O Observatório Covid-19 Fiocruz promoveu, nesta quinta-feira (2/6), o webinar A pandemia de Covid-19 no Brasil – balanços e desafios. O evento integrou as comemorações pelos 122 anos da Fiocruz, completados no último dia 25, e reuniu pesquisadores para debater a situação da pandemia. O encontro abordou questões como a gestão da saúde, a vigilância, a assistência, situações envolvendo populações em favelas e povos indígenas, os trabalhadores da saúde, a comunicação e a informação durante a pandemia, apresentando os esforços da Fiocruz e das instituições públicas no enfrentamento da emergência sanitária.
Constatação foi feita por pesquisadores da USP com base na revisão de 43 artigos científicos sobre o tema. Para os autores, achados apontam para a necessidade de uma avaliação criteriosa e personalizada antes do retorno à prática esportiva
Após analisar 43 artigos científicos que descrevem os impactos da COVID-19 em atletas, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) concluíram que, embora a doença seja assintomática ou leve na grande maioria dos casos (94%), algo em torno de 8% dessa população desenvolve sintomas persistentes, que podem afetar o desempenho e até mesmo retardar o retorno aos treinos e competições.
Chega a 20 o número de capitais brasileiras com tendência de aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo o Boletim Infogripe divulgado hoje (26) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A fundação informa que há um sinal contínuo de aumento dos casos de covid-19 em todas as regiões do país.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave pode ser causada pelo SARS-CoV-2 e vem sendo monitorada como parâmetro para acompanhar a pandemia de covid-19 no país desde 2020. Em momentos mais críticos da pandemia, mais de 98% das mortes por SRAG em que havia teste positivo para algum vírus respiratório eram causadas pela covid-19. No boletim de hoje, 48% desses casos de SRAG e 84% dos óbitos atribuídos a casos virais da síndrome estão associados ao SARS-CoV-2, se forem consideradas as últimas quatro semanas.
Metade das pessoas diagnosticadas com Covid-19 apresentam sequelas que podem perdurar por mais de um ano. Essa é uma das constatações de um estudo longitudinal, desenvolvido pela Fiocruz Minas, que avaliou os efeitos da doença ao longo do tempo. A pesquisa acompanhou, por 14 meses, 646 pacientes que tiveram a infecção e verificou que, desse total, 324, ou seja, 50,2%, tiveram sintomas pós-infecção, caracterizando o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como Covid longa. O estudo foi publicado na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene.
Ao todo, a pesquisa contabilizou 23 sintomas, após o término da infecção aguda. Fadiga, que se caracteriza por cansaço extremo e dificuldade em realizar atividades rotineiras, é a principal queixa entre os pacientes, relatada por 115 pessoas (35,6%). Também entre as sequelas mais mencionadas estão tosse persistente (110; 34,0%), dificuldade para respirar (86; 26,5%), perda do olfato ou paladar (65; 20,1%) e dores de cabeça frequentes (56; 17,3%). Além disso, também chamam a atenção os transtornos mentais, como insônia (26; 8%), ansiedade (23; 7,1%) e tontura (18; 5,6%). Entre os relatos estão ainda sequelas mais graves, como a trombose, diagnosticada em 20 pacientes, ou seja, 6,2% da população monitorada.
As comitivas da OMS, da Opas e do MS estiveram em laboratórios e participaram de reuniões na Fiocruz (Foto: Peter Ilicciev)
Em visita à Fiocruz na última sexta-feira (6/5), a líder técnica da Organização Mundial de Saúde para Covid-19, Maria Van Kerkhove, debateu os aprendizados e os desafios para manter os investimentos voltados para a pandemia para possíveis novas emergências sanitárias. Após conhecer mais sobre a atuação da Fundação e visitar o Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Centro Hospitalar do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) e a Unidade de apoio diagnóstico (Unadig), a epidemiologista reforçou a relação de cooperação da instituição com a OMS e diz ter constatado a capacidade da Fiocruz de continuar seu trabalho de pesquisa, assistência e vigilância para além da pandemia de Sars-CoV-2. No sábado (7/5), a executiva da OMS visitou a Fiocruz Amazônia.
O uso disseminado de máscaras de alta qualidade, como a N95 e a PFF2, somado ao monitoramento dos casos de COVID-19 e outras medidas não farmacológicas, pode manter muito baixos os níveis de transmissão do novo coronavírus nas escolas até mesmo em cidades com baixa taxa de vacinação. Já em um cenário em que ninguém usa máscaras, variantes mais transmissíveis como a ômicron poderiam infectar até 80% da população. Essas são algumas das conclusões de um estudo publicado na plataforma arXiv em versão preprint (ainda sem revisão por pares).
O trabalho é liderado por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos.
Molnupiravir é indicado para casos leves e moderados de covid-19.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quarta-feira (4/5) mais um antiviral para tratamento da covid-19: o molnupiravir, da farmacêutica MSD (Merck Sharp & Dohme). Em formato de cápsulas, ele é destinado principalmente a pacientes com quadros leves e moderados, devendo ser tomado por via oral nos cinco primeiros dias após o aparecimento dos sintomas.
Houve queda acentuada das internações pediátricas por infecções respiratórias, principalmente após a adoção de medidas sanitárias, fato que poderia justificar mudanças das férias escolares, sugere especialista.
As medidas sanitárias adotadas para conter a disseminação da covid-19 reduziram efetivamente o número de internações por doenças respiratórias em crianças e adolescentes de zero a 16 anos de idade. Mas, se o registro de internações caiu, a letalidade aumentou três vezes entre esses pacientes em 2020, com destaque para a covid-19, que foi seis vezes mais letal que as demais doenças. A avaliação é de um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP que analisou os dados disponibilizados pelo Datasus, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, que coleta, processa e dissemina informações sobre saúde.
A segunda dose de reforço da vacina contra a covid-19 começa a ser aplicada hoje (27) em pessoas com 70 anos ou mais na cidade do Rio de Janeiro. Os idosos acima de 80 anos começaram a receber a dose extra no dia 24 de março.
A partir do dia 4 de maio poderá tomar a quarta dose quem tem a partir de 65 anos. Quem tem 60 anos ou mais pode comparecer aos postos a partir do dia 11 de maio.
Em carta publicada na revista The Lancet Regional Health Americas, os pesquisadores Hermano Castro e André Périssé, ambos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), e Carlos Eduardo Siqueira, professor associado de Meio Ambiente e Saúde Pública da Universidade de Massachussetts (EUA), alertam para a dificuldade na obtenção dos dados de saúde ocupacional durante a pandemia de Covid-19. No texto, intitulado Os desafios da falta de dados ocupacionais e a ausência de informações sobre a Covid-19 em trabalhadores no Brasil, os autores criticam a ausência de informações precisas e confiáveis sobre o número de casos relacionados ao trabalho e internações no Brasil e lamentam os cortes no Censo 2022 para o desenvolvimento de pesquisas.
O texto reforça que a coleta de dados primários é essencial para auxiliar os gestores públicos no monitoramento de doenças e no planejamento de serviços e ações; ainda mais diante de crises globais de saúde como a gerada pelo Sars-CoV-2. Além disso, revela que, dois anos após o início da pandemia, há uma melhor compreensão de que o vírus afetou desigualmente subgrupos populacionais. De acordo com os autores, apesar de o desemprego, a informalidade e alguns empregos classificados como essenciais serem associados a uma maior mortalidade por Covid-19, não há informações precisas e confiáveis sobre o número de casos relacionados ao trabalho e internações no Brasil. “Essa é uma lacuna de informação muito importante em um país onde o desemprego atingiu 13,5 milhões de pessoas e 38 milhões de trabalhadores não tinham carteira assinada ao final de 2021 (40,6% da população ocupada)”, avaliam.