“Educação é uma ferramenta emancipatória”, afirmou a pesquisadora e analista em Gestão de Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Glaucia Paula Bernardes Guarani, durante a aula inaugural da segunda turma do curso Elaboração e Gestão de Projetos Comunitários, realizada na sexta-feira (3/5), no salão internacional da ENSP. Em sua palestra, a pesquisadora abordou a sustentabilidade no terceiro setor e destacou que a responsabilidade social deve ser vista como produtora de cidadania. O curso, que objetiva capacitar lideranças comunitárias na elaboração e gestão de projetos sociocomunitários, bateu recorde este ano – com mais de 170 inscritos – e pretende ajudar na elaboração de projetos que possam transformar a realidade dos alunos selecionados e de seu entorno.
Além de Glaucia Paula, que proferiu a palestra, a atividade contou com a presença das coordenadoras do curso, Patrícia Nassif e Flavia Silva, ambas da Diretoria de Administração da Fiocruz (Dirad), e dos coordenadores das áreas de Cooperação Social da ENSP e da Fiocruz, Mayalu Mattos e Leonídio Madureira, respectivamente. O tema central da palestra proferida por Glaucia foi sustentabilidade. Segundo ela, o meio ambiente somos nós mesmos, e não apenas a natureza que nos cerca. Para isso, a analista utilizou exemplos de valores pessoais em determinadas situações cotidianas, como desperdício de água e energia e o hábito de jogar lixo na rua. “A sustentabilidade também está presente nas relações pessoais, com base em como as pessoas constroem relações sustentáveis entre elas. Relações sustentáveis são o que permeiam as equipes no desenvolvimento de qualquer projeto”, explicou ela.
A ética também foi frisada por Glaucia como outro aspecto dentro da sustentabilidade, pois, de acordo com ela, não é possível ter um pensamento sustentável se não houver ética como valor. “Falar de ética é algo inerente em cada ser humano, está em nós mesmos. A ética carrega uma série de conceitos com ela, como respeito, moral, compromisso, confiabilidade, integridade, caráter, coletividade e muitas outras.” Em seguida, Glaucia citou os atos negativos e os impactos que eles têm sobre a realidade. A analista apresentou também o conceito de ética empresarial – quando a ética é levada para dentro das empresas.
Segundo ela, esse conceito alinha fazer o bem com obter lucros. “Toda empresa nasce para ter fins lucrativos. Por que não associar as duas coisas?”, questionou ela. Por fim, Glaucia afirmou que não é possível promover a sustentabilidade, a responsabilidade social apenas para fora; é preciso, primeiro, transformar as empresas de dentro para fora para que as coisas deem certo. “Este curso vem exatamente nesse sentido. Todos os alunos selecionados sairão daqui instrumentalizados e com bons argumentos para levar qualquer empresa, pessoa, grupo ou organização a agirem com responsabilidade social e ética. Percebam o quanto essa formação pode modificar a vida de vocês e das pessoas que estão ao seu redor. Trata-se de um grande salto qualitativo em suas vidas”, concluiu Glaucia.