“É assustador, mas comum que, não importa o que você diga sobre sua depressão, as pessoas não acreditam, a não ser que você pareça agudamente deprimido”, resumiu o escritor e jornalista americano Andrew Solomon, no best-seller O Demônio do Meio-Dia.
Os obstáculos para diagnosticar e tratar a depressão são enormes, afirma a Associação Brasileira de Psiquiatria, mesmo que essa condição médica seja comum, recorrente e crescente em seus mais diversos sintomas e impactos. Estima-se, aliás, que até 2030 ela deva afetar mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde.
Leia MaisComparação indica terapia mais eficaz para sintomas de depressão
Medicamento se mostrou mais eficiente que estimulação transcraniana, que só deve ser usada em casos específicos
A comparação entre dois tratamentos para sintomas de depressão é tema de pesquisa descrita em artigo da revista científica New England Journal of Medicine. O estudo do médico e pesquisador André Brunoni analisou a técnica de estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) e a terapia com o medicamento escitalopram. Os resultados mostram que o fármaco teve maior eficácia para reduzir a gravidade da depressão, sendo o mais indicado para o tratamento.
Leia MaisMetade dos adultos com ansiedade ou depressão em São Paulo apresenta dor crônica
Há uma forte relação bidirecional entre ansiedade ou depressão e algumas doenças físicas crônicas. Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mensuraram essa relação em pessoas adultas residentes na Região Metropolitana de São Paulo e os dados são alarmantes.
A dor crônica foi a mais comum entre os indivíduos com transtorno de humor – como depressão e bipolaridade –, ocorrendo em 50% dos casos de transtornos de humor, seguidos por doenças respiratórias (33%), doença cardiovascular (10%), artrite (9%) e diabetes (7%).
Leia MaisHospitais universitários oferecem serviços de prevenção ao suicídio
Atendimento Psicossocial
Atendimento em 28 unidades é voltado sobretudo para pacientes com depressão, transtornos de personalidade e pessoas com esquizofrenia
O índice de mortes por suicídios no mundo é classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como problema de saúde pública. Para reduzir o número de casos no País, 28 hospitais universitários oferecem tratamento psicossocial, com equipes multiprofissionais que envolvem médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas para atender a população.
O debate acerca do suicídio foi retomado nos últimos dias depois que o jogo da Baleia Azul se popularizou nas redes sociais. O assunto ganhou repercussão nacional após uma adolescente de 16 anos ser encontrada morta em uma represa no estado de Mato Grosso, supostamente após cumprir o último desafio do jogo, e de terem sido registradas outras ocorrências de tentativas de suicídio.
Leia MaisOficina capacita operadoras para cuidados com a depressão
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reuniu, no dia 11/04, representantes de operadoras de planos de saúde para uma capacitação sobre cuidados relacionados à depressão. A oficina contou com a participação de médicos, psicólogos e assistentes sociais e faz parte da campanha “Da sua saúde cuidamos juntos”, desenvolvida pela agência em função do Dia Mundial da Saúde. O treinamento reforça o compromisso da ANS com a realização de ações de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças no setor de saúde suplementar.
A diretora de Normas e Habilitação dos Produtos (Dipro) da ANS, Karla Coelho, destacou que a depressão é um problema que merece toda a atenção dos serviços de saúde. Segundo a diretora, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 5,8% da população brasileira sofre com a doença. “A ideia é que a oficina transforme os participantes em multiplicadores nos seus ambientes de trabalho e nas instituições em que atuam”, disse.
Leia MaisPrograma de cuidado com saúde mental auxilia idosos com depressão
Projeto contempla treinamento de equipes de saúde e o desenvolvimento de sistema para ser usado em tablets
Um grupo de pesquisadores desenvolveu um programa experimental de assistência a idosos com depressão. Após cinco meses de intervenção em domicílio, 87% dos pacientes atendidos apresentaram melhora significativa nos sintomas, chegando a reverter o quadro depressivo. O projeto contemplou o treinamento das equipes de saúde e o desenvolvimento de um sistema de interação com idosos para ser usado em tablets. Foram atendidos em domicílio 33 idosos com depressão cadastrados em uma unidade básica de saúde (UBS) da capital paulista. A pesquisa foi conduzida por pesquisadores do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da London School of Hygiene & Tropical Medicine e teve apoio da FAPESP e do Medical Research Council do Reino Unido.
Leia MaisCapacitação ajuda professores a identificar alunos com distúrbios de comportamento
O programa é voltado para professores da rede pública e visa a prepará-los para reconhecer estudantes que estejam passando por problemas como depressão, ansiedade e déficit de atenção
Ansiedade, depressão e déficit de atenção são distúrbios cada vez mais frequentes em crianças e adolescentes que estudam nas escolas de grandes centro urbanos. Saber identificar estes e outros transtornos mentais durante a infância diminui o sofrimento do aluno e o risco dele desenvolver problemas mais graves na adolescência e fase adulta. Pesquisa feita no Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP propõe a utilização de recursos da telemedicina para capacitar professores do ensino fundamental a lidarem com os alunos que apresentam distúrbios psiquiátricos e orientar a família quanto ao encaminhamento, quando for necessário.
Leia MaisMedicina da USP vai testar no SUS aplicativo para tratar depressão
Os testes com o novo aplicativo começam a ser realizados em pacientes das UBSs da zona leste de São Paulo
Em junho, a USP começa uma experiência inovadora no tratamento da depressão. Considerada a segunda maior causa de incapacitação e afastamento do trabalho no mundo, a doença receberá uma nova conduta médica por meio do uso de um aplicativo para smartphone – o Conemo – que será testado em pacientes de 20 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da Zona Leste de São Paulo. Depois de processar informações sobre o estado emocional dos pacientes, o programa de ativação de comportamento intervém com estímulos propondo a execução de ações prazerosas e saudáveis, a fim de aliviar os sintomas da depressão.
Leia MaisDepressão também atinge populações da Amazônia
Transtorno associado à vida nas grandes cidades atinge habitantes de regiões distantes, mostra estudo
É comum associarmos a depressão com cotidiano das grandes cidades. Violência, estresse, trânsito intenso e modo de vida acelerado, entre outros motivos, quase sempre são apontados como possíveis causas desse transtorno mental. Mas, um estudo realizado pela professora e enfermeira Edinilza Ribeiro dos Santos nas cidades de Coari e Tefé, no interior do estado do Amazonas, mostra que 1 em cada 5 habitantes, com 20 anos de idade ou mais, tem depressão. Os fatores de risco associados ao transtorno depressivo na população do estudo foram: baixos níveis de escolaridade e renda, uso de álcool, ausência ou pouco apoio social de familiares e amigos, estresse e ter outras doenças físicas. Os resultados da pesquisa foram publicados em um artigo na revista PLoS ONE, em sua edição de março.
Leia MaisExpressão não verbal ajuda a diagnosticar a depressão
A alta incidência da doença no Brasil foi confirmada por levantamento mais recente, a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério da Saúde (MS) em 2014. Segundo o estudo, cerca de 11 milhões de pessoas têm depressão no país.
Uma pesquisa, realizada no Hospital das Clínicas e no Hospital Universitário, ambos vinculados à Universidade de São Paulo (USP), investigou a expressão não verbal da depressão: “Indicadores de expressividade e processamento emocional na depressão”. O estudo, coordenado por Clarice Gorenstein, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, teve o apoio da FAPESP
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