Tag Archives: Ansiedade

Luta contra alcoolismo envolve suporte do Estado e da sociedade

Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo é lembrado hoje

Ao ouvir experiências de outras pessoas, Bernardino Freitas, de 60 anos, descobriu que não estava sozinho. Nem havia motivo para se envergonhar. O homem, nascido em Miracema do Norte (TO) e que vive há sete anos em Brasília (DF), queria mesmo que a lembrança do copo com aguardente ficasse no passado. “Fui procurar ajuda no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) quando tinha passado do limite”.

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Síndrome de Asperger: entenda por que o termo não é mais usado

Diagnóstico é enquadrado como transtorno do espectro autista (TEA)

Autismo leve ou autismo de alta funcionalidade são algumas expressões populares associadas à síndrome de Asperger. O que poucos sabem é que essa nomenclatura deixou de ser utilizada desde 2013, quando a maioria das pessoas com o diagnóstico foi enquadrada no transtorno do espectro autista (TEA) como autista nível 1 de suporte.

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A luta do pai do DJ Avicii para superar sua morte: ‘Às vezes, fico bravo com ele. Por que nos deixou?’

A família Bergling quer que as pessoas conheçam Tim, o jovem por trás do célebre apelido Avicii

Após anos à frente de vários hits de sucesso mundial e com apenas 28 anos, o DJ sueco Avicii decidiu tirar a própria vida em 20 de abril de 2018, durante as férias em Omã.

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‘Baby blues’: os principais sintomas e os fatores de risco

Durante quase toda a gravidez, Fernanda sentiu-se radiante. Após três anos de tentativas, ela conseguiu engravidar graças a um tratamento de fertilidade assistida e aguardava feliz a chegada de seu primeiro filho com seu parceiro.

Mas poucos dias após o parto, em plena pandemia de covid em 2020, uma angústia incontrolável começou a inundá-la, pegando-a de surpresa.

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Ministério da Saúde lança iniciativas para saúde mental pelo SUS. Projeto-piloto vai começar pelo Distrito Federal

O Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira (13) iniciativas voltadas para o cuidado da saúde mental dos brasileiros pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre elas, estão a Linha Vida (196), teleconsultas para o enfrentamento dos impactos causados pela pandemia da covid-19 e as Linhas de Cuidado para organizar o atendimento de pacientes com ansiedade e depressão. Ao todo, serão destinados mais de R$ 45 milhões às ações.

A Linha Vida, que atenderá pelo número 196, acolherá pessoas e fará o direcionamento, buscando a prevenção do suicídio e da automutilação. O projeto-piloto começará pelo Distrito Federal, por um sistema de atendimento multicanal. O serviço vai funcionar 24 horas por dia, todos os dias da semana.

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Campanha alerta sobre a relação entre a ansiedade e a tontura: problema que acomete cerca de 30% da população mundial

Com o slogan Tontura é Coisa Séria, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) discute, neste Dia Nacional da Tontura, celebrado hoje (22), a relação entre a ansiedade e a tontura.

Problema que acomete cerca de 30% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e afeta principalmente as mulheres, por causa dos seus ciclos hormonais, a tontura pode ser um indicador de problemas mais graves, como um acidente vascular cerebral (AVC).

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Estudo mostra alta prevalência de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático após a COVID-19

Em estudo feito com 425 pacientes que se recuperaram das formas moderada e grave da COVID-19, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) observaram uma alta prevalência de déficits cognitivos e transtornos psiquiátricos. As avaliações foram conduzidas no Hospital das Clínicas entre seis e nove meses após a alta hospitalar.

Mais da metade (51,1%) dos participantes relatou ter percebido declínio da memória após a infecção e outros 13,6% desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático. O transtorno de ansiedade generalizada foi diagnosticado em 15,5% dos voluntários, sendo que em 8,14% deles o problema surgiu após a doença. Já o diagnóstico de depressão foi estabelecido para 8% dos pacientes – em 2,5% deles somente após a internação.

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Metade dos adultos com ansiedade ou depressão em São Paulo apresenta dor crônica

Há uma forte relação bidirecional entre ansiedade ou depressão e algumas doenças físicas crônicas. Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mensuraram essa relação em pessoas adultas residentes na Região Metropolitana de São Paulo e os dados são alarmantes.

