As quase 195 mil mortes por covid-19 oficialmente registradas no Brasil ao final de 2020 não só escalonaram rapidamente neste ano — hoje, essa cifra já passa de 225 mil — como fizeram do país um dos mais mortíferos da pandemia em todo o mundo, se levadas em conta a composição demográfica e etária brasileira.
Leia MaisInfoGripe: números continuam muito acima do nível muito alto
O Boletim InfoGripe referente à Semana Epidemiológica 34, o período de 16 a 22 de agosto, indica manutenção do sinal de queda no número de novos casos semanais no país de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), mas com valores semanais muito acima do nível considerado muito alto. Entre os casos positivos de SRAG, 0,6% são de influenza A, 0,3% influenza B, 0,5% vírus sincicial respiratório (VSR) e 97,3% SARS-CoV-2 (Covid-19). Os registros de SRAG por Covid-19 em todas as regiões também se encontram na zona de risco, com ocorrência de casos muito alta. A íntegra do Boletim InfoGripe pode ser acessada no Observatório Covid-19: Informação para ação.
A análise tem como base dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-gripe) até 25 de agosto. Já foram reportados este ano 391.057 casos de SRAG. Deste total 207.817 (53,1%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 114.015 (29,2%) negativos, e cerca 42.950 (11%) aguardam resultado laboratorial.
Leia MaisNúmero de mortes de gestantes com covid-19 tem preocupado os especialistas
O número de mortes de grávidas com covid-19 no Brasil tem preocupado os especialistas. Segundo números de meados de julho, divulgados pelo Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), cerca de 200 mulheres morreram nos últimos meses na gestação ou no pós-parto depois de serem diagnosticadas com covid-19, e pelo menos 1.860 casos da doença foram notificados nesse grupo de mulheres.
“Apesar da demora em serem apontadas como grupo de risco, nós já esperávamos que gestantes e puérperas tivessem uma resposta mais grave ao vírus”, conta ao Jornal da USP no Ar Rossana Francisco, professora associada do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP e chefe da Divisão de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário (HU). “Tínhamos uma referência do H1N1, quando houve um pico de mortalidade materna, mostrando que as gestantes eram, sim, sensíveis ao vírus. Outra questão é o fato de gestantes terem um risco maior para tromboembolismo, e a covid se associa a essas situações de trombose.”
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