São Paulo terá o maior estudo de rastreamento de câncer colorretal já realizado no Brasil

Pesquisa sobre a doença será realizada em bairros da Zona Leste da cidade e pretende recrutar até 16 mil pessoas

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) já estão trabalhando no que pode ser considerada a maior pesquisa em câncer colorretal do País. O universo do estudo será a Zona Leste da cidade de São Paulo, onde se pretende recrutar até 16 mil pessoas, homens e mulheres, com idades entre 50 e 75 anos para um estudo de rastreamento da doença.

De acordo com o coordenador da pesquisa, o professor José Eluf, da FMUSP, é preciso que a população se sensibilize para a importância desta iniciativa. Ele informa que o câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais comum no País e o segundo no Estado de São Paulo, excluindo o câncer de pele não melanoma. “O objetivo inicial é concluirmos a pesquisa em seis meses. Mas, provavelmente, deverá durar mais tempo, até o dobro da previsão”, calcula Eluf, lembrando que haverá uma apresentação pública da pesquisa no próximo dia 9 de junho (quinta-feira), às 10 horas, na UBS Santa Rita, que fica na rua José Pessota, 80, no Parque Santa Rita.

A pesquisa “Rastreamento de Câncer Colorretal” é uma ação conjunta da FMUSP com a Atenção Primária à Saúde (APS) Santa Marcelina, parceira da Secretaria Municipal de Saúde na gestão de Unidades Básicas de Saúde da rede municipal, em território da Zona Leste, que compreende os bairros Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus e São Miguel. Além de FMUSP e Santa Marcelina, a pesquisa envolve a Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp) e conta com a participação do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), além do apoio das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde de São Paulo.

Detecção precoce

No Brasil, cerca de 18 mil pessoas morrem anualmente vítimas do câncer colorretal. A doença atinge o intestino grosso (cólon e reto), afeta pessoas de qualquer sexo e idade, mas é mais comum a partir dos 50 anos. Em boa parte dos casos tem tratamento, desde que seja detectado precocemente, antes de se espalhar para outros órgãos. Geralmente esses tumores se manifestam a partir de pólipos, lesões inicialmente benignas, que podem surgir e crescer na parede interna do intestino grosso. Uma forma de prevenção consiste em identificar o quanto antes os pólipos, por meio de exames, e removê-los, antes de eles se tornarem malignos.

“O objetivo inicial é concluirmos a pesquisa em seis meses.”

Ao acompanhar aproximadamente 16 mil pessoas, o estudo busca avaliar a viabilidade da implantação do rastreamento de câncer colorretal, como política pública de largo alcance do Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo, envolvendo a rede de Atenção Primária e a retaguarda de serviços especializados. A partir dos resultados analisados, o estudo irá medir a taxa de adesão, ou seja, a aceitação da população às técnicas de rastreamento. Ao conhecer a proporção de casos positivos na população estudada, também será possível dimensionar a estrutura secundária e a rede de serviços necessária para garantir a continuidade do tratamento dos pacientes diagnosticados com câncer colorretal. Espera-se, assim, contribuir com o planejamento e a execução de políticas voltadas à detecção precoce de casos e à redução de adoecimentos e mortes por câncer colorretal em São Paulo e no Brasil.

Como será a pesquisa

Convidados por agentes comunitários de saúde e profissionais das Unidades Básicas que integram o estudo, os participantes selecionados responderão questionário e receberão kits para coleta de amostras de exame de fezes, visando à pesquisa de sangue oculto. “Trata-se de um questionário que será respondido em apenas dez minutos”, garante o professor Eluf.

Aqueles com resultado positivo serão encaminhados para exame de colonoscopia no HC da FMUSP. Os casos diagnosticados de câncer, se a biópsia apresentar neoplasia maligna, serão encaminhados para tratamento oncológico no Icesp. Para garantir a proteção dos sujeitos do estudo, previamente aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa, todos os participantes assinam termo de consentimento livre e esclarecido, momento em que são informados sobre os exames e procedimentos a serem realizados e sobre o acompanhamento médico, se necessário.

O projeto da pesquisa, denominado “Rastreamento de Câncer Colorretal: Estudo piloto através da pesquisa de sangue oculto nas fezes por teste imunoquímico”, é financiado pelo PPSUS (Processo nº 2014/50112-2).

O PPSUS – Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde, que apoia pesquisas voltadas para problemas prioritários de saúde pública, é conduzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Mais informações: (11) 3797-1802/ 1801, com o professor José Eluf, email jelufnet@usp.br