A dor crônica foi a mais comum entre os indivíduos com transtorno de humor – como depressão e bipolaridade –, ocorrendo em 50% dos casos de transtornos de humor, seguidos por doenças respiratórias (33%), doença cardiovascular (10%), artrite (9%) e diabetes (7%).

Os distúrbios de ansiedade também são largamente associados com dor crônica (45%) e doenças respiratórias ( 30%), assim como com artrite e doenças cardiovasculares (11% cada). A hipertensão foi associada a ambos os distúrbios em 23%. O resultado do estudo é que indivíduos com transtornos de humor ou de ansiedade tiveram duas vezes mais chance de apresentar doenças crônicas.

O artigo, publicado no Journal of Affective Disorders, faz parte do São Paulo Megacity Mental Health Survey, levantamento concluído em 2009 no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na Região Metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP. Ao todo, foram entrevistados 5.037 moradores da Região Metropolitana de São Paulo, com 18 anos ou mais (Mais informações sobre São Paulo Megacity Mental Health Survey em agencia.fapesp.br/15215).

Os dados mostram a necessidade de maior atenção ao tema. “Já era esperado que houvesse uma relação forte entre essas doenças. O problema é que a prevalência de ansiedade e depressão em São Paulo é muito alta por causa do estresse. Com esses números precisamos atentar para a necessidade de passar a informação para o médico que está na linha de frente, no atendimento primário. É preciso reconhecer a comorbidade de ansiedade e depressão com as doenças crônicas que não se resume apenas à dor ”, disse Laura Helena Andrade, coordenadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IPq e uma das autoras do estudo.

Para entender a magnitude do problema é preciso fazer uma conta simples. Dos cerca de 11 milhões de moradores adultos da Região Metropolitana de São Paulo, 10%, ou 1,1 milhão de pessoas, tiveram depressão nos últimos 12 meses. Já os transtornos de ansiedade acometem mais de 2,2 milhões de paulistanos, sendo que 990 mil apresentam dor crônica também. Seguindo esse cálculo, no total, mais de 2 milhões de pessoas convivem com depressão ou ansiedade associadas à dor crônica na Região Metropolitana de São Paulo.

Ante esse cenário, os pesquisadores afirmam no estudo a necessidade clara de tornar o diagnóstico e o tratamento da saúde mental uma prioridade no sistema de saúde. Andrade alerta ainda que o esperado é que a prevalência dessas doenças aumente nos próximos anos na Região Metropolitana de São Paulo.

“Ao pesquisar a questão de saúde das cidades é possível notar um aumento das prevalências de depressão e ansiedade, muito provavelmente ligado à alteração de estilo de vida na metrópole. Então é possível esperar que haja um aumento também em todo o pacote, não só de depressão e ansiedade, mas também de outras doenças como infarto, acidente vascular cerebral, diabetes, hipertensão e dor”, disse.

Relação antiga

Estudos anteriores já haviam mostrado de forma consistente a associação entre doenças crônicas e transtornos de humor e ansiedade. Mas ainda não se sabe porque a relação entre dor crônica e ansiedade ou depressão é tão intensa, pois os mecanismos fisiopatológicos da dor crônica são pouco conhecidos.

A comorbidade pode ser explicada a partir das limitações comportamentais devido a doenças físicas, que restringem o indivíduo a exercer atividades gratificantes.

Andrade explica que, assim como as células do sistema de defesa são ativadas quando há uma invasão por um agente patógeno, o estresse psicológico em uma situação ambiental – como, por exemplo, viver em uma cidade como São Paulo – acaba ativando o sistema inflamatório.

“Aumento da inflamação, lesões do endotélio – camada de célula presente em todos os vasos sanguíneos – e danos oxidativos são algumas vias que podem estar relacionadas à ocorrência da comorbidade. Consequentemente, é imperativo que sintomas depressivo-ansiosos sejam tratados agressivamente em pacientes com condições médicas crônicas, pois sua resolução pode ser acompanhada por melhora geral sintomática e uma importante diminuição no risco de mortalidade e complicações”, disse Andrade.

No entanto, de acordo com a pesquisadora, ainda é preciso fazer mais pesquisa enfocando a interação entre depressão, ansiedade e doenças físicas crônicas para elucidar os mecanismos pelos quais se originam as doenças.

O artigo Dual burden of chronic physical diseases and anxiety/mood disorders among São Paulo Megacity Mental Health Survey Sample, Brazil (http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165032717308364), de Melanie S. Askari, Laura Helena Andrade, Alexandre Chiavegatto Filho, Camila Magalhães Silveira, Erica Siu, Yuan-Pang Wang, Maria Carmen Viana, Silvia S. Martins, pode ser lido em http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165032717308364.

Uso de celular antes de dormir pode retardar a sensação de sono

É difícil esquecer de uma noite mal dormida, pois o corpo não deixa: o sono domina, o trabalho não rende, a cabeça pesa e o humor fica péssimo. Além disso, quem não dorme bem, ou insuficientemente, pode ter sonolência excessiva durante o dia. Não é preciso ser um especialista no assunto para saber da importância do sono em nossa saúde como um todo e na qualidade de vida.

Na era da tecnologia, como os aparelhos eletrônicos se tornaram mais leves e portáteis, podemos levá-los a qualquer lugar, inclusive para a cama. O celular, hoje, é um instrumento de assessoria quase indispensável, pela praticidade, facilidade e rapidez de comunicação entre as pessoas, mas usá-lo à noite, antes de dormir, pode retardar a sensação do sono e conduzir a uma “diminuição do estado de alerta no dia seguinte, além de alteração na secreção hormonal de melatonina”, segundo artigo recém-publicado na Revista de Medicina.

 

O sono é responsável pelo bom funcionamento da memória. Foto: via Pixabay / CC0 Public Domain

O sono é responsável pelo bom funcionamento da memória e é regulado por três fatores: a necessidade biológica de dormir, o horário em que se dorme, relacionado com o fator claro-escuro do ambiente, e “o fator comportamental, notado principalmente em hábitos próximos à hora de dormir”. O objetivo da pesquisa é verificar a alteração na qualidade e duração do sono, assim como na sonolência diurna após abstenção do uso do telefone celular próximo ao horário de dormir. Para essa pesquisa foram aplicados questionários, testes e estatísticas com estudantes de medicina voluntários, na faixa de idade entre 17 e 40 anos, que já vivenciam a qualidade do sono alterada devido às elevadas cargas horárias de estudo e trabalho.

As autoras associam o uso de smartphones à noite ao fato de o usuário estar disponível a contatos o tempo todo, inclusive durante a noite, fato que se revela um grande desencadeador de estresse, sobretudo quando se usa mais de um aparelho eletrônico por longos períodos de tempo, podendo diminuir a produção de melatonina, responsável pela regulação hormonal do sono. “A melatonina é liberada durante o anoitecer e induz ao sono. A exposição à luz, no entanto, inibe sua produção.”

Os resultados apontam para o perfil sociodemográfico da amostra dos 76 estudantes – “93% dos alunos voluntários mantêm o celular próximo de si, 76% o utilizam mesmo já na cama e 68% dos participantes acordam caso o celular toque, sem contar que 79% participantes utilizam o celular por pelo menos 15 minutos após se deitar”. O artigo cita outras pesquisas que comprovam os benefícios da abstinência do uso de celulares por uma hora antes de dormir, o que diminui a sonolência diurna.

Apesar de outros aparelhos eletrônicos, como tablets, computadores, televisores, também poderem influenciar a qualidade do sono devido à luz emitida por qualquer um deles, os autoras alertam que a pesquisa enfoca apenas os celulares, sugerindo pesquisas sobre esses outros aparelhos e a crise de ansiedade que pode ser gerada pela abstinência dos mesmos. Para as autoras, “com a restrição do uso do aparelho celular por uma hora antes de dormir por um período de 15 dias, foi possível notar mudanças estatisticamente significativas no sono dos participantes”. Dessa forma, é interessante buscar-se hábitos que melhorem o descanso noturno, aumentem a disposição diária com a diminuição do uso dos telefones antes de dormir, pois, definitivamente, celular e sono não combinam.

Vera Lucia Ribeiro Fuess é professora adjunta da Universidade de Mogi das Cruzes e doutora em Otorrinolaringologia pela USP, com certificação em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono.

Carine Cristina Moraes de Freitas, Agda Lopes Donnabella Marconi Gozzoli, Juliana Naomi Konno são acadêmicas do quarto ano da Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes.

FREITAS, Carine Cristina Moraes; GOZZOLI, Agda Lopes Donabella Marconi; KONNO, Juliana Naomi; FUESS, Vera Lucia Ribeiro. Relação entre uso do telefone celular antes de dormir, qualidade do sono e sonolência diurna. Revista de Medicina, São Paulo, v. 96, n. 1, p. 14-20, mar. 2017. ISSN: 1679-9836. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/121890/125311>. Acesso em: 05 abr. 2017.

Capacitação ajuda professores a identificar alunos com distúrbios de comportamento

O programa é voltado para professores da rede pública e visa a prepará-los para reconhecer estudantes que estejam passando por problemas como depressão, ansiedade e déficit de atenção

Professores são os profissionais mais adequados para identificar transtornos em estudantes pois estão em contato diário com as crianças – Foto: wonderworks via flickr

Ansiedade, depressão e déficit de atenção são distúrbios cada vez mais frequentes em crianças e adolescentes que estudam nas escolas de grandes centro urbanos. Saber identificar estes e outros transtornos mentais durante a infância diminui o sofrimento do aluno e o risco dele desenvolver problemas mais graves na adolescência e fase adulta. Pesquisa feita no Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP propõe a utilização de recursos da telemedicina para capacitar professores do ensino fundamental a lidarem com os alunos que apresentam distúrbios psiquiátricos e orientar a família quanto ao encaminhamento, quando for necessário.

O trabalho foi publicado na revista European Child & Adolescent Psychiatry e foi um dos finalistas do Prêmio Saúde 2015, da revista Saúde (Editora Abril), obtendo o 3º lugar na categoria Saúde Mental e Emocional. O prêmio é concedido a pessoas e instituições que tenham iniciativas que contribuam para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos brasileiros.

Celina Andrade Pereira, psicóloga e autora da pesquisa – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

No Brasil, conforme a pesquisa, há uma estimativa de sete milhões de crianças com distúrbios psiquiátricos, sendo que os serviços de saúde especializados possuem a capacidade de atendimento de apenas 14% delas. Aplicado à professores de nove escolas públicas do interior de São Paulo, o programa do IPq utilizou conteúdos voltados para ambientes virtuais de aprendizagem (AVA): hotsites, vídeos, fóruns de discussão e web conferências.

Os temas foram trabalhados por psicólogos e psiquiatras e trataram dos principais sinais e riscos de distúrbios como o déficit de atenção, hiperatividade, transtorno de conduta, problemas de relacionamentos sociais, depressão e ansiedade. Também foram abordadas questões relacionadas à resistência quanto à aceitação dos distúrbios devido aos estigmas e preconceitos e, por fim, os procedimentos que os professores devem ter em sala de aula para diminuir eventuais sofrimentos dos estudantes acometidos pelo problema. Como material de apoio, foi montado um guia escrito em linguagem acessível e ilustrado com imagens lúdicas, contendo todos os conceitos teóricos transmitidos em vídeo.

A psicóloga e autora da pesquisa, Celina Andrade Pereira, considera “os professores são os profissionais mais adequados para identificar transtornos mentais em estudantes porque são eles que estão em contato diário com as crianças. Se estiverem bem preparados, poderão contribuir para diminuir sofrimento e evitar prejuízos futuros como o mau desempenho escolar, a evasão, o engajamento em atividades ilegais e uso de substâncias psicoativas”.

Guia de apoio do programa de capacitação de professores. Linguagem simplificada e ilustrações lúdicas. Foto: Reprodução Marcos Santos/USP Imagens

Questionada quanto à sobrecarga dos profissionais em ter mais responsabilidade além das já estabelecidas pela grade escolar, Celina explica que as pessoas que participaram da pesquisa aceitaram bem o treinamento e consideraram positiva a aquisição de novos conhecimentos para instrumentalizá-las. Obtido este retorno, Celina espera que seu trabalho possa nortear políticas publicas de saúde mental, recomendando, inclusive, que o programa seja inserido no currículo escolar.

Embora a intervenção tenha demonstrada eficácia quanto ao treinamento de professores, o ensaio feito nas escolas não conseguiu apurar dados sobre a quantidade de crianças que apresentaram problemas e os encaminhamentos dados a elas, tema que poderá ser objeto de investigação no doutorado da psicóloga.

A pesquisa Capacitação em saúde mental para professores do Ensino Fundamental e seu impacto no ambiente escolar fez parte da dissertação de mestrado de Celina Andrade Pereira, defendida em 2013, sob a orientação do professor Guilherme Vanoni Polanczyk, do Departamento de Psiquiatria, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Mais informações: email ce.pereira@usp.br, com Celina Pereira