SciELO é base de estudo que mostra a desigualdade de gênero dos autores de artigos científicos

     Apesar de o número de mulheres pesquisadoras ter aumentado expressivamente nas últimas décadas no Brasil, a participação feminina na produção de artigos científicos aparentemente não tem seguido no mesmo ritmo.
       Essa é uma conclusão possível a partir de estudo feito pela economista e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Hildete Pereira de Melo, que realizou um amplo levantamento sobre o gênero dos autores de artigos disponíveis na Scientific Electronic Library Online (SciELO).
      Com o auxílio de André Barbosa Oliveira, graduando de economia da UFF, Hildete identificou o sexo de 83% dos autores e co-autores de artigos publicados no SciELO de 1997 a 2005. O restante da amostra (17%) não teve o sexo determinado por dificuldades em distinguir nomes femininos dos masculinos e pela ausência de informações adicionais sobre os autores, consultadas em bases como o Currículo Lattes.
      Os autores do levantamento verificaram que as mulheres participavam de 32,28% dos artigos analisados. “Foram analisados, um a um, 195 mil nomes, de mais de 56 mil artigos publicados em 147 periódicos nacionais de diversas áreas do conhecimento”, disse Hildete à Agência FAPESP. O SciELO, que está completando dez anos de atividades, permite atualmente acesso gratuito ao texto integral de 175 periódicos científicos. 
      Do total de nomes analisados, 98.302 eram de homens, 62.989 de mulheres e 33.860 ficaram indefinidos. Para Hildete, a participação feminina no SciELO pode ser considerada baixa se comparada à participação das mulheres na pesquisa científica apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 
      Segundo a agência federal de fomento, nos últimos cinco anos o aumento de bolsistas de doutorado mulheres foi de cerca de 37%, igualando-se à participação masculina. A situação é de empate técnico: 3.694 mulheres e 3.697. 
      No pós-doutorado, ainda que as mulheres permaneçam em minoria, houve um aumento de 13% do número de bolsistas do sexo feminino em relação ao total de bolsas concedidas de 2001 a 2006. Do total de bolsas concedidas pelo CNPq em 2006, as mulheres respondem por cerca de 48% (26.436). 
      Para Hildete, ainda há um longo caminho a percorrer, levando em conta uma sociedade que deveria ser igualitária no que se refere à participação de homens e mulheres em todos setores. “Apesar dos avanços, sabemos que eles ainda não foram suficientes para que as mulheres tenham uma participação eqüitativa no meio acadêmico e profissional”, afirma. 
      “O excesso de estereótipos e a falta de reconhecimento da contribuição feminina para o avanço da ciência ainda têm prejudicado sua ascensão”, disse. O estudo mostra ainda diferenças nas carreiras científicas: as mulheres assinam mais artigos em áreas como educação, saúde e assistência social, enquanto os homens estão mais vinculados às ciências exatas.

      Para ler o artigo A produção científica brasileira no feminino, disponível na biblioteca on-line SciELO (FAPESP/Bireme), clique aqui.

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