A edição de fevereiro da revista Cadernos de Saúde Pública, em seu editorial, parafraseia o jornalista Zuenir Ventura: “se 2020 foi o ano que não terminou, 2021 foi aquele que esperávamos que terminasse encerrando um ciclo de pandemia, ataques à ciência, abusos antidemocráticos e aumento da desigualdade, no Brasil e no mundo”. Para as editoras Marilia Sá Carvalho, Luciana Correia Alves e Luciana Dias de Lima, as dificuldades enfrentadas para o avanço da vacinação e da adoção das medidas de mitigação e de proteção social abrangentes tornaram o Brasil um dos epicentros da Covid-19. O ano foi marcado por uma nova onda de transmissão, que alcançou um patamar médio de mais de 3 mil óbitos diários entre março e junho, e pela crise e colapso do sistema de saúde em todos os estados do país; além da piora das condições socioeconômicas e o retrocesso em várias áreas das políticas públicas.
O editorial do fascículo expressa a tristeza por mais de 600 mil vidas perdidas e reconhece que 2021 também traz uma imensa vitória da ciência e dos sistemas públicos de saúde, que se sobressaíram na resposta à pandemia em todo o mundo. Foram ampliados os esforços dos cientistas para se comunicarem para além dos pares. A ciência – com modelos de transmissão, R0, quadro clínico – apareceu destacadamente na mídia. Termos técnicos como “média móvel” fizeram parte de conversas cotidianas, assim como cientistas e divulgadores científicos tornaram-se rostos conhecidos do grande público, não só levando a conhecer as descobertas a respeito do vírus e da doença que ele causa, mas também marcando posição diante da globalização dos movimentos anticiência. “Tudo isso também passou a ideia de que na ciência não há certezas absolutas, de que recomendações mudam à medida que o conhecimento avança. E há ainda muito o que aprender”.
Leia MaisDisponível nova edição da ‘Ciência & Saúde Coletiva’
A edição de agosto de 2013 (vol. 18 n.8) da revista Ciência & Saúde Coletiva, da qual a pesquisadora da ENSP/Fiocruz Maria Cecília Minayo participa como editora-chefe, já está disponível on-line. Esse número se dedica especialmente às questões sociológicas, antropológicas e intrapsíquicas relacionadas ao adoecimento do corpo e da mente, tendo como conceito central o de representações sociais. O volume em questão mostra a forte e crescente presença das ciências sociais e humanas nas análises das situações, do sistema e da gestão da saúde coletiva. “Numa sociedade em que os fenômenos biológicos funcionam como suportes fundamentais de sentido de nossas relações com o social, o estudo das representações sociais na área da saúde permanece particularmente relevante.”, opina a cientista social Maria Andréa Loyola (Uerj), no editorial.
Segundo Loyola, as representações sociais transcendem o domínio da saúde, tendo enorme importância nas atitudes, comportamentos e escolhas dos indivíduos modernos, em diferentes contextos: religioso, escolar, alimentar, corporal, relacional, moral, simbólicos em geral. Para a cientista, entre as dificuldades de definir e limitar o conceito de representação social está o fato de ele se situar na fronteira entre o psicológico e o social, o indivíduo e a sociedade, bem como exigir continuamente a explicitação da relação entre esses dois níveis.
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