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Governo orienta população sobre eventual contaminação do Rio Tocantins

Caminhões com produtos químicos caíram da Ponte Juscelino Kubitschek

O Ministério da Saúde publicou nota técnica com orientações para populações que vivem próximo ao Rio Tocantins, onde a Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), ruiu.

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Pesquisa revela como o exercício físico protege o coração

A prática regular de atividade física tem se firmado como uma importante forma de tratamento para a insuficiência cardíaca – doença caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue adequadamente.

Os benefícios vão desde prevenir a caquexia – perda severa de peso e massa muscular – até o controle da pressão arterial, a melhora da função cardíaca e o retardo do processo degenerativo que causa a morte progressiva das células do coração e leva à morte 70% dos afetados pela doença nos primeiros cinco anos.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista Autophagy, ajuda a elucidar parte dos mecanismos pelos quais o exercício aeróbico protege o coração doente.

““Basicamente, o que descobrimos é que o treinamento aeróbico facilita a remoção de mitocôndrias disfuncionais nas células cardíacas”, contou Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenador do projeto.

As mitocôndrias são as organelas responsáveis por produzir energia para as células. “A remoção dessas organelas promove um aumento na oferta de ATP [adenosina trifosfato, molécula que armazena energia para a célula] e reduz a produção de moléculas tóxicas, como os radicais livres de oxigênio e os aldeídos reativos, que em excesso danificam as estruturas celulares”, acrescentou.

Segundo o pesquisador, o objetivo da pesquisa no longo prazo é identificar alvos intracelulares que podem ser modulados por meio de fármacos para promover pelo menos parte dos benefícios cardíacos obtidos com a atividade física.

“Claro que não queremos criar a pílula do exercício, isso seria impossível, pois ele atua em muitos níveis e em todo o organismo. Mas talvez seja viável, por meio de um medicamento, mimetizar ou maximizar o efeito positivo da atividade física no coração”, comentou Ferreira.

O trabalho de investigação vem sendo conduzido durante o mestrado e o doutorado de Juliane Cruz Campos, bolsista da FAPESP e orientanda de Ferreira.

Em uma pesquisa anterior, publicada na revista PLoS One, o grupo mostrou por meio de experimentos com ratos que o treinamento aeróbico reativa um complexo intracelular conhecido como proteassoma – principal responsável pela degradação de proteínas danificadas.

Os resultados mostraram ainda que, no coração de portadores de insuficiência cardíaca, a atividade desse sistema de limpeza diminui mais de 50% e, consequentemente, proteínas altamente reativas começam a se acumular no citoplasma, interagindo com outras estruturas e causando a morte das células cardíacas.

No trabalho recém-publicado, que foi destaque na capa da revista, o grupo revelou que a atividade física também regula a atividade de outro mecanismo de limpeza celular conhecido como sistema de autofagia – cuja descoberta rendeu o Nobel de Medicina ao cientista japonês Yoshinori Ohsumi, em 2016.

“Em vez de degradar proteínas isoladas, esse sistema cria uma vesícula [autofagossomo] em volta de organelas disfuncionais e transporta todo esse material de uma só vez até uma espécie de incinerador, o lisossomo. Lá dentro, existem enzimas que destroem o lixo celular. No entanto, observamos que no coração de ratos com insuficiência cardíaca esse fluxo autofágico está interrompido, o que faz com que mitocôndrias disfuncionais comecem a se aglomerar”, explicou Ferreira.

De acordo com o pesquisador, a organela chega a se dividir, isolando a parte danificada para facilitar sua remoção. Isso foi possível constatar ao analisar a atividade de proteínas relacionadas com o processo de divisão mitocondrial. Porém, o sistema que deveria transportar o material rejeitado até o lisossomo não consegue completar a tarefa.

Experimentos

O modelo experimental usado foi o mesmo da pesquisa anterior, que consiste em amarrar uma das artérias coronárias do roedor para induzir um infarto no miocárdio. A falta de irrigação sanguínea causa a morte imediata de aproximadamente 30% das células cardíacas. Após um mês, o animal já apresenta sinais de insuficiência no órgão.

Ao analisar o tecido do coração doente por meio de microscopia eletrônica, capaz de aumentar a imagem em até 3 mil vezes, os pesquisadores notaram que nas células havia uma grande quantidade de mitocôndrias de tamanho reduzido e aglomeradas – algo que não foi observado no coração de animais sadios.

Essas organelas foram colocadas em um equipamento capaz de medir o consumo de oxigênio e, assim, avaliar o metabolismo mitocondrial. O teste confirmou que não estavam respirando como deveriam.

“As imagens mostravam que havia membranas tentando se formar em volta dessas pequenas mitocôndrias, mas o autofagossomo não chegava a envolver a organela de fato. Imaginamos então que elas estavam se acumulando porque o sistema de remoção não estava funcionado e, quando colocamos os animais para se exercitar, essas organelas disfuncionais desapareceram. O exercício restaurou o processo de remoção das mitocôndrias cardíacas disfuncionais. Os benefícios do exercício foram abolidos quando bloqueamos farmacologicamente ou geneticamente a autofagia”, contou Ferreira.

O treinamento dos animais teve início quatro semanas após a indução do infarto, quando eles já apresentavam sinais de insuficiência. Os roedores eram colocados em uma esteira para correr a uma intensidade considerada moderada (70% da capacidade máxima de corrida), durante 60 minutos, uma vez ao dia, cinco vezes por semana, por oito semanas.

Ao final, os resultados eram comparados com o de animais com insuficiência que permaneceram sedentários pelo mesmo período e também com o de animais sadios (que não tiveram infarto induzido) e sedentários (controle).

“No animal doente que permaneceu sedentário, a função cardíaca ao longo das oito semanas caiu 30%, enquanto no grupo treinado ela aumentou 40% em relação à condição pré-treino. No fim, portanto, a diferença na função cardíaca nesses dois grupos foi de 70%”, contou Ferreira.

Enquanto o coração dos ratos doentes sedentários estava em média 18% maior que o grupo-controle, o dos animais treinados aumentou apenas 5%.

“Vale lembrar que o exercício físico também induz um aumento no tamanho do coração, mas relacionado ao ganho de função. Já a dilatação causada pela insuficiência cardíaca está relacionada à perda de função no órgão”, disse o pesquisador.

Já o nível de ATP dos animais doentes sedentários foi 50% menor que o do grupo-controle, enquanto nos animais treinados foi equivalente ao do coração saudável.

“Nossos resultados mostram, portanto, que a atividade física não só previne como também reverte os danos causados pela insuficiência cardíaca. Nossa hipótese é que o treinamento físico module a expressão e/ou atividade de uma ou mais proteínas-chave envolvidas no processo denominado “mitofagia”, a autofagia mitocondrial, restaurando então sua atividade. É o que agora estamos tentando descobrir”, comentou Ferreira.

De acordo com o pesquisador, quando identificados, esses genes e as proteínas por eles codificadas poderiam ser testados como alvos terapêuticos.

Um modelo mais simples

Como explicou o professor do ICB-USP, descobrir o impacto de cada gene/proteína nas adaptações cardíacas decorrentes da atividade física em um organismo complexo como o de mamíferos seria uma tarefa exaustiva – virtualmente impossível. Por esse motivo, nos trabalhos em andamento, o grupo tem usado como modelo vermes da espécie Caenorhabditis elegans.

“São organismos menos complexos, mas cujo genoma se assemelha ao humano em até 90% para algumas famílias de proteínas. Além disso, já existem ferramentas, como a genômica funcional, que permitem avaliar em larga escala a contribuição de cada gene na resposta adaptativa perante condições adversas. A idéia é caracterizar o impacto funcional dos genes envolvidos nos processos de divisão mitocondrial e mitofagia nas adaptações decorrentes do exercício físico”, contou o pesquisador.

O desafio agora, disse Ferreira, é validar uma metodologia que permita colocar os vermes para treinar.

O artigo Exercise reestablishes autophagic flux and mitochondrial quality control in heart failure pode ser lido em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28598232.

Índice calcula consumo de alimentos que protegem o coração

Sistema atribui pontuação e permite acompanhar a adequação da dieta à saúde cardíaca

Nutrientes protetores incluem fibras, vitaminas e minerais antioxidantes e compostos bioativos; já os associados ao risco cardiovascular são o sódio, as gorduras saturadas e trans, o colesterol e o açúcar refinado – Foto: VisualHunt

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP desenvolveu um índice para medir a adequação das dietas às orientações do Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro (DICA Br), estudo realizado em parceria entre o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração (HCor) e o Ministério da Saúde. O trabalho da nutricionista Jacqueline Silva baseou-se na classificação do DICA Br, que separa os alimentos cardioprotetores dos que trazem maior risco de doenças cardiovasculares. A partir desses grupos, foi elaborado um sistema de pontos que permite acompanhar a adequação da dieta às orientações do programa em um software de computador.

Jacqueline explica que a alimentação é um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares, principal causa de morte e incapacidades no Brasil. “Os padrões alimentares conhecidos como cardioprotetores são de difícil adesão, pois são compostos por alimentos que, além de não estarem acessíveis e disponíveis no País, também não fazem parte do hábito alimentar do brasileiro”, afirma. Entre esses alimentos estão o salmão, o azeite de oliva e as nozes.

Alimentos cardioprotetores geralmente são aqueles ricos em nutrientes protetores, tais como fibras, vitaminas e minerais antioxidantes, compostos bioativos, e pobres em nutrientes associados com risco cardiovascular, entre eles sódio, gordura saturada, gordura trans, colesterol, açúcar refinado. “De um modo geral, pode-se dizer que os alimentos cardioprotetores são frutas, verduras, legumes, leite e iogurte desnatados, feijão e leguminosas”, acrescenta a nutricionista.

Foto: Fotos Públicas

Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro

O DICA Br foi criado para incentivar o consumo de alimentos cardioprotetores que estão disponíveis no Brasil. A efetividade do programa na prevenção secundária de doenças cardiovasculares é testada em um ensaio clínico randomizado conduzido através de uma parceria entre o HCor e o Ministério da Saúde.

O programa é composto por uma orientação alimentar educativa, que utiliza a bandeira do Brasil como recurso mnemônico, e por contatos frequentes com o nutricionista, que podem ser presenciais individuais, telefônicos ou encontros em grupo.

“Como o verde ocupa a maior área da bandeira, o grupo de alimentos representado por essa cor deve aparecer em maior quantidade na alimentação cardioprotetora. A cor amarela é intermediária na bandeira, logo o grupo de alimentos representado por ela tem quantidades intermediárias na alimentação, devendo ser consumido com moderação”, conta Jacqueline. “Por fim, a cor azul aparece em menor quantidade na bandeira, portanto os alimentos do grupo representado por ele devem aparecer em menor quantidade na alimentação. Existe ainda um grupo de alimentos não recomendado no programa, representado pela cor vermelha”.

Orientações alimentares

O índice desenvolvido por Jacquelina para o DICA Br quantifica a adequação com as orientações alimentares, atribuindo valores a ela que podem variar de zero a 40, onde zero representa nenhuma adequação e 40 representa total adequação com a orientações do programa. O índice é aplicado em cima de um recordatório alimentar de 24 horas (R24h). Nesse instrumento, tudo o que foi consumido (alimentos, bebidas e suas quantidades) nas últimas 24 horas ou no dia anterior é registrado. “Para calcular a pontuação, todos os itens alimentares relatados nos R24h devem ser classificados nos grupos DICA Br, assim como o número de porções devem ser estabelecidas”, aponta a nutricionista.

Em seguida, calcula-se o número de porções consumidas e a pontuação correspondente a cada componente do índice. Finalmente, as pontuações referentes a cada um dos grupos são somadas para obter a pontuação total. “O cálculo do índice é feito com o auxílio de um software estatístico e poderá ser utilizado para monitorar a adesão à dieta”, detalha a pesquisadora.

Jacqueline afirma que o índice inicialmente será utilizado como uma medida sumarizada da adequação à dieta DICA Br, que será utilizada para entender como esse padrão de dieta se relaciona com os desfechos de saúde (no caso do estudo, as doenças cardiovasculares), calculado com o auxílio de um programa estatístico. “Há um projeto de desenvolver um aplicativo voltado tanto para o profissional de saúde quanto para o paciente, no qual será possível saber a qual grupo o alimento pertence, qual o tamanho da porção de cada alimento, assim como a pontuação no índice”.

O trabalho foi orientado pela professora Renata Bertazzi Levy, da FSP.

Mais informações: e-mail jacsnt@yahoo.com.br, com Jacqueline Silva

 

Saúde do Homem – Os sintomas do infarto agudo do miocárdio

As dores no peito, o desconforto no estômago e dor no braço esquerdo foram alguns dos diferentes sinais que o aposentado Wagner dos Santos, de 59 anos, teve em cinco infartos agudos do miocárdio (IAM). O infarto agudo do miocárdio é primeira causa de mortes no país, de acordo com a base de dados do DATASUS, do Ministério da Saúde, que registra cerca de 100 mil óbitos anuais devidos à doença.

Mesmo sem histórico familiar de casos, Wagner sofreu os infartos entre os anos 2000 e 2013 e aprendeu a monitorar os possíveis sintomas da doença crônica. No primeiro susto parou de fumar, mudou para uma dieta com baixo teor de gorduras e deu início à prática de atividades físicas. Hoje, cerca de um ano após último incidente, o aposentado mantém apenas a dieta e não se exercita mais.

Os fatores de risco para o IAM podem ser divididos em fatores modificáveis e não modificáveis, a depender se o fator pode ser alterado ou não pelo indivíduo. Os principais fatores não modificáveis são a idade, a raça, o sexo e o histórico familiar. As características de idade avançada, homens, raça negra e história familiar de doenças cardiovasculares aumentam o risco de forma relevante. Os fatores modificáveis mais importantes são a alimentação desequilibrada rica em gorduras, carboidratos, sal e alimentos processados, o uso de álcool, de cigarro e de outras drogas, as situações recorrentes de estresse e o sedentarismo. Estes últimos se somam com os fatores não modificáveis, aumentando (ou diminuindo, se forem bem controlados) o risco do indivíduo apresentar um IAM no futuro.

A dor torácica é o principal sintoma associado ao IAM, que é descrito como uma dor súbita, sobre o esterno (osso localizado no meio do peito), constante e constritiva, que pode ou não se irradiar para várias partes do corpo, como a mandíbula, costas, pescoço e braços, especialmente a face interna do braço esquerdo, e falta de ar. Quando ocorre na pessoa idosa, o IAM nem sempre se apresenta a dor constritiva típica, em virtude da menor resposta dos neurotransmissores que acontece no período de envelhecimento, podendo assim passar despercebido.

A dor do IAM se deve à redução de fluxo sanguíneo ocasionado pelo estreitamento ou obstrução de uma artéria do coração, impedindo que oxigênio chegue em quantidade adequada para as células cardíacas. Esse estreitamento se dá pelo acúmulo de gordura por dentro na artéria ou pela impactação (“entupimento”) de um êmbolo. A dor pode ser confundida com sintomas corriqueiros como má digestão, dor muscular, tensões, dentre outros. A redução do fluxo sanguíneo também pode ser resultante de choque, uso de drogas estimulantes, tumores ou hemorragias.

Vale lembrar que, na angina, o suprimento de sangue é reduzido da mesma maneira que no IAM, mas se diferencia deste último porque não há morte das células do coração. A angina pode ser precipitada por um esforço físico ou uma emoção mais intensa e geralmente melhora em um curto período com o repouso e o uso de medicamentos específicos.

Em todos os casos de infarto que teve, Wagner recebeu atendimento de urgência, sendo encaminhado ao hospital e permanecendo por alguns dias na UTI. “Sempre recebi atendimento tempestivo, fiquei dois dias na UTI e depois começo a seguir a dieta e os exercícios.”, conta. É importante ressaltar que os hábitos saudáveis devem ser mantidos ao longo de toda vida, para se proteger de novos eventos.

O atendimento imediato ao paciente aumenta as chances de sobrevivência e uma recuperação com um mínimo de sequelas. Para isso, é fundamental que, perante um quadro suspeito de IAM, o indivíduo acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou procure imediatamente uma Unidade de Saúde ou Unidade de Pronto Atendimento. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo de alguns fatores, como por exemplo a extensão e a área do coração acometida.

SAMU – Este ano, as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) passaram a contar com medicamentos trombolíticos, que podem diminuir em até 17% o número de mortes por infarto agudo do miocárdio.