Seção de Obras Raras da Biblioteca da Fiocruz se projeta nas mídias sociais

Em agosto de 2014, a Biblioteca de Manguinhos da Fiocruz entrou nas redes sociais – Facebook e Instagram – para divulgar seu acervo, serviços e cursos. No entanto, o crescimento da seção de Obras Raras, uma parte da própria Biblioteca, levou a própria seção a criar o seu Instagram: @obrasrarasmanguinhos. São mais de 50 mil volumes de tipologia bibliográfica diversificada, como livros raros e especiais a partir do século 17, periódicos do século 18 em diante, folhetos, objetos e manuscritos (como o Formulário Médico, de 1703, atribuído aos jesuítas, representante do Brasil como patrimônio documental pela Unesco), tendo todo o seu acervo disponibilizado ao público a partir de consultas agendadas. Uma parte desse material já foi digitalizado e pode ser acessado.

Para a chefe da seção de Obras Raras, Fátima Duarte a entrada no Instagram foi um passo calculado: “Sempre alimentamos o Instagram da Biblioteca de Manguinhos e temos percebido que a seção de Obras Raras tem muita informação e atividades, e como o Instagram é uma ferramenta muito dinâmica, é mais fácil se começarmos a publicar em nosso próprio perfil, que não deixa de ser da Biblioteca de Manguinhos também”, explica.

As postagens no Instagram aproveitarão também as efemérides da saúde e da ciência, datas de nascimentos dos grandes cientistas e etc.. “A ideia é apresentar também o nosso acervo baseado um pouco nas efemérides da saúde e da ciência, do nascimento dos grandes cientistas, tudo para levar esse tipo de informação para o público em geral”, afirma Fátima.

Tendência mundial

As primeiras formas de divulgação dos acervos das bibliotecas eram os catálogos impressos. Com a digitalização das obras, os catálogos eletrônicos foram incorporados e agora, as mídias sociais tornam-se um caminho natural para essa divulgação.

A entrada nas mídias sociais têm sido uma tendência para as coleções de obras raras pelo mundo, afirma Duarte, como a University College London (UCL) (Inglaterra), a Trinity College Dublin’s Old Library (Irlanda), Beinecke Library, da Universidade de Yale (EUA), além das que estão na Escola de Belas Artes (UFRJ) e a própria Biblioteca Nacional, dentre outras. “É uma tendência mundial que estamos seguindo”, afirma Fátima.

Entusiasta da iniciativa, a historiadora Maria Claudia Santiago lembra que a Seção de Obras Raras tem muito material que pode ser divulgado. “De forma rotineira, não só de coisas que acontecem em nossa seção, mas do próprio acervo”, explica.

Sempre em movimento

Se uma coisa que não há na seção de Obras Raras é a rotina. Sempre há uma descoberta diferente, sem falar na interação com pesquisadores e visitantes. E o Instagram é uma forma de se aproximar dos usuários que não podem vir fisicamente à seção, que fica no Castelo Mourisco da Fiocruz, no Rio de Janeiro. “As métricas não são a nossa meta. O que esperamos é que as pessoas saibam que existimos e o que fazemos. Queremos que saibam que recebemos também doações, que fazemos a guarda do material, vamos ao local avaliar, é uma biblioteca viva. Não é porque o nosso acervo é raro e especial, que ele está estagnado”, explica a chefe da seção de Obras Raras.

Uma das publicações de maior alcance no Instagram veio de uma doação: as fotos de infância do cientista Oswaldo Cruz, recebida de um servidor, cujo um parente trabalhou com Cruz. A postagem foi uma homenagem ao aniversário do cientista. A doação foi do servidor Pedro Caldas Duarte, que doou também livros, recortes de jornais e revistas, dentre outros materiais.

Educação patrimonial

Para Maria Claudia Santiago, “estamos realizando também uma ação de educação patrimonial”. Ela explica: “quando nos aproximamos de nosso público – seja ele especializado ou geral – estamos contribuindo para que esse patrimônio institucional – tanto bibliográfico, quanto do próprio prédio – esteja próximo da sua comunidade. Porque não faz sentido para a área de patrimônio existir, ser denominado patrimônio, se a comunidade a qual ele pertence não o reconhece como tal”. E a historiadora acrescenta: “quando as pessoas reconhecem que o próprio acervo, o prédio e os elementos que o integram também fazem parte da nossa história, da nossa memória, enquanto sociedade geral, compreendem a importância de preservar o patrimônio”.

O entusiasmo da equipe da seção de Obras Raras é grande para apresentar o seu acervo. “Nós somos sempre estimuladas por nossa coleção, que já tem 123 anos, e é um material riquíssimo. No nosso dia a dia de trabalho, ficamos supermotivadas para mostrar isso para o público e o Instagram é uma ferramenta de fácil acesso para a sociedade em geral, então, vale muito a pena fazermos esse trabalho, não podemos ficar parados”, afirma Fátima Duarte.