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Saúde dos olhos de alunos pede atenção na volta às aulas

Médico alerta: visão é responsável por 80% do aprendizado na infância

Com retorno das aulas em escolas de boa parte do país, a saúde ocular dos alunos entra em foco no começo do ano. Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelam que cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas de visão. Dentre as alterações visuais mais comuns nessa faixa etária estão miopia, hipermetropia e astigmatismo.

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A infância e a adolescência, em Volta Redonda, no sul fluminense, foram difíceis para Ricardo. Ele não conseguia conversar com outras pessoas da sua idade e evitava ambientes muito cheios. Era incompreendido pelos colegas e, por não conseguir se enturmar, foi vítima de bullying.

“Eu sempre tive a compreensão de que eu era diferente. Que eu não conseguia fazer as mesmas coisas que as pessoas faziam. Falavam que eu era chato, enjoado, antissocial”, relembra ele. “Eu achava que era só isso. Não imaginava que tivesse um diagnóstico para isso”.

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Suicídio entre jovens é um problema de saúde pública no Brasil

Aumento nos últimos 24 anos foi de 27,2% e as drogas estão entre os principais fatores de risco

Para o psiquiatra assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, Cristiano Cardoso Moreira, o aumento do suicídio na população jovem hoje é um fenômeno mundial e uma questão de saúde pública. O psiquiatra afirma que atualmente um dos principais fatores de risco para o suicídio é o consumo de drogas. “Existe uma ligação muito grande entre  o aumento de suicídio e o aumento do consumo de drogas e também do bullying.”

Dados divulgados recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil é o país com maior número de pessoas com transtorno de ansiedade e o quinto em número de pessoas com depressão.

Cultura da individualização deixa os jovens mais vulneráveis à questão do suicídio – Foto: Flickr-CC

E um dos resultados desses recordes é outro número assustador. A BBC Brasil divulgou, recentemente, que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens no País aumentou 27,2%.

Segundo o médico Cristiano Cardoso Moreira, o estilo de vida atual, como o maior acesso a meios letais, como medicamentos e armas, facilita de alguma forma comportamentos como o suicídio. “As pessoas estão cada vez mais individualizadas e se juntam em grupos e redes que autoalimentam esse pensamento de morte e deixam os jovens mais vulneráveis à questão do suicídio.”

Para o médico, a rede social pode ser usada tanto para o bem, como encontrar profissionais para ajudá-los, como para o mal, quando da inserção em grupos que induzem o jovem a ter atitudes autodestrutivas. Moreira lembra que os jogos virtuais que ganharam os noticiários nos últimos dias atingem pessoas que já se encontram em vulnerabilidade e aquelas que estão em situação de risco, como pessoas com depressão.

Para o psiquiatra, é importante que os pais saibam o que os filhos estão fazendo na internet e fiquem atentos a comportamentos de isolamento e a mudanças abruptas de atitudes, por exemplo. “Os pais hoje estão correndo muito e não vendo o que os filhos estão fazendo, especialmente na internet.” Lembrou que é possível prevenir o suicídio, observando o comportamento dos jovens e incentivando-os a buscar ajuda: “90% dos suicídios têm ligação com algum transtorno mental passível de tratamento”.

Para o profissional, a rede pública de saúde, principalmente no Brasil, tem poucos serviços e o profissional de forma geral é pouco capacitado no assunto. “O suicídio não deveria ser um assunto exclusivo da psiquiatria. A formação dos profissionais da saúde deveria focar a prevenção e como lidar com alguém que tentou ou que tem a ideia de querer suicidar-se ou machucar-se. Ainda temos um tabu muito grande sobre esse assunto, mesmo entre os profissionais de saúde.”

 

Estudos internacionais abordam bullying e hanseníase

Por Raquel Duarte, da Assessoria de Comunicação da EERP

A influência de variáveis familiares na prática do bullying escolar e a hanseníase na perspectiva de profissionais da saúde são os temas de dois estudos internacionais realizados por pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. O doutorando Wanderlei Oliveira e a mestranda Karen Santos, ambos da EERP, fazem pós-graduação sanduíche na Universidade Católica do Sagrado Coração, Itália, e na Universidade de Limoges, França, respectivamente.

Wanderlei é psicólogo, e doutorando no Programa de Enfermagem em Saúde Pública, da EERP, com orientação da professora Marta Angélica Iossi. O pós-graduando iniciou suas atividades no exterior em janeiro de 2015, com a pesquisa Relações entre bullying na adolescência e interações familiares: do singular ao plural. Na Itália recebe orientação da professora Simona Caravita.

O tema do estudo de Karen é Significados e Sentidos da Hanseníase para os trabalhadores da saúde, orientada no Brasil por Cinira Fortuna e na França é pela professora Patricia Alonso

Segundo Wanderlei, os objetivos da pesquisa são conhecer e analisar a relação entre a qualidade das interações familiares de adolescentes e o envolvimento em práticas de bullyingescolar, na perspectiva dos próprios adolescentes. “A novidade do estudo reside na incorporação de variáveis familiares no debate sobre esse fenômeno, uma vez que as pesquisas, sobretudo no Brasil, ainda se concentram na caracterização do fenômeno ou em abordagens focalizadas no cenário escolar”.

Para o pesquisador, “o estudo ampliará, dessa forma, a compreensão do bullyinge incorporará análises que poderão subsidiar práticas em saúde, principalmente na atenção primária, e programas de intervenção intersetoriais, com diferentes frentes de atuação”. O doutorando explica que, na realidade italiana, as questões sobre o bullying estão relacionadas com a origem étnica ou territorial. Para ele, o Brasil também pode ser visto da mesma forma, uma vez que é um país com vasta diversidade e de proporções continentais.

Dentre algumas experiências que a pesquisa proporcionou em sua vida, o aluno destaca que, “quando se trata de doutorado sanduíche, se estabelece relação que preza pelo compartilhar do saber, como em Grupo de Estudos, Ensino e Pesquisa do Programa de Atenção Primária de Saúde do Escolar (PROASE) na área da violência escolar ou mesmo em questões metodológicas.” O estágio sanduíche de Wanderlei, termina em no dia 31 de dezembro de 2015. Seu doutorado será concluído no Brasil, com previsão da defesa para o mês de outubro de 2016.

Hanseníase
Karen Santos é mestranda no Programa de Saúde Pública, participa do Grupo Núcleo de Pesquisas e Estudos em Saúde Coletiva (NUPESCO) e está na França desde agosto de 2015. No Brasil, ela recebe a orientação da professora Cinira Fortuna, já na França é orientada pela professora Patricia Alonso. O tema da pesquisa de Karen no Brasil é Significados e Sentidos da Hanseníase para os trabalhadores da saúde. Na França, a aluna pretende manter o mesmo tema, trabalhando com a temática da hanseníase e utilizando o referencial teórico da análise institucional.

Segundo a mestranda, sua pesquisa é importante para a compreensão do pensamento e da linguagem utilizada pelos trabalhadores que lidam com pessoas atingidas pela hanseníase. O estudo irá possibilitar interpretação das relações entre profissional e usuário, profissional e serviço e profissional e sociedade. Karen explica que as aulas do mestrado na França são direcionadas aos aspectos pedagógicos e institucionais da formação de adultos. O mestrado sanduíche termina no mês de junho de 2016, e então a aluna retorna ao Brasil para finalizar o estudo na EERP.

No Brasil, a aluna participou como diretora do documentário Hanseníase recontada, revivida, da Liga de Hanseníase da EERP. Karen também foi a primeira presidente da Liga. Todos os seus trabalhos foram orientados pela professora Cinira Fortuna.

A pós-graduação sanduíche é um período que o aluno realiza seus estudos fora do seu país de origem. A média é de um ano, mas antes de ingressar na universidade estrangeira, é necessário que tenha iniciado uma parte dos estudos em seu país. O termo sanduíche se dá em função de acontecer a vivência no exterior  no meio do curso.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: email wanderleio@hotmail.com, com Wanderlei Oliveira; email karen-web@hotmail.com, com Karen Santos