratamento mais adequado ao caso.

O tratamento do vitiligo é individualizado e depende das características de cada paciente. De acordo com o Ministério da Saúde, a principal indicação de tratamento para o vitiligo é a fototerapia, que apresenta resultados positivos principalmente para lesões da face e tronco.

Os portadores de vitiligo devem evitar fatores que possam precipitar o aparecimento de novas lesões ou acentuar as já existentes, como usar roupas que provoquem atrito ou pressão sobre a pele. Recomenda-se em grande parte dos casos o acompanhamento psicológico.

Vitiligo no mundo

A prevalência da doença pelo mundo é variável, sendo maior em africanos, menor em europeus e orientais e maior em mulheres. As prevalências populacionais em alguns países no mundo são: China (0,09%); Dinamarca (0,38%); Estados Unidos (0,40-2%); Índia (1,13%).

Você sabe o que é Lúpus?

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune caracterizada pela produção de autoanticorpos e inflamação em diversos órgãos e dano tecidual. A causa do LES ainda é desconhecida, mas sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais podem resultar no desencadeamento da doença. As características clínicas variam de um indivíduo para outro, e a evolução costuma ser crônica, com períodos mais acentuados e outros de remissão.

De acordo com a Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade – CGMAC/DAET/SAS, do Ministério da Saúde, para o diagnóstico de LES é fundamental a realização de anamnese, entrevista realizada por um profissional de saúde com o paciente, exame físico completo e alguns exames laboratoriais que podem auxiliar na detecção de alterações clínicas da doença.

Lísia Souza, de 62 anos, foi diagnosticada com LES em 2008, no Rio de Janeiro, após iniciar tratamento para osteoporose e artrite. Este ano mudou-se para Minas Gerais em busca de um clima ameno para diminuir as reações da doença durante os períodos e calor e sol intenso. “Quando eu acordo, minhas mãos estão endurecidas e doem muito. Estou com complicações na tiroide, no fígado e na retina. Apareceram algumas manchas na pele também. Em abril deste ano, me mudei para Minas Gerais para ajudar a evitar as crises”, conta.

Os sintomas do lúpus podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. Eles também podem ser moderados ou graves, temporários ou permanentes e variam de acordo com as partes do seu corpo que forem afetadas pela doença. Entre os sinais estão dor nas articulações, rigidez muscular, inchaços, sensibilidade à luz do sol,  irritação cutânea (vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz), que afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. A irritação cutânea piora com a luz do sol e também pode ser generalizado.

Também estão entre os sintomas fadiga, febre, dificuldade para respirar, dor no peito ao inspirar profundamente, dor de cabeça, confusão mental e perda de memória, linfonodos aumentados, queda de cabelo, feridas na boca, desconforto geral, ansiedade e mal-estar.

Igor Monteiro, 28, foi diagnosticado com lúpus aos 17 anos e faz acompanhamento contínuo, mesmo não apresentando manifestações da doença. “O Lupus nunca mais se manifestou depois do diagnóstico. Eu faço exames regularmente e tomo alguns cuidados. Passei muito tempo indo pra praia só de camisa, por exemplo”, explica Igor, que pretende publicar um livro para contar a história de seu diagnóstico na adolescência.

A CGMAC explica que o tratamento do LES depende da manifestação apresentada por cada um dos pacientes, portanto, deve ser individualizado. Seu objetivo é o controle da atividade da doença, a minimização dos efeitos colaterais dos medicamentos e uma boa qualidade de vida aos seus portadores. O paciente é atendido nas Unidades Básicas de Saúde e, quando necessário, encaminhado ao médico especialista.

O tratamento é individualizado, dependendo das manifestações da doença, e pode ser medicamentoso ou não-medicamentoso, como proteção contra a radiação solar, não fumar e atividades físicas. A CGMAC ressalta, ainda, que o Lúpus Eritematoso Sistêmico possui Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, que pode ser acessado aqui.

Fonte: Blog da Saúde / Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade – CGMAC/DAET/SAS/ MS

Pesquisadores investigam possíveis gatilhos ambientais para a doença ‘fogo selvagem’

Por meio de uma parceria de mais de 25 anos, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill (Estados Unidos), analisam os fatores ambientais, genéticos e imunológicos que levam ao desenvolvimento da doença pênfigo foliáceo – popularmente conhecida como fogo selvagem na sua forma endêmica.

A enfermidade autoimune é caracterizada pela formação de bolhas por todo o corpo que, ao se romperem, podem servir de porta de entrada para infecções e culminar em sepse se não tratadas adequadamente.

As bolhas são resultado do ataque do sistema imunológico a uma proteína normalmente existente na camada mais superficial da epiderme denominada desmogleína 1 – que ajuda a manter as células da pele aderidas umas às outras. O ataque a uma proteína própria do organismo é resultado da desregulação do sistema imunológico e pode ser atribuído a inúmeros fatores.

Além de predisposição genética, o grupo de pesquisadores da USP e da UNC-Chapel Hill suspeita haver relação com a exposição constante a certos insetos hematófagos, particularmente o flebótomo (vetor da leishmaniose, popularmente conhecido como mosquito-palha), o triatomíneo (vetor da doença de Chagas conhecido como barbeiro) e o simulídeo (borrachudo).

Parte dos resultados obtidos nas últimas décadas foi apresentada durante a programação da FAPESP Week North Carolina, realizada em novembro, pelo professor do Departamento de Dermatologia da Escola de Medicina da UNC-Chapel Hill, Luis Diaz, e pela professora do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, Valéria Aoki.

“Temos evidências preliminares de que soros de pacientes com fogo selvagem reconhecem certas proteínas da glândula salivar de flebótomos. Se esse for realmente o caso, será a primeira doença autoimune em que podemos determinar a origem da autoimunidade”, afirmou Diaz.

De acordo com o pesquisador, o Grupo Cooperativo para Estudo do Fogo Selvagem surgiu em 1985 por iniciativa do professor da FMUSP, Sebastião de Almeida Prado Sampaio, morto em 2008. A pesquisa tem sido financiada há mais de duas décadas pelo National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos.

Nos anos 1980, o grupo conseguiu identificar os anticorpos responsáveis pelo ataque à desmogleína 1 e isolar o principal deles: o IgG4. “Purificamos o anticorpo IgG4 do soro de pacientes de fogo selvagem e injetamos em camundongos, desenvolvendo um modelo animal para estudo da doença. Agora estamos usando novas técnicas e já chegamos a 97% de pureza. A ideia é injetar esse anticorpo purificado no camundongo e tentar descobrir qual porção específica da molécula é atacada”, contou Diaz.

O Grupo Cooperativo para Estudo do Fogo Selvagem desenvolve também estudos no âmbito epidemiológico para desvendar possíveis fatores ambientais. O centro da investigação é a aldeia indígena Terena de Limão Verde, localizada em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul.

“É uma região em que a doença é endêmica, chegando a afetar 3,4% dos habitantes, prevalência muito alta para uma condição autoimune. Nas demais partes do mundo, existem apenas casos esporádicos”, contou Aoki.

Os doentes e a população não acometida pelo fogo selvagem da aldeia têm sido acompanhados pelo grupo há 20 anos, por meio de exame clínico e controle sorológico. Foi em um desses estudos que os pesquisadores constataram que, no soro de doentes de fogo selvagem, existem anticorpos que reconhecem proteínas presentes na saliva do flebótomo.

“Uma das hipóteses é que a saliva do inseto, na hora da picada, possa modificar a estrutura da desmogleína 1, facilitando, por exemplo, a exposição de parte da molécula normalmente oculta. Ou talvez possa injetar algo que mimetize a desmogleína 1, desencadeando a autoimunidade”, explicou Aoki.

Mas se todos os moradores da aldeia estão expostos a picadas constantes de insetos hematófagos, por que apenas alguns desenvolvem a doença? Uma das possibilidades, de acordo com a pesquisadora, é a existência de uma sequência específica de genes no sistema antígeno leucocitário humano (HLA, na sigla em inglês) – responsável por codificar proteínas envolvidas na resposta imune – que torna a pessoa predisposta.

“Durante os estudos de vigilância clínico-epidemiológica, descobrimos algo inesperado: soros de indivíduos que moravam na aldeia e não manifestavam a doença também possuíam anticorpos contra a desmogleína-1. E, quanto mais distante da aldeia, menor a chance de encontrarmos anticorpos anti-desmogleína 1 no soro dos indivíduos sem a doença. Isso reforça a importância do estímulo ambiental no desenvolvimento da autoimunidade”, avaliou Aoki.

De acordo com a pesquisadora, os resultados têm despertado grande interesse na comunidade científica, pois podem ajudar a entender o mecanismo de funcionamento de outras doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. “Talvez outras enfermidades possam sofrer influência de estímulos ambientais”, disse Aoki